Revista NUPS EFII - 2019

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NUPS

Núcleo de Projetos Sociais

Ensino Fundamental II - 2019


Direção geral Alexandre Abbatepaulo Direção educacional Karyn Bulbarelli Direção de currículo Fabia Antunes Gestão de unidade Ensino Fundamental II Antonio Sérgio Pfleger de Almeida Revista do NUPS Idealização e organização Juan Carlos Ramírez Mondejar Abner Rubens Mendonça Textos Professores e alunos do NUPS - EFII 2019 Foto de capa Parceria - Lar de idosas “Filhas de São Camilo” Tiragem 500 exemplares. Distribuição interna e gratuita.

Outubro de 2019


O NUPS O Núcleo de Projetos Sociais do Fundamental II começou seus trabalhos no segundo semestre de 2011, com o objetivo de sair dos muros da instituição escolar e poder olhar outras realidades. As atividades desenvolvidas semanalmente são baseadas em planejamento prévio semestral, tendo em conta os interesses e necessidades dos alunos. A partir da projeção feita da programação inicial das ações, os encontros são divididos em: preparação, desenvolvimento da ação e, por último, a análise da ação realizada em função de refletir sobre o que foi feito, ponderando novas ações. Ao longo da história do Núcleo, já tivemos a oportunidade de conhecer vários contextos socioespaciais, como escolas estaduais, comunidades indígenas, lar de crianças, lar de idosas, Organizações não governamentais, instituições educacionais com diferentes perfis e objetivos sociais em Paraisópolis e na Vila Mariana. Neste ano, os projetos estiveram direcionados a debater sobre as desigualdades sociais na sociedade brasileira e seus impactos. A partir dessa perspectiva, utilizamos diversas linguagens para propor as discussões. Paralelamente a isso, desenvolvemos projetos com a instituição Quixote, a ONG CASAZUL (Projeto bonecas de propósitos), lar de idosas Filhas de São Camilo, assim como ações pontuais, como a entrega de flores no centro da cidade (ação Gentileza Gera Gentileza). À disposição, Juan e Abner Professores do NUPS do Ensino Fundamental II

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Parceria - Projeto Quixote Tema do projeto: O que nos torna mais humanos?

O Projeto Quixote é uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP) sem fins lucrativos que atua na missão de transformar a história de crianças, jovens e famílias em situações de risco, através de atendimento clínico, pedagógico e social integrados, gerando e disseminando conhecimento. A parceria com essa instituição começou em 2017 com o objetivo de trocar experiências entre os alunos de ambas as instituições, realizando atividades artísticas, esportivas, culturais e plásticas, todas permeadas pela aprendizagem coletiva nas diferentes ações. Nosso principal objetivo partia da possibilidade de troca entre os alunos e a aprendizagem a partir da vivência coletiva. Portanto, conhecer os dois espaços, Escola Lourenço Castanho e Projeto Quixote, foi uma das primeiras atividades conjuntas, com o objetivo de convidar cada um dos alunos a pensar em sua realidade baseando-se no contato com o outro. Nossa primeira saída do ano foi ao Projeto Quixote, que recebeu esse nome em homenagem ao protagonista do livro de Miguel de Cervantes Dom Quixote, pois o personagem percebia o mundo de forma positiva e usava o sonho e a criatividade nas proposições e resoluções de problemas. Essa visão criativa foi percebida por nós assim que chegamos à sede do projeto, na Vila Mariana. Com as paredes repletas de grafites e cores, fomos convidados a participar de duas atividades: oficina de grafite e produção de cartazes. Na visita dos alunos do Quixote à nossa escola, eles conheceram as instalações apresentadas pelos alunos do NUPS e a função de cada uma delas. No primeiro encontro, dividimos espaços como o laboratório de Ciências, realizando vários experimentos, e percebemos o interesse dos jovens pelos resultados em cada atividade.

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Tivemos oportunidade de realizar a montagem de um circuito elétrico para acender uma lâmpada no Laboratório de Criação e a integração entre os grupos facilitou o sucesso da atividade. Em nosso próprio espaço, desenvolvemos atividades de dança com professores e alunos do Quixote, que avaliamos muito positiva em função da nossa integração. "Eu venho trabalhando com o NUPS em conjunto com o projeto Quixote por um ano e é sempre uma experiência fantástica quando podemos interagir normalmente com adolescentes da nossa idade, considerados tão diferentes de nós no dia a dia. O principal ponto ao conviver com o Quixote é que podemos quebrar, por uma hora pelo menos, os tão presentes padrões que existem e impõem que, por sermos de realidades diferentes, não podemos conviver de forma igualitária, ou mesmo termos as mesmas opiniões e visões. Por conta disso, a troca de saberes que realizamos com as pessoas do Quixote é enorme e, com certeza, inesquecível." Anita Coccaro, 8º ano. Ainda no primeiro semestre, tivemos a oportunidade de colaborar em uma das atividades mais significativas para o Quixote: o Bazar do dia das Mães. “Na segunda ida ao Quixote, ajudamos

na preparação do bazar. Para eles, esse bazar é muito importante, pois é a principal fonte de renda da instituição. O dinheiro arrecadado é utilizado para pagar as despesas. No bazar, eles vendem roupas, infantis e adultas, também materiais eletrônicos, brinquedos e livros. Nós ajudamos na separação de todos eles. Em seguida, tivemos um momento de confraternização. Nós ficamos na separação de roupas, era surreal a quantidade de roupas que havia lá, e a dificuldade de separá-las por idade.” Rafael Salum, aluno do 6º ano. Já no segundo semestre, quando voltamos ao Projeto Quixote, nos reunimos no auditório da instituição para refletirmos sobre “O que nos torna mais humanos?” a partir do vídeo “O que nos torna humanos – Alice Roberts & Michael Tomasello”. Em pequenos grupos, os alunos foram desafiados a produzirem cartazes com base em seus pensamentos sobre o assunto.

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O segundo encontro na Lourenço permitiu conhecer alunos novos que estavam no processo de acolhimento no Projeto Quixote. Desenvolvemos atividades esportivas durante a tarde, com equipes integradas de ambas instituições. Os jogos realizados foram propostos pelos próprios alunos, aproveitando as vivências e experiências esportivas de todos, o que enriqueceu o encontro, possibilitando conhecer novos jogos. Realizamos também atividades no Laboratório de Criação, o que exigiu juntar ideias para vencer desafios por equipes na construção de uma ponte com os materiais disponíveis no tempo marcado para fazer a tarefa. Muito gratificante ver os jovens do Quixote se integrando em nossas atividades e ver como as ideias se juntavam durante o processo de construção e a conquista acabou sendo um resultado de todos. O processo de integração com os alunos que fazem parte do Projeto Quixote foi baseado no tema: O que nos torna mais humanos? Foram necessários vários momentos para refletir sobre o assunto, sempre visando a relação dele com nossa parceria. Juntos lemos e assistimos a materiais relacionados ao tema, permitindo conhecer o olhar do outro sobre a ideia de nos tornar mais humanos. “O encontro do Projeto Quixote com o NUPS de 2019 foi algo muito mágico, pois podíamos perceber a boa vontade das pessoas dos dois grupos para interagir, trocar experiências, conhecer novas pessoas e, o mais importante, aprender com alguém que tem uma realidade de vida diferente da sua. Acho que o fato de envolver jovens aproximadamente da mesma idade fez com que essa troca se tornasse mais ampla e ainda mais poderosa, pois, como foi discutido no dia 5 de setembro, quando visitamos o Projeto Quixote pela segunda vez no ano, a nossa espécie depende de relações sociais e contato com outras pessoas para nos tornar mais humanos. E, com certeza, esses encontros nos ajudaram e vão nos ajudar a nos tornarmos pessoas capazes de contribuir com uma sociedade que se move a partir dessas interações sociais.” Isadora Maués Marangoni, 9º ano.

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Entrevista Por: Anita Coccaro e Gustavo Frug, 8º ano

Nome: Erica Cristina Machado Função: Educadora do projeto Quixote Por que o nome do projeto é Quixote? O projeto Quixote tem esse nome por conta do cavaleiro Dom Quixote do livro clássico de Miguel de Cervantes. Nós escolhemos esse nome porque ele era um cavaleiro, um sonhador, ele era errante, ele pensava em coisas incríveis e todo mundo achava que ele era maluco. O Quixote leva esse nome também como uma homenagem a esse cavaleiro que era um visionário, um transgressor. Ele tinha um grande amigo, que andava sempre com ele, o Sancho Pança, então os dois eram cavaleiros que pensavam em coisas mirabolantes e o Quixote é um lugar de grandes ideias, de pessoas diferentes, de sonhos quixotescos.

O que o Quixote tem de especial? O Quixote tem como diferencial a mistura de pessoas, nós temos pessoas de diferentes lugares de São Paulo, com ideias diferentes e isso também acontece em nossa equipe, por que ela é multidisciplinar, como nós somos um CAPS, que é um programa de saúde também, você vai ver aqui profissionais da área de educação e também da saúde. No fim tudo se mistura para fazer esse atendimento com as crianças e adolescentes. Quando e por que o Quixote foi criado? O Quixote foi criado há vinte anos aqui em São Paulo e começou em um núcleo na faculdade UNIFESP. Os coordenadores são o Auro e a Graziela, o Auro é psiquiatra e a Graziela psicóloga, ambos com um olhar "mais humanizado" em relação a saúde mental e atendimento de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. Então, eles criaram esse núcleo dentro da UNIFESP e o projeto foi crescendo cada vez mais e hoje estamos na Vila Mariana por mais de dez anos. O Quixote é composto por três programas: o CAPS, relacionado a saúde mental, álcool e drogas, o SPVV que está relacionado com qualquer tipo de violência e tem o clube da turma, que é o clube pedagógico, onde realizamos as oficinas. Apesar dessa divisão, todos trabalham juntos Como funciona o processo de arrecadação de renda para o Quixote? O Quixote é um OSCIP, então parte da renda nós recebemos do governo, pois o CAPS é um núcleo de saúde presente por todo o país. Por conta disso, parte da verba a gente recebe da área da saúde, outra parte da Secretaria de Assistência Social de São Paulo e uma porcentagem menor da renda vem através de doações ou editais que possam nos incluir em algum programa etc. Enfim, cerca de 80% da renda adquirida pelo Quixote é por núcleos sociais, Secretaria de Saúde e a outra parte é núcleo privado.

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Parceria - Associação CASAZUL Projeto bonecar Uma das parcerias mais importantes que o NUPS desenvolveu durante o ano de 2019 foi com a Associação CASAZUL, uma associação sem fins lucrativos que tem por finalidade promover a assistência social, o trabalho voluntário, a solidariedade, a cidadania e a dignidade humana, através de projetos e campanhas sociais voltadas à humanização de tratamentos de saúde e à inclusão social. O Projeto Bonecar, criado pela Associação CASAZUL, consiste na confecção de bonecos de pano para serem utilizados como instrumentos terapêuticos ou de incentivo à saúde, conforme necessidade das crianças que os recebem, visando contribuir com a humanização de tratamentos médicos e, consequentemente, com a melhoria da qualidade de vida dos envolvidos. O principal objetivo dos bonecos é despertar a identificação, sendo importante recurso terapêutico em diversas situações: já foram utilizados pelos profissionais dos hospitais para aproximação da criança, para elevação da autoestima, para

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auxiliar na realização de procedimentos, assim como viraram acompanhantes em momentos difíceis, como quimioterapia, hemodiálise e em longos períodos de internação. Essa parceria foi estabelecida através da sugestão de uma das alunas do NUPS, uma vez que sua mãe compõe a equipe de voluntárias da Associação CASAZUL. Quando recebemos as voluntárias na nossa escola, percebemos que teríamos um grande desafio: costurar. Apesar da apreensão do começo, pudemos contar com a paciência das voluntárias, que nos ensinaram como se dava cada ponto ou como devíamos encher cada boneca ou mesmo trocar histórias do nosso dia a dia. Tivemos vários encontros que possibilitaram a reflexão sobre a realidade das crianças com câncer. Nesses encontros, pudemos aprender com as voluntárias como confeccionar as bonecas, mas, para além disso, como é importante dispender um tempo para ajudar alguém. Elas nos contaram algumas histórias das entregas das bonecas e o


resultado foi muito animador, principalmente por saber que pudemos fazer parte do processo de recuperação de alguém. "Na minha opinião, o projeto de confecção das bonecas é algo muito bonito e que é o "perfeito exemplo" sobre o que seria o NUPS, um lugar onde buscamos conhecer e ajudar pessoas, realizando uma troca que, neste caso, não é direta. Mesmo não podendo conversar com a criança que receberá a boneca, nós do NUPS sabemos o quanto essa ação será importante e como estamos, talvez, colocando um sorriso na boca de um desconhecido" Anita Coccaro. 8º ano. “O NUPS tem uma parceria com a ONG CASAZUL, que tem um programa chamado Bonecar. Eu já participei uma vez desse projeto e confesso que é um dos meus favoritos. Nele, confeccionamos bonecas para crianças com enfermidades graves, e que, muitas vezes, não podem receber visitas ou ter algo para brincar. As bonecas, além de serem uma companhia para essas crianças, têm características em comum, por exemplo, algumas possuem uma peruca removível, para crianças que necessitaram raspar o cabelo para algum tratamento. Todo o trabalho é manual e realizado por voluntários. Em cada boneca, o amor e carinho que é inserido em cada detalhe, é inexplicável. Uma energia maravilhosa se espalhou pela sala quando confeccionamos nossas bonecas. Dava para perceber, em cada uma das pessoas presentes, a bondade e a vontade de estar ajudando essa causa tão maravilhosa apenas em seus olhares. A sensação de você estar fazendo algo que trará tanta alegria para essas crianças é maravilhosa.” Isabela Abbatepaulo, 9º ano. “O voluntariado está no nosso DNA, somos uma Associação que surgiu do trabalho voluntário e um dos nossos objetivos sociais é estimulá-lo. Assim, a vivência com os alunos do NUPS foi muito emocionante para nós, pois nada melhor do que levar essa semente da cidadania e da solidariedade para os jovens, que tanto precisam adquirir bons valores e exemplos. Ficamos muito felizes em ver jovens de variadas idades e os professores do projeto comprometidos e engajados com causas sociais e com todo carinho que tiveram conosco e com nossa causa em especial.” Andressa I. Martins, Voluntária do projeto Bonecar.

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Ação “Gentileza gera Gentileza” Entrega de flores na cidade A ação “Gentileza gera Gentileza” é desenvolvida pelo NUPS desde que iniciou seus trabalhos, iniciativa proposta pelos primeiros alunos que fizeram parte da oficina e retomada com grande aceitação pelos que continuam fazendo parte dele. A ação tem como objetivo intervir na vida do paulistano de uma forma diferente: levando até ele um buquê de flores acompanhado de uma mensagem de amizade, interrompendo a correria de todos no centro da cidade.

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Sua preparação é feita com a música “Gentileza”, de Marisa Monte, e, analisando seus versos, emerge a figura do profeta Gentileza, morador do Rio de Janeiro que dedicava sua vida a fazer inscrições peculiares nas pilastras dos viadutos na zona central da cidade, tornando-se, assim, uma espécie de personalidade. Com os buquês de flores entregamos mensagens e elas foram selecionadas pelos primeiros alunos do NUPS a fazerem essa ação. Como uma espécie de legado, lemos os mesmos textos para as pessoas a quem entregamos as flores.

Quando chegamos ao centro da cidade para entregar as flores, ouvimos algumas perguntas como: Qual é o valor do buquê? Qual é o nome da sua escola? Posso te dar um abraço? Posso ser gentil com você também? Porém, de todas essas perguntas, a mais significativa é: Que projeto é esse? Nesse momento todos falamos de nosso núcleo, levando sempre a mensagem da importância do olhar para o outro. Já encontramos ex-alunos da Lourenço, familiares de pessoas que estudaram aqui, escolas fazendo outras ações ou estudos no centro da cidade, pessoas que estavam celebrando seu aniversário, etc. Ter a oportunidade de sentir a diversidade de São Paulo sem dúvida é um privilégio que gostamos de vivenciar a cada semestre, é uma ação que permite ver o sorriso, sentir o abraço e falar com pessoas desconhecidas que recebem a flor e a mensagem com imensa alegria.

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Parceria - Lar de idosas “Filhas de São Camilo” A visita ao Lar de Idosas é uma das ações pontuais que o NUPS desenvolve há alguns anos. Antecede essa visita algumas discussões sobre a população idosa mundial e brasileira, e, baseados em estatísticas atuais, conversamos sobre o tema envelhecimento. Esse debate se faz muito importante, uma vez que os alunos, por serem jovens, dificilmente pensam em como será essa fase da vida. Além disso, discutimos sobre a brevidade da vida e como devemos aguçar a nossa percepção para esse movimento natural. Para muitos, é marcante a visita ao Lar, por se tratar do contato com pessoas de uma idade em que, muitas vezes, não direcionamos nosso olhar como o fazemos para pessoas da nossa própria idade, por isso a atividade entre nós trouxe várias sensações, como de cuidado, fragilidade, atenção e paciência. Pensando em criar um ambiente divertido e que possa criar um ambiente empático, preparamos um repertório de músicas brasileiras com músicas como: Trem das onze, Carinhoso, Gostava tanto de você e Asa Branca. Nesse momento, podemos sentir a junção das vozes, é um momento único que marca nossas tardes no lar. As idosas, cheias de entusiasmo, cantam, algumas dançam e chegam a solicitar também mais músicas, em especial do repertório de Roberto Carlos.

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As conversas permeiam as tardes de visitas às senhoras e não demora muito para começarem as comparações com os netos, falas dos passatempos a que se dedicavam durante os anos de sua juventude, temas do dia a dia até que, finalmente, entre risadas e tertúlias, chega a hora do lanche que servimos com muito amor para todas. O lanche que damos precisa de muita atenção, nesse momento a gente se sente útil e pensa que poderia ser alguma de nossas avós. Então, vivenciamos um momento de satisfação, a nossa em dar os alimentos e a delas em comer na companhia de pessoas diferentes, que chegaram para passar a tarde na harmonia que elas precisam.


Após um ano fazendo NUPS, percebi que diferentes pessoas precisam de diferentes tipos de cuidados, das formas mais diferentes possíveis, e o projeto social que fez a minha ficha cair de vez foi o do abrigo de idosas. Lá, tivemos que aprender a ser pacientes e cuidadosos, tivemos que repetir nossas falas várias vezes, apenas para ajudar as senhoras a se comunicarem com a gente. Acho que o que fizemos foi uma atividade incrível, pois no começo todos estávamos com vergonha, mas com o tempo fomos perdendo nossa timidez, e, quando percebi, a sala onde estávamos parecia “cheia de juventude”, todos conversávamos e ríamos de muitas formas possíveis, cada um do seu jeito. Gustavo Frug Mauro, 8º ano.

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“Eu achei o lar de idosas uma das atividades mais marcantes, uma das que me tocaram mais. Quando chegamos lá ficamos um pouco sem jeito, mas logos nos soltamos e fomos falar com as idosas. Elas foram muito gentis, contaram histórias e algumas delas eram até de fora do país. Eu achei essa saída importante, porque normalmente essas senhoras não recebem talvez muitas visitas e o fato de nós irmos lá e passarmos um pouco do nosso dia com elas também mostra a elas que há pessoas que se importam com elas e que querem conhecê-las melhor e ver como elas ficaram felizes em conversarmos com elas e de cantarmos algumas músicas mais antigas de que elas gostavam foi uma coisa muito gratificante.” Esther Reinez Silva, 9º ano.

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Depoimentos Eu realmente não sei se consigo explicar em palavras porque o NUPS é tão importante, mas posso tentar. A importância do NUPS é que, acima de tudo, essa oficina representa amor, respeito, compaixão, solidariedade, entre muitas outras coisas. O trabalho voluntário mobiliza as pessoas. Ele faz com que conheçam muita gente fora do seu grupo habitual de convivência no cotidiano, grupos de classes sociais diferentes, formação, origens diferentes, proporcionando maior interatividade para que construam muitas amizades. Sem falar que nós estamos como se fosse numa bolha cor de rosa, onde o mundo é perfeito e as pessoas são felizes e radiantes, portanto, o NUPS é como se fosse essa agulha que veio para estourar nossa bolha cor de rosa. Afinal, fazer o bem, que mal tem? Ser uma aluna do NUPS é um privilégio, porque envolve desempenhar atividades que vão impactar a vida de muitas pessoas que você nem sequer conhece. Entre fazer nada e ser indiferente ou ter a possibilidade de fazer do mundo um lugar melhor, aos poucos, o que você escolhe? Quer dizer, podemos não mudar mundo, mas o NUPS é o começo dessa ação. Eu acho que a oficina é simplesmente perfeita, porque em todas as saídas eu senti meu corpo todo eufórico e "cheio", mas, ao mesmo tempo, a cada saída, tenho uma sensação diferente. Olivia Levy Leal - 6º ano

Para mim, o NUPS foi muito importante e aprendi várias coisas que levarei para minha vida. Aprendi um pouco mais sobre pessoas diferentes de mim e da minha realidade. Tivemos conversas muito importantes, com discussões que eu levarei para sempre, foi uma ótima experiência, além disso, também conheci novas pessoas, tanto da Lourenço quanto de outros lugares, como Paraisópolis. Lis Tinoco Mendes - 7º ano

Eu entrei no NUPS há mais ou menos um mês e meio e o projeto já mudou a minha forma de pensar. No começo, eu achava que seria uma oficina interessante, mas também uma “obrigação”. Hoje, eu vou pro NUPS sem pensar no fato da obrigação: vou pensando que vou conhecer mais coisas, pessoas e pensamentos novos. Cada dia eu aprendo e me envolvo mais com a oficina; cada dia eu acho os projetos mais bonitos e construtivos. Acho que todos, algum dia, deveriam ter a oportunidade de participar de um projeto social como esse, para poder entender um pouquinho mais sobre as diversas pessoas desse mundo tão grande e complexo! Acho que qualquer pessoa se impressionaria e se emocionaria com a quantidade de pessoas diferentes e incríveis que estão por aí... Às vezes a gente tem medo e estranha o diferente, e isso é até que normal, mas se nós conhecermos cada vez mais pessoas diferentes, vamos perceber que, apesar de todas as diferenças, elas também podem ser muito semelhantes e que são humanos assim como nós. Lara Cervone Naggar - 8º ano

Eu diria que o objetivo do NUPS é apresentar para nós diferentes tipos de vida, de diferentes culturas, é nos tirar de nossas bolhas, é nos relacionar com o outro, sempre diferente de nós. Eu tenho um objetivo similar ao do NUPS, que se diferencia apenas numa coisa: meu objetivo não é nos tirar de nossas bolhas, mas de certa forma estourá-las, fazer com que tratemos o outro como gostaríamos de ser tratados. Eu diria que, com o NUPS, o meu objetivo pode ser atingido, pois ele é a chave que abre muitas portas trancadas por preconceitos e estereótipos. Gustavo Frug Mauro - 8º ano

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O NUPS é importante para mim pois ele me deu a oportunidade de conhecer realidades diferentes da minha, com que dificilmente teria contato se não fosse o NUPS. Além de conhecer realidades diferentes, tive a oportunidade de conhecer pessoas muito legais, muitas da minha idade. Descobri no NUPS que ajudar alguém não é dar ajuda financeira, descobri que um gesto simples, como dar atenção ou até uma flor, pode realmente mudar o dia de alguém. Com o NUPS tive a melhor sensação da minha vida, a sensação de fazer alguém feliz com um simples gesto de carinho e isso vai ser uma coisa que eu vou levar para a vida. Com o NUPS mudei minha forma de pensar sobre as coisas e sempre me pergunto como o mundo seria melhor se todo mundo fizesse os gestos de carinho que nós do NUPS fazemos. Rafael Salum - 6º ano

O NUPS, Núcleo de Projetos Sociais, é um programa extracurricular não obrigatório, mais conhecido como uma oficina. Entre tantos cursos que eu já fiz ao longo do Ensino Fundamental II (de desenho, teatro, matemática, artes...) o NUPS é o com o qual eu mais me identifiquei e mais me sinto bem fazendo. É onde eu posso discutir sobre coisas que, muitas vezes, não estão presentes no ciclo em que vivemos no dia a dia e isso faz com que eu saia, pelo menos um pouco, dessa “bolha” em que a nossa sociedade está envolvida. É onde eu posso realizar diversas trocas de informações, experiências... e, assim, aprender cada vez mais a ter outro olhar daqueles que são diferentes de nós. Sinto como se o NUPS plantasse uma semente de curiosidade, amor, simpatia, respeito e a vontade de ajudar ao próximo, em cada um que passa por esse grupo, com professores tão especiais e extremamente cruciais para tudo isso acontecer. Esse é meu último semestre no EF2, e confesso que vou sentir muita falta de tudo isso. É algo que vou levar pra vida, e prometo fazer com que essa semente que foi plantada em mim floresça e também prometo ajudar a espalhar cada vez mais essas sementes o quanto eu puder. Isabela Messore Abbatepaulo - 9º ano

Me juntei ao NUPS (Núcleo de Projetos Sociais) no início do 1º semestre de 2018, quando nossa querida ex-professora Kadine ainda orientava o grupo, junto com o Juan, que tem um espaço muito importante na minha trajetória no Fundamental 2 aqui na Lourenço. Nos referimos ao NUPS como uma oficina na escola, mas posso dizer que é muito mais que isso, com o objetivo de quebrar as “barreiras sociais” inseridas em nossa sociedade, esse núcleo me ensinou muito, principalmente sobre empatia, solidariedade e companheirismo. Foi o NUPS que abriu minha cabeça para o mundo em que vivemos, nos aspectos positivos e negativos, me tornando uma pessoa diferente, melhor. Sou extremamente grata às parcerias já realizadas com outros grupos e principalmente aos professores Abner, Juan e Kadine. Ligia Santoro - 9º ano

Eu estudo na escola desde 2008 e desde pequena ficava interessada nos trabalhos que o NUPS faz. A cada ano que passava minha vontade de fazer parte desse grupo tão especial só aumentava, porém passaram-se o sexto, o sétimo e o oitavo ano e eu não realizei o que eu tanto queria. Assim, neste ano entrei no NUPS e confesso que me arrependo de não ter entrado antes. Acho que o NUPS é, acima de tudo, um ato de amor, respeito, compaixão, justiça e solidariedade. Aqui todos têm uma motivação verdadeira para ajudar o próximo. O NUPS é um grupo que transborda positividade, pois quando nos abrimos para entender uma nova realidade, quando doamos o nosso tempo para trocar experiências com o outro, além de evoluir como ser humano, também ajudamos a construir um mundo melhor. Isadora Maués Marangoni - 9º ano

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Eu entrei no NUPS (Núcleo de Projetos Sociais) há 2 anos e eu acho que esses dois anos mudaram o meu olhar para as pessoas. Comecei a abrir a minha mente e a pensar pelo que essas pessoas podiam estar passando, comecei a me colocar um pouco no lugar delas e a perceber como um pouco de atenção poderia mudar o seu dia. O NUPS é um projeto que não dá para esquecer, é um projeto que proporciona muitas vivências únicas, com pessoas de diferentes idades e em diferentes situações de vida que nunca havia pensado que poderiam existir, são sensações que vamos levar para o resto de nossas vidas. Essas conversas e saídas que temos com o NUPS nos fazem perceber o mundo de uma forma diferente, nos obrigam a sairmos da nossa bolha, da nossa zona de conforto e a interagirmos com essas pessoas que conhecemos, é um projeto que tira os estereótipos que nos são dados pela sociedade e ele nos ajuda a fazer o mesmo na nossa vida pessoal, uma vez que só podemos falar de algo conhecendo-o de verdade, como fazemos no NUPS. Esther Reinez Silva - 9º ano

O NUPS, posso dizer que foi uma das melhores experiências da minha vida. Nele eu consegui abrir meus horizontes e perceber que existem muitas realidades diferentes da minha. O melhor de tudo foi conseguir entrar em contato com pessoas e lugares que, sem o NUPS, eu não teria conhecido. A cada ação que fazíamos, seja no Pró-Saber, no asilo de idosos, entregando flores ou na tribo indígena, tudo fazia com que eu sentisse que uma parte de mim estava se completando. As trocas que fazíamos com as outras pessoas acredito que sejam uma das melhores coisas. O sentimento que eu tinha durante meus quatro anos de NUPS foi algo inexplicável, tenho muito a agradecer por ter formado meus princípios e valores muito graças a essa experiência. Leticia Cavalcante Faustini Garcia – 2ª série do Ensino Médio

O NUPS foi uma experiência inesquecível. Dentre as diversas saídas que fizemos ao longo dos quatro anos, não consigo escolher uma: visita ao lar de idosos, à tribo indígena, ao Pró-Saber e a entrega de flores no centro. Todas contribuíram para que eu me tornasse uma pessoa melhor, saindo da minha bolha e conhecendo pessoas com rotinas e cotidianos totalmente diferentes do meu! O NUPS me ensinou muitas coisas e acho que a principal, a em que mais mobilizamos pessoas em nossas saídas, foi a ideia de que Gentileza gera Gentileza. Quando me lembro disso, percebo que o NUPS faz muita falta no meu dia a dia e se pudesse faria de novo com certeza! Manuela Vieira - 2ª série do Ensino do Médio

O NUPS foi uma parte muito importante da minha vida. Eu passei quatro anos fazendo debates, reflexões, saídas que eu nunca vou esquecer e que me fizeram ser uma pessoa melhor hoje. Foi um projeto que me ensinou que nós vivemos dentro de uma bolha e que devemos sair dela para conhecer melhor a sociedade em que vivemos. E foi exatamente isso que eu fiz, saí da minha bolha social para a realidade. O NUPS me ajudou a entender melhor o mundo e a mim mesma. Por isso, sou muito grata por esses quatro maravilhosos anos de saídas inesquecíveis. Isabella Sanches – 2ª série do Ensino Médio

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Memórias em (de) ação Começo falando do título que escolhi para esse breve relato. Iniciar com “ação” é uma forma de, mesmo apenas em palavras, manter-me próxima do que sempre foi a “alma” do NUPS. Estar em ação, em mobilização, em transformação (de nós e dos outros). Era justamente a necessidade de nos colocar de forma ativa no mundo que nos impulsionava, a vontade de romper barreiras, transpor “lugares-comuns”, extrapolar os muros da escola para, ao mesmo tempo, contrapor e fazer dialogar realidades e sensibilidades distintas. E assim foi desde o momento em que o Núcleo de Projetos Sociais foi gestado, ainda apenas um desejo partilhado entre dois professores e um diretor, passando pelos primeiros momentos em que alcançou um pequeno grupo de 7 alunos que se identificou com a ideia até chegar às salas cheias de meninos e meninas de várias idades, tão diversas entre si, mas com algo em comum: a vontade de fazer com que parte do seu tempo deixasse de ser apenas seu. Ser do outro, estar com o outro e, sobretudo, construir com o outro. Juntos, diversos entre nós e entre aqueles que encontrávamos, é que fazíamos das tardes na Lourenço Castanho um espaço de troca, construção partilhada e aprendizado, que passavam por diferentes realidades socioculturais, por diferentes espaços da cidade, por diferentes concepções de mundo, olhares e saberes; enfim, pela diversidade que faz de nós mais humanos. Quantas vivências e aprendizados! O centro de São Paulo e a interrupção do frenesi com flores e versos; os jovens do Paraisópolis com quem trocávamos conhecimento e partilhávamos cultura e aprendizados sobre a cidade e sobre os “lugares” de cada um; Estevão, o Gaudí brasileiro, que sem conhecer Gaudí construiu um palacete de pedra e mosaico, encantando nossos sentidos e nos mostrando que arte se faz em todo canto; a aldeia Krukutu, que nos ensinou que há indígenas na cidade de São Paulo e que ser índio é muito mais do que usar cocar; os idosos que se iluminavam com a juventude dos alunos e nos ensinavam sobre a importância de um sorriso e de afeto... Eu poderia passar páginas listando ações, debates, oficinas e produções que me alegram a memória nesse instante em que me dispus a reviver uma construção tão intensa e cheia de entrega por parte de todos que dela tiveram a oportunidade e o privilégio de participar. Mas não é minha intenção chatear o leitor com palavras demais – afinal, começamos falando de ação, deixemos, então, que os de agora a continuem. Por isso, finalizo por aqui esse breve relato. Com palavras um pouco caóticas, já que alimentadas pela memória, mas repletas de sentimento e de gratidão por ter feito parte dessa história. Kadine Teixeira Lucas Professora do NUPS entre agosto de 2011 e agosto de 2018. Atualmente, em busca de novos caminhos e descobertas Uma escola e tanto! Desde que iniciamos o NUPS em 2011, ele tem sido um espaço de aprendizado constate que foi crescendo a cada ano da mesma forma que o projeto foi tomando corpo. Dávamos os primeiros passos baseados nas expectativas dos alunos que iniciavam e no desejo da escola em ter um núcleo que permitisse conhecer socialmente outros contextos. Novas propostas surgiram acompanhadas de parceiros que abriram suas portas para a entrada do NUPS, (conhecido nos seus inícios como nupinho) e, assim, fomos caminhando, aproveitando cada oportunidade e também deixando nossa marca. Tivemos e temos o privilégio de compartilhar cada instante com excelentes alunos, alunos com aquela pegada da prontidão para o fazer e fazer o melhor. Leituras de livros, entrevistas com seus autores, discussão de filmes, escritas de textos, análises de dados, consultas que garantiram sempre a preparação para o desenvolvimento das ações. E que ações! Visitamos e desconstruímos rótulos sociais na comunidade de Paraisópolis, conhecemos jovens de vulnerabilidade social através de projetos incríveis como o Quixote, interviemos em lares de crianças com a doação de uma biblioteca e atividades diversas, fizemos bonecas terapêuticas para crianças com câncer, visitamos asilos de idosas para trocar experiências geracionais, enfim, muitos têm sido os passos dados nessas ações que sempre foram acompanhadas daquelas reflexões que não podem faltar. O que deu certo? Como podemos melhorar? O que falta por fazer? E é na resposta a essa última pergunta que nos detemos para saber que falta muito por fazer em questões sociais, continuamos construindo ideias, saberes e transformando nossos olhares na busca por uma sociedade melhor. Grandes oportunidades vivenciadas durante quase uma década satisfazem ao saber que tem valido muito a pena e fazem hoje com que nossos alunos continuem com o interesse de querer conhecer o diverso, trocar experiências e aprender com o outro. Juan Carlos Ramirez Mondejar Professor do Nups desde 2011

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Grande diferencial! O NUPS é um grande diferencial na vida da Lourenço Castanho. Muito diferente de outros programas de projetos sociais, no NUPS não vamos e apenas damos, no NUPS também recebemos, porque essa é a verdadeira ideia de um projeto como esse: estabelecer o diálogo, promover a troca, causar reflexões e, claro, fazer sua parte na mudança do mundo. Alunas e alunos do NUPS brilham por onde passam: são engajados, sensíveis, fortes para trabalhar e entender as diversidades. O ano que passei no NUPS foi incrível! Não só ampliei meus horizontes, como pude ter uma outra proximidade com os alunos, vivenciar nossos espaços, viver grandes experiências. Ver a continuidade do projeto, sempre inovando, sempre comprometido, me faz ter mais orgulho ainda. Parabéns ao NUPS e especialmente ao professor Juan que, com maestria, comanda esse lindo projeto da Lourenço Castanho! Lígia Paganini Professora do NUPS no ano de 2014

Esse foi o meu primeiro ano na parceria com o professor Juan, à frente do NUPS. Essa experiência foi extremamente significativa para mim, principalmente ao ver o impacto causado nos alunos. Entendendo que pensar a sociedade é um passo muito importante para a formação acadêmica de qualquer cidadão. E trazer para a escola um Núcleo de Projetos Sociais legitima muito o caráter transformador da escola. A sensibilidade no trato social é algo cada vez mais importante, uma vez que estamos normalizando o convívio mediado por tecnologias e aumentando as distâncias espaciais do que nos é diferente. Portanto, quando fui apresentado ao NUPS, enxerguei nessa oficina um lugar de reflexão sobre o mundo e sobre o indivíduo. Enfim, posso dizer que meu grande desejo é que, uma vez que os alunos entendem como foram construídas as barreiras sociais, eles possam se desafiar a mudar a sua realidade, propondo soluções objetivando a construção de uma sociedade brasileira mais justa. Abner Mendonça Professor do NUPS no ano de 2019

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