Memórias de um Movimento do Espírito - Vol. 1 [excerto]

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Paulo Branco

MEMÓRIAS DE UM MOVIMENTO DO ESPÍRITO - Vol.1

Os primeiros 50 anos das Assembleias de Deus em Portugal (1913-1963)


Ficha Técnica Título: Memórias de um Movimento do Espírito - Vol. 1 Subtítulo: Os primeiros 50 anos das Assembleias de Deus em Portugal (1913-1963) Autor: Paulo Neto Martins Branco Editor: Edições Novas de Alegria Av. Almirante Gago Coutinho, n.º158 1700-033 Lisboa – Portugal | Tel.: 218 429 190 Site: www.capu.pt Impressão e acabamento: Europress, Indústria Gráfica Coordenação editorial: Ana Ramalho Rosa Design Gráfico e Paginação: Adilson Morais Revisão: Paulo Branco, David Pinto, António Costa Barata, Ana Ramalho Rosa. Foto fundo capa: © unsplash.com Fotos históricas, da capa e miolo: As imagens presentes nesta obra tiveram a sua origem nos arquivos de Paulo Branco, Samuel Pinheiro, António Costa Barata, revistas Novas de Alegria e Avivamento, Centro de Investigação e Museu das Assembleias de Deus (Fanhões-Loures), e das igrejas locais. 1ª Edição: outubro 2021 ISBN: 978-972-580-138-3 Depósito Legal: 489177/21 Categoria: 27 Igreja Cristã (História) A presente obra respeita as regras do Novo Acordo Ortográfico. Traduções do texto bíblico: Almeida Revista e Corrigida (ARC) e O Livro (OL). As Edições NA, uma marca da Casa Publicadora da Convenção das Assembleias de Deus em Portugal, são uma editora de cariz denominacional. Neste âmbito, procuram produzir literatura cristã de língua portuguesa, em diversos formatos e tendo em vista diversos públicos-alvo, com o cuidado de que os conteúdos apresentados se coadunem com o ensino da Bíblia Sagrada, não endossam necessariamente os pontos de vista particulares dos autores. © Edições NA 2021 - Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução por quaisquer meios, salvo quando mencionado nas páginas e nas condições ali descritas, ou em breves citações, com indicação da fonte.


Índice

PREFÁCIO INTRODUÇÃO

CAPÍTULO UM AS ORIGENS DO MOVIMENTO PENTECOSTAL

1.1.1 - As Assembleias de Deus nos Estados Unidos da América 1.1.2 - As Assembleias de Deus no Brasil 1.2.3 - Conferência Mundial Pentecostal 1.2.4 - Convenção Ibérica

13 21

25 31 32 34 34

CAPÍTULO DOIS ELENCO GEOGRÁFICO DAS PRIMEIRAS ASSEMBLEIAS DE DEUS EM PORTUGAL 37

1.1.1 - Introdução

39

2.1 - Distrito de Aveiro 2.1.1 - Aveiro – Capital de Distrito 2.1.2 - Águeda – Recardães 2.1.3 - Esgueira 2.1.4 - Murtosa

41 41 41 44 44

2.2 - Distrito de Beja

45

2.3 - Distrito de Bragança 2.3.1 - Mirandela

45 45

2.4 - Distrito de Castelo Branco 2.4.1 - Castelo Branco – Capital de Distrito 2.4.2 - Covilhã 2.4.3 - Fundão

45 45 45 46

2.5 - Distrito de Coimbra

46 17


Memórias de um movimento do Espírito - Vol. 1

2.5.1 - Coimbra – Capital de Distrito

18

46

2.6 - Distrito de Évora 2.6.1 - Évora – Capital de Distrito 2.6.2 - Estremoz 2.6.3 - Montemor-o-Novo 2.6.4 - Portel

47 47 49 51 51

2.7 - Distrito de Faro 2.7.1 - Lagos 2.7.2 - Loulé 2.7.3 - Patacão 2.7.4 - Portimão 2.7.5 - Silves

52 52 53 53 54 57

2.8 - Distrito da Guarda 2.8.1 - Seia 2.8.2 - Valezim – Seia

58 58 58

2.9 - Distrito de Leiria 2.9.1 - Caldas da Rainha

58 58

2.10 - Distrito de Lisboa 2.10.1 - Lisboa – Capital de Distrito 2.10.2 - Calhariz – Benfica, Lisboa 2.10.3 - Alenquer 2.10.4 - Amadora 2.10.5 - Cascais 2.10.6 - Mafra 2.10.7 - Malveira 2.10.8 - Moscavide – Loures 2.10.9 - Sacavém – Loures 2.10.10 - Pontinha - Odivelas 2.10.11 - Póvoa de Santa Iria – Vila Franca de Xira 2.10.12 - Alverca do Ribatejo – Vila Franca de Xira

61 61 66 66 67 67 68 68 69 69 69 70 70

2.11 - Distrito de Portalegre 2.11.1 - Portalegre - Capital de Distrito 2.11.2 - Elvas

70 70 71

2.12 - Distrito do Porto 2.12.1 - Porto – Capital de Distrito 2.12.2 - Vila Chã – Vila do Conde

71 71 74

2.13 - Distrito de Santarém 2.13.1 - Santarém - Capital de Distrito 2.13.2 - Abrantes

75 75 78


Índice

2.13.3 - Almeirim 2.13.4 - Benavente 2.13.5 - Coruche 2.13.6 - Rio Maior 2.13.7 - Muge – Salvaterra de Magos 2.13.8 - Tomar 2.13.9 - Torres Novas

79 79 79 80 80 80 81

2.14 - Distrito de Setúbal 2.14.1 - Setúbal – Capital de Distrito 2.14.2 - Almada 2.14.3 - Santo António da Charneca - Barreiro 2.14.4 - Grândola 2.14.5 - Montijo 2.14.6 - Sarilhos Grandes – Montijo 2.14.7 - Ermidas do Sado – Santiago do Cacém 2.14.8 - Palmela

81 81 82 82 82 83 83 83 83

2.15 - Distrito de Viana do Castelo 2.15.1 - Viana do Castelo – Capital de Distrito

83 84

2.16 - Distrito de Vila Real 2.16.1 - Vila Real – Capital de Distrito 2.16.2 - Chaves 2.16.3 - Pinhão

84 84 85 87

2.17 - Distrito de Viseu 2.17.1 - Viseu – Capital de Distrito 2.17.2 - Carvalhal Redondo – Nelas 2.17.3 - Santa Comba Dão 2.17.4 - Tondela

87 87 88 90 90

2.18 - Regiões Autónomas 2.18.1 - Açores 2.18.1.1 - Ilha de S. Miguel 2.18.1.2 - Ilha do Faial 2.18.1.3 - Ilha do Pico 2.18.1.4 - Ilha Terceira

90 90 91 92 92 93

2.19 – Missões externas 2.19.1 - Moçambique 2.19.2 - Guiné-Bissau 2.19.3 - Angola 2.19.4 - Timor 2.19.5 - As Assembleias de Deus para portugueses na diáspora 2.19.5.1 - África do Sul

93 93 94 94 95 95 95

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Memórias de um movimento do Espírito - Vol. 1

CAPÍTULO TRÊS ESTRUTURAS À ESCALA NACIONAL

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3.1- Convenções de Obreiros em Portugal 3.2 - 1ª Convenção Regional de Obreiros do Norte 3.3 - Escolas Bíblicas 3.4 - Os primeiros líderes a saírem da Igreja de Lisboa para outras igrejas 3.5. - Meios de Comunicação usados pela Assembleia de Deus 3.5.1 - Rádio 3.5.2 - Página Impressa 3.6 - Fundo de Auxílio a Estudantes Pentecostais 3.7 - Obra Social

97 99 100 100 101 101 101 102 103 103

CONCLUSÃO BIBLIOGRAFIA REFERÊNCIAS

105 109 129

ANEXOS Anexo 1 - Cronologia de obreiros Anexo 2 - Cronologia de locais de culto Anexo 3 - Memória fotográfica

153 159 167


CAPÍTULO DOIS

ELENCO GEOGRÁFICO DAS PRIMEIRAS ASSEMBLEIAS DE DEUS EM PORTUGAL



Introdução A 5 de outubro de 1910 foi instaurada a República em Portugal e, em 1911, foi promulgada a Lei de separação do Estado e das Igrejas, obrigando todos os grupos religiosos a constituírem-se associações cultuais e imiscuindo as autoridades administrativas na sua vida interna. Esta lei não reconhecia personalidade jurídica a nenhuma confissão, nem sequer à Igreja Católica Romana. Três anos após o início da República chegam os primeiros Pentecostais. Certamente o clima político da altura foi um pouco mais favorável à implantação de igrejas evangélicas, apesar de não se notar um grande crescimento das mesmas. A população portuguesa rondava cerca de 5 900 000 habitantes, dos quais 77 000 eram imigrantes.32 A Igreja Católica Romana, até esse momento, era a única detentora de todas as liberdades e garantias. Por outro lado, alguns evangélicos históricos não viam com bons olhos a entrada de um grupo recentemente nascido, que não diferenciava o clero do povo e que, na sua maioria, era constituído por pessoas de condição humilde, com uma liturgia simples e participativa, bem longe das Igrejas Reformadas, assim como por aceitarem a glossolalia, que a maioria das igrejas daquele tempo acreditava ter sido exclusivamente para o dia de Pentecostes. Outro aspeto impeditivo foi o facto de as mulheres terem o seu espaço e a sua participação na liturgia. Por isso não foi fácil durante vários anos serem aceites pelos outros evangélicos, apesar de o seu crescimento começar a ser notável e a ultrapassar todas as denominações estabelecidas. Assim, em Portugal, as Assembleias de Deus iniciam-se em 1913 com a chegada de José Plácido da Costa (1870-1965), da sua esposa Maria da Piedade Mendes D’Abreu (1873-1945) e da sua filha Maria dos Prazeres Costa. Este foi o primeiro missionário a sair da recente Igreja de Belém do Pará, Brasil. Isto aconteceu no dia 4 de abril de 1913. José Plácido fazia parte do grupo inicial de crentes que se encontrava na Igreja Baptista e um dos primeiros a aderir, em 1910, ao Movimento Pentecostal no Brasil com a chegada dos missionários suecos, procedentes dos Estados Unidos, Daniel Berg e Gunnar Vingren. José Plácido era um dos muitos emigrantes que, como mui39


Memórias de um movimento do Espírito - Vol. 1

tos portugueses, tiveram de sair do País para procurar melhor vida. José Plácido da Costa e sua família, ao chegarem a Portugal, dirigiram-se à região da Beira Alta, de onde ele era originário, concretamente a Valezim, aldeia perto de Seia. Ali começou o seu múnus espiritual, convertendo-se Albino Mendes Corveira e sua esposa Maria dos Prazeres.33 Em maio de 1913,34 realizou o primeiro batismo por imersão da crente Maria dos Prazeres Corveira, mais concretamente no Rio Alva (entre Seia e Valezim), no qual esteve presente Leovegildo Sales. De acordo com um documento da época, sabemos que os cultos se celebravam das 7:30 horas às 8:30 horas. Eis a transcrição do documento:

“Ao Exmo. Sr. Administrador do Concelho de Ceia. José Plácido da Costa, director da Missão Evangelica de Vallezim e residente na mesma localidade, precisando, segundo a particular maneira de ser christã evangélica (protestante) e a sua prática universalmente seguida, celebrar o culto depois do pôr do sol e a horas que a gente que trabalha não seja impedida de tomar parte. Pede muito respeitosamente a V. Exª haja por bem auctorisar neste caso em harmonia com o art. 44º da Lei de 21 de abril de 1911 e as razões acima expostas que o culto evangelico nesta localidade possa continuar a celebrar-se das 7½/ às 8 ½ da noite. Valezim, 11 de dezembro de 1913. José Plácido da Costa”35 No entanto, o trabalho não desenvolveu muito. Entretanto, a sua filha faleceu no ano de 1918 e, passado algum tempo, o pastor começou a trabalhar com as igrejas Baptistas Portuguesas no Porto, Viseu e Tondela36 até 1921 (segundo se sabe, aconselhado pelo missionário Gunnar Vingren desde o Brasil). Entre 18 e 21 de novembro de 1920 realizou-se a primeira Convenção Baptista Portuguesa, sendo Plácido eleito 2º Vice-presidente.37 De acordo com as atas desta convenção, vemo-lo a intervir e participar em várias atividades e onde é decidido, por unanimidade, que ele seja missionário da Convenção Baptista Portuguesa, havendo algumas igrejas providenciado o sustento, cerca de 75$00 mensais.38 Regressa ao Brasil e, em 1926, vamos encontrá-lo em Buenos Aires, Argentina, a colaborar com o missionário sueco Gunnar Svensson. Volta de novo ao Brasil, regressando no princípio dos anos trinta ao Porto para auxiliar o missionário sueco Daniel Berg.39

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Capítulo Dois — Elenco geográfico das primeiras Assembleias de Deus em Portugal

Nas próximas páginas iremos apresentar, a partir da bibliografia, testemunhos e dados recolhidos, a expansão geográfica das Assembleias de Deus, em território português, de acordo com os distritos administrativos atuais (distrito, concelho, freguesia ou lugar), nas ex-colónias e na diáspora. 2.1 – Distrito de Aveiro 2.1.1 - Aveiro – Capital de Distrito Foi em 1958 que o Pr. Rogério Ramos Pereira saiu do Porto e foi até Aveiro para estabelecer o trabalho evangélico pentecostal naquela cidade. Em janeiro de 1959, a Igreja Metodista cede as instalações de uma missão situada na freguesia de Aradas e, nessa sala, começam as primeiras conversões. A 9 de abril de 1959, é inaugurada uma casa de oração na freguesia de S. Bernardo. No mesmo ano, chega de Lisboa Anselmo Branco e família, funcionário da Sacor, que trabalhava como cooperador na Assembleia de Deus em Lisboa, o qual foi de grande contributo para o crescimento da comunidade, e um dos primeiros presbíteros a ser consagrado em 1964, juntamente com José Parreira, também vindo de Lisboa. Em 10 de junho de 1959 realiza-se uma reunião onde estiveram presentes os obreiros que trabalhavam nas Beiras. Os primeiros batismos de crentes de Aveiro realizaram-se a 9 de agosto de 1959, onde desceram às águas 18 crentes. A 14 de fevereiro de 1960 é aberta a Igreja na cidade de Aveiro, mais concretamente no Largo da Apresentação. Em 1960, a Igreja de Esgueira, até então ligada à Igreja de Águeda, integra-se no campo de Aveiro. A 15 de agosto de 1960, na Praia de S. Jacinto, realizam-se os segundos batismos, onde foram batizadas dezassete pessoas. No dia 16 de agosto de 1960, é aberta uma Igreja em Ílhavo. A 30 de novembro de 1960 chega à igreja o evangelista Fernando Carlos Martinez para cooperar com o pastor Rogério. No mesmo ano, é aberta outra casa de culto na freguesia do Eixo. No início de 1961 mudam a casa de oração da cidade para a Rua 31 de janeiro, n.º 16. De 12 a 18 de abril de 1961 realizou-se na cidade a 20ª Convenção das Assembleias de Deus em Portugal, com a presença de toda a liderança nacional. Os estatutos da igreja foram aprovados em 19 de outubro de 1963 pelo Governo Civil de Aveiro. 40 2.1.2 - Águeda – Recardães, Ouca Em Águeda, mais concretamente na freguesia de Recardães, a igreja foi 41


Memórias de um movimento do Espírito - Vol. 1

fundada em 1930 pelo casal de emigrantes portugueses vindos da Argentina, António Ferreira Baptista e Maria Ferreira Baptista. A igreja foi organizada em 5 de junho de 1932, quando foram batizados, por José Plácido da Costa, os crentes Margarida Ferreira Tavares e Maria José Ferreira Tavares, ficando registados no rol de membros com os n.ºs 2 e 3, sendo o n.º 1 João de Oliveira Pires (que tinha sido batizado em 5 de junho de 1927, em Portimão, por Manuel José de Matos Caravela)41. A 18 de julho de 1935, Daniel Berg batizou dois candidatos em Recardães42. Em 1936 são batizados seis crentes num rio.43 Entre 1939 e 1945 Augusto Henriques era pastor desta igreja. Tinham locais de culto em Águeda, Recardães e Ouca. No dia 21 de março de 1943 foi inaugurada uma nova casa na Avenida de Chãs, em Águeda.44 O segundo pastor foi Artur da Silva Rodrigues, iniciando o seu pastorado em 1945, vindo de Esgueira, Aveiro, seguindo-se José Maria Lopes Conde, José Lopes Quedas, Manuel Joaquim Pernas Canhoto, Constantino Ferreira, António Dias Gonçalves, José Barros de Sousa, entre outros. Em 2 de junho de 1943 foi inaugurada outra casa de oração em Ouca e realizados batismos pelo pastor Rogério Ramos Pereira. Frutuoso P. dos Santos faz um relatório do ano de 1943.45 Nesta data, o grupo de Esgueira estava ligado à Igreja de Águeda. No dia 28 de fevereiro de 1945 realizou-se, pela primeira vez, um culto na localidade de Horta (Eixo), onde residia um crente de nome Moura.46 No dia 20 de outubro de 1946 realizam outro culto em Paradela, em casa de João de Oliveira Pires, com uma grande assistência.47 Havia uma frequentemente cooperação com outras denominações evangélicas nos primeiros anos da Assembleia de Deus em Águeda, nomeadamente a Igreja Metodista de Águeda, Mourisca do Vouga e Aguada de Cima - em cultos de evangelização, festas de Ano Novo, entre outros acontecimentos.48 No dia 29 de junho de 1947 foram batizados dez crentes. Estiveram presentes no evento o pastor Durval Correia, o missionário sueco Holger Bäckström, José Plácido e Jaime Figueiredo.49 Ainda nesse ano, no mês de setembro, o pastor Augusto Henriques foi transferido para Carvalhal Redondo, o pastor Artur da Silva Rodrigues passa a ser responsável pelo trabalho em Águeda, e o pastor Jaime Soares de Figueiredo tomou conta do trabalho em Esgueira.50 Em 1948 realizou-se, de 24 a 27 de maio, em Águeda, a 10ª Convenção de Obreiros das Assembleias de Deus em Portugal. Eram tempos difíceis do pós-guerra, mas os irmãos mobilizaram-se e trouxeram ofertas em géneros, e outras conforme as suas possibilidades. O sogro do irmão Jaime (Álvaro Tavares Novo) era então Cabo Quarteleiro na Escola de Sargentos de Águeda 42


Capítulo Dois — Elenco geográfico das primeiras Assembleias de Deus em Portugal

e, com permissão dos seus superiores, arranjou pão e alguns géneros. “A irmã Maria Augusta Ribeiro Bastos, sogra do irmão Jaime Marques, foi uma das vozes que mais incentivou o acolhimento da Convenção em Águeda. Notemos que já naquele tempo havia grandes mulheres de Deus, destemidas e determinadas, lutando contra tudo e contra todos pela obra do Mestre.”51 No dia 27 de maio é feito pela primeira vez um culto na localidade de Mamarrosa. No dia 23 de setembro de 1948 faleceu António Ferreira Baptista, o primeiro crente de Recardães.52 Em 1948 foi oferecido um terreno para construírem um templo em Águeda, e no dia 22 de agosto do mesmo ano, batizaram cinco crentes no Rio Águeda, entre eles, José Nunes Sequeira, de S. João de Loure, que tinha assistido numa igreja evangélica de 1917 a 1919. Oficiou o ato o pastor Durval Correia.53 Em 1949 foram realizadas reuniões de carácter evangelístico em Malhada, Couvelha. Os cultos em Mamarrosa eram feitos na casa do Sr. António Domingues e esposa. No dia 14 de agosto, batizaram nove crentes, resultado deste último trabalho. Oficiou o ato o missionário Holguer, e Artur da Silva Rodrigues era pastor da igreja.54 Em 1950, Artur Rodrigues visita, uma vez por mês, as igrejas da Beira Alta, desde Águeda, a pedido da Igreja do Porto. Relata que visitou crentes em Igarei, onde residiam dois irmãos vindos do Brasil, apesar da casa desses crentes ter sido apedrejada e o pastor ameaçado de morte. Depois visitou Viseu, onde havia um grupo de crentes, e depois Aveloso (perto da Guarda) onde havia outro grupo de oito crentes, fruto do trabalho de dois casais que tinham vindo do Brasil. Daí foi para Sernada, onde havia seis crentes, e finalmente Valezim.55 No dia 20 de agosto de 1950, foram celebrados batismos no Rio Dão, no lugar de Sernada, S. João de Areias, onde sete crentes, dois de Sernada e cinco de Águeda, foram batizados. Esteve nesse dia no culto o pioneiro José Plácido da Costa. Os filhos do sacristão local foram fazer barulho para perturbar a reunião. 56 É nesse ano que o pastor Artur da Silva Rodrigues deixa a Igreja de Águeda para ir pastorear a Igreja do Porto. Mais tarde é substituído pelo pastor Armando Pereira Pinto, que ficaria nesta igreja até 1955, altura em que o pastor João Maria Lopes Conde fica com a responsabilidade da igreja.57 A 30 de março de 1958 foi inaugurada a sede, uma casa própria, situada na Rua Escola Central de Sargentos, 51. O pastor Artur da Silva Rodrigues ficará novamente com a responsabilidade da igreja entre 1959 e 1961. Em 1962 a Igreja em Águeda passa a ser pastoreada por José Lopes Quedas.58

