Folha do Trabalhador # 24

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Liaison Committee for the Fourth International

CLQI Comitê de Ligação pela Quarta Internacional

FCT

Folha do Trabalhador

FdT 24 - ago / 2015

J o r n a l d a F r e n t e C o m u n i s t a d o s T r a b a l h a d o r e s ( F C T ) - a n o V - n o2 4 - a g o s t o / 2 0 1 5 - R $ 1

IMPEACHMENT É GOLPE DE ESTADO DA DIREITA!

Não ao Golpe! E

Mobilizar os trabalhadores para combater a sabotagem patronal da economia, as demissões, as medidas covardes contra a população e de capitulação de Dilma à direita e a seu ministro Joaquim Levy!

m 2009, quando a China passou a ser a principal parceira comercial do Brasil, a bíblia do mundo das finanças internacionais, a The Economist britânica, soou o

alarme: “De que lado está o Brasil?”. Não estava nada contente com a política internacional de alinhamento de Lula com os bolivarianos e com os BRICS. O megaespeculador George Soros,

O CAPITALISMO CONTRA A JUVENTUDE

Contra a redução da maioridade penal

que patrocinou diretamente o golpe fascista na Ucrânia e é dono de muitas ações da Petrobras declarou abertamente, em entrevista à TV estadunidense ABC, que aposta na quebra econômica

do Brasil. Jorge Paulo Lemann, dono da Ambev e o empresário mais rico do país patrocina o movimento pelo Fora Dilma e PT "VemPraRua".

EDITORIAL

OPINIÃO

Contra o ceticismo e o derrotismo, erguer a Frente Comunista dos Trabalhadores!

O golpe parlamentar e jurídico e a crise política no Congresso e na mídia

Páginas 2 a 4

BALANÇO DO 54O CONGRESSO DA UNE

TEORIA MARXISTA DO PARTIDO OPERÁRIO

Organizar a luta antifascista e anti-imperialista da juventude

As greves proletárias e o centralismo democrático

COLÔMBIA

Sobre as tentativas de paz entre as FARC-EP e o governo colombiano

LENIN: Nenhum Compromisso? GREVE NA PREVIDÊNCIA

Contra os ataques do governo Dilma, o arrocho e por melhores condições de atendimento FIST

Crise ecológica está deixando milhões de pessoas sem terra e sem teto TURQUIA

Perigo de guerra na fronteira Síria! A atual crise no Oriente Médio e suas perspectivas

Desde março, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - Exército do Povo e o governo colombiano têm aprofundado o diálogo, em torno da tentativa de processo de paz (o "processo de Havana", formalmente desde 2012), para por termo ao conflito que já dura meio século. Entendemos que tal diálogo é salutar, mais que isso, imprescindível para se garantir a integridade do

território colombiano e sua pacificação social (a medida em que isso seja possível nos marcos do capitalismo). Todavia, a paz pretendida não pode ser a dos cemitérios. Está vivo na memória o infortúnio que se abateu sobre dirigentes e militantes da Unión Patriótica nos anos 80 e 90, eliminados fisicamente pelo governo e pela extrema-direita, quando as FARC-EP, através de

tal partido, buscavam se integrar ao institucionalismo "democrático". Nesse sentido, há que dialogar com o governo, mas no espírito de "confiar desconfiando", sem deposição de armas - que seria suicídio - e sem esquecer que a Colômbia é o enclave estadunidense na América do Sul, como Israel o é no Oriente Médio...

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GRÉCIA

Cavalo Grego

Cantor da moral proletária

H

AMÉRICA LATINA

A nova Guerra Fria e as tarefas dos trabalhadores INGLATERRA

Projeto de lei antissindical dos Conservadores impõe o fim das greves e deve ser copiado por outros governos

BEZERRA DA SILVA

"O principal inimigo da classe trabalhadora é o imperialismo americano, que domina o capital financeiro mundial" DEBATE

A FCT luta por uma frente única anti-imperialista unindo os BRICS, os bolivarianos, os Estados operários remanescentes, o nacionalismo islâmico, o Irã, africanos e os terceiro-mundistas que sempre estiverem sob ataque ou em contradição com o imperialismo.

Lutamos pela Greve Geral contra a terceirização e a direita golpista tendo como estratatégia a construção de uma oposição operária e comunista ao governo Dilma e de um partido para lutar pela Revolução e o Socialismo!"

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á dez anos falecia Bezerra da Silva, o sambista que deu voz aos trabalhadores dos morros e favelas. Nasceu em Pernambuco, em 1927. Aos 15 anos de idade, em busca do pai e fugindo da pobreza, foi para o Rio de Janeiro clandestinamente em um navio, apenas com a roupa do corpo. Encontrou o pai, mas com ele se desentendeu. Trabalhou na construção civil, como pintor de parede, morando nas obras em que estava empregado, na zona central do Rio, por sete anos. Foi preso muitas vezes pela polícia e acabou desempregado em 1954. Apesar de ter sido um dos artistas mais popula-

res do Brasil, foi bastante ignorado pelo "mainstream". Para desqualificar sua obra e identificálo com o tráfico a grande mídia ressaltava a canção “Malandragem dá um tempo” (de Popular P. , Adelzonilton , Moacyr Bombeiro). Trata-se de uma irônica defesa do usuário da maconha e contra a repressão policial que foi regravada pelo conjunto Barão Vermelho. A música de Bezerra também nunca atraiu a classe média de esquerda que, embora nutra simpatias pelas canções de protesto e denúncia social, tem aversão de classe aos códigos morais proletários. P. 6

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EDITORIAL

OPINIÃO

Contra o ceticismo e o derrotismo, erguer a Frente Comunista dos Trabalhadores!

Contra a redução da maioridade penal

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primeiro ano do segundo mandato de Dilma Rousseff já se encontra na metade, e está longe de ser tranqüilo. A oposição de direita tem recrudescido seus ataques, através de todas as instâncias possíveis: não apenas por meio da mídia venal - vide as campanhas sensacionalistas de panfletos como Veja e Época -, onde recorre a mentiras deslavadas no afã de desestabilizar o governo, como pelos meios institucionais disponíveis, como o show midiáticojudicial da “Lava Jato” (emulando outro show, o do “Mensalão” de Joaquim Barbosa) e os pedidos insistentes de impeachment no primeiro semestre de 2015, Dilma já sofrera quase tantos pedidos quanto FHC em seus 8 anos de mandatocom bases nas alegações mais diversas, da suposta leniência da presidente com os supostos desmandos na Petrobras às “pedaladas fiscais” no TCU. Jogando contra, o suposto “aliado” PMDB, partido do mafioso presidente da Câmara (o parlamento mais reacionário das últimas décadas), Eduardo Cunha, que há pouco acusou o PT de atiçar a Polícia Federal contra si, declarou-se, hipocritamente, oposição. O fato de tais ofensivas da direita continuarem de vento em poupa, apesar das medidas antioperárias do Governo Dilma (como os cortes na educação e as mudanças para pior em direitos trabalhistas, no bojo do “ajuste fiscal” do neoliberal Levy), provam o que a Frente Comunista dos Trabalhadores (FCT) - quando ainda se chamava Comitê Paritário - tem dito desde o segundo turno das eleições presidenciais de 2014: o PT já não consegue satisfazer a direita. Os setores reacionários de nossa so-

ciedade e o capitalismo mundial precisam que as medidas realizadas pelo PT sejam implementadas em um ritmo ainda mais forte e acelerado. O modelo tende a ser o praticado pelo governo tucano do fascista Beto Richa no Paraná, na votação do pacote anti-profissionais da educação em maio deste ano, à base de balas de borracha, cassetetes e cães sanguinolentos. Apesar do Governo Federal petista se portar com igual truculência, como vimos no leilão do Campo de Libra em 2013 no Rio de Janeiro, ainda possui um lastro social, consubstanciado na inserção em organismos de massa - CUT, UNE, MST - refletindo o acúmulo de sua construção desde as greves operárias do ABC paulista em fins dos anos 70. Tal contato de massa, mesmo que timidamente, açula as contradições internas no partido e no governo, além de, aos olhos do fascismo descarado, dar ao PT uma tinta "vermelha" incômoda, mesmo que em verdade não a tenha. O capitalismo internacional capitaneado por Washington, portanto, quer um aliado "puro sangue" para implementar sua agenda neoliberal em proporções inauditas, e essa pressa tem razão de ser: a necessidade de recuperar o prejuízo da crise de 2008 e de inviabilizar o pólo alternativo sino-russo, que se apresenta como força ascendente. Não é preciso dizer que a esquerda, nesse quadro, tem tarefas hercúleas diante de si. Mais do que nunca o momento pede união de forças, não em torno de pautas rebaixadas ou oportunistas, e sim para a defesa, no atual momento, e ofensiva, quando as condições históricas permitirem, da classe trabalhadora. A atuação isolada de pequenos grupos sequer arranha, minimamente

Folha do Trabalhador

Condenamos o Estado capitalista por todos os crimes. Esse regime não tem autoridade para penalizar nossa juventude Marcelo Calazans Metalúrgico da fábrica Construcciones y Auxiliar de Ferrocarriles do Brasil Liga Comunista

U

m debate bem antigo volta a pauta da Câmara dos Deputados trazida pelas mãos do senhor das trevas, Eduardo Cunha. A redução da maioridade penal para 16 anos é um sonho antigo da elite branca brasileira contra os trabalhadores e sua juventude. Os jovens do Brasil, principalmente os pobres, cresce em nosso país sem oportunidades, sem ter o que fazer, sem direito a lazer, a uma educação pública de qualidade, sem incentivo ao esporte, a cultura e a formação profissional. Nossos jovens são bombardeados com a propaganda do consumo, iphones, lap tops, carros, sons automotivos, ou seja, nossa juventude é induzida ao consumo e ao mesmo

tempo privada dele. São recrutados para o tráfico de drogas e para os furtos pois não tem opção de formação e de oportunidades para todos. Não aceitamos que esses corruptos do Congresso Nacional queiram criminalizar nossa juventude, eles são os principais responsáveis pelas privações que o povo e os jovens passam. Não aceitamos que a redução da maioridade penal para 16 seja a solução para os problemas da criminalidade em nosso país. Reduzir a maioridade penal para 16 anos, é lançar a juventude a mercé da prostituição, ao comércio de bebidas alcoólicas, ao trá-

fico humano e de drogas e depois prendê-los por isso. Os trabalhadores não podem concordar com essa execução a longo prazo de nossa juventude. Precisamos lutar para mais educação, saúde, esporte, lazer, cultura para nossos filhos. A redução da maioridade penal em nenhum lugar do planeta resolveu os problemas da violência e da criminalidade. Se isso for aprovado, são nossos filhos que irão para a cadeia, são os filhos da classe trabalhadora. Vamos lutar contra mais esse crime do regime dos patrões contra nossa classe e suas novas gerações.

OPINIÃO

Golpistas da Câmara aprovam redução da maioridade penal J. Tejo e Magno Souza Espaço Marxista

A

Câmara dos Deputados, mediante manobras de seu reacionário presidente, Eduardo Cunha, conseguiu no início de julho aprovar em primeiro turno de votação a redução da maioridade penal, isso após a medida ter sido rejeitada no dia anterior. Com isso, os canalhas do parlamento não apenas passaram por cima da Constituição - que em seu art. 60, §5º, proíbe que propostas rejeitadas sejam reapreciadas na mesma sessão legislativa, isto é, no mesmo ano - como deram mais um exemplo do recrudescimento da fascistização dos dias de hoje. Como já falamos na edição anterior da "Folha do Trabalhador", a redução da maioridade penal é um

velho sonho da extremadireita, com o objetivo descarado de eliminar, oprimir e trancafiar a juventude negra e proletária. Todos sabem que o Direito Penal recai com mais força sobre a classe trabalhadora, servindo como verdadeiro instrumento de controle social. É uma realidade tão abominável que mesmo juristas liberais, de corte progressista ainda que burguês, modernamente têm defendido o Direito Penal Mínimo, haja vista que o aumento de penas e de tipos penais (ou seja, a criação de mais tipos de crimes) em nada ajuda no processo de pacificação da sociedade, ao contrário, só agrava o quadro. Nós do blog Espaço Marxista, integrante da Frente Comunista dos Trabalhadores, sabemos que a pacificação social jamais virá nos marcos da socie-

dade de classes. Enquanto houver exploração do homem pelo homem, haverá o fenômeno do "crime". Não depositamos, portanto, nenhuma confiança no ordenamento jurídico-repressivo, ao contrário, denunciamos seu uso como instrumento de classe contra os estratos populares da sociedade. Repudiamos as violências realizadas contra a Constituição, que, apesar de limitada em seus objetivos e natureza, própria do institucionalismo burguês, cristaliza direitos e garantias fundamentais frutos de muitas lutas históricas da classe trabalhadora. Sobretudo, denunciamos o Estado Policial, fascista, que tem se consolidado, em sintonia com a ofensiva reacionária mundial - da Síria à Ucrânia, passando pelo golpismo na América do Sul - dos nossos tempos.

APRENDENDO COM OS MESTRES

FCT

CLQI

Jornal da Frente Comunista dos Trabalhadores (FCT) Comitê de Ligação pela IV Internacional (CLQI) Ano V - nO24 - agosto de 2015 - Tiragem: 1.000 COMITÊ DE REDAÇÃO: Marcos Silva, Luiz Carlos de Oliveira, Paulo Araújo, J. Tejo, Leon Carlos, Marcelo Calasans, Davi Lapa, Humberto Rodrigues. Revisores: India e Alfredo Almeida. As opiniões expressas nos artigos assinados ou correspondências não expressam necessariamente o ponto de vista da FCT, mas das correntes que a compõem ou propriamente dos autores dos artigos. A maioria dos textos do Folha do Trabalhador possui uma versão expandida nos blogs e está com a indicação do símbolo: BRASIL

GRÃ BRETANHA

Liga Comunista lcligacomunista.blogspot.com

Socialist Fight socialistfight.com

Coletivo Lenin coletivolenin.blogspot.com.br

ARGENTINA

Espaço Marxista espacomarxista.blogspot.com.br

que seja, o poderoso arcabouço repressivo do capitalismo. Já a reação, pelo contrário, se articula desde o nível internacional, tendo inúmeras ferramentas à disposição, do poder bélico ao econômico, passando pela ciência - vide as cada vez mais avançadas maquinarias e tecnologias de guerra, internet inclusive - e grande mídia. A FCT está se construindo tendo em vista esse cenário. Consciente de suas ainda humildes forças, tem conseguido manter coeso o trabalho dos grupos que lhe integram: a Liga Comunista, o Coletivo Lênin, a Tendência Revolucionária e o blog Espaço Marxista, além de simpatizantes e aliados no Brasil e no mundo, e em especial em estreito vínculo com a Tendencia Militante Bolchevique argentina e o Socialist Fight britânico, compondo o Comitê de Ligação pela Quarta Internacional. Ainda no ano de 2015 será realizada o primeiro Congresso da FCT, onde daremos um tremendo salto de qualidade que nos habilitará a desempenhar melhor nossas tarefas. Contra o esquerdismo sectário de um lado e o oportunismo revisionista, de outro, e sobretudo contra os céticos e derrotistas que jogaram a toalha nestes tempos de reação, nós da Frente Comunista dos Trabalhadores avançamos resolutos na luta pelo socialismo na perspectiva do comunismo, à luz das lições de Marx, Engels, Lênin e Trotsky.

FdT 24 - ago / 2015

Tendencia Militante Bolchevique tmb1917.blogspot.com.ar

FCT no facebook: Tendência Revolucionária tendenciarevolucionaria.blogspot. facebook.com/FrenteComunistaDosTrabalhadores com.br

"Nenhum compromisso?" V.I. Lenin Esquer dismo, doença

infantil do comunismo,

1920 (extrato)

F

azer a guerra para derrotar a burguesia internacional, uma guerra cem vezes mais difícil, prolongada e complexa que a mais encarniçada das guerras comuns entre Estados, e renunciar de antemão a qualquer manobra, a explorar os antagonismos de interesses (mesmo que sejam apenas temporários) que dividem nossos inimigos, renunciar a acordos e compromissos com

possíveis aliados (ainda que provisórios, inconsistentes, vacilantes, condicionais), não é, por acaso, qualquer coisa de extremamente ridículo? Só se pode vencer um inimigo mais forte retesando e utilizando todas

as forças e aproveitando obrigatoriamente com o maior cuidado, minúcia, prudência e habilidade a menor "brecha" entre os inimigos, toda contradição de interesses entre a burguesia dos diferentes países, entre os diferentes grupos ou categorias da burguesia dentro de cada país; também é necessário aproveitar as menores possibilidades de conseguir um aliado de massas, mesmo que temporário, vacilante, instável, pouco seguro, condicional. Quem não compreende isto, não compreende nenhuma palavra de marxismo nem

de socialismo científico, contemporâneo, em geral. Quem não demonstrou na prática, durante um período bem considerável e em situações políticas bastante variadas, sua habilidade em aplicar esta verdade à vida, ainda não aprendeu a ajudar a classe revolucionária em sua luta para libertar toda a humanidade trabalhadora dos exploradores. E isso aplica-se tanto ao período anterior à conquista do Poder político pelo proletariado como ao posterior.


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DECLARAÇÃO FCT E FT-VP*: DERROTAR O GOLPE DE ESTADO EM MARCHA NO BRASIL

Não ao Golpe!

Mobilizar os trabalhadores para combater a sabotagem patronal da economia e as medidas covardes contra a população e de capitulação de Dilma à direita e a seu ministro Joaquim Levy!

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esde o segundo semestre de 2013 está em marcha um golpe de Estado no Brasil. Os principais expoentes da frente golpista são banqueiros, empresários, ONGs, grande parte do parlamento e do poder judiciário ligado a oposição burguesa pró-imperialista, com o apoio ora aberto ora dissimulado da grande mídia nacional e internacional. O cerco é tão amplo que o instrumento mais ativo da caçada ao PT e a seu governo está instalado nada mais nada menos do que na polícia que é ligada ao poder executivo, a Polícia Federal. Desde 2009, quando a China passou a ser a principal parceira comercial do Brasil, a bíblia do mundo das finanças internacionais, a The Economist britânica, soou o alarme: “De que lado está o Brasil?”. Não estava nada contente com a política internacional de alinhamento de Lula com os bolivarianos e com os BRICS. O principal comentarista político da superpoderosa Rede Globo, Merval Pereira, anunciou que a crise política do governo Dilma atingiu no princípio de agosto, a situação de “tempestade perfeita”. Na “Cúpula do Trovão”, articulando de cima a frente golpista no Brasil está a embaixadora dos EUA no país, Liliana Ayalde, que assumiu o cargo em primeiro agosto de 2013, tendo no seu currículo a articulação do Golpe de Estado “suave”, parlamentar do Paraguai e sido expulsa da Bolívia em 2008, sob a acusação de tramar o mesmo contra Evo. A atividade de Ayalde é facilitada pelo fato de que o serviço de espionagem de seu país grampeou as conversações mais internas do governo brasileiro. O mega-especulador George Soros, que patrocinou diretamente o golpe fascista na Ucrânia e é dono de muitas ações da Petrobras declarou abertamente, em entrevista à TV estadunidense ABC, que aposta na quebra econômica do Brasil. Jorge Paulo Lemann, dono da Ambev e o empresário mais rico do país patrocina o movimento pelo Fora Dilma e PT "VemPraRua". Mais nítido, impossível. Só não percebe a conspiração golpista do imperialismo e do grande capital para derrubar Dilma quem não quer. Além destas aparatos e articulações diretamente usadas pela frente golpista, duas outras tem servido de forma indireta, mas com muita maestria, pela ofensiva reacionária que mais atingirá a população pobre e trabalhadora que propriamente ao governo do PT: a crise econômica e a política de capitulação do governo Dilma à pressão golpista. Grande parte da "pior crise de todos os tempos do país", na verdade, é um boicote econômico deliberado pelo grande capital vinculado aos EUA e muito maior que a sofrida pelo governo Salvador Allende às vésperas do sanguinário golpe desferido por Pinochet. O planeta inteiro, incluindo o Brasil, apresenta índices de crescimento negativos ou medíocres em relação ao período anterior a crise mundial de 2008. Mas sobre o Brasil está havendo um forte desinvestimento no país por parte do grande capital e a política econômica dependente mantida pelo PT não é páreo para este boicote financeiro. A economia do Brasil é vítima da derrubada dos preços das commodities provocada pelo imperialismo como parte da guerra fria comercial contra as bases econômicas dos BRICS e seus sócios dependentes e semicoloniais. Este ataque é desferido a partir da alta dos juros nos EUA, que fortalece o dólar, atrai os investimentos para os títulos do tesouro dos EUA e reduz os preços das commodities armazenáveis, obrigando o incremento da extração e evacuando os estoques, ampliando a oferta mundial de

commodities e reduzindo seus preços, além de provocar o aumento histórico das cotas de extração do petróleo pela Arábia Saudita e nos próprios EUA, primeiro e terceiro produtores mundiais de petróleo. A mais valia extraída do Brasil é desviada para alimentar a reprodução ampliada em outros países, cessando o ciclo aqui enquanto não muda a gestão política do país, trata-se evidentemente de um estrangulamento golpista da economia do país, seguindo o roteiro de "regime change" da CIA. Nos últimos meses os especuladores golpistas retiraram do país 1 trilhão e duzentos bilhões de reais. O agravamento da crise econômica desestabiliza politicamente o país, com a mídia e a oposição burguesa culpando Dilma e o PT. Para além disto, os EUA buscam, neste momento, tornar o Brasil improdutivo para estrangular as bases de suprimento da China e fortalecer o anel do pacífico que são as suas bases na região. Estão desindustrializando e desenergizando um país inteiro de mais de 200 milhões de habitantes! O parque industrial sofre um lockout e toda ecomomia dele derivada (comercio, serviços, etc), estão liquidando a Petrobras e o programa nuclear...A "crise econômica" vem provocando inflação e desemprego e, portanto, é usada como instrumento político golpista para justificar um suposto apoio por parte da população em geral ao processo de impedimento de Dilma que parece cada vez mais iminente, o qual será necessariamente seguido pela cassação dos direitos políticos de Lula para que o mesmo não possa concorrer em 2018. O nível internacional, o EUA e UE têm instalado e novas bases da OTAN, aumentando contingente nas bases no entorno da Rússia e China, e vem aplicando, desde 2011, golpes e financiando grupos terroristas em Estados com acordos comerciais e militares com o bloco Russo-Chinês, como a Síria, Líbia, Thailândia e Ucrânia, além de sanções econômicas contra a Rússia e especulações nas bolsas de Chinesas e a chamada guerra cambial, gerando instabilidade política e comercial nos países do bloco Eurásico... O Imperialismo também voltou sua cobiça para a América Latina e pretende retomar o controle econômico e político sobre a região. Foi vazado por Eduard Snowden em 2013 e 2014 informações que revelaram a espionagem da CIA desde 2010 sobre a Presidente Dilma e o Ministério de Minas e Energia, com o claro objetivo de obter informações políticas e econômicas, principalmente sobre o Pré-sal e a Petrobrás.

O imperialismo vem organizando as facções burguesas pró-imperialistas com movimentos de ruas, lockouts e sabotagens econômicas em vários países da região, começando com Venezuela, Equador, Argentina e agora no Brasil. No Brasil, desde 2014, a ação da Lava-Jato da PF em conjunto com o juiz estrelinha da Globo, Sergio Moro, reduziu ou paralisou as atividades da Petrobras e das empresas off shore de óleo e gás, e paralisou as grandes empreiteiras do país, como Odebrecht, que prestam serviços por licitações nas três esferas do Estado brasileiro. Essa verdadeira operação de sabotagem não só vem servindo para desestabilizar diretamente o PT e o governo Dilma, mas também desempregou milhares de trabalhadores ou talvez milhões se considerar o setor de serviços que gera empregos indiretos em torno das atividades industriais. Essa sabotagem é também o principal meio para quebrar com o que sobrou de estatal da Petrobras e será uma forma de reverter o regime de partilha do Pré-sal para colocar na jogada as empresas petroleiras anglo-americanas, como já vem defendendo o PSDB no Congresso. Mas o pior de tudo é que o próprio governo Dilma é vítima e cúmplice da pressão do imperialismo e dos bancos, e por isso montou um ministério de crápulas, dando o controle da economia do país para o ministro Joaquim Levi, homem de confiança do Bradesco, que aprofundou a recessão econômica como suposta forma de combater a inflação e cortar gastos do governo, mas que só melhorou mesmo o lucro recorde dos bancos e vem reduzindo e cortando de verdade os direitos dos trabalhadores a destruído e paralisado milhares de postos de trabalho nas indústrias e no comércio. A real intenção de Levy, e por traz dele os bancos privados junto com a Operação Lava Jato, é um processo de desindustrialização coordenada com o as multinacionais imperialistas, que vai sucatear e privatizar as ultimas empresas estatais do país, como a Petrobrás e a Eletrobrás (setor primário), e a destruição do parque industrial nacional de bens de consumo (automóveis, eletrodomésticos, etc.) com a transferência para países da Aliança do Pacífico (México, Colômbia, Peru e Chile) cuja aliança na verdade é um livre comércio que favorece aos EUA.

