
3 minute read
não sou fotógrafo de casamento. Eu sou fotógrafo”
from Revista Lord #29
Em um ensaio exclusivo para a Revista LORD Élégant, um dos fotógrafos mais badalados da cidade mostra a cara e conta o que pensa.Bruno Stuckert, que fez fama registrando casamentos, relembra o início da carreira, fala sobre religião, dá conselhos, explica sua relação com a arte e antecipa planos: “Eu vou continuar fazendo casamento. Mas de outra forma. Cada vez mais, eu quero mostrar a minha criação. Quero que as noivas se interessem pelo meu trabalho artístico”, adianta.
Bruno é da 4ª geração de fotógrafos da família Stuckert. O primeiro, que trocou a Suécia pelo Brasil, foi Eduard Francis Rudolf Deglon Stuckert, seu bisavô.
Advertisement
Na entrevista, que traz um ensaio com o Bruno e também fotos tiradas por ele mesmo (algumas de suas preferidas, por sinal), o artista fala ainda da sua busca pela simplicidade. Confira!
Como você definiria Bruno Stuckert na versão 2019?
Um homem mais experiente, que cada vez mais sabe aonde quer chegar com sua profissão, com seu olhar. Quero mostrar aos outros como eu vejo o mundo. E a minha ideia é mostrar isso por meio de uma fotografia genuína e verdadeira, simples e bela. Quando a gente começa, a gente quer criar fotos muito diferentes. Com o passar do tempo, você percebe que o caminho é a simplicidade. Os japoneses falam que o coração bate pelas coisas pequenas.
Como você acha que o seu trabalho com casamentos influenciou no seu reconhecimento no mercado da fotografia? Ou você já era conhecido antes das noivas?
Eu já tinha um reconhecimento, sim, antes das noivas. Em jornal. Mas muito pelos profissionais. Quando se está na capa de um jornal, o seu nome consta lá, mas pequenininho. Quem sabe quem você é? Os próprios fotógrafos, os jornalistas.
Revista LORD Élégant
As noivas vieram mostrar o meu trabalho para o público leigo. A internet e as redes sociais possibilitaram que um outro público entendesse a minha arte.
O casamento é muito importante na divulgação do meu trabalho. Mas, no fim das contas, eu sou fotógrafo. Estou, neste momento, trabalhando com noivas, com casamento, no entanto, não significa que eu só faço casamento. Não sou fotógrafo de casamento. Sou fotógrafo.


Quando e como você começou a fotografar?
Quando me perguntavam o que eu queria ser quando crescesse, eu respondia: jogador de futebol. Mas não deu certo, né! Um dia, me falaram assim: “por que você não aprende a fotografar com seu pai?”. E eu fui! Ele trabalhava na Secretaria de Cultura do DF, então a gente fazia muito show. Tinha 15 anos nessa época. Eu, graças a Deus, sou de uma família com tradição na fotografia. Tive oportunidades. Comecei com meu pai e depois fui trabalhar com o Orlando Brito, que é meu grande professor. Trabalhei em jornal, revista. Quando acabou a revista “Caras”, em Brasília, fui fazer casamento. Na verdade, eu já fazia casamento pela “Caras” e as pessoas gostavam muito das nossas fotos. Mesmo assim, com a experiência em uma revista importante, comecei pelos casamentos pequenos até chegar aonde cheguei.
Você é religioso?
A minha religião é o amor, fazer bem ao próximo. Tento me colocar sempre no lugar do outro. É ter carinho, é respeitar as pessoas. Para mim, é isso.
E isso se reflete no seu trabalho?
Sim, certamente. Essa relação se reflete na simplicidade de que eu falava no começo da entrevista. É a minha busca pelo que é simples e belo.

Você se lembra do primeiro grande clique que o deixou orgulhoso?
Lembro. Uma foto que foi capa da “Folha de S. Paulo”. Era a assinatura de um decreto do ex-presidente Lula. Atrás dele, apareciam o José Dirceu (exministro, foi condenado por envolvimento nos escândalos do Mensalão e do Petrolão) e o João Paulo Cunha (expresidente da Câmara, foi condenado por envolvimento no escândalo do Mensalão). Enquanto o Lula assinava, de cabeça baixa, o Dirceu parecia fazer sinal de silêncio. Foi na mesma época em que estourou o escândalo do Mensalão.
Dê três conselhos para quem está começando na fotografia.
A gente fica muito preocupado com o equipamento. Hoje em dia, não existe o equipamento, existe a fotografia, o registro. Então, em primeiro lugar: comece pela sua casa, pelos seus amigos. Eles podem ser os personagens para você contar uma história. Segundo conselho: pratique. A teoria é maravilhosa, mas é preciso treinar o seu olhar. É preciso também ler e escutar música, por exemplo. Terceiro: é fundamental se divertir!


O que é mais importante na hora de registrar um momento? O olhar? O ângulo? A luz? A tranquilidade? Os personagens?
Todos esses pontos são importantes na composição de uma boa foto. Você precisa, para citar dois pontos, de um ângulo diferente e de uma luz inusitada. Em um casamento, que tem cronograma, isso é ainda mais relevante. É preciso captar o momento único, aquilo que as pessoas não estão vendo. Tem que ter criação.

Você vai seguir fotografando noivas ou busca novos desafios?
Vou continuar fazendo casamento. Mas de outra forma. Cada vez mais, quero mostrar a minha criação; quero que as noivas se interessem pelo meu trabalho artístico. Além disso, quero colocar meus projetos pessoais em prática. Quem não quer viver de arte? Viver do seu trabalho? É o que todo artista procura.

Fotografia é arte, então...




Tudo é obra de arte. Um jardineiro faz uma obra de arte em um canteiro. Fazer uma bela embalagem também é arte. O que é arte? Só vale para pintura, para o cinema, para a fotografia? Não! Tudo é obra de arte.



O Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, no Cine Brasília, é uma das mostras mais elogiadas do país