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Memórias de um movimento do Espírito - Vol. 1

2.1.3 - Esgueira Em Esgueira, Aveiro, o trabalho é iniciado em 1927 com a chegada do presbítero da Assembleia de Deus em Belém do Pará, no Brasil, Manuel Maria Rodrigues59 (1893-1969) e do seu cunhado, diácono Manuel Ribeiro, pertencente à mesma igreja e, mais tarde, António Ribeiro, provavelmente em 1935.60 O primeiro fazia parte do grupo de portugueses e brasileiros que aderiram ao Movimento Pentecostal em 1910 em Belém do Pará, com a chegada dos pioneiros Daniel Berg e Gunnar Vingren. Os primeiros convertidos em Esgueira foram os pais de Manuel Rodrigues, Júlio Maria Rodrigues e Luzia Gonçalves, juntamente com alguns crentes que eram da Igreja Adventista e que, entretanto, aderiram à Assembleia de Deus.61 Outro dos crentes que se converteu em 1928 foi Bernardino de Oliveira Gato,62 falecido a 23 de junho de 1945, avô do evangelista Samuel Pinheiro, atual diretor da revista Novas de Alegria. Passado algum tempo, com a saída dos fundadores para o Brasil, o pioneiro José de Matos passou a dar assistência espiritual à igreja, tendo sido seguido pelos pastores da igreja do Porto. No dia 3 de setembro de 1935 foi inaugurado um salão com capacidade para 70 pessoas, tendo Daniel Berg pregado o Evangelho de Jesus Cristo. O missionário Jack Härdstedt, de Lisboa, esteve presente nessa reunião.63 A casa de oração situou-se muito tempo na Rua General Costa Cascais, propriedade da família Rodrigues, que mais tarde a doou à igreja. O pastor Artur da Silva Rodrigues pastoreia a comunidade até 1945,64 sendo substituído pelo pastor Jaime Soares de Figueiredo, e este por sua vez pelo pastor José Maria Lopes Conde. 2.1.4 - Murtosa A 21 de julho de 1921, Manuel José de Matos Caravela (1888-1958), imigrante português, convertido no Brasil e membro da Igreja Assembleia de Deus em Belém do Pará, veio para a sua pátria como missionário. No Brasil, José de Matos realizou trabalho de colportagem e estabeleceu uma igreja em Macapá (Estado de Amapá) entre 1916-1920. Primeiro chega a Murtosa, Aveiro, onde tinha os seus pais e outros familiares. Lá faz evangelismo pessoal e realiza distribuições de folhetos. Neste tempo, batiza sua mãe Ana Luzia.

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Anexo 3 - Memória fotográfica

Distrito de Faro (páginas 52 a 58)

Portimão - Batismos (1944) Loulé - Joaquim de Sousa Mendes (convertido em Loulé que viria a ser presbítero em Lisboa) Portimão - Primeira Casa de Oração

Lagos - Grupo de crentes (Década de 1940)

Lagos - Passeio de Escola Dominical (1955)

Lagos - Natal (1956) 177


Memórias de um movimento do Espírito - Vol. 1

Escolas Bíblicas Nacionais Lisboa

1942

1954

1952

1956

190




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