CONTRA OS ATAQUES DO CONGRESSO E DO GOVERNO DILMA! CONTRA O GOLPISMO DA DIREITA, MAS NENHUMA CONFIANÇA NO GOVERNO PT/ LEVI/PMDB! Por tudo isto os trabalhadores não podem nutrir nenhuma ilusão que as burguesias dos BRICS vão oferecer qualquer resistência consequente contra a ofensiva imperialista, ao golpe de Estado seja qual a forma que ele se manifeste (impeachment, novas eleições ou mesmo golpe militar). Devem combater a direita por todos os meios sem abrir mão da construção de uma Frente Única anti-imperialista e antigolpista com as organizações de massa do país, a CUT, o MST, o MTST, como nas manifestações do dia 20 de agosto, exigindo que os aparatos destas organizações de massas que convoquem e construam uma verdadeira greve geral contra o Golpe. Pela criação de comitês de Luta nas fábricas, nos bairros, nos sindicatos em defesa dos nossos direitos e contra qualquer movimento golpista, aliados ao armamento e milícias sindicais e populares para defender os partidos de esquerda, sindicatos, associações, etc.; a anulação de todas as medidas antioperárias e antipopulares neoliberais de Lula e Dilma e seguir a luta pela estatização dos setores estratégicos e energéticos do Brasil, dos recursos naturais nas mãos dos estrangeiros imperialistas, sob o controle dos trabalhadores, a suspensão dos direitos de concessões a mídia golpista, a nacionalização das empresas (incluindo igrejas) que patrocinam o golpismo pró-imperialista. Toda esta luta contra a direita, o imperialismo e o golpe de Estado, cuja vítima principal será a classe trabalhadora, como já estamos vendo pelo simples fortalecimento dos setores de direita no Congresso (redução da maioridade penal, terceirização, reforma política, etc.), também deve estar combinada a estratégia da superação das ilusões das amplas massas no covarde e aburguesado PT, na luta por um partido operário e revolucionário que conduza os trabalhadores a tomada do poder através da revolução social.

*Assinam: Frente Comunista dos Trabalhadores (Liga Comunista, Coletivo Lenin-FO, Espaço Marxista e Tendência Revolucionária) Fração Trotskista-Vangurada Proletária [fracaotrotskistavanguardaproletaria.wordpress.com]


4 AI-5, HOJE

OPINIÃO

TRABALHADORES DA PREVIDÊNCIA

O golpe parlamentar e jurídico e a crise política no Congresso e na mídia

Greve do INSS em resposta à política do governo Dilma, de ataques aos direitos dos trabalhadores, arrocho salarial e por melhores condições de atendimento à população Raimundo Dias, INSS colaborador do FdT

trabalhador do

S Marcos Silva Coletivo Lenin - FO

C

om recessão econômica e clima de incerteza no Brasil, ficou fácil para a grande mídia, principalmente a Rede Globo e o Grupo Abril (VEJA), manipularem a opinião da classe média para chamar manifestações de rua não só contra o PT, mas contra os programas sociais e contra a própria classe trabalhadora e suas conquistas sociais e econômicas nesse período. Esses atos de massa da direita da classe média, associado às pesquisas de opinião manipuladas, como as do Datafolha, é mostrado pela mídia como uma justificativa "popular" para o impedimento da Dilma. No Congresso, a direita preside a Câmara dos Deputados com o fanático Eduardo Cunha, e conseguiu destruir a base de apoio do governo, isolando o PT e o PCdoB e rachando o PMDB. Cunha na Câmara dos Deputados e Renan no Senado já reuniram os principais deputados e senadores do PMDB e PSDB numa nova coalizão de governo e armam o impedimento da Dilma, após o parecer negativo do TCU das contas do ultimo governo. O vice-presidente Michel Temer, do PMDB, já se alavancando pela mídia como o futuro "salvador da pátria", o homem da "estabilidade", encontrou apoio político da FIESP/FIRJAN e vem se reunindo com empresários de todo o Brasil, enquanto Dilma se desgasta publicamente mesmo fazendo inauguração do PAC para populares. Agora é questão de tempo para a burguesia dar início aos capítulos finais do golpe. A única forma de tentar impedir a ascensão de um novo governo de direita alinhado com o imperialismo e que fará medidas de austeridade ainda mais severas e drásticas contra os trabalhadores é uma frente única antigolpista e anti-fascista entre todas as organizações da classe trabalhadora, e nos preparar pra enfrentar e escalada golpista, a perseguição e a violência assassina dos grupos fascistas e proto-fascistas que darão sustentação nas ruas para o golpe e que já vem atacando sedes dos partidos de esquerda, como PT e PSOL, além de sindicatos. Por tudo isso e desde já, defendemos a construção de Comitês antifascistas e antigolpistas em todo país.

eguindo o exemplo de outras categorias do serviço público federal, como Universidades e Judiciário, os servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) se declararam em greve por tempo indeterminado desde 07/07/2015. A medida é uma resposta à truculência do governo do PT em tentar descarregar nas costas dos trabalhadores a conta da crise que, embora peremptoriamente alardeada pela mídia golpista, apenas se avizinha da economia brasileira. Este movimento paredista é o primeiro após os previdenciários terem amargado uma tremenda derrota na greve de 2009, quando, mesmo tendo sido cumpridos todos os requisitos legais e antes mesmo de seu início, a greve foi declarada ilegal pelo Supremo Tribunal Federal, fato que demonstra que quando se trata de atacar os direitos da classe trabalhadora há uma aliança dos pode-

res da república em defesa do Estado capitalista. Na ocasião, além de não terem sido atendidas nenhuma das reivindicações, ainda foram descontados do salário dos servidores todos os 29 dias parados. As consequências desta derrota foram sentidas pela categoria nos anos seguintes, com a introdução de metas, aumento da carga horária para 40 horas semanais, arrocho salário e publicação da IN 74, que responsabiliza o servidor em caso de erro da concessão, obrigando-o ao ressarcimento ao erário dos valores de benefícios recebidos indevidamente, mesmo que não seja comprovada a intenção do servidor em frau-

dar a previdência. Todas estas mudanças tiveram impactos negativos na saúde dos servidores que, acossados pela possibilidade de não receberem seus proventos de forma integral, estes atrelados ao cumprimento de metas cada vez mais absurdas, passaram a adoecer em massa, o que teve impacto direto no já precário atendimento à população e aumentando ainda mais a já enorme fila virtual no sistema de agendamento de atendimento, que foi o meio criado pelo governo para esconder a carência de quase 15 mil servidores no órgão. Todavia, o ponto de inflexão da postura dos servidores do INSS frente às

investidas do governo ocorreu quando a presidente Dilma iniciou sua campanha nefasta de limitação ao acesso de vários benefícios sociais e previdenciários, através da edição das Medidas Provisórias 664 e 665. Tais medidas afetaram não somente a classe dos previdenciários, mas o conjunto da classe trabalhadora, o que fez emergir novamente o espírito de luta e solidariedade de classe da categoria. Por este motivo, os servidores do INSS, que hoje se levantam em greve com uma adesão de 85% da categoria, segundo dados da Fenasps, estão em luta não apenas por aumento salarial, mas por melhores condições de trabalho e atendimento à população e contra a política de eliminação dos direitos dos trabalhadores levada a cabo pelo governo do PT. Portanto, resta claro que a vitória desta greve não será apenas uma vitória da categoria, mas do conjunto da população trabalhadora, que depende dos serviços do INSS.

FRENTE ÚNICA

Unir a imprensa de esquerda contra o golpismo e a direita! Folha do Trabalhador reproduz abaixo textos de organizações que não integram a FCT, entendendo que contribuem com a luta contra a reação e o golpismo

Não ao golpe do impeachment ou da convocação de novas eleições Corrente Comunista

Revolucionária A Corrente comunista Revolucionária-CCR, seção brasileira da Corrente Comunista Revolucionária Internacional (RCIT) vem declarar sua posição quanto ao processo golpista que está em curso desde o ano de 2014 pelos setores mais conservadores e reacionários do país. O ex-candidato derrotado à presidência e o seu partido, o PSDB, em conjunto com setores do PMDB, da mídia monopolista conservadora, bancada do congresso denominada BBB (bíblia, boi, bala) sob inspiração e financiamento do imperialismo estadunidense, através dos grupos organizados nas redes sociais montaram um verdadeiro clima de terror semi-fascista, xenófobo, racista, anti-operário, anticomunista. O processo do mensalão não foi somente jurídico, foi político. Prender um ex-ministro sob a alegação de “domínio de facto”, isto é, “todos sabiam” que José Dirceu e companhia “eram” culpados, abriu caminho para o fim do estado de direito na jovem, histórica e frágil democracia burguesa no Brasil. A partir daí não causa espanto nos últimos meses a denominada “delação premiada”, verdadeira chantagem típica da Inquisição medieval. A partir de agora não se precisa mais de provas concretas, basta a suspeita, a prisão, a delação, a desmoralização pública para atingir fins po-

líticos. O movimento convocado no dia 16 de agosto, junto com a possível reprovação das contas da presidente eleita, as bombas jogadas na sede do instituto Lula e no sindicato dos correios, um parlamento comandado por um projeto de ditador, Eduardo Cunha, não são fenômenos distintos. É à direita mais reacionária e fascista mostrando a sua face, algo que não acontecia desde a instalação da ditadura militar em 1964. É por isso que a CCR vem a público convocar a população, os trabalhadores, os oprimidos a irem às ruas no dia 20 de agosto, numa manifestação de completo repúdio ao movimento golpista e ao mesmo tempo exigir do governo Dilma Rousseff o rompimento com a burguesia, parar os ataques de retiradas de direitos e se voltar aos movimentos sociais e políticos, sua base histórica. O golpe, se vier não será benéfico a nenhuma pessoa, partido ou grupo ditos progressistas. Como afirmou uma vez a militante comunista Rosa Luxemburgo: Ou o socialismo ou a barbárie. A CCR possui vários documentos em que se posiciona contra o movimento golpista, sem necessariamente dar qualquer apoio ao governo de Frente Popular de Dilma Roussef. www.thecommunists.net/home/ portugues elmundosocialista.blogspot.com.br

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PSTU apóia panelaço por derrubada de Dilma Rousseff, em FRENTE ÚNICA com a direita! Coletivo Socialistas Livres Agora não falta mais nada, só falta mesmo o PSTU ser coerente com sua política de seguidismo aos golpistas e ir para as ruas, no dia 16 de agosto, junto com os coxinhas, exigir a queda de Dilma Rousseff. Zé Maria (PSTU) disse, nas redes sociais, que foi “bem feito” o panelaço que a direita organizou ontem contra o governo do PT, durante exibição do programa eleitoral do PT na TV. Tentou se diferenciar da direita, dizendo que o Aécio Neves,

Michel Temer e Eduardo Cunha também merecem panelaço, mas, na prática, atuou em Frente Única com a direita, apoiando o ato do panelaço, dirigido pelos coxinhas fascistas que querem rasgar a democracia no Brasil. Esquerda que faz Frente Única com a direita para derrubar um governo eleito democraticamente, quer enganar quem mesmo? É o que dissemos em artigo anterior, em nosso blog, acerca dessa política do PSTU: oportunismo que serve à direita. socialistalivre.wordpress.com

As mesmas táticas?

Em 1964, direita também usou manifestações "contra a corrupção e o comunismo" e o impeachment na escalada do Golpe de Estado contra João Gulart

Lei “Antiterror” é votada pela direita para criminalizar a resistência popular contra o aumento do terror estatal e paraestatal sobre a população

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Marcos Silva e Humberto Rodrigues

nquanto estimula a intolerância religiosa, xenofobia, atentados, assassinatos contra a população trabalhadora e contra a esquerda, a direita através do Congresso comandado pelo canalha Eduardo Cunha acaba de aprovar a lei “antiterrorista”, que ampliará a criminalização dos movimentos sociais de resistência a tudo isto. Se agora as polícias dos Estados já estão prendendo e executando, em escala superior a muitas guerras, a população trabalhadora e principalmente sua ala mais jovem e negra, com a ajuda dos grupos de extermínio e milícias, agora com a redução da maioridade penal e a lei antiterrorista será expandida a "licença para matar" da reação estatal e paraestatal contra à população pobre e oprimida. Depois do Golpe de Estado para escorraçar o PT do governo federal vai valer para todo o país de forma mais uniforme o modo de reprimir igual ou pior o que já vem sendo aplicado no Tucanistão (PR,SP) de Beto Richa no Paraná e Alckmin em São Paulo (basta lembrar que foi com a generalização do repúdio a violenta repressão do governador paulista aos movimentos pelo passe livre que se potenciaram as jornadas de julho de 2013) e dos governos do PMDB fluminense, com suas tropas de elite e UPPs. Assim como a terceirização, as demissões em massa e várias outras medidas econômicas tomadas por Dilma ou aprovadas pelo Congresso aterrorizam as condições de vida já precárias da classe trabalhadora, a direita fascista e golpista vem desferindo ataques aos setores mais oprimidos da sociedade e à esquerda com o objetivo de esmagar preventivamente toda reação a sua ascensão política ao poder contra os trabalhadores e sua resistência organizada. Nos últimos meses aumentaram ataques a terreiros de umbanda e centros espíritas no Rio de Janeiro, com uma criança morta por fanáticos a mando das igrejas evangélicas, intimidação de haitianos no RS e assassinatos de 6 deles em SP, esfaqueamento da transexual que posou "crucificada" na marcha gay de SP. Simultaneamente apareceram os atentados políticos, ataques as sedes do PT de Jundiaí e São Paulo, o atentado a bomba ao instituto Lula em São Paulo,

OPINIÃO

Tempos Deprimentes Mário Medina Tendência Revolucionária

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crise veio pra ficar um tempo considerável no Brasil. Ao passo que os juros aumentam e a inflação persiste, os trabalhadores se vêem obrigados a reduzir o consumo para não cair na inadimplência, até porque cresce o desemprego e os trabalhadores temem por seus postos de trabalho; sabem que o desemprego os deixaria numa situação ainda mais vulnerável. Enquanto a inflação corrói os medíocres salários, as tarifas de serviços aumentam em ritmo alucinante. Água, luz, aluguéis, assistência médica, etc, tudo aumenta. Quem trabalha torce pra não ficar desempregado num momento tão delicado quanto este. Quem não trabalha, se vê obrigado a entrar na informalidade e defender com unhas e dentes seus ganhos. Óbvio que ninguém quer passar dificuldades, ter água ou luz cortadas, ter o nome no SPC / Serasa ou situação parecida. Enquanto isso o governo se queixa de má sorte e se esconde por detrás da crise na tentativa de se isentar de suas responsabilidades políticas. A situação lastimável do povo pobre não sensibilzou Dilma e o PT. Pelo contrário, o governo petista age como direita pra não ser derrubado pela direita fascistoide e assim continuar a frente da presidência. Ou seja, estamos diante de uma situação alarmante, e, em vez de termos um governo que defenda os interesses e os direitos dos trabalhadores, amar-


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TEORIA MARXISTA DO PARTIDO OPERÁRIO

Centralismo democrático e Greves seus membros ou por um conjunto de membros. Quando os trabalhadores tiverem estendido suas normas de organização e seus métodos de luta por toda a sociedade com a formação de sovietes pré-revolucionários ou conselhos de trabalhadores, a ditadura revolucionária do proletariado, começarão a desafiar a ditadura da burguesia. Se o partido revolucionário conquistar o controle ideológico dos sovietes a revolução triunfará, o Estado operário imporá a ditadura dos trabalhadores sobre os capitalistas.

Humberto Rodrigues Liga Comunista Gerry Downing Socialist Fight

Lei antiterror é o

AI-5

dos golpistas de 2015 e ainda o assassinato de dois prefeitos filiados ao PT em Minas Gerais, nas cidades de Ibiracatu e Vale do Mucuri. Como se não bastasse a repressão e a truculência da Polícia Militar, 30 anos após o fim da ditadura empresarial-militar no Brasil, o Congresso golpista dirigido por Eduardo Cunha aprovou a Lei Antiterror que visa criminalizar ainda mais os movimentos sociais trabalhadores. Com pena prevista de 12 a 30 anos de prisão, a lei é extremamente genérica, podendo ser interpretada de várias maneira deferentes, deixando margem para enquadrar manifestações públicas onde ocorrem reações dos manifestantes contra a violência da PM e do Estado como crime de terrorismo. A lei permite enquadrar como terrorismo com penas iguais ou piores que homicídio: incendiar, depredar meios de transporte públicos ou privados ou qualquer bem público, bem como sabotar sistemas de informática, o funcionamento de meios de comunicação ou de transporte, portos, aeroportos, estações ferroviárias ou rodoviárias, hospitais e locais onde funcionam serviços públicos. Esse projeto de lei apresentado pelo Arthur Maia (SD-BA), tipifica como terrorismo crimes motivados por “ideologia, xenofobia, religião, discriminação ou preconceito de raça, cor ou etnia” e praticados com o objetivo de intimidar o Estado, organização internacional, pessoa jurídica e provocar terror generalizado na ordem social. Embora tenha sido vetada a motivação de terrorismo por "ideologia", a lei claramente é voltada par atacar as organizações e movimentos que resistirão aos ataques contra os direitos dos trabalhadores, e será um prato cheio para juízes ligados à direita e às oligarquias burguesas regionais e nacionais, como os juízes Itabaiana e Zveiter no TRJ do Rio e o estrelinha da Globo, Sergio Moro, do Tribunal Federal do Paraná. Todas as organizações, grupos, partidos de esquerda, sindicatos estão ameaçados por este novo AI-5, e mais do que nunca devemos nos unir e formar frentes antifascistas e anti-imperialistas para resistir e combater mais essa medida draconiana da burguesia contra nó trabalhadores, principalmente os organizados.

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Centralismo D e m o c r ático deve ser mais democrático e menos centralizado quanto mais democrático for o regime político do país onde ele se desenvolve. O regime partidário está condicionado então ao grau de liberdades públicas existentes, e da relação de forças entre os trabalhadores, a burguesia e seu Estado. Centralismo e Democracia não são elementos contraditórios ou inflexíveis. São variáveis que se combinam a partir da discussão livre e da ação centralizada da militância, estabelecendo um regime partidário onde a disciplina seja justa às necessidades do partido de combate em cada momento da luta de classes. A função do regime centralista democrático é propiciar as condições para a elaboração e execução do programa partidário que deve expor aos oprimidos a verdade para abrir-lhes o caminho para a revolução. A CENTRALIZAÇÃO DEMOCRÁTICA DO PARTIDO REVOLUCIONÁRIO DO PROLETARIADO FOI INSPIRADA NA ORGANIZAÇÃO DO PROLETARIADO EM LUTA Sem um partido baseado no centralismo democrático como norma de organização é impossível educar aos militantes e a vanguarda com a teoria revolucionaria. Para aprender com a luta de classes, devemos nos unir contra o inimigo comum. Consequentemente, o centralismo democrático é necessário em razão da forma particular de opressão imposta a classe operária e de sua luta contra essa opressão. Quando os operários se empenham em uma greve

prá valer, estão obrigados a fazer piquetes de greve. Independentemente do que dizem as leis sobre as greves neste ou naquele país, os trabalhadores sabem que para alcançar a vitória precisam, em primeiro lugar, impedir que os setores mais atrasados de suas fileiras furem a greve. A democracia operária recusa a democracia dos capitalistas de admitir e demitir segundo sua vontade e de fazer outros trabalhadores de fura-greves. Ela necessita da mais completa discussão antes que as pessoas tomem uma decisão e estas devem ser tomadas em reuniões onde os operários sintam sua força coletiva muito mais que nas votações individuais onde os trabalhadores se encontrem isolados e submetidos as pressões internas e da mídia. Uma vez que a maioria decide partir para a ação, então a organização precisa fazer com que esta decisão seja respeitada por seus adversários, dentro de suas próprias fileiras e por todos os meios que tiver à sua disposição. Assim, a democracia operária está a serviço da luta – as organizações operárias definem quais são as tarefas a serem realizadas em uma ampla discussão para ao final impor sua deliberação por todos meios que podem lançar mão. Não é por acaso que os Conservadores apontam sua legislação anti-sindical principalmente para destruir esta democracia operária, cujos núcleos

são os sindicatos, partidos, cooperativas, ... Argumentando contra os mencheviques, Lenin dizia que já nas fábricas vemos princípios do centralismo democrático nas formas de luta e organização que os trabalhadores se veem obrigados a realizar independentemente de sua pouca educação e da sacrossanta natureza da democracia burguesa. Isto é, a democracia operária em movimento. Quando um grupo revolucionário, centrista ou ainda um grupo reformista explica a lógica destas ações, sua consciência pode avançar ainda mais, e o partido revolucionário pode realizar recrutamentos. Como forma superior de organização dos trabalhadores, o partido revolucionário, deve refletir e desenvolver os elementos da democracia operária como prática consciente e como sua norma de organização. Assim, a teoria do centralismo democrático foi extraída e desenvolvida a partir da prática da classe operária em luta. A democracia é para decidir como combater, o centralismo para assegurar que golpearemos juntos, que aprenderemos de nossas vitórias e derrotas. Para decidir como tratar das importantes diferenças políticas e ideológicas dentro do grupo, é razoável exigir que elas sejam primeiro submetidas no interior (do partido ou grupo) e levadas a mais alta instância possível por qualquer um de

Tendências e Frações O direito de formar tendências deve ser facilitado pelos estatutos do partido ou do sindicato e deve ser considerado como parte integrante da vida interna. Deve ser positivamente fomentado quando diferenças importantes apareçam já que geralmente refletem problemas reais no seio da classe trabalhadora. Somente a partir de um debate sério e da luta é possível fazer avanços teóricos. Definimos uma tendência como um agrupamento que tem por objetivo modificar tal ou qual aspecto da linha do partido ou de um programa. Definimos uma fração como um agrupamento que tem por objetivo substituir a

direção atual do grupo ou partido. Sem dúvida, todo grupo precisa de um nível de coesão ideológica. As diferenças públicas deveriam normalmente poder ser expressas e isto não deve ser considerado como uma traição política na medida em que a orientação e a direção da política do grupo sejam protegidas. Mas é no Congresso do Partido que seus dirigentes democraticamente eleitos devem dispor de poder para traçar esta linha. Se os dirigentes não são respeitados por todos os membros do grupo eles só podem conquistalo pela luta política, não pela repressão burocrática.

O sentido da democracia partidária A discussão no partido deve ser livre no sentido que os marxistas dão a liberdade: a satisfação consciente das necessidades, no caso, das necessidades do partido como instrumento da revolução proletária e não a serviço de caprichos individualistas que assegurem para sempre e para todos a possibilidade de dizer e fazer qualquer coisa que brote na cabeça. “Que é democracia partidária aos olhos de um pequeno-burguês ‘culto’? Um regime que lhe permita dizer e escrever o que lhe apeteça. Que é o ‘burocratismo’ aos olhos de um pequeno-burguês ‘culto’? Um regime no qual a maioria proletária fortalece com métodos democráticos suas decisões e disciplina. Operários, tenham isto bem presente!” (Leon Trotsky, Os Moralistas PequenoBurgueses e o Partido Proletário, 23 de Abril de 1940). A definição das tarefas práticas do proletariado correspondentes as necessidades da luta só podem ser alcançada na medida em que o partido está inserido dentro da luta das massas, quando pode verificar a correção e os erros de seu programa, para necessariamente

autocriticar-se e aprimorá-lo, bem como a sua agitação e propaganda postas a serviço do acúmulo da luta e da consciência das massas, como instrumento da revolução proletária. Nesta relação classe-partidodireção é obrigação do partido contribuir para a formação de operários revolucionários que, do ponto de vista da sua atividade no partido, estejam ao mesmo nível que os revolucionários intelectuais. Hoje em dia existe uma aversão generalizada contra o Centralismo Democrático em favor de partidos ‘pluralistas’, como o Syriza grego, que apesar de trair vergonhosamente seus eleitores subordinandose ao imperialismo, segue sendo deslumbradamente invejado pelos partidos que ainda não tiveram a oportunidade de fazer o mesmo como o Podemos espanhol e o PSOL brasileiro. A maioria da esquerda que busca criar uma alternativa aos tradicionais partidos dirigentes do movimento de massas, como o oportunista e aburguesado PT brasileiro, deseja liberar-se da disciplina da luta de classes sob o pretexto de escapar do “sectarismo” e do “dogmatismo”.

GRÃ BRETANHA

gamos um governo altamente submisso às elites, um governo que corta verbas, garante superávit primário, paga juros da divida, etc... uma longa lista de ``bons serviços`` à maquina oficial de desigualdade do estado burguês. É triste constatar isso, pelo simples fato de constatarmos isso desde que nos entendemos por gente. Uma coisa ou outra muda um pouco: os nomes dos novos personagens políticos, os números oscilantes da economia, enfim... mas a desgraça da classe trabalhadora parece não ter fim. Às vezes as coisas parecem melhorar um pouco, a muito custo, é verdade, mas tão logo o trabalhador toma um fôlego, já vem pancada de cima... A depender dos patrões milionários e dos politiqueiros financiados por eles, tudo seguirá do mesmo modo. Ou o trabalhador brasileiro toma as rédeas do estado e da economia ou morre na penúria, sem dignidade, sem perspectiva. Se a luta de classes não avançar para maiores enfrentamentos, com chances reais de sublevação e poder populares, com uma esquerda coesa e revolucionária a frente de um processo de emancipação, teremos sérios problemas existenciais. Do jeito que a coisa anda, ou a gente morre na penúria ou morre de tédio por se repetir tanto quanto à analise conjuntural. Enquanto isso, me reservo o direito de lastimar o quanto puder e tomar altas doses de antidepressivo. Obs: O capitalismo deprime mesmo.

Projeto de lei antissindical dos Conservadores impõe o fim das greves e deve ser copiado por outros governos Gerry Downing Socialist Fight/CLQI Grã Bretanha

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e os Conservadores/ Tories conseguirem aprovar o projeto de lei antissindical este será um enorme golpe contra a organização da classe trabalhadora. De conjunto, o projeto deseja tornar impossível a realização das greve e falir o Partido Trabalhista, impedindo que os sindicatos possuam representação parlamentar. As principais disposições do projeto de lei são: 1. Para deflagrar uma greve é necessário que 50% dos associados do sindicato participem do fórum (assembleia, ...) que realizar esta deliberação; 2. Já os sindicatos dos trabalhadores que prestam serviços públicos, professores, transportes, além do quórum mínimo de 50% dos associados, para que a greve seja legal 80% deles precisa votar a favor da greve; 3. Os sindicatos devem comunicar que deflagrarão a greve com duas duas semanas de antece-

dência (hoje esse tempo é de uma semana); 4. O empregador poderá contratar trabalhadores temporários para substituir os grevistas; 5. Os sindicatos vão ainda ter que expor em detalhes como pretendem fazer a campanha salarial com quatro meses de antecedência e fornecer a polícia o nome das pessoas que organizarão os piquetes; 6. Fazer piquete com mais de 6 pessoas vira crime, assim como será preso quem “intimidar” os fura-greves; 7. Hoje, a contribuição sindical ao Partido Trabalhista, criado pelos sindicatos no século XIX, é automática, A partir de agora, os membros do sindicato precisam deliberar que farão esta contribuição. Esta medida levará a falência o Partido Trabalhista, mas, o mais importante será reduzir a influência política do movimento sindical na política britânica; 8. Os sindicatos precisarão pagar uma taxa para receberem uma Certificação oficial do governo, que vai fazer cumprir

as leis contra os sindicatos; 9. Serão cortados drasticamente os benefícios históricos dos sindicatos do setor público; Tudo isto poderá submeter os sindicatos britânicos a um Estado lamentável. E pior, quando estas medidas são aplicadas nos países capitalistas avançados, tornam-se referência para todos os outros países capitalistas. Margaret Thatcher não foi tão longe como este projeto pretende porque tinha medo da reação que ela poderia encontrar do proletariado britânico. E também muito de suas leis antissindicais foram concebidas para reforçar o controle de alguns pelegos contra suas bases. A Conferência especial da TUC [Trades Union Congress é a principal central sindical britânica], em Wembley em 1982, viu muitos dos burocratas sindicais prometerem passar por cima da lei e desafiando os projetos de lei da época. Muito poucos o fizeram. A campanha “Kill the Bill" [Mate o projeto de lei] começou na TUC e nos sindicatos durante a ascensão

de Jeremy Corbyn a direção do Partido Trabalhista. Isso pode muito bem desembocar em um contexto diferente das derrotas de 1982. Os burocratas sindicais de hoje não são melhores do que os daquela época, mas qualquer análise séria da história dos sindicatos e do Partido Trabalhista na Grã-Bretanha mostra que as grandes lutas foram sempre realizadas a partir da forte pressão das bases, de baixo para cima, forçando os burocratas frente combinado com uma ameaça política contra a esquerda no interior do Partido Trabalhista ou fora de ambos. A presença dos revolucionários foi sempre um elementos vital nestas lutas. Os sindicatos foram mantidos na ilegalidades na Grã-Bretanha de 1799 a 1824 enquanto durou os Atos de Conciliação, quando as classes dominantes temiam que ocorresse uma revolução na Inglaterra, então em guerra com a França revolucionária. A partir de 1824, eles passaram a existir sob a restrição severa da Lei Sindical 1871 que foi revogada no Ato Sobre as Relações Sindicais de 1974. Em 1875, logo após a

Comuna de Paris, as leis draconianas que, por exemplo, tornavam os piquetes ilegais, foram abrandadas. Assim, desde 1875 até 1901 a legislação sindical foi muito mais liberal do que sob o governo Margaret Thatcher. Por fim, vejamos como Trotsky aborda o "princípio" da liberdade individual, alegado agora para o recrudescimento da legislação sindical, diante da coerção política em sua obra “Onde vai a Grã-Bretanha?” "Basta dar uma olhada na divisão de papéis: os sindicatos defendem incondicionalmente o direito a coerção política sindical; enquanto a Casa dos Lordes [o “Senado” britânico] defende incondicional a

proibição de tal extorsão em nome da sagrada liberdade individual; finalmente, a Câmara dos Comuns [ Câmara dos Deputados ] força uma concessão dos sindicatos que equivale, na prática, a um reembolso de 10% para os princípios do liberalismo. Até um cego pode ver aqui a natureza puramente de classe do princípio da liberdade pessoal que, nestas condições concretas não significa nada além de uma tentativa das classes possuidoras expropriarem politicamente o proletariado, reduzindo o seu partido a uma nulidade política." (Leon Trotsky's Writings On Britain, CHAPTER VII, Trade Unions and Bolshevism).


6 MÚSICA

OPINIÃO

Bezerra da Silva, cantor da moral proletária Levi Sotto e Humberto Rodrigues Liga Comunista

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á dez anos falecia Bezerra da Silva, o sambista que deu voz aos trabalhadores dos morros e favelas. Nasceu em Pernambuco, em 1927. Aos 15 anos de idade, em busca do pai e fugindo da pobreza, foi para o Rio de Janeiro clandestinamente em um navio, apenas com a roupa do corpo. Encontrou o pai mas com ele se desentendeu. Foi trabalhar na construção civil, como pintor de parede, morando nas obras em que trabalhava, na zona central do Rio, por sete anos. Foi preso muitas vezes pela polícia e acabou desempregado em 1954. Enamorado de uma “dona” foi morar no morro do Cantagalo, onde ingressou na bateria do bloco carnavalesco Unidos do Cantagalo. Uma de suas primeiras parcerias foi com Jackson do Pandeiro, adotando inicialmente o coco como ritmo musical. Mas foi a partir de 1977, como sambista de Partido Alto, que Bezerra encontrou-se e deu voz como nenhum outro no Brasil aos compositores proletários, gente simples, mecânicos, pedreiros, presidiários, eletricistas, cobradores de ônibus, que através de seus sambas defendiam “o povo humilde da colina, que mora lá em cima, vivendo uma vida de cão, abandonado e covardemente injustiçado” pela mídia que “diz que lá só mora ladrão”, pela justiça dos ricos e a repressão da polícia que “dá um pau no favelado e depois mete na cadeia” enquanto protegem e representam “a ira de uma elite famigerada que também tem instinto de traíra”, uma elite de “safados, ladrão que usa o colarinho branco, rouba o dinheiro do povo..., mora no asfalto, com mordomia e com toda regalia que aquele dinheiro pode dar” (“O povo da colina”, de Walmir da Purificação, Tião Miranda e Roxinho). “Esse homem é inocente”, “Vida de operário”, “Pobre aposentado” e tantas outras revelam que o samba de Bezerra era feito por e para trabalhadores. "Gravo a realidade brasileira do povo faminto e marginalizado. Cada um entende de um jeito”, disse certa vez. Como ele próprio explica, sua ligação com o mundo musical se deu por causa do "medo da fome". Diz também que a única saída que tinha era "lutar por dias melhores", pois "tinha dias que trabalhava e não comia". Conhecido como embaixador dos morros e favelas era a voz da população trabalhadora e pobre. Compositor com formação em violão clássico, sendo um dos poucos partideiros – cantor de “Partido Alto”, de roda de samba de improviso em que os compo-

nentes se revezam no canto e geralmente com a presença de um coro – que lia partituras. Lançou 28 álbuns que venderam 3 milhões de cópias durante sua vida. Ganhou 11 discos de ouro, 3 de platina e 1 de platina duplo. Apesar de ter sido um dos artistas mais populares do Brasil, foi bastante ignorado pelo "mainstream". Para desqualificar sua obra e identificá-lo com o tráfico a grande mídia ressaltava a canção “Malandragem dá um tempo” (de Popular P. , Adelzonilton , Moacyr Bombeiro). Trata-se de uma irônica defesa do usuário da maconha e contra a repressão policial que foi regravada pelo conjunto Barão Vermelho. Com mesma temática gravou “Garrafada do Norte” (de Edson Show, Wilsinho Saravá e Roxinho), regravada por Marcelo D2. Sempre quiseram colar em Bezerra o rótulo de cantor do “sambandido”, tentativa contra a qual ele não fazia concessões. A música de Bezerra também nunca atraiu a classe média de esquerda que, embora nutra simpatias pelas canções de protesto e denúncia social, tem aversão de classe aos códigos morais proletários. BEZERRA CONTRA O RACISMO E OS CANALHOCRATAS Denunciou o racismo e o preconceito contra os favelados em “Preconceito de cor”: “... Somos crioulos do morro/ mas ninguém roubou nada ... Isso é preconceito de cor ... A lei só é implacável para nós favelados / E protege o golpista/ (...)/ Porque que é que ninguém mete o grampo/ no pulso daquele de colarinho branco,..” e em “Negro de verdade”: “Sou negro e peço me trate direito/ eu exijo mais respeito pois também sou ci-

dadão ... Não nego sou carente de riquezas/ mas tu podes ter certeza não aturo humilhação ... / e o seu preconceito e recalque só me faz crescer/ cansei de ser discriminado só por ser da cor”. Além da exploração dos patrões e do racismo, Bezerra também denunciou a pilantragem dos políticos, a quem chamava de “canalhocrata” (“Verdadeiro canalha”, de Jorge Mirim, Rodrigo, Sérgio Fernandes), de pastores (“Pastor Trambiqueiro”, de Zaba) e pais de santos (“Paio veio 171”, de Luiz Moreno e Geraldo Gomes). "Essas músicas que eu canto são de compositores que são servente de pedreiro, camelô, outro tá desempregado, outro limpa o carro da madame e a mulher é a cozinheira." (O Pasquim, Volume 17, Parte 1, Edições 810-833). Bezerra também brigou contra os canalhocratas da indústria cultural. “Em 1984 ele abandonou o trabalho na Rede Globo para viver de sua produção musical. Depois de gravar grandes sucessos pela RCA, percebe que estava sendo roubado e controlado pela gravadora que não pagava corretamente seus direitos autorais e sonegava o número de cópias vendidas. (...) Bezerra revolta-se, rompe seu contrato em 1993 sem gravar o último disco previsto e processa a gravadora posteriormente.” (CROCCO, Fábio Luiz Tezini, Bezerra da Silva entre a boêmia e a indústria cultural: condições e contradições do trabalho artístico no final do século XX,). MALANDRO É MALANDRO E MANÉ É MANÉ Sobre suas prisões, ele mesmo conta:

“A polícia era o seguinte: eles queriam na época uma carteira profissional assinada, o documento era esse; se não tivesse, eles levavam para averiguação. Sempre existia arbitrariedade, já iam botando no xadrez. Tinha até o xadrez dos pobres, para averiguação, o xadrez dos otários. Nunca batiam. Aí deixavam você 24 horas até o boletim chegar com o nada consta, e você ir embora. Eles prendiam mais trabalhador para fazer estatística. Quem prendesse mais, ganhava um prêmio. Eu era freguês de averiguação. Tinha dia que eu entrava em cana duas vezes. Eu ia fazer o quê? Se eu tivesse carteira, eu ia descontar o IAPI e morrer de fome, eu não tinha como sobreviver. [...] Outro dia, preso de novo na 12ª. Aquilo lá era a minha casa, eu já sabia onde era o meu quarto. Doze vezes preso. O comissário me perguntou: ‘Você trabalha em quê?’ Eu dizia que era pintor, não adiantava, a polícia podia me prender toda hora, que eu não ia assinar carteira. Eu não fiz nada, não matei, não roubei.” (SILVA, Bezerra da. Discursos sediciosos entrevista Bezerra da Silva, 1999). As prisões de Bezerra da Silva e suas experiências como trabalhador preso pela polícia foram narradas em “Se não fosse o samba”, com Carlinhos Russo e Zezinho do Valle. Bezerra recomendava a malandragem a “não dar mole pra Kojak” (Gíria dos anos 60 que se referia à polícia pois na época os PMs usavam um capacete tipo "coco" e liso que lembrava a careca do famoso policial Kojak, personagem de Telly Savalas da TV americana) e fez o mapeamento da polícia civil carioca no samba “40 dps”. Antes de se tornar cristão evangélico ao final da vida,

O monopólio do trafico, a ocupação militar das favelas e os efêmeros manés Levi e Humberto Liga Comunista Nos dias atuais, os elementos do lumpemproletariado da favela, vinculados sobretudo aos cartéis da droga monopolizados internacionalmente aprofundaram sua integração com o aparato repressivo estatal, dilatando e ampliando a lucratividade do tráfico, processo que conduziu a uma busca pelo maior controle das favelas e eliminação da concorrência. Por isso, a favela é permanentemente subjugada pela ocupação militar de UPPs, tropas de elite e milícias policiais de

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extermínio. A ofensiva bárbara do capitalismo pressiona por uma completa degeneração dos bairros proletários, desgraça ainda mais a vida nas favelas, estrangula o futuro das novas gerações e impõe a conversão da juventude em funcionários ultra-precarizados da grande empresa multinacional do tráfico de drogas pesadas expandida enormemente nos últimos anos. Os trabalhadores honestos são severamente castigados apenas por serem proletários e a malandragem tradicional é esmagada para dar lugar a uma legião de manés cuja vida efê-

mera é privada do mínimo para a sobrevivência. O bairro onde mora o peão foi transformado gradualmente em um campo de concentração de regime semi-aberto. A mão de obra é ultra-desvalorizada e a própria condição de empregado é “oferecida” pelo patrão como um favor que ele “concede” ao peão. Mas a história não termina aí: ela continua na própria “cidade maravilhosa” com as lutas de ocupação da Frente Internacionalista dos Sem-Teto e de um dos setores do proletariado mais humilhados, os trabalhadores da limpeza pública,

os garis do Rio de Janeiro, que se levantaram altivos, mostraram o caminho, realizaram greves como a de 2014 contra o Estado racista e patronal, os canalhocratas da Comlurb e da prefeitura do PMDB, passaram por cima dos pelegos dedosduros sindicais e arrancaram 37% de aumento salarial dando exemplo de como seguir a luta para todos os escravizados “dessa grande favela chamada Brasil” (“Pobre aposentado”, de Adezonilton e Gil de Carvalho).

Bezerra foi por décadas ligado à umbanda e assíduo frequentador do terreiro do Pai Nilo, em Belford Roxo. Acompanhando grande parte de sua classe, ele também se rendeu à pressão evangélica por meio de sua companheira e empresária, Regina de Oliveira. Morreu antes de completar 78 anos e, por sorte, antes do lançamento de seu disco gospel. Mas, antes deste final, ele não foi só mais um sambista do morro. Cada letra era um verdadeiro manual de conduta da luta pela sobrevivência dos moradores das favelas. Sendo os bairros proletários alvo constante do terror policial e onde convivem trabalhadores honestos e a parte subalterna da bandidagem envolvida com o tráfico de drogas e armas, em dezenas de música de Bezerra denunciava a “caguetagem” (delação de companheiros) dos otários, os manés, um instrumento fundamental da guerra da polícia contra a favela, reivindicando a moral dos malandros. “Bicho feroz”, “Fofoqueiro é a imagem do cão”, “Ele cagueta com o dedão do pé”, “Malandro é malandro e mané é mané”, “Defundo caguete”. A alcaguetagem de classe sempre foi uma das principais aliadas das classes dominantes e seus aparatos repressivos. Sem a traição é quase impossível a infiltração policial, o trabalho de achaque, a divisão da maioria explorada e oprimida, no estilo “dividir para governar”. Hoje, o reacionário instrumento da “delação premiada” é glamourizado pela mídia patronal e vem sendo largamente usado como parte da judicialização da luta política da direita. Na música “Jornal da Pedra” Bezerra crava sem meias palavras: “-Disse e me disse, não se revela / É a lei do jornal da pedra da favela / Está escrito assim: -Todos tem que respeitar / Não vi, não sei, não conheço / É somente a resposta que se pode dar / Quem caguetar na favela / Já está ciente que vai dançar”. Outro de seus ensinamentos está em “Se eu não mato eu morro”: “Se eu não mato, eu morro / E se corro a moral não ficava de pé / Preferi dar um tiro na cara do cara /Que me achou com cara de Zé Mané. Gente, eu não sou valente / Sou um homem decente, sou trabalhador / Mas se a barra está pesada / Eu topo a parada não sou corredor. Se joguei brasa na cara do cara / Foi porque o cara não estava sozinho / Estava com mais de cinquenta / Assim ninguém aguenta, eu saí de rapidinho” Em sua definição de malandro, o “Malandro rife” (de Ary Do Cavaco e Otacílio Da Mangueira) Bezerra canta: “Quando o bom malandro é rife / Comanda bonito a sua transação / Não faz covardia com os trabalhadores / E àqueles mais pobres ele dá leite e pão / Quando pinta um safado no seu morro / Assaltando operário botando pra frente / Ele mesmo arrepia o tremendo canalha / E depois enterra como indigente. ”

A crise ecológica está deixando milhões de pessoas sem terra e sem teto Paulo Tendência Frente Internacionalista dos Sem Teto O dia 5 de junho é o Dia Mundial do Meio Ambiente. Essa data foi escolhida na primeira conferência da ONU sobre o tema, em 1972. E esse ano vai acontecer a Conferência de Paris, em novembro, ainda para discutir os problemas ambientais, que ficaram muito mais graves desde aquela época. O objetivo a Conferência de Paris é impedir o aumento da temperatura provocado pela concentração de gás carbônico no ar. Esse aumento gera o efeito estufa, que impede a Terra de perder o calor do Sol, como numa estufa de plantas. Esse efeito já está provocando catástrofes no mundo inteiro. Na Ásia, o aumento do nível do mar está fazendo com que milhões de pessoas tenham que sair das suas terras para fugirem das enchentes cada vez maiores. No Brasil, os índios estão lutando contra a destruição das suas terras pelo agronegócio e os sem-terra, muitas vezes, estão vendo as suas terras ficarem imprestáveis para o plantio. Nas cidades nós também sofremos com a destruição do meio ambiente. As melhores áreas são ocupadas pelos ricos, e eles sempre tentam empurrar os trabalhadores para as regiões mais distantes, que costumam ser as que recebem o despejo do lixo e da poluição mais pesada. Muitas remoções acontecem para expulsar os moradores de lugares que estão valorizados, enquanto os donos de mansões em áreas de preservação ambiental não sofrem nenhuma punição. Como a maioria dos pobres no Brasil é negra, isso é chamado de racismo ambiental. E as mulheres também são mais afetadas que os homens pelos problemas ambientais. Primeiro porque as mulheres são a maioria dos mais pobres. Depois, porque são geralmente as mulheres que são encarregadas pela sociedade machista de fazer os trabalhos domésticos com água e comida, que são diretamente afetados pela poluição. A crise ecológica não pode ser resolvida dentro do sistema capitalista em que vivemos. Toda produção é voltada para o lucro, então as grandes empresas não querem ter que gastar dinheiro com medidas de proteção à natureza e à população. É por isso, que os governos das grandes potências capitalistas nunca chegam a nenhum acordo sobre ações concretas para evitar a catástrofe ecológica. E, infelizmente, nessa conferência vai acontecer a mesma coisa. Somos nós, trabalhadores, os mais afetados pela catástrofe ambiental que temos que lutar contra ela, já que os ricos não vão fazer isso. E essa luta não pode se resumir a atitudes individuais, como economizar água, reciclar o lixo, como a televisão fala. O desperdício de água de uma grande empresa é infinitamente maior que o de uma pessoa deixando uma torneira aberta, por exemplo. Por isso, a luta tem que ser coletiva e tem um inimigo claro: o Estado e as grandes empresas, que são os grandes poluidores. Por exemplo, o Ocupa Golfe enfrenta o Eduardo Paes que quer destruir a APA (Área de Proteção Ambiental) do Marapendi para construir um campo de golfe, que é um esporte elitizado. Ou os índios da Aldeia Maracanã, em luta contra o governo do Estado para preservar o seu patrimônio cultural. Então, existem várias lutas acontecendo contra ataques à natureza e aos povos indígenas e que afetam a questão da moradia. A FIST participa delas e pode ajudar a aumentar a consciência do povo e a ligar a luta pela moradia com a defesa do meio ambiente, ameaçado cada vez mais pelo capitalismo. As lutas ecológicas podem e devem fazer parte da luta pelo socialismo. Somente com a construção do poder popular, ou seja, com o governo dos trabalhadores através dos movimentos sociais é possível resolver a crise ambiental. Para a humanidade sobreviver, o capitalismo precisa ser substituído por uma economia que não seja baseada no lucro ,na qual o que vai ser produzido e as novas tecnologias sejam escolhidos democraticamente pelas pessoas afetadas, com o objetivo de garantir a melhora do nível de vida e o menor impacto negativo possível sobre a natureza.


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COLÔMBIA

DEBATE

Sobre as tentativas de paz "O principal inimigo da nossa classe entre as FARC-EP é o imperialismo dos EUA, que domina o capital financeiro mundial" e o governo colombiano Davi Lapa Liga Comunista

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o dia 05 de julho de 2015 foi realizado um representativo debate político internacional em São Paulo. Estiveram presentes 3 agrupamentos internacionais (CLQI, RCIT, LCC) e 7 organizações políticas. Pela Frente Comunista dos Trabalhadores estiverem a Liga Comunista e a Tendencia Revolucionaria (Brasil), um representante da Tendência Militante Bolchevique (Argentina), a Corrente Comunista Revolucionaria (Brasil), um membro da Revolutionary Communist International Tendency (Áustria), a Liga Comunista de los Trabajadores (Argentina) e uma representante do Comité de Ligação dos Comunistas (Brasil). No d e -

J. Tejo Espaço Marxista

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esde meados de março, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia- Exército do Povo e o governo colombiano têm aprofundado o diálogo, em torno da tentativa de processo de paz (o "processo de Havana", formalmente desde 2012), para por termo ao conflito que já dura meio século. Entendemos que tal diálogo é salutar, mais que isso, imprescindível para se garantir a integridade do território colombiano e sua pacificação social (a medida em que isso seja possível nos marcos do capitalismo). Todavia, a paz pretendida não pode ser a dos cemitérios. Está vivo na memória o infortúnio que se abateu sobre dirigentes e militantes da Unión Patriótica nos anos 80 e 90, eliminados fisicamente pelo governo e pela extrema-direita, quando as FARC-EP, através de tal partido, buscavam se integrar ao institucionalismo "democrático". Nesse sentido, há que dialogar com o governo, mas no espírito de "confiar desconfiando", sem deposição de armas -que seria suicídio- e sem esquecer que a Colômbia é o enclave estadunidense na América do Sul, como Israel o é no Oriente Médio. Para que a história não se repita, as FARC não podem tolerar compromissos rebaixados e, acima de tudo, precisam da solidariedade das forças progressistas do mundo.

bate, os camaradas Levi (LC/FCT/CLQI), operário da construção civil de São Paulo, e Leon (TMB/ CLQI), trabalhador do serviço público de Buenos Aires, expuseram as posições do CLQI tanto em nível internacional quanto nacional, baseadas na tática da Frente Única Antiimperialista e na estratégia da Revolução Permanente, enquanto em graus distintos os representantes do RCIT e LCC tentavam minimizar a influência frenética da intervenção dos EUA sobre a luta de classes mundial e até apoiam dissimuladamente sua política golpista contra países oprimidos, como a Síria, supostamente em nome do combate aos ditadores e aos "imperialismos" russo e chinês. Abaixo,

degravação da intervenção do camarada Levi na atividade: "Existe uma onda reacionária mundial promovida pelo imperialismo para derrubar governos que na atual conjuntura estão mais alinhados com China e Rússia do que com as grandes potências do Ocidente. Golpes promovidos pelo imperialismo após a crise econômica 2008: 2009 – Honduras; 2010 – Equador; 2011 – Líbia; 2012 – Paraguai; 2013 – Egito; 2014 – Ucrânia. Com o golpe da Ucrânia, pela primeira vez depois da segunda guerra mundial foram hasteadas as bandeiras nazistas. Um golpe apoiado pelo imperialismo que não tem o menor escrúpulo de

apoiar o nazismo e a extrema direita contato que seus interesses políticos e econômicos sejam satisfeitos. O INIMIGO PRINCIPAL Se olharmos para a política externa americana do século passado, veremos invasões, bombardeios, governos democraticamente eleitos derrubados por golpes de Estado, invasões e ocupações militares, esmagamento da luta pela mudança social, assassinatos de líderes políticos, eleições fraudadas, manipulação de sindicatos, fabricação de notícias, esquadrões da morte, torturas, guerras biológicas, ataques com uranio empobrecido, bombas nucelares, tráfico de drogas, mercenários... Por isso, hoje o principal inimigo da classe trabalhadora é o imperialismo americano, que domina o capital financeiro mundial. É o agressor belicista que está por trás de todas as guerras desde a II Guerra Mundial. No curso da atual escalada golpista o Brasil pode ser a bola da vez. Desde a jornadas de junho de 2013, quando a mídia brasileira resolveu apoiá-las, ficou claro que esse movimento sem direção foi infiltrado por elementos fascistas, contrários aos trabalhadores, o que vimos foi a queima de bandeiras dos partidos de esquerda, agressões an-

ticomunistas e perseguição a quem era de esquerda, culminando com a grande manifestação da direita do início do ano. Não adianta a Dilma obedecer as pressões da direita e do imperialismo, fazer “ajuste fiscal” para sobrar mais dinheiro para o capital contra a população trabalhadora e a juventude, contra as verbas da educação, atacando os direitos dos trabalhadores conquistados com muitas luta. Se na Geopolitica internacional o governo do Brasil continuar aliado aos BRICS a escalada golpista vai continuar. Estamos vivendo uma nova guerra fria entre o Ocidente e o Oriente, e não é a política econômica nacional mas a economia política mundial quem predomina na disputa do destino das nações. Nós da Frente Comunista dos Trabalhadores fazemos uma análise mais ampla e profunda para entender a conjuntura no Brasil, baseada na geopolítica e na economia internacional. A CRISE CAPITALISTA A crise capitalista de 2008 que teve como epicentro os EUA e Europa abriu uma nova situação mundial. A recessão das metrópoles abriu espaço para a projeção comercial da China e Rússia. Duas economias capitalistas cujas

MOVIMENTO ESTUDANTIL

GRÉCIA

Balanço da FCT sobre o 54º Congresso da UNE

Cavalo Grego

tarefas nacionais burguesas foram resolvidas com revoluções sociais e ditaduras proletárias. Dispondo de grandes recursos energéticos e humanos as burguesias destes dois países avançaram sobre o recuo econômico dos EUA e UE, atingidos pela recessão aspiram converter-se em potencias imperialistas. Mas não basta ao Brasil se associar aos BRICS, a China e a Rússia, para reverter a tendência histórica da taxa de lucro do capital instalado no Brasil. A crise na economia nacional se expressa pela necessidade do capital demitir milhões de trabalhadores hoje, reduzir a produção e aumentar a produtividade de cada um que segue empregado. A direita se aproveita da crise econômica para fustigar um descontentamento social que justifique seu plano golpista. A FCT luta por uma frente única anti-imperialista unindo os BRICS, os bolivarianos, Estados operários remanescentes, o nacionalismo islâmico, o Irã, africanos e os terceiro-mundistas sempre que estiverem sob o ataque ou em contradição com o imperialismo. Lutamos pela Greve Geral contra a terceirização e a direita golpista tendo como estratatégia a construção de uma oposição operária e comunista ao governo Dilma e de um partido para lutar pela Revolução e o Socialismo!"

Mário Medina Tendência Revolucionária

Alfredo Almeida Marcos Silva Coletivo Lenin Esse ano, assim como em 2013, o Coletivo Lenin, grupo integrante da FCT do Rio, esteve presente no CONUNE em Goiânia, com uma tese que foi publicada no caderno de teses oficial do congresso. Mesmo burocratizada e dominada pelo PCdoB há 20 anos, a UNE, em seu congresso, é o maior encontro de estudante organizados e independentes, a maioria deles proletários, do Brasil. Só esse ano estiveram presentes pelo menos 12 mil estudantes, entre delegados e observadores, além de diversas organizações de quase toda esquerda. Nós do CL e da FCT vendemos os nossos jornais e atuamos com a nossa tese denunciando a política de golpe da direita e do imperialismo, convocando a toda a juventude proletária a uma Frente Única Antifascista e Antiimperialista, além da luta contra a precarização e sucateamento da educação que esta sendo mais intensa por conta dos cortes de verbas e bolsas neste segundo governo Dilma (que já passa de R$ 10 bilhões), devido a capitulação e rendição à política de austeridade e desindustrialização do ministro Joaquim Levy. Como sempre a UJS foi a maior força política, levando quase metade dos estudantes. Delegados ou não, e que junto com as correntes do PT compuseram a chapa vencedora. Desta vez a juventude do PMDB saiu com uma chapa separada mais à direita e atacando a “corrupção” do campo governista PT e PCdoB, já ensaiando a deban-

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dada desta máfia partidária do governo Dilma para juntos com o PSDB atuarem na sabotagem do governo até o impeachment, sendo a primeira vez em 10 anos que a juventude do PMDB sai sem fechar com a UJS (PCdoB) e JPT. Além disso, Levante Popular da Juventude, grupo independente ligado ao MST que em geral fecha com o campo governista se consolidou em maior bancada depois da UJS. Enquanto isso, a juventude das maiores correntes do PT diminuíram a sua bancada, refletindo a crise do partido. Já na Oposição de Esquerda, campo que reúne as juventudes

das organizações pequeno burguesas do PSOL, PCB e PCR, a corrente Juntos/MÊS do PSOL se consolidou como o maior grupo da oposição passando a frente da UJR, juventude dos stalinistas do PCR. Progressivamente, a UNE fechou a linha de fazer um calendário de lutas contra cortes do governo na educação publica em 2015 e 2016, e contra as pautas conservadora do Congresso Nacional golpista e da mídia, além de estar compondo uma frente convocada por Lula, CUT e Guilherme Boulos, do MTST, para ocupar as ruas contra a direita golpista que está sabotando o país.

s ânimos estão exaltados na Grécia, e não é para menos. Dez dias depois do referendo em que cerca de 60% dos votantes rejeitou ceder às negociações com a troika, o parlamento grego votou acordo com países da União Européia pela liberação de um pacote de 85 bilhões de empréstimo, a ser recebido ao longo de três anos, com a condição de que o governo grego enxugue gastos com previdência, aumente impostos e privatize estatais que andam no vermelho. O caminho da capitulação Após demonstrar vacilação nos primeiros momentos como governo, onde abriu diversas concessões aos credores, o primeiroministro Alexis Tsipras recorreu a um referendo para que a população endossasse seu posicionamento de não abrir mais concessões nas negociações. Tsipras fez aberta propaganda pelo ``Não`` e deixou entender que se o ``Sim`` ganhasse renunciaria, pois se negaria a gerenciar a austeridade proposta pelo imperialismo europeu. Essa movimentação de Tsipras fez com que muitos encarassem a manobra com estranheza. Afinal, para que um referendo se o Syriza saiu vencedor das eleições? A população decidira nas urnas, na eleição para o parlamento, a linha política contrária às medidas de austeridade que vinham sendo implementadas por governos anteriores. Outros encararam o chamado ao referendo com bons olhos. Raciocinavam que Tsipras convocava a população para apoiar o governo diante da ofensiva da troyca. Nós estamos entre os primeiros. Pensamos que o Syriza ganhou nas eleições e que não precisaria submeter a voto uma política de

recusa aos achaques imperialistas. Seria o caso de convocar a população não às urnas, mas às ruas, para mostrar aos vizinhos europeus a disposição de enfrentamento do povo grego e deixar bem claro que o país não se curvaria perante a política hegemônica de austeridade. Nesse caso, a esmagadora maioria do povo grego apoiaria seu governo, porque as pessoas sabem da desgraça social que abateu o país nesses anos de crise, e não estão dispostas a abrir mão de mais direitos e se verem ainda mais pobres. Rejeitar o acordo com a troyca traria duros desafios à Grécia. Mas seria muito mais honroso para o Syriza, que se elegeu pelo voto popular com um discurso de esquerda. Não há dúvida que Tsipras e sua equipe traíram a confiança de seus eleitores. Agora o Syriza votou rachado no parlamento e o governo se viu obrigado a contar com votos da oposição para aprovar o novo plano. O imperialismo europeu humilhou Tsipras. Este fica agora completamente desmoralizado diante de seu povo e completamente refém dos credores. Aurora Dourada, o partido da extrema direita, pode ser o próximo fenômeno político daquele país, já que a frente popular grega

caminha a passos largos para sua completa desgraça. Revoltados com a traição de Tsipras, manifestantes começaram a tomar as ruas em frente ao parlamento, criaram barricadas e incendiaram automóveis. A polícia reprimiu e houve confrontos de rua. CRISE SOCIAL O governo decretou feriado bancário no fim de Junho e o máximo a ser sacado nos caixas eletrônicos são míseros 60 euros. Os aposentados são os mais desesperados e o povo está revoltado com muita razão. Resumo da ópera: Tsipras ridicularizou a esquerda e deu um empurrãozinho na direita. É forçoso concluir que não podemos depositar esperanças em soluções reformistas de cunho eleitoral, mas combater pela revolução socialista. Mais uma vez a história dá razão ao marxismo. Adoraríamos apoiar um legitimo governo progressista na Grécia. Defenderíamos tal governo dos ataques da burguesia e do imperialismo e propagandearíamos seus feitos. Nos resta denunciar o engodo que o governo Syriza se tornou e apontar o caminho da ruptura revolucionária com o atual sistema.


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AMÉRICA LATINA

IMPERIALISMO

A nova guerra fria e as tarefas dos trabalhadores latino-americanos

OTAN bate os tambores de guerra no Leste Europeu

Leon Carlos Tendencia Militante Bolchevique CLQI Argentina Hoje nos encontramos numa nova guerra fria. As potências imperialistas ocidentais e o Japão que encarar a origem de grandes potências burguesas que no passado recente eram megaterritórios de grandes Estados operários de economia planificada China e Rússia, ou seja, eram de economia não capitalista e sem propriedades privadas e que no fim do século XX retrocederam ao capitalismo e ao mercado mundial de capitais. Os países latino-americanos, em diferentes graus, se integraram ao bloco russo-chinês. Por exemplo, os casos de países como Nicarágua, Brasil, Venezuela, Bolívia e Argentina. Por conta desse alinhamento com este novo bloco russo-chinês, em todos esses países o imperialismo Norte-americano faz diversas manobras para desestabilizar seus respectivos governos. No BRASIL esta política de desestabilização já tomou a forma de uma coalizão golpista que tem por núcleo a burguesia financeira dos grandes bancos privados e a grande mídia burguesa (Rede Globo e Veja). O golpe que se prepara é do tipo parlamentar. O cerco golpista se articula sobre as dos serviços de informação incluindo setores da Polícia Federal, Poder Judiciário e o Ministério Público. A coalizão burgues usa a atual re-

cessão no Brasil para alimentar o descontentamento da classe média com o governo Dilma. Por outro lado, temo que observar que a atual recessão é em parte devida a queda dos preços internacional dos produtos primários ou commodities (petróleo, gás e minérios) que o Brasil exporta e em parte também por haver um boicote ou sabotagem de oligarquias do capital nacional junto com multinacionais Norte-americanas e seus aliados. Assim, mediante uma “greve invertida”(dos patrões) aprofundam as tendencias de recessão com o objetivo de desgastar o governo do PT, aliado do bloco russo-chinês. É uma tarefa urgente da vanguarda trabalhadora e operária no Brasil organizar-se em frente única, e com independência de classe, como única forma de enfrentar firmemente ao golpe. Na NICARAGUA o novo canal interoceânico AtrlâticoPacífico o maior e mais avançado investimento econômico geoestratégico do bloco eurasiático numa área de influencia direta dos EUA. E nesse contexto o imperialismo Norte-americano pois em marcha uma operação para deter a construção do canal da Nicarágua, cujas obras estão previstas para iniciarem em novembro de 2015. Usando pretextos do tipo “ambiental”, contradizendo pesquisas de especialistas que consideram o canal viável para a sustentabilidade do meio ambiente, como a empresa ambiental britânica Environmental Resources Management. A operação para

desestabilizar a situação política na Nicarágua, e o governo desenvolvimentista de Daniel Ortega, vem sendo liderada pela embaixadora dos EUA Managua Phyllis Powers. A oposição pró-imperialista, por via do Partido Liberal Independente, através de Eduardo Montealegre já qualificou a construção do canal como “economicamente errôneo e danoso ao meio ambiente”. Na Nicarágua devem se preparar para enfrentar com seus próprios métodos a próxima ofensiva imperialista em curso. A ARGENTINA é o país latino-americano mais próximo da China. Assim como as perspectivas que se veem em outros países da latino-americanos onde há o fortalecimento das tendências golpistas próimperialista, a situação governo argentino é um espelho da situação do governo PT no Brasil. O Kichnerismo não confiou que seus vínculos com a China o ajudem para deter uma futura situação golpista. Assim optou por uma saída preventiva que em alguma medida distensiona as tendências pró-imperialistas no sentido de que não busquem uma saída via golpe. É por isso que optou por sua saída mais conservadora e mais próxima aos EUA: Scioli. Mesmo assim, antes tentou o que foi possível dentro do próprio núcleo duro kichnerista. A tarefa dos trabalhadores na América Latina hoje em dia é se organizar para responder a atual ofensiva imperialista e fazê-la retroceder. Esta organi-

J. Tejo Espaço Marxista

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uem acompanha o noticiário internacional vê perfeitamente que os canalhas da OTAN têm, de forma reiterada, realizado provocações no Leste europeu, reeditando a guerra fria. Constantemente é dito como os imperialistas pretendem "cercar" a Rússia, que, por mais que esteja distante do Estado Operário soviético do passado, se mantém como instância alternativa e dona de sua própria agenda, sem submissão aos ditames de Washington. Para isso, vale tudo para a OTAN: armar zação deverá passar por uma autentica independência de classe que só pode ser consequente se concretizar uma construção de um partido revolucionário autenticamente bolchevique, como parte da tarefa de reconstrução da Quarta Internacional dos trabalhadores, que oriente os trabalhadores à conquista do poder por si mesmos, que combinado com as tarefas socialistas levará à emancipação nacional e a unidade continental. Confirmadas nossas teses, publicadas no Folha do Trabalhador 22, de que a “aproximação” dos EUA com Cuba, tem como fim a reconstrução de um pretenso “panamercanismo” por parte do imperialismo, como uma tentativa par isolar o bloco composto por China, Rússia e Irã no continente americano.

TURQUIA 1

Perigo de guerra na fronteira Síria! A atual crise no Oriente Médio e suas perspectivas Texto enviado para o FdT pelos camaradas trotskistas turcos do

Dördünkü Blok, Bloco Quarta-internacionalista, em português. Hoje nós estamos enfrentando uma grande crise no Oriente Médio. O povo palestino vive sob a opressão do Estado sionista de Israel. O terrorismo do Isis faz da guerra civil na Síria um inferno. E, apesar de parecer uma operação simples envolvendo o Irã e a Turquia, está sendo realizada uma grande intervenção imperialista contra luta do povo curdo em que o governo turco se meteu para desencadear uma guerra ainda maior. A burguesia imperialista reconhece a Turquia possui características de uma potência regional e que aspira este status e que o AKP [Partido da Justiça e Desenvolvimento, ao qual pertence o atual presidente, Recep Tayyip Erdoğan] fez progressos significativos neste sentido. Por isso, ele continuamente se envolve em conflitos no Oriente Médio e, especialmente, apoiando grupos como o FSA e o “Estado Islâmico”. Mas, devido a covardia da burguesia turca, suas aspirações nacionais para ter uma independência política, não se contrapõe aos interesses da OTAN. Os ataques militares orientados pelo governo turco contra a Síria têm como principal motivo impor uma derrota as forças da guerrilha curda YPG [ Unidades de Defesa Popular, grupo guerrilheiro turco-curdo, do qual faz parte o YPJ, o batalhão feminino do YPG, colaterais armadas do PKK, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão ] e ampliar sua zona de influência no território sírio em uma frente com as forças de oposição a Assad. Mas, é bastante evidente que as burguesias russa e iraniana não vão permitir pacificamente esta intervenção. Rússia, em particular, não abre mão de sua única base naval no Mediterrâneo, localizada na Síria. O Irã não quer perder o seu aliado mais importante no Oriente Médio, o governo de Assad. Também provavelmente o exército turco seja derrotado na batalha contra o PKK pela soberania do norte da Síria, uma vez que este último se aproximou do bloco russo-iraniano. Neste caso, a Síria vai se

transformar em um completo atoleiro para a burguesia Turquia. Cada criança faminta originada deste conflito, milhares de trabalhadores que são obrigados a trabalhar em prol dos interesses da burguesia vão morrer em vão. Ao mesmo tempo, esta ambição turca associada aos interesses da aliança ocidental imperialista podem desencadear uma guerra mundial, ou pelo menos uma guerra em todo o Oriente Médio como está cada vez mais evidente. Porque o Oriente Médio é o principal barril de pólvora no mundo e esta política pode incendiar todo Oriente Médio, o que inevitavelmente vai engolir o mundo inteiro. QUAL O PRÓXIMO PASSO DA LUTA? O que os trabalhadores e as trabalhadoras vão fazer nesta situação? Vamos esperar que eles morram neste banho de sangue, vão permanecer em silêncio em face da iminente guerra contra nossas crianças e jovens? De jeito nenhum! Mas a retórica pacifista, como na época dos bombardeios aéreos na guerra no Iraque é inútil. Não há outra força capaz de parar a guerra a não é ser a luta organizada da classe trabalhadora. Os pacifistas da classe trabalhadora devem aprender a se organizar de uma forma baseada nos interesses internacionalistas da classe trabalhadora, em vez de se limitarem a retórica pacifista devem lutar armados na guerra de classe contra a classe, como fizeram no passado, que se traduz na luta revolucionária contra sua própria burguesia. O caminho para a libertação dos povos e trabalhadores do Oriente Médio passa pela unidade das

forças do povo trabalhador para estabelecer seu próprio poder. No Oriente Médio, como em qualquer parte do mundo a única maneira de alcançar esse fim é através da revolução. Os trabalhadores devem acabar com o capitalismo, do contrário sofrerão mais guerras e exploração, etc. PELA CONSTRUÇÃO DA IV INTERNACIONAL A classe trabalhadora também possui outro problema em seu caminho, a falta de uma direção que lidere suas lutas em todo mundo, a falta de um partido revolucionário da Quarta Internacional. Sem possuir esta direção a classe trabalhadora não pode cumprir suas tarefas políticas. Não podemos poupar esforços para construir a Quarta Internacional do proletariado, a principal tarefa dos revolucionários. A famosa frase de Trotsky, acerca da crise de direção, é agora mais importante, e esta crise não passa de um pesadelo no meio da luta pela construção do poder da classe trabalhadora. A construção dessa direção só é possível militando no coração da classe trabalhadora, depende de um trabalho de perseverança que exige muita paciência. VIDA LONGA A LUTA POR UM ORIENTE MÉDIO OPERÁRIO E SOVIÉTICO! O FUTURO DA PAZ NO ORIENTE MÉDIO DEPENDE DA LUTA DOS TRABALHADORES! GUERRA DE CLASSE CONTRA CLASSE!

milícias fascistas na Ucrânia, dobrar as instalações e o quadro de pessoal de sua base em Szczecin [Estetino], na Polônia, enviar tropas para exercícios militares com a exrepública soviética da Lituânia para "fortalecer a segurança" da região etc. Só não vê quem não quer: a OTAN está querendo guerra. Neste cenário, nós da Frente Comunista dos Trabalhadores temos convocado a Frente Única Anti-imperialista, conforme nossa resolução política de 03/ 05/ 15. É preciso ombrear com o bloco sinorusso, diante de tal escalada ofensiva imperialista, deixando claro, desde sempre, que

não depositamos confiança em direções burguesas como Putin e Xi Jinping. E denunciamos, como traidora, a esquerda pequeno-burguesa que, diante de tal acirramento -que tem implicações severíssimas para o proletariado mundialfica "em cima do muro", recusando-se a se alinhar contra o imperialismo estadunidense (que indubitavelmente é a maior nêmesis dos povos do planeta na atualidade). Isso quando tal "esquerda" não se muda de mala e cuia para o lado do imperialismo, como fazem os morenistas ao solicitar sua ajuda militar contra Assad na Síria.

TURQUIA 2

Perguntas ainda sem resposta acerca do massacre de 32 jovens socialistas em Suruc Em 20 de julho, um atentado do “EI” matou 32 jovens socialistas que iam para Kobanê. Esse texto mostra como tudo aponta para uma colaboração entre o “EI” e o Estado turco. A tragédia lembra o massacre dos Estudantes da Escola rural de Ayotzinapa no México, também executado pelo terrorismo estatal, onde houveram 7 mortos, 42 desaparecidos e 27 feridos. Amed Dicle As jovens pessoas que morreram ou foram feridas em Suruc tinham um propósito: Ir à Kobane e participar da reconstrução da cidade. Os membros da Federação das Associações da Juventude Socialista (SGDF) emitiram uma declaração à imprensa antes da ida a Suruc, portanto, havia um mês que era de conhecimento público que estas pessoas estavam se preparando para ir. Os residentes de Suruc, jovens e representantes de organizações não-governamentais receberam xs jovens em Suruc. Eles se encontraram com o governador do distrito e disseram que eles gostariam de atravessar para Kobane. O governador do distrito os manteve esperando dizendo que apenas alguns deles poderiam atravessar em detrimento do grupo todo. O sangrento ataque em Suruc ocorreu após xs jovens fazerem uma declaração à imprensa no Centro Cultural Amara em resposta à prevenção do governador do distrito. Nós devemos, então, fazer as seguintes perguntas em relação ao ataque: A polícia compreensivelmente procurou xs jovens enquanto eles estavam se dirigindo ao Centro Cultural Amara. O ponto de controle da polícia estava a 200 metros de distância de Amara, e a polícia poderia ter montado o ponto de controle mais próximo ao centro cultural. A polícia montou o posto de controle a 200 metros de distância de Amara para que, desta forma, eles não se ferissem pela explosão? Como o homem-bomba do “Estado Islâmico” (“EI”) entrou no centro cultural em um ambiente onde a polícia revistou cada notebook, câmera e até os lápis dxs jovens chacinados? Como a inteligência Turca, que vigia todos lugares em Suruc incluindo o Portão de Fronteira Mürşitpınar, foi capaz de “não ver” o membro do “EI”? Como foi possível para a polícia não identificar o membro do “EI” apesar do fato de o Centro Cultural Amara estar localizado próximo a um posto policial? Por que os policiais atacaram os civis que estavam carregando as pessoas feridas ao hospital? Seria pelo motivo de que eles queriam que os feridos também morressem? Quantas célular do “EI” existem dentro e nos entornos de Suruc? O estado está ciente destas células? Por que os corpos foram examinados pelos forenses de Antep ao invés dos forenses de Urfa? O que eles estavam tentando esconder? Existem declarações de testemunhas que alegam que haviam dois atacantes, um homem que explodiu a bomba e uma mulher que se feriu, esta mulher atualmente está sob a custódia da polícia. Quem é a mulher que atacou, nascida em 1995 em Sivas, quem está sendo detidx sob a custódia da polícia? Por que os oficiais falharam ao fazer uma declaração sobre este assunto? O questionado sobre estas perguntas foi o Estado, e suas respostas são óbvias.

Muitas pessoas previram os ataques após a liberação de Girê Spî(Tel Abyad) pelas Unidades de Proteção Popular (YPG). Como as filmagens confirmam, os grupos do “EI” escaparam de Girê Spî e cruzaram para Akçakale livremente e felizes. Poucos depois, a Agência de Notícias Dicle (DİHA) e outros órgãos mídiáticos da oposição documentaram o quartel general do “EI” em Akçakale. DİHA também comunicou a formação de uma célula do “EI” em Ceylanpınar dois dias atrás. Girê Spî foi uma pesada derrota para o Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP) e para o “EI” por que a logística através do portão da fronteira era providenciada aqui. Os oficiais do AKP tornaram público seu descontentamento em relação à liberação de Girê Spî, e Erdoğan disse que eles não ‘observariam parados’ o que estavam se desdobrando. Eles agora estão tentando se vingar pela liberação de Girê Spî no Norte do Curdistão. Quando o “EI” foi derrotado em Rojava, eles trouxeram a guerra para o lado deles da fronteira. Eles estão repetindo o ataque à Kobane de 25 de junho em Suruç, Urga e Diyarbakır. O brutal massacre em Suruç mirou o modelo democrático e livre desenvolvido em Rojava e as pessoas em solidariedade com o Movimento de Liberdade Curdo. Nós estamos em uma situação perigosa ao passo que Erdoğan e seus partidários do AKP colocam em prática o ódio que acumularam após sua derrota em Rojava assim como nas eleições de 7 de junho. Nós não podemos apelar para tiranos; o Estado não irá proteger os civis e as instituições do “EI”. É o “EI” que o Estado e as Instituições protegem e toleram. Esta situação atual torna a autodefesa mais crucial do que nunca. COMO PODEMOS ORGANIZAR NOSSA AUTODEFESA? Legitimar a autodefesa é um assunto sério e importante. Nós devemos organizar isto sistematicamente e sem pânico, sem confiar no Estado. Nós não devemos deixar a segurança nas mãos dos oficiais de polícia em ações coletivas que tem lugar em cidades fronteiriças assim como em centros urbanos como Amed. É mais provável estar sob o ataque do “EI” em áreas onde existe intensa presença policial. Centenas de civis podem formar círculos de segurança para autodefesa. O perigo persistirá enquanto as células dos “EI” existirem. Portanto, jovens devem tomar a iniciativa e eliminar as células do “EI” operando sob o disfarce de organizações de ajuda e jornais. Organizações não governamentais, políticos democráticos, parlamentares, e a imprensa devem esclarecer sua postura em relação ao quartel general do “EI” na fazenda TİGEM em Akçakale. Parlamentares e ONGs devem expor o porquê de TİGEM estar fechada aos civis.


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