Folha do Trabalhador # 23

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Liaison Committee for the Fourth International

CLQI Comitê de Ligação pela Quarta Internacional

FCT

Folha do Trabalhador

FdT 23 - maio / 2015

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Jornal da Frente Comunista dos Trabalhadores (FCT) - ano V (nova fase) - n o 23 - maio/2015 - R$ 1 - contribuição solidária R$ 5

PRECISAMOS CONSTRUIR A

GREVE GERAL CONTRA A TERCEIRIZAÇÃO E A DIREITA GOLPISTA!

Unir todos os explorados para construir uma greve geral por tempo indeterminado até derrotar a terceirização, os ataques do governo Dilma e Levi contra a classe trabalhadora, a ameaça de redução da maioridade penal e a conspiração golpista tramada pela direita e o imperialismo! Páginas 3 e 4 MUNDO ÁRABE

Apoiar a resistência contra os sauditas e seus aliados ianques e sionistas! Continua a ofensiva da coalização saudita no Iêmen, no combate às forças xiitas Houtis, que derrubaram o até então presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi. Com isso, a Arábia Saudita, ao lado de seus aliados ianques e sionistas, deixa claro que não abre mão da hegemonia sobre a Península Arábica e arredores. É um recado claro ao Irã. P. 8

O PAI DE TODOS OS GOLPES

METALÚRGICOS

No governo Obama, a CIA realiza um golpe de Estado por ano. O Brasil é a bola da vez

A luta precisa continuar, ... em alguns lugares, ela precisa começar

NAS RUAS, A ESQUERDA COLOCA A DIREITA NO CHINELO

Poder ao povo trabalhador! ESPECIAL - RIO DE JANEIRO

Máfia do PMDB-RJ no Governo e na Prefeitura do Rio intensifica perseguição política aos movimentos sociais e de trabalhadores

A direita patronal pôs o carro, a terceirização, na frente dos bois, o Golpe de Estado Apoiando-se na covardia política e na colaboração do PT e de Dilma, a direita patronal resolveu

PROFESSORES/MG

Fernando Pimentel, não foi para isso que derrotamos o PSDB em Minas Gerais!

aprovar a terceirização de toda força de trabalho privada do país, um ataque aos trabalhadores que só é

possível ser implementado por meio de uma repressão ditatorial e após um Golpe de Estado. P. 3 e 4

A ESQUERDA QUE A DIREITA GOSTA

Melhores momentos da esquerda golpista!

LIVROS

EVOLUÇÃO E LUTA DE CLASSES EM DEFESA DE NOSSOS DIREITOS

PL da terceirização, a sede por mais-valia!

Do domínio do homem sobre a natureza à luta pelo socialismo

No dia em que o leão se levantar...


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EDITORIAL

QUEM SOMOS

A ofensiva imperialista e as tarefas do proletarido

Frente Comunista dos Trabalhadores

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imperialismo dos EUA e seus aliados da União Europeia e Japão estão reagindo depois da "perda do controle" que sentiram em suas áreas de influência diante do núcleo sino-russo. A intervenção da monarquia saudita no Iemen, o golpismo no Brasil e Venezuela, o caso Nisman na Argentina, são todas manifestações deste fenômeno. Na era Obama, estes mesmos fenômenos se combinam com as tentativas de cooptação e as saídas "negociadas". O prêmio de consolação oferecido a um setor da direção do PT, como a presidência de organismos multilaterais, ou, em uma escala maior, os acordos dos EUA com Cuba, correspondem a estas tendências

combinadas. Falta somente concluir esta tendência para preparar uma fase futura de intervencionismo do imperialismo a uma escala maior e sob a ampliação da fascistização imposta pelo próprio imperialismo. É portanto, uma questão de vida ou morte defender a independência da classe do proletariado e avançar com a tática da frente única para assim preparar-se para os enfrentamentos em curso e os que virão em um futuro próximo. A FCT e o CLQI defendem a construção do partido mundial da revolução socialista, como a melhor ferramenta para as lutas do proletariado internacional e única forma de derrotar definitivamente o imperialismo e suas manifestações fascistas.

APRENDENDO COM OS MESTRES

Os dirigentes proletários deverão aprender cada vez mais sobre todas as questões teóricas Friedrich Engels Introdução às guerras camponesas na Alemanha,

Verão de 1850

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s dirigentes proletários deverão aprender cada vez mais sobre todas as questões teóricas, desembaraçar-se cada vez mais da influência da fraseologia tradicional, própria da velha concepção do mundo, e ter sempre presente que o socialismo, a partir do momento em que se torna ciência, exige ser tratado como tal, isto é, ser estuda-

do. A consciência assim conseguida e cada vez mais lúcida, deve ser difundida entre as massas operárias com um zelo sempre maior, e deve cimentar-se cada vez mais fortemente a organização do partido, assim como a dos sindicatos.

Folha do Trabalhador

FCT

CLQI

Jornal da Frente Comunista dos Trabalhadores (FCT) Comitê de Ligação pela IV Internacional (CLQI) Ano V - nO23 - maio de 2015 - Tiragem: 3.000 COMITÊ DE REDAÇÃO: Gilber Martins, Marcos Silva, Paulo Araújo, Luiz Carlos de Oliveira, Magno Souza, Leon Carlos, Erwin Wolf, Marcelo Calasans, Davi Lapa, Humberto Rodrigues. As opiniões expressas nos artigos assinados ou correspondências não expressam necessariamente o ponto de vista da FCT, mas das correntes que a compõem ou propriamente dos autores dos artigos. A maioria dos textos do FdT possui uma versão expandida nos blogs:

BRASIL Liga Comunista lcligacomunista.blogspot.com Coletivo Lenin coletivolenin.blogspot.com.br Socialistas Livres socialistalivre.wordpress.com Espaço Marxista espacomarxista.blogspot.com.br

Tendência Revolucionária tendenciarevolucionaria.blogspot. com.br GRÃ BRETANHA Socialist Fight socialistfight.com ARGENTINA Tendencia Militante Bolchevique tmb1917.blogspot.com.ar

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or consenso, os membros do Comitê Paritário (CP) decidiram mudar de nome. Essa decisão corresponde a um crescimento quantitativo e qualitativo do agrupamento. E por uma votação democrática, a maioria deliberou por passar a chamar nosso agrupamento de Frente Comunista dos Trabalhadores (FCT). A FCT se constrói como uma aliança internacional de trabalhadores comunistas sob a perspectiva da reconstrução da IV Internacional e da revolução permanente. A FCT tem como órgão principal o jornal Folha do Trabalhador e possui também nos blogs e facebooks de seus membros meios de difusão de suas concepções políticas. A FCT está hoje presente em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Ceará. É uma organização com tendências. Constituída pela Liga Comunista, Coletivo Lenin, Tendência Revolucionária, Espaço Marxista, e Coletivo dos Socialistas Livres, a FCT possui mais de seis meses de existência. Internacionalmente, a FCT é seção do Comitê de Ligação pela IV Internacional, tendência internacional composta também pelo Socialist Fight britânico e pela Tendência Militante Bolchevique argentina com que as tendências da FCT passam a estabelecer relações fraternais. As origens políticas distintas, livres de todo traço sectário, puderam enriquecer a elaboração do conjunto das organizações conduzindonos a uma compreensão comum da realidade, ou seja, a um programa comum, e, consequentemente, das nossas tarefas do momento. Nossos documentos comuns apontam para as seguintes elaborações matriciais: ) No segundo turno das eleições presidenciais defendemos o voto em Dilma para derrotar Aécio e a direita golpista manipulados pelo imperialismo e fizemos a crítica ao voto nulo sectário da esquerda (PSTU, PCO, PSOL, PCB, etc.) [ 1 ]. O voto na candidatura de Dilma no segundo turno não implicou em qualquer acordo com o programa burguês desta candidatura, nem qualquer apaziguamento de nosso combate contra

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seu governo neoliberal. O giro à direita no governo Dilma, produto da pressão golpista, já havia sido previsto por nós ainda durante a campanha. Nossa defesa heterodoxa do voto em Dilma segue a nossa política geral de combate ao golpismo pró-imperialista e se inspira na política dos bolcheviques de “apoiar a burguesia contra o tzarismo (na segunda fase das eleições ou nos empates eleitorais, por exemplo) e sem interromper a luta ideológica e política mais intransigente contra o partido camponês revolucionário-burguês, os “social-revolucionários”, que eram denunciados como democratas pequeno-burgueses que falsamente se apresentavam como socialistas.” (Lenin, “Nenhum Compromisso?”, em Esquerdismo: Doença Infantil do Comunismo, 1920). ) A atual articulação golpista no Brasil é movida diretamente pelo imperialismo, no Brasil, como na Venezuela e Argentina, a exemplo dos golpes já impostos em outros países da América Latina, como Honduras e Paraguai). As experiências recentes “bemsucedidas” ou parciais na Líbia, Síria, Ucrânia, demonstram que o imperialismo não se furta de recorrer ao armamento de mercenários, bandos fascistas e massacres sangrentos para impor seus objetivos. Tratase de um contra-ataque para recuperar o terreno perdido após a crise de 2008 para o bloco capitalista Eurásico, nucleado a partir da expansão comercial da China e da Rússia. Trata-se de uma nova guerra fria que atravessa todos os atuais conflitos de envergaduras mundiais, como a reorientação da tática

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dos EUA em relação a Cuba, tentando simultaneamente cooptar a burocracia dirigente do Estado operário com o fim do bloqueio e acelerar a restauração capitalista. 3) Mesmo que a primeiro momento o Golpe de Estado não se apresente na forma de um golpe militar, mas como um ‘golpe parlamentar’, um impeachment articulado entre o Legislativo e o Judiciário para estrangular uma Dilma cada vez mais isolada, qualquer que seja sua forma inicial, o resultado do processo será de maior repressão militar e policial contra a esquerda em geral e a população trabalhadora e oprimida nacional, para derrotar qualquer foco de resistência à recolonização imperialista do Brasil. A escalada golpista manipulada pelo imperialismo cresceu e agora adquire estatura de realizar manifestações de massas, ainda que careça de uma frente golpista consumada, ainda que os defensores da volta da ditadura sejam minoria, que uma parte nem sequer defenda o impeachment e que nem o PSDB, principal partido da oposição tenha um nome de consenso para as próximas eleições. Não importa que os defensores da “nova política” e “contra a corrupção” acabem por substituir o PT pelo PMDB, o partido que se perpetua no governo federal desde o fim da ditadura militar e logo, o melhor representante da velha política burguesa e o mais corrupto dos partidos brasileiros. Os golpistas mudam de candidato a substituto de Dilma na operação golpista a toda hora, Barbosa, Marina, Aécio, Temer, …? mas o que importa é que o golpista de plantão sirva aos interesses do imperialismo e debilite os BRICS. Diante desta ameaça, é necessário construir uma ampla frente úni-

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ca antifascista com o PT e PCdoB e as organizações de massas que estes partidos dirigem (CUT, CTB, MST, UNE, CMP, etc.) com objetivos práticos de organização comum de manifestações e do combate à direita, sem que isto signifique defender politicamente o governo Dilma ou o PT. Esta frente não implica em qualquer tipo de renúncia ao combate contra o governo burguês do PT. Apenas alteramos a forma de combate para demonstrar que a reação se fortaleceu porque o governo do PT lhe pavimentou o caminho. Não estabelecemos com os nossos aliados circunstanciais “programas” comuns, organismos permanentes, nem renunciamos a criticá-los. Exigimos todo esforço necessário dos grandes aparatos que dirigem as organizações de massas para mobilizar ao conjunto da população trabalhadora, eliminar toda repressão estatal contra as massas (UPPs, PF, Força Nacional de Segurança, etc.) e inclusive organizar a autodefesa dos trabalhadores contra a direita. De nossa parte lutaremos para que determinada frente não seja apenas formal, de palavras, em ações separadas, não seja uma frente única diletante, como se verificou no dia 13 de março, quando a frente pelas reformas populares implodiu logo em sua primeira prova prática porque MTST, PSOL e cia. deserdaram do ato unitário para não parecerem “governistas”; ) O combate a política anti-operária do atual governo Dilma que quanto mais acossado pelas pressões da direita e do imperialismo mais ataca os direitos elementares da classe trabalhadora, superando neste quesito qualquer outro governo petista. Ao capitular ao programa político que seus eleitores derrotaram nas urnas para assegurar sua estabilidade política, ou seja, sua governabilidade, Dilma se isola de seus eleitores, da força política que garantiu a sua vitória contra a direita golpista e da única que poderia esmagar a direita golpista.

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22 de março de 2015 Nota: 1. A TR, não reivindica o chamado ao voto crítico em Dilma no segundo turno das eleições presidenciais de 2014


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OPINIÃO PL da terceirização e a sede por mais-valia Gílber Martins Duarte e Lídice Pimenta Coletivo Socialistas Livres

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que está por trás das pressões patronais para aprovar o PL 4330 no congresso nacional? Ora, o capitalismo não lucra mais como antes. A crise cíclica do capitalismo, aberta em 2008, em âmbito mundial, chegou com peso no Brasil, e os patrões brasileiros não podem lucrar mais como

anteriormente. É preciso lembrar que a fonte de lucro dos patrões é a maisvalia, ou seja, uma parcela de trabalho não pago ao trabalhador. Com a crise de superprodução de mercadorias, gerada com excesso de máquinas na produção, acelerase a produção de mercadorias, porém, os preços das mercadorias caem no mercado mundial, reduzindo o lucro dos patrões, já que o trabalho da máquina não dá lucro, principalmente quando

o capitalismo está todo desenvolvido e automatizado como atualmente. O que dá lucro, no capitalismo, é a exploração dos trabalhadores, através da mais-valia, a parcela de trabalho não pago pelos patrões aos operários. Logo, os patrões brasileiros já perceberam que, se continuarem pagando o mesmo salário e os mesmos direitos trabalhistas constados na CLT aos trabalhadores nacionais, não há saída para a crise atual de superprodução

do sistema capitalista e suas taxas de lucros vão se afundar cada vez mais. O PL 4330 é uma tentativa dos patrões de achatar os salários dos trabalhadores para voltarem a ter vultosos lucros em cima do trabalho não pago ao trabalhador, em cima da mais-valia. Temos de lutar com muita força e consciência contra mais esse projeto que visa o achatamento salarial da classe trabalhadora.

A direita recua nas ruas, mas vigilância continua Magno de Souza Blog Espaço Marxista

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cabou em fracasso a tentativa da direita - amplo leque, de "liberais" a fascistas descarados- de ocupar as ruas do país no 12/04, querendo repetir os números da manifestação anterior. Conforme a própria imprensa direitista admite, "número de manifestantes é menor do que no dia 15 de março". Tal esvaziamento não quer dizer que tais setores estejam derrotados, a uma, porque ainda são números expressivos - uma média de um milhão de pessoas pelo país inteiro-, a duas, porque, com ou sem as ruas, a direita tem conseguido impor sua pauta diante de um PT covarde e acuado. Desde que chamamos a unidade de ação inclusive com governistas- contra o golpismo de direita, deixamos claro que eventual derrubada

do governo petista é (seria, ou será) apenas um dos episódios da ofensiva reacionária de nossos tempos. Exatamente por isso, ombrear com o PT contra o golpismo -que se insere em uma ofensiva maior- não nos converte em "governistas" ou "defensores do governismo", como o pequenos grupos e seitas sectários e academicistas gostam de acusar. Pelo contrário, trata-se de compreender o momento atual da luta de classes. Não se pode, diante da polarização evidente - evidente, isto é, para além do desejo e fantasias dos "revolucionários" - se abster e chamar uma "outra" via, quando não se possui a menor base social para isso. E tampouco há tempo para construir essa outra via. Tendo a ofensiva reacionária vários tentáculos (econômicos, institucionais, militares, jurídicos), a suposta di-

minuição de apoio às manifestações direitistas convocadas pouco altera a conjuntura. Como falado acima, tais setores direitistas têm empurrado facilmente seu programa, como há pouco na terceirização e no aumento do limite de desconto em folha dos trabalhadores, medidas que, apesar de calhordamente apresentadas como modernas e necessárias, consistem em verdadeiras afrontas aos direitos trabalhistas. Isso tudo sob o silêncio cúmplice e covarde do PT, que, em mais um sintoma de prostração, entrega ao vice Michel Temer plenos poderes para a "articulação política". É mais que o governo do PT que está em jogo, portanto. O que está sob ataque é a classe trabalhadora e seus direitos, e estarmos cientes da culpa do PT nisso não pode impedir que, estando o governo do PT sob risco de derrubada por setores

ainda piores que ele, estejamos na mesma trincheira. Por mais críticas que tenhamos contra a UNE e a CUT, não podemos deixar de lutar ao lado delas quando os adversários são o Clube Militar, a Famiglia Marinho e os integralistas. Só os sectários, aqueles que, como disse Trotsky, "só enxergam duas cores", não conseguem perceber as mediações em jogo. Dito isso, apesar do soçobro da nova tentativa da direita de tomar as ruas, MANTEMOS o chamado pela FRENTE ANTIFASCISTA e ANTIIMPERIALISTA que, na conjuntura, tem também caráter ANTIGOLPISTA. E denunciamos, como sendo traidores de classe, aqueles do campo da esquerda que desarmam os trabalhadores colocando panos quentes e dizendo que o "perigo passou".

Nota de ruptura da Tendência Revolucionária / FCT com a RPR Mário Medina Tendência Revolucionária

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á quase dois anos atrás fiz a fusão do protótipo de organização revolucionária que vinha idealizando, a TR, com os companheiros do Coletivo Resistência, da Bahia, e a companheira Beth Monteiro 1, do Rio de Janeiro. Passamos então a conformar uma só corrente com o nome de Resistência Popular Revolucionária, soltamos nota pública a respeito e tentamos, inclusive, inscrever uma tese no congresso nacional do Psol em Jun-

ho/ Julho daquele ano. A partir de então seguimos com a construção da organização. Não quero entrar em pormenores, detalhar os percursos históricos de nossa corrente. O que me importa aqui é publicizar meu rompimento com a organização, por divergências na linha política que tenho aplicado a frente do blog, que era admin istrado por mim anteriormente, e que agora passo a administrar como meio de comunicação da TR, que retomo como protótipo de organização revolucionária, haja visto que só tenho mais um militante comigo

em São Paulo. Mas, resumidamente, importa dizer que os companheiros da Bahia discordam da participação na frente com as organizações da FCT, e que tem uma análise de conjuntura nacional um pouco diferente da minha. Importante dizer que nem todos os companheiros de lá reivindicam o trotskismo. Falha minha não ter conseguido me organizar com os companheiros no sentido de lhes oferecer uma formação teórica consistente e nem mesmo lograr uma articulação política que nos permitisse uma rígida centralização. Essas são

autocríticas que tenho a fazer agora. Volto então a reivindicar a TR, e esse blog será reconfigurado como blog da TR. Aos companheiros da RPR, desejo boa sorte. Rompo amigavelmente e torço, que, para o bem da esquerda brasileira, possamos estar juntos em muitas lutas. Nota: 1- Beth Monteiro pediu afastamento de suas funções na corrente no início desse ano.

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Melhores momentos da esquerda golpista!

Paulo Araújo Coletivo Lenin Existem setores da esquerda que adoram apoiar qualquer tipo de movimento de massas, independente do conteúdo político. Por isso, muitas correntes por aí apoiaram a derrubada do Kadafi com apoio da OTAN, a Irmandade Muçulmana na Síria, o golpe militar egípcio, o golpe de direita na Ucrânia etc. Se é assim no exterior, não poderia deixar de acontecer a mesma coisa no Brasil. Então, vamos mostrar aqui os melhores momentos das organizações de esquerda que participaram dos atos da direita contra a Dilma, no dia 12 de abril. 1) PSTU Dessa vez, o prêmio não vai para o PSTU. Com medo de se queimar mais do que já tá queimado, o partido levantou a palavra de ordem "Chega de Dilma, PMDB, PSDB etc", que não quer dizer nada, só pra não dizer que não chamou o Fora Dilma. Apesar de namorarem com o golpismo, não foram ao ato. 2) MOVIMENTO NEGAÇÃO DA NEGAÇÃO Se o PSTU não teve coragem de levar à conclusão lógica a sua política de que o PSDB e o PT são a mesma coisa e chamar Fora Dilma do mesmo jeito que já chamou Fora FHC, o MNN não teve medo de se misturar com a direita na palavra de ordem. Mas só na palavra de ordem, porque eles não tiveram coragem de ir aos atos e apanhar como pessoas com camisa vermelha, até de times de futebol, apanharam 3) MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO SOCIALISTA Mais corajoso que o MNN, o MRS deu uma aula de morenismo para

o PSTU. Eles foram para as manifestações, como mostra a foto abaixo, chamando "trabalhadores ao poder" diante da base predominante de classe média e militares. Por algum motivo que a gente não consegue nem imaginar, eles não usaram camisas vermelhas e não tem nada falando em socialismo nos cartazes. 4) MEPR Mas os vencedores são os nossos queridos companheiros do MEPR, que participaram do ato em Belo Horizonte. Também sem bandeiras vermelhas, eles criticaram não só o governo como as viúvas da ditadura, assim emblocando com o Movimento Brasil Livre, que também considera que os manifestantes pró-ditadura queimam o movimento golpista. Estranhamente, na lista de partidos que eles mencionam, falta o PSDB. Mas não podemos dizer que o MEPR não é coerente. Bota gente na rua pela derrubada do governo do PT e não condena ataques à sede do PSTU, mas tenta ganhar o respeito da classe média anti-PT, militares e da "média burguesia", que eles consideram aliados na revolução da Nova Democracia. Depois de rir muito com essas fotos, nos resta tentar entender como esses setores podem chegar a posições tão absurdas. Nós do Coletivo Lênin acreditamos é que falta de contato real com a classe trabalhadora e falta de compreensão do método marxista de análise da sociedade. Por isso que nós, do CL, estamos construindo a Frente Comunista dos Trabalhadores, que agrupa revolucionários que estão atuando nos movimentos (metalúrgicos, semtetos, professores, etc.) com a perspectiva de uma frente antifascista, antiimperialista e antigolpista!


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LUTA ANTIGOLPISTA, ANTIFASCISTA E ANTIIMPERIALISTA

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Greve geral pelos direitos e contra a direita!

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Brasil atravessa uma das maiores crises políticas e econômicas dos últimos tempos. O PT já não consegue mais governar como antes, a direita política não aceita mais ser governada como antes, e o capitalismo brasileiro não lucra mais como antes. Essa somatória de fatores tem feito de nosso país um caldeirão político prestes a explodir. O PT, acuado pela conjuntura, acusado impiedosamente pela direita, testa-de-ferro do imperialismo e pela mídia burguesa de desvio de verbas na Petrobrás, não consegue hegemonia políticoideológica para sequer manter sua agenda capitalista-reformista no Congresso Nacional e possibilita que o PMDB coordene a conjuntura política e juntamente com Joa-

quim Levy, nomeado por Dilma Rousseff para fazer ajuste fiscal a custa de sacrifícios dos trabalhadores. Se impõe uma agenda cada vez mais conservadora no Congresso Nacional. O PSDB, o PPS, o DEM, o PV apoiam a agenda política do PMDB e o PT capitula às pressões da direita burguesa conservadora. O PL 4330 é o maior golpe desferido contra a classe trabalhadora brasileira nas últimas décadas. Uma vez aprovada, a terceirização da atividade será um retrocesso histórico grave nos direitos trabalhistas e sindicais. A redução da maioridade penal também tem sido imposta como parte da agenda dos conservadores de direita que tentam reduzir os problemas sociais graves da juventude

brasileira a meros casos de polícia, como se aprisionar mais cedo os jovens fosse resolver o problema da violência no país. A população trabalhadora e a esquerda vem sendo pressionadas pela onda conservadora com hordas fascistas tomando as ruas com propagandas abertas contra a esquerda e a favor da ditadura militar, trazendo à tona o discurso do ódio contra a classe trabalhadora organizada, clamando abertamente por golpe político contra o governo eleito, acirrando ainda mais os ânimos em uma sociedade capitalista em crise. Parte da esquerda não consegue fazer a leitura dos trâmites golpistas em andamento no país e facilita a vida dos fascistas de direita, à medida que não combate o discurso da direita golpista, e ao

GRADUALISMO BURGUÊS BRASILEIRO

mesmo tempo em que se recusa em lutar em frente única contra o golpismo e o fascismo, recitando aos ventos sua miopia de que não há golpe em curso no país. A inflação sobe e amplos setores de massa perdem a esperança no governo petista recém eleito, ficando à mercê do discurso da mídia burguesa e do discurso da direita partidária que não apontam as verdadeiras causas das dificuldades econômicas do povo: a crise de superprodução capitalista que, impossibilitada de extrair mais-valia como antes, tem paralisado a economia e deixado a sociedade sem saída nos limites do que os capitalistas apregoam. A classe trabalhadora precisa se unificar para enfrentar a crise capitalista, enfrentar o corte de direitos im-

postos por Dilma ou pela direita, bem como enfrentar o golpismo que, no fundo, quer aprofundar como nunca a retirada de direitos dos trabalhadores. A CUT ameaça chamar a greve geral contra a terceirização, mas fica nas palavras. Só a construção de uma greve geral convocada pela CUT, MST, MTST, contra a retirada de direitos, contra o golpismo, e a favor de reformas, como a agrária e a urbana, a reestatização da Petrobrás sob o controle operário, o fim de toda terceirização e a incorporação dos precarizados aos quadros efetivos de todas as empresas, podem modificar a correlação de forças imposta pela classe dominante brasileira. Não temos ilusões de que uma greve geral levará a classe trabalhadora ao poder ou a

derrotar os ataques capitalistas, a experiência de várias Greves Gerais recentes na Grécia, comprovam que também é preciso uma direção revolucionária de massas para levar a luta de classes até suas últimas consequências, a revolução social. Mas, a greve geral é uma medida capaz de unir todos os explorados e oprimidos para frear o ataque histórico da precarização ao mesmo tempo que pode acumular forças da classe para derrotar a reação econômica e política. Convidamos você a se somar a Frente Comunista dos Trabalhadores para, de forma independente do PT e da esquerda socialista vacilante, enfrentarmos os desafios políticos e econômicos que nos estão colocados.

PARTIDO DOS TRABALHADORES

Golpistas derrapam, desaceleram Sob pressão da mas seguem na ofensiva graças direita, os ratos abandonam o navio a política do PT e da CUT Humberto Rodrigues Liga Comunista

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proveitando-se da capitulação permanente do PT e de Dilma, resolveram executar uma medida que só seria possível de ser realizada após um golpe de Estado, já durante a escalada golpista. A medida foi tentar realizar de uma só vez o maior de todos os ataques da história aos direitos trabalhistas e sindicais para ampliar ofensivamente a exploração da mais valia. Depois de uma crise em abril, a frente golpista se reorientou, fez emendas cosméticas no projeto da terceirização e voltou a agir no seu ritmo tradicional de ataques. Ponto por ponto, os canalhas parlamentares, representantes dos patrões, vem eliminando nossos direitos, conquistados por nós em muitas lutas e greves. Ao possibilitar que uma empresa possa substituir todos os efetivos por terceirizados, o Congresso aprova de uma só vez uma reforma trabalhista e sindical. Uma das características fundamentais da política burguesa no Brasil é que ela é feita muito lenta e gradualmente, sem revo-

luções ou guerras civis de caráter nacional, com transições sem rupturas de continuidade, onde são conciliados os interesses entre as distintas frações das classes dominantes. A independência foi decretada pelo herdeiro da família real da metrópole colonizadora. A abolição da escravatura foi decretada pela realeza. A República foi instituída pela cúpula militar, sem rupturas com a realeza. A ditadura militar realizou um golpe de Estado mas só depois fechou o parlamento e assumiu um caráter fascista, com o AI-5. Também a reforma da previdência que o Lula tentou aprovar em 2003 não passou na época e teve que ser recolocada gradualmente e por etapas. ‘UM PAÍS SOB ANESTESIA, MAS SEM CIRURGIA’ Um dos principais economistas burgueses do Brasil, Mário Henrique Simonsen, assim definiu o que chamamos aqui o gradualismo brasileiro: uma anomalia secular que faz as coisas ‘desacontecerem’, que criou ‘um país sob anestesia, mas sem cirurgia’. Assim,

não ocorrem crises interburguesas profundas, permitindo as classes dominantes manipularem a luta de classes. A RÃ QUE NÃO SABIA QUE ESTAVA SENDO COZIDA Outra expressão que representa esta forma política peculiar é a história "A rã que não sabia que estava sendo cozida", de Oliver Clerc: se pusermos uma rã para cozinhar em água fervente ela salta, mas se a pusermos em água fria que gradativamente se aquece, a rã até acha confortável a situação a princípio e sem perceber vai sendo cozinhada até morrer. Não nos deixemos anestesiar, diferente da rã, nós trabalhadores precisamos reagir antes que seja tarde, precisamos desenvolver a sagacidade e a intransigência contra todas as manhas e truques de nossos inimigos de classe, para não se deixar enganar, para defender nossos direitos, nossas condições de vida e família e para virar a mesa a nosso favor.

Erwin Wolf Liga Comunista

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O ex-prefeito de São Bernardo do Campo (SBC) do PT, Maurício Soares, abandonou o PT. Maurício foi prefeito do PT em três oportunidades. Não é a primeira vez que abandona o PT, tendo passado pelo PPS, PSDB, PSB e o PDT. Como não poderia deixar de ser, a ruptura desse notório oportunista foi pela direita: "Em carta publicada nas redes sociais, Maurício teceu duras críticas ao petismo... Na postagem nas redes sociais, Maurício disse ver "pasmo as denúncias de corrupção, desvios de recursos públicos e todo tipo de irregularidade contras as quais dediquei toda a minha vida política." "Anuncio também minha plena disposição em me reapresentar à população, juntamente com outras lideranças que compartilham com minhas angústias ...".(Leonardo Baldini e Raphael Rocha, Diário do Grande ABC, 25/04). Atualmente, o exprefeito é presidente da Fundação Criança de

SBC. Diz que só está saindo do PT, mas não da entidade que cuida das crianças carentes da cidade. Inclusive, a Fundação Criança (nada a ver com o campo de concentração Fundação Casa do PSDB de Alckmim), antes dele assumi-la foi presidida por Ariel de Castro Alves, um dos maiores juristas brasileiros, especialista em crianças e adolescentes, que combate a redução da maioridade penal, sendo que recentemente demonstrou que a redução da maioridade penal so-

mente vai aumentar a violência contra os jovens. Ariel cuidava das crianças e adolescentes de forma humana, tendo sido infelizmente substituído pelo oportunista em questão. A saída de Soares, assim como a de Marta Suplicy ou da Esquerda Marxista do PT, neste momento, nada tem de progressivas, independente de como embelezem suas justificativa, são deserções covardes e oportunistas, sob a pressão e em favor da direita golpista, que precisam ser desmascaradas.


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RIO DE JANEIRO

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Máfia do PMDB-RJ no Governo e na Prefeitura do Rio intensifica perseguição política aos movimentos sociais e de trabalhadores

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m conluio de Estado, organizado pelo Poder Executivo, alicia TRJ, TRT, Polícia Militar e Delegacia de Repressão à Crimes de Informática da Polícia Civil (DRCI) na repressão e perseguição política à manifestantes, lideranças de categorias grevistas e movimentos sociais no Rio de Janeiro. Desde as manifestações de junho de 2013, antes mesmo de se tornarem de massas, a máfia apoiadas pelas milícias paramilitares e ligada ao PMDB instalada no Governo e na Prefeitura do Rio, já vinha perseguindo de forma criminosa os estudantes e trabalhadores manifestantes, e posteriormente ampliou-se a perseguição aos professores , garis, servidores e operários do COMPERJ grevistas, através de agentes da PM e delegados da Policia Civil com o apoio de alguns juízes reacionários do TRJ e do TRT, como o juiz Flávio Itabaiana e o Delegado Alessandro Thiers da DRCI, todos ligados aos interesses dos governos do PMDB-RJ de CabralPezão-Paes. Inicialmente em 2013, usavam da PM e do serviço secreto da P2-PMERJ para criar falsos flagrantes e falsos testemunhos além de instalação de provas forjadas para obter prisão imediata de manifestantes e professores grevistas entre junho de 2013 e fevereiro de 2014. Nessa época, o jovem sem-teto e catador de lixo Rafael Braga foi a primeira vítima da repressão, preso e julgado por supostamente "portar artefato explosivo", que no entanto era uma garrafa de Pinho Sol(produto de limpeza). Foi também em Setembro de 2013, na manifestação de mais de 60 mil pessoas em defesa da greve dos professores estaduais e municipais contra o governo, que mais de 100 pessoas foram presas, entre professores e apoiadores, e levados para a prisão de Bangu, na zona norte do

Rio de Janeiro. Logo a maioria dos presos foram soltos por não haver qualquer embasamento jurídico para as prisões da PM. No entanto o companheiro Jair Baiano, da Frente Internacionalista dos Sem-Teto(FIST), foi mantido em cárcere até o fim de 2014, e solto apenas após uma campanha inicia pela FIST, FARJ e Coletivo Lenin junto com o advogado popular André de Paula, que conseguiu desmascarar em juízo as falsas provas e testemunhos da PM. Mas o pior da repressão veio a tona após a manifestação massiva do Rio contra o aumentos das Passagens, em fevereiro de 2014, quando morreu o cinegrafista da Rede Bandeirantes. Na época muitas fotos e imagens mostravam um projétil da PM atingido ao cinegrafista, vindo à tona inclusive um depoimento de um jornalista da Globo ao vivo que denunciava este evento mas que foi retirado do site oficial da emissora. Rapidamente a PM e a Policia Civil reuniram provas suspeitas para prender dois garotos, supostamente black-blocs. Naquele momento, um advogado muito suspeito, que anteriormente defendeu milicianos acusados pela CPI das Milícias no Rio( organizada pelo PSOL e que resultou na prisão de muitos policiais e parlamentares milicianos), apareceu para defender os garotos, e aí começou através dele uma serie de denuncias que supostamente "ligavam" parlamentares do PSOL como Marcelo Freixo e Renato Cinco, além de sindicatos progressistas como SEPE e SINDISPETRO-RJ e movimentos sociais como FIST, supostamente como financiadores dos "atos de vandalismo e violencia blackblock" pela cidade do Rio. Essa foi a primeira tentativa armada do Governo Cabral/Pezão de perseguição de partidos de esquerda, sindicatos e movimentos sociais. Então, após uma ampla campanha cor-

porativa de toda a mídia burguesa contra as manifestações, criando uma comoção pública pelo cinegrafista morto na Central do Brasil com o objetivo de desgastar o apoio do povo do Rio às manifestações, veio a público pela Rede Globo, com direito a matéria especial no Fantástico e no JN, a "investigação" da DRCI da Policia Civil do Rio, comandada pelo Delegado reacionário Alessandro Thiers, que revelou todo um inquérito contra professores grevistas e manifestante de Junho de 2013 à Fevereiro de 2014. Nesta "peça de investigação", na verdade uma grande armação do Governo, eles coletaram gravação de telefone, fotos de encontros, mensagens de e-mail, Facebook e Whatsapp, pelos quais estudavam os movimentos e partidos de esquerda integrantes do Fórum de Lutas do Rio de Janeiro e posteriormente a Frente Independente Popular (FIP- racha do Fórum de Lutas organizado pelo MEPR com os grupos anarquistas) . Essa peça de inquérito do DRCI ( instituição da polícia civil agora conhecida no meio da esquerda do Rio como novo DOPS!) foi a base para uma serie de prisões em massa ocorridas na final da Copa do Mundo em junho de 2014, com mandados de busca e apreensão e acusação de vários militantes por "formação de quadrilha ou bando armado". Mais de 26 pessoas tiveram prisão decretada. Até mesmo a Sininho, que foi capa da Veja e que já estava há muitos meses afastada dos movimentos sociais do Rio devido à exposição midiática, foi presa em Porto Alegre pela Policia Civil e trazida para Bangu no Rio, tudo com uma cobertura sensacionalista da Rede Globo. Muitos militantes conseguiram escapar da escalada repressora, mas os que foram presos foram libertadas um mês depois apenas por habeas corpus concedido pelo juiz progressista Siro Darlan. Porém mesmo

Máfia do PMDB que governa o Estado e o Município do Rio de Janeiro

libertados, 23 militantes ainda responderiam ao processo baseado no inquérito da DRCI. Ficaram presos somente Fabio Raposo e Caio Silva. O Juiz progressista Siro Darlan foi uma pedra no sapato do Governo reacionário do PMDB, mas facilmente substituído pelo reacionário Flávio Itabaiana. Com este novo desembargador, fechado com os organismos de repressão do governo, a DRCI mais uma vez atacou. Usando um artigo do habeas corpus de Ciro Darlan que sujeitava a liberdade dos presos ao passo de não promoverem mais manifestações de rua, os delegados da DRCI expediram ordem de prisão para 3 militantes, Igor Mendes do MEPR, a Sininho e a Karlayne da FIP, que estiveram presentes num encontro dos movimentos sociais na Praça da Cinelândia em defesa da libertação de Caio Silva e Fabio Raposo. Desde de dezembro de 2014, mais de 23 pessoas estão sendo perseguidas baseadas no inquérito da DRCI, sendo que Igor Mendes do MEPR se encontra preso junto com Caio Silva e Fabio Raposo, e Sininho e Karlayne são tratadas como foragidas pela nova polícia política do governo do PMDB.

Lições da repressão no Rio de Janeiro Marcos Silva Coletivo Lenin

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De 2013 para 2015, o governo PMDB do Rio tem se tornado mais violento contra os movimentos sociais organizados e movimentos grevistas em geral. Também cresceu assustadoramente o militarismo e a violência da PM das UPPs nas favelas, inclusive com cerceamento da liberdade de expressão e cultural dos moradores, além de ter até PM controlando a presença de estudantes nas escolas públicas. Mas o mais revoltante foram os casos de sumiços e assassinatos de moradores, geralmente negros e pobres, como os casos Amarildo, Cláudia, o dançarino DG e este ano o menino Jesus que foi morto no feriado de páscoa. Está em curso um verdadeiro genocídio negro nas favelas, ao mesmo tempo que acorre o crescimento da criminalização e repressão aos movimentos sociais organizados. Com o apoio do TRE, TRJ, do MP, além do trabalho de repressão física da PM em conjunto com a nova DRCI da Polícia Civil para enquadrar como "bando" ou "quadrilha" os movimentos sociais organizados, será necessário à esquerda no Rio dar um novo salto de qualidade e recriar uma Frente Única para tocar as lutas em conjunto, como foi o Fórum de Lutas em 2013, mas ainda mais organizado. É ainda mais necessário estar atento à política de monitoramento dos serviços de inteligência da PM e da Polícia Civil que constantemente estão utilizando gravações de telefone, mensagens de Facebook e Whatsapp para supostamente formar "provas" para in-

quéritos policiais visando a criminalização de militantes de esquerda organizados em grupos, movimentos, partidos e sindicatos de esquerda. Para além disso, nós do Coletivo Lenin, integrante da Frente Comunista dos Trabalhadores, acreditamos que é necessário a criação e uma Frente antifascista e antigolpista no Brasil, para barrar as novas investidas golpistas do Imperialismo no Brasil e na América Latina, cujas novas tropas e agentes para a desestabilização dos governos alinhados com o bloco Russo-Chinês são grupos neofascistas, supostamente liberais-economicos

mas

de natureza política reacionária antioperária e anticomunista, caracterizados como movimentos “apartidários” no mesmo estilo das “revoluções laranjas” ocorridas em diversos países do Leste Europeu, Oriente Médio, África e Ásia. Devemos estudar os movimentos dos serviços de repressão, e comparar seus movimentos com os que ocorreram antes e depois dos golpes no Egito, Ucrânia ou mesmo o Paraguai, apara estarmos um passo a frente da burguesia e seus instrumentos de repressão.


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RIO DE JANEIRO

FdT 23 - maio / 2015

Greves dos professores, greve dos garís e greve dos operários terceirizados da Petrobras no COMPERJ: um histórico de repressão e de luta Marcos Silva Coletivo Lenin

A

lém da perseguição aos movimentos e protagonistas das manifestações contra o aumento das passagens no Rio, entre junho de 2013 até dezembro de 2014 (ultima prisão política do Igor Mendes do MEPR), a PM, o DRCI e o TRT também trabalharam juntos na tentativa de destruir as greves organizadas pela base de varias categorias desde 2013. Após junho 2013, no embalo das manifestações, estourou a greve dos professores do Estado e do Município do Rio de Janeiro. Desde o inicio, foi uma greve com muita adesão de uma base de professores extremamente revoltados com as péssimas condições de trabalho nas duas redes de ensino. Dessa forma, essa veio a ser no rio a primeira categoria cuja base atropelou a direção do sindicato(SEPE), então formados pelo PSOL e PSTU e alguns militantes do PT. A greve dos professores mobilizou milhares de profissionais, que desde o inicio fizeram grandes manifestações na Presidente Vargas e na Rio Branco, e também desde o inicio reprimidos pela PM de forma violenta. Essa repressão teve no fim o mesmo efeito das manifestações em junho de 2013, apenas aumentou ainda mais adesão e o apoio do povo à greve, e levando também os servidores da saúde a entrarem em greve junto com os professores, culminando com uma grande manifestação com pelo menos 60 mil pessoas em setembro de 2013, cujo fim foi uma

violenta repressão da PM, manifestação essa também infestada de P2 do serviço secreto da Secretaria de Segurança Pública. Como o governo não recuou depois de mais de 3 meses de greve, deu força para a direção do SEPE, composta pelo PSOL e PSTU, manobrar uma assembleia e assim desmontar a greve no auge da luta. No entanto, durante esta greve, os investigadores da DRCI, liderado pelo Delegado Thiers, estavam muito atentos aos professores e estudantes anarquistas e maoistas que se organizavam também na FIP, apenas capturando imagens e grampeando dados das redes sociais. A primeira greve vitoriosa veio de onde menos se esperava. Em pleno carnaval do Rio, em Fevereiro de 2014, estourou a mais bela, combativa e heroica greve do Rio dos últimos 15 anos: a greve dos garis. Depois de mais de 5 anos de perdas de direitos, benefícios e salários defasados e mais de 30 anos sem greve, os garis atropelaram o sindicato pelego da UGT, com a direção formada por políticos da PTB e que compõe a base aliada do governo municipal e estadual do PMDB. Também desde o início a greve foi considerada ilegal pelo TRT do Rio, em conluio com a prefeitura. Mas em uma semana de muita luta e resistência, os garis aprenderam a fazer uma comissão de greve organizadora e independente do sindicato pelego, sindicato este que tentou manobrar e impedir a greve, fizeram piquetes organizados em três turnos sempre seguidos de manifestações diárias desde a sexta feira de carnaval até o sábado

Assembleia dos professores grevistas filiados ao SEPE - Setembro de 2013

depois da quarta-feira de cinzas na maioria das gerências da Comlurb do Rio, enfrentaram a tropa de Choque, o serviço secreto da P2 da PM infiltrado na greve, a PM que os forçava a trabalhar na marra como no tempos dos escravos, a perseguição de supervisores e gerentes, mensagens por SMS ameaçando demissões, a difamação da Globo, do sindicato, da Comlurb e da Prefeitura, todos que afirmavam que eram apenas 300 "rebelados ligados a interesses político-partidários". Mas a repressão e as negativas de negociações da prefeitura apenas fez aumentar o número de garis que aderiram à greve. No fim, após um carnaval sem sistema de recolhimento de lixo, com uma cidade com montanhas e mais montanhas de lixo e a possibilidade de chuva iminente, a prefeitura cedeu e concedeu os 37% de aumento de salário que corrigia a defasagem de 5 anos, além de aumento nos vales de alimentação e o retorno do anuênio. Mas logo após o fim da greve vitoriosa dos garis, muitas

Presos políticos no tribunal do Juiz do PMDB Flavio Itabaiana

lideranças de base que compuseram a comissão organizadora da greve passaram a ser perseguidos pela Comlurb com transferências para gerencias distantes dos locais de moradias além de outras perseguição política com assédio moral dentro da empresa. Nessas condições, partidos como PSTU e PSOL que nunca estiveram na greve durante o carnaval, conseguiram cooptar alguns membros da comissão de greve e representantes da base da categoria, que viram nesses partidos uma espécie de apoio. Essa greve serviu de exemplo para os trabalhadores do Rio e do Brasil, e abriu uma série de greves de diferentes categorias que se rebelaram contra o sindicato e que tocaram greves por reajustes acima da inflação durante todo o ano de 2014. Em março 2015 mais uma vez os garis entram em greve para reivindicar um reajuste de 7,7% correspondente a inflação, contra os 3% defendido pela prefeitura. Mais uma vez ocorre uma semana de greve, sem apoio dos sindicatos, sem recolhimento de lixo, desde o inicio considerada ilegal pelos juízes da panelinha do PMDB no TRT, e com muita perseguição dentro e fora da empresa com um aparato policial da PM ainda mais organizado para impedir os piquetes nas gerencias da Comlurb. Mas ainda sim, mais uma vez a greve saiu vitoriosa com a afirmação do reajuste acima da inflação. No entanto a perseguição após a greve foi ainda mais intensa. O Delegado Alessandro Thiers, a frente da DRCI, assim como fez com os mi-

litantes dos movimentos de junho de 2013 a junho de 2014, expediu intimações para todas as lideranças da greve, com a acusação de "Formação de Quadrilha e Bando", e infelizmente esses trabalhadores vão passar a responder processo criminal. Por fim, estourou a greve dos trabalhadores terceirizados do Comperj, complexo petroquímico em construção para a Petrobras, em Fevereiro de 2015. Com a intensa campanha da burguesia pró-imperialista contra a Petrobras, através das investigações de agentes da PF do Paraná e do MP com apoio do Juiz estrelinha da Globo Sérgio Mouro e a ampla campanha de desestabilização promovida pela Globo e pela Veja, a Petrobras simplesmente paralisou muitos contratos de serviços com empresas terceirizadas, sendo uma delas a empresa responsável pela construção do Comperj. Assim a empresa terceiriza passou para as costas dos trabalhadores a crise gerada pela burguesia para paralisar a Petrobras, e fez os operários passarem 3 meses sem receber salário e sem receber o 13º de 2014, além já ter demitido milhares de trabalhadores sem dar baixa na carteira e sem rescisão, e que agora se somam aos 15 mil desempregados do polo industrial petroleiro da Rio de Janeiro. Os 3 mil trabalhadores restante, junto com alguns dos demitidos, então começaram o movimento de greve, e atropelaram o sindicato pelego da Força Sindical que supostamente os representava enquanto terceirizados, reivindi-

cando 10% de reajuste e a baixa na carteira e o pagamento da rescisão dos demitidos. Muitos grevistas passaram a se organizar com o apoio do Sindspetro-RJ que é dirigido por uma fração de esquerda do PT, pelo PSTU e correntes do PSOL. Nesta greve eles enfrentaram as milícias paramilitares da região do Comperj que atuaram em conjunto com o PMDB contra a greve, inclusive chegou a ter trabalhador grevista assassinado por essa tropa de mercenários. Mais uma vez o TRT prontamente apoiou o governo contra a greve, julgando-a como ilegal e "abusiva", assim como os garis. No entanto desta vez, os operários tomaram a medida mais radical contra essa arbitrariedade dos juízes do TRT: Fizeram uma marcha que saiu do meio da Ponte Rio-Niterói até a sede do TRT no centro do Rio, e lá ficaram ocupando até que suas reivindicações fossem atendidas, enfrentando inclusive Tropa de Choque do governo, tropa já amplamente conhecida como os "Robocops do Pezão". No fim, a greve saiu parcialmente vitoriosa, pois conseguiu um reajuste de 7,13% para os 3 mil trabalhadores ainda em operação, mas não conseguiu reverter as demissões e conseguindo no máximo o pagamento das rescisões de contrato e dos FGTS após a liberação das carteiras de trabalho presas pela empresa terceirizada.


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PROFESSORES - MINAS GERAIS

FRENTE INTERNACIONALISTA DOS SEM TETO - FIST

Fernando Pimentel, não foi para isso que derrotamos o PSDB em Minas

Viva as lutas dos trabalhadores! Fora a terceirização e a exploração!

Gílber Martins e Lídice Pimenta Coletivo Socialistas Livres Infelizmente, o governo Fernando Pimentel, eleito com grandes expectativas de mudança por parte dos trabalhadores em educação, está seguindo itens da cartilha do governo anterior em relação à educação, causando imensa frustração no interior das escolas: continua enrolando quando o tema é pagar o Piso dos Trabalhadores em Educação; está querendo mudar o Plano de Carreira do Estado para pior (retirando o Mestrado e o Doutorado da Carreira, um ataque grave à política de Formação Continuada que deveria existir no estado e que não existe); o Plano de Saúde, o IPSEMG, não está repassando verbas

para o interior, deixando os servidores públicos sem atendimento médico-hospitalar; os aposentados, que tiveram promessas de serem valorizados, sequer vão ser incluídos nas parcelas anuais de abono, na média anual de R$150,00, propostas pelo governo até 2018. É preciso lutar para mudar essa política do governo mineiro atual. É preciso superar as ilusões nas políticas anti-trabalhador do PT, e construir uma organização dos trabalhadores, independente da burguesia, superior ao PT, para verdadeiramente se governar em favor da classe trabalhadora.

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Frente

Internacionalista dos Sem Teto O primeiro de maio não é um feriado qualquer. É o dia que lembra todos os sacrifícios que nós trabalhadores fizemos para conquistar os direitos que temos hoje em dia. A data de primeiro de maio foi escolhida para lembrar os trabalhadores que morreram lutando pela jornada de oito horas de trabalho. Na época, as pessoas trabalhavam de 10 a 12 horas por dia. Foi com greves, passeatas e ocupações que conseguimos. Um exemplo foram os garis, que só passaram a ter um pouco do respeito que merecem por causa das greves fortes e com participação de toda a categoria. Infelizmente, hoje, no Brasil, com o governo do PT, que diz que é a favor do povo, estamos correndo o risco de perder o que já temos. Está em discussão no Senado o Projeto de Lei (PL) 4330 que, se for aprovado, vai liberar a terceirização em todas as áreas. Quem é terceirizado sabe, terceirização é ter o salário menor

do que os trabalhadores da empresa principal, é levar calote e ser demitido por nada. E as mulheres e negros, que são os mais pobres entre os pobres, é que são a maioria dos trabalhadores terceirizados. Nos serviços públicos, o Supremo Tribunal Federal julgou mês passado a ADIN 1923 (Ação Direta de Inconstitucionalidade), sobre as Organizações Sociais (O.S.). Essa ação libera a terceirização na saúde, educação e outros serviços. Em vez de o atendimento e gestão serem feitos pelo Estado, ele é

feito por ONGs e empresas que, muitas vezes, só servem pra lavar dinheiro. A verdade é que o governo prometeu melhorar as condições de vida dos trabalhadores, mas não o fez. Pra fazer, teria que mexer com as grandes empresas, que realmente dominam o país. E a oposição faz atos contra o governo, mas o que ela quer mesmo é voltar à época em que eles eram governo, quando Fernando Henrique era presidente. Foi o período em que venderam as empresas estatais a preço de banana e o desemprego era ain-

da maior que hoje.

ganhar as eleições de 2018. Notem a indicação de Obama para que Lula seja o novo presidente da ONU. A jogada é tirar Lula do páreo em 2018 e pavimentar a derrota eleitoral do PT. O PT é deposto aqui mas leva a ONU como prêmio de consolação por seus bons serviços prestados ao imperialismo. A esquerda precisa endurecer contra as forças da reação, precisa abandonar os lapsos governistas, precisa romper com as ilusões reformistas. Não podemos nos acomodar pensando que não temos alternativas reais de poder. O poder dos trabalhadores tem de ser construído nas lutas, em comitês de fábrica, em comitês populares nos bairros

operários. A tarefa agora é construir a unidade da esquerda e barrar o avanço da direita. Como os camaradas da FCT tem dito, é preciso criar uma frente antifascista e antigolpista, inclusive com os partidos governistas, pra evitar o mal pior do golpismo e suas possíveis implicações contra a classe trabalhadora, mas sem nutrir nenhuma expectativa no PT, pontuando bem as diferenças programáticas, sem se confundir com a defesa ao governo criminoso de Dilma. Ter clareza disso é essencial pra nos afastar tanto do sectarismo, do diletantismo ultra-esquerdista, como do governismo capitulador.

A solução não está com eles, e sim na luta dos

trabalhadores!

Nesse Dia do Trabalhador, nós da Frente Internacionalista dos Sem-Teto (FIST) convidamos você a se unir aos movimentos sindicais e populares, que

estão

lutando

contra a terceirização, as O.S.e todas as leis que prejudicam o povo. Só através da luta, poderemos criar outro tipo de poder, o Poder Popular e o socialismo, e continuar a conquistar vitórias.

NAS RUAS, ESQUERDA COLOCA DIREITA NO CHINELO

Poder ao povo trabalhador! Mário Medina O 12 de Abril tucano-direitista foi um fiasco. A direita não sabe mesmo fazer manifestação. O 15 de Março impressionou a muitos, com mais gente na rua que no Fora Collor, mas não teve a continuidade necessária pra barganhar com o parlamento o impeachment de Dilma. Tive a impressão de que os manifestantes e 12 de Abril conformavam um grupo de direitistas mais empedernidos. Basta ver que Bolsonaro foi ovacionado no ato da Avenida Paulista, mesmo lugar onde a truculenta tropa de choque da PM posava para selfies com manifestantes. Se no ato de Março ainda havia alguns

eleitores de Dilma indignados com as políticas de austeridade pós vitória eleitoral, no ato de Abril só sobraram os que flertam mais de perto com a agenda tucano-direitista, uma turma que não está em disputa por assim dizer. Não foi à toa que o Planalto comemorou o fiasco, e os ministros mais próximos de Dilma julgam que o momento mais crítico passou. A direita colocou multidões na rua a troco de meses de articulação e organização políticas. Isso não bastou pra derrubar o governo eleito. E, na tentativa de ao menos manter as multidões em ordem de batalha para continuar com as esperanças golpistas, mostrou sua debilidade.

Com muito menos esforço a esquerda tem posto multidões na rua e coloca a direita no chinelo. Mas isso também não nos basta, porque colocar a esquerda na rua vez ou outra não nos impede de ver o governo petista cassar nossos direitos de classe conquistados a duras penas por gerações e gerações de lutadores sociais. Não nos basta desmoralizar a direita nas ruas. É necessário avançar na organização política da esquerda e da classe trabalhadora pra desmoralizar a direita por completo. Esse governo Dilma é o retrato da direita mais funcional no momento. Existem setores da direita que desejam ardorosamente o impea-

chment da gestão que aí está, mas existe toda uma gama de rentistas e patrões que estão muito satisfeitos com os serviços prestados por Dilma. Alias, os golpistas nem precisam mais derrubar Dilma formalmente. O golpe já esta sendo dado. É só notar que Dilma perdeu o congresso para o PMDB, perdeu o senado para o PMDB, entregou a articulação política ao vice-presidente Michel Temer, também do PMDB, lançou mão de uma política de ajustes fiscais que faz inveja aos ideais tucanos, etc. Derrubar Dilma agora seria mera formalidade. Agora o PT vai sair desgastado, de modo que ate Lula teria grandes dificuldades pra


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TEORIA

Exemplos de como a burguesia quer mexer nos seus direitos

A luta no campo jurídico: não vamos permitir que metam a mão em nossos direitos! Magno Souza Blog Espaço Marxista

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direito, para o marxismo, faz parte da "superestrutura" da sociedade (assim como a filosofia, a religião, a cultura), ou seja, é influenciado pela "base" material e econômica de tal sociedade. Um sistema feudal, por exemplo, terá um discurso jurídico e político que corresponda às suas bases feudais. Essa relação, contudo, não é sempre automática ou "mecânica", pois a superestrutura também influencia a base, em uma espécie de equilíbrio dialético. Como a superestrutura também influencia a base, ela pode ser utilizada para trazer melhorias para a classe trabalhadora, mesmo que o sistema dominante seja o capitalismo. No caso da ordem jurídica, isso quer dizer que direitos e garantias podem ser buscados, através das instituições (Legislativo, Judiciário etc.), para melhorar a vida dos trabalhadores. É claro que isso é um trabalho difícil, pois os grupos dominantes sempre tentarão impor sua vontade, e farão

o possível para evitar que sejam aprovadas leis que tragam melhorias. É por isso que o trabalho nos sindicatos, nas associações de moradores, grêmios estudantis etc. é importante, porque são armas que a população possui para combater os grupos dominantes. Às vezes, sem perceber estamos fazendo o jogo dos exploradores, porque, como disse Marx, "as ideais dominantes são as ideias da classe dominante". Isso é mais um motivo para que fiquemos alertas, não admitindo que esses exploradores possam prejudicar os nossos direitos. Assim, os direitos trabalhistas que possuímos -carteira assinada, décimo terceiro, férias etc.- não "caíram do céu", e sim foram conseguidos através de muitas lutas e reivindicações. Muitos lutadores passaram sofrimento, tortura e morte para que, hoje, a classe trabalhadora possa usufruir tais direitos. A legislação trabalhista atual não é perfeita, mas é uma conquista histórica e deve ser protegida. Contudo, assim como o direito consolida melhorias para os trabalha-

Magno Souza Blog Espaço Marxista

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dores (mas sempre através de luta, lembre!), ele também é utilizado para prejudicar a população e reforçar a hegemonia dos grupos no poder. Constantemente o Congresso Nacional (que é composto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal) tenta lançar alguma medida legislativa que traga danos e prejuízos para a classe trabalha-

dora. Isso ocorre porque o Congresso é dominado por interesses econômicos e políticos contrários ao povo, e, portanto, faz tudo na defesa de tais interesses, mesmo que para isso violentem a própria Constituição. Portanto, o direito é uma arena de luta importante. Pode trazer benefícios ou prejuízos para o trabalhador. Por

causa disso, é importante participar também dessa arena, mas sempre sem esquecer que, como falamos no início deste texto, o direito reflete a base material da sociedade, portanto apenas só derrubando o capitalismo teremos um direito verdadeiramente a serviço do povo.

CIÊNCIA EVOLUTIVA E LUTA DE CLASSES

Do domínio do homem sobre a natureza a luta pelo socialismo Leon Carlos Humberto Rodrigues

S

egundo dizia Abrahm Leon, toda a história humana pode ser sintetizada assim: a luta pelo maior domínio por parte do homem sobre a natureza. Mas nossa espécie, o homo sapiens, se caracteriza por um desenvolvimento dinâmico de sus instrumentos de produção. Esta situação foi algo inédito na história natural do planeta. Não por acaso o Departamento I [ 1 ] é onde se concentra hoje em dia – o núcleo sino-russo – as tendências mais dinâmicas do capital. O Departamento I é o produtor os bens de produção. Antes de tudo, o homem deve fazer suas necessidades biológicas e para isso deve construir instrumentos de produção (ferramentas, em sua fase mais avançada máquinas, etc.), com os quais extrai os recursos da natureza e os transforma em riqueza. A acumulação do

Departamento I no núcleo Eurásico é uma herança dos mega-Estados Operários que precisa ser compreendida em função da evolução histórica da espécie e que aponta o limite do capitalismo, já que o próprio capitalismo não o pode desenvolver plenamente, pela queda da taxa de lucros a partir do crescimento do Departamento I. Todavia, a decadência capitalista que originou o imperialismo, impôs um cerco econômico desastroso sobre os Estados operários, hipertrofiando neles o Departamento III, dos gastos estatais e das forças destrutivas. Sendo assim, os Estados Operários, e as novas potências capitalistas herdeiras de sua estrutura, desenvolveram mais o D1 e o D3. Assim que hoje de forma dialética as tendências evolutivas e as forças destrutivas se combinam para fazer o dinamismo econômico do núcleo Eurásico. O crescimento do D1 no núcleo Eurásico é uma reminiscência

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progressiva da herança de um período em que esta parte do planeta estava em transição para um modo de produção superior [ 2 ] que só podem desenvolver-se sob uma base universal. Isto também explica que os custos enormes da política nacionalista da burocracia de “socialismo em um só país”, em última instância resultantes da pressão e do cerco imperialista sobre os Estados Operários, obrigaram a tais estados a desviarem uma enorme massa de recursos para reagir a este cerco, investindo no D3. Apesar de defendermos o pleno direito dos Estados operários e oprimidos a desenvolverem todos os recursos bélicos contra o imperialismo, registramos que a oposição burocrática a política revolucionária do internacionalismo proletário hipertrofiou de tal maneira o D3 que a drenagem de recursos para sustentar a burocracia e a indústria armamentista exauriu a economia dos Estados

Operários, em especial a URSS. Essa debilidade foi explorada pelos EUA quando obrigou a URSS a defender-se com a longa ocupação militar do Afeganistão na década de 1980. A transição em direção ao socialismo foi bloqueada primeiramente para em seguida regredir graças as deformações burocráticas nos Estados Operários. Todavia, esta derrota histórica, demonstra também que apenas o socialismo pode liberar toda a potencialidade criativa da humanidade e construir uma forma superior de sociedade, sobre a base de um maior domínio do homem sobre a natureza, não sem respeitar as leis da mesma, mas justamente se apoiando nestas leis para criar o futuro e defender a natureza a qual a humanidade integra e dialeticamente se desenvolve sobre a mesma. Tudo isto se dá em um momento presente onde a luta pelo socialismo se insere como

objetivo estratégico da própria luta contra as oligarquias burguesas russa e china, escravizadora dos poderosos proletariados russos e chinês. Notas 1. O conceito ‘Departamento econômico’ é primeiramente formulado por Marx (1973, vol. II, 3 seção). Para compreender a reprodução ampliada do capital em escala nacional, Marx opera uma separação da economia em Departamento I (D1), produtor de bens de produção (de capital) e Departamento II (D2), produtor de bens de consumo. O departamento III, foi previsto por Marx, mas não tão desenvolvido teoricamente, uma vez que não tinha se desenvolvido também na prática como vem a ocorrer a partir da I Guerra Mundial. O D3 é aquele que vai consumir não as mercadorias, mas as nãomercadorias, assim conceituadas pelo economista e ex-senador Lauro Campos em “A crise da ideologia keynesiana” (1980). 2. Entendemos por modo de produção a articulação entre as forças e as relações de produção.

m exemplo de ataque legislativo contra os trabalhadores está no PL (Projeto de Lei) nº 4330, que quer liberar a "terceirização" no Brasil. Isso é muito ruim, porque reduzirá as contratações de emprego (afinal, por que o empresário vai empregar alguém se pode simplesmente contratar uma empresa terceirizada para realizar a atividade?) e prejudicará os trabalhadores terceirizados (que sempre receberam muito menos e sofrem muito mais acidentes de trabalho do que os empregados realmente contratados). Além disso, caso os trabalhadores terceirizados não recebam seus salários, não poderão cobrar da empresa que contratou os serviços. Primeiro precisarão cobrar da empresa terceirizada, e só ao final, caso a mesma não seja localizada (pois é fácil criar empresas-fantasmas no Brasil, para não pagar direitos trabalhistas), o trabalhador terceirizado poderá cobrar da empresa que contratou os serviços. Isso se chama "responsabilidade subsidiária" (processa uma, caso não pague, aí processa a outra). Ora, até lá o trabalhador e sua família já morreram de fome! Outro exemplo de ataque contra os trabalhadores: o papo sobre redução da maioridade penal. Esse é outro absurdo que os grupos dominantes querem empurrar contra o povo. Se a redução acontecer (de 18 para 16), ficará legalizada na prática a matança contra a juventude negra proletária, que é a maior vítima da violência policial nesse país. Enquanto riquinhos e playboys continuarão aprontando, sem que sejam punidos -possuem bons advogados, papai pode subornar autoridades etc. - os jovens negros proletários serão ainda mais criminalizados e discriminados do que já são. Além de tudo isso, qualquer um pode perceber que trancafiar garotos de 16 anos em penitenciárias com criminosos perigosos não só não vai recuperar o jovem delinquente como vai deixá-lo ainda pior! Mas a burguesia dominante não está nem aí para isso, pois o que eles querem mesmo são motivos para trancafiar para sempre ou eliminar de vez a juventude pobre.


Rápidas Antonio Junior, metalúrgico, vice-presidente da CIPA da CAF. A RODOFORT demitiu no dia 17 de abril aproximadamente 80 operários. Os patrões vem usando as demissões como uma das armas para impor o PL-4330. *** A CAF-BRASIL segue na dinâmica de chamar pra conversar e demitir no meio da conversa. Já é a segunda vez que isso acontece. No dia 17/04, aconteceu de novo. ***

CRISE DA FORÇA SINDICAL (FS). Na questão da terceirização, a FS mais uma vez está ao lado dos patrões e da FIESP contra nós. Porém, é positivo o movimento de vários sindicatos da base da FS que se colocam contra o PL4330. As categorias desses sindicatos, em especial os Sindicatos metalúrgicos de Guarulhos, Santo André e Osasco, devem o mais rápido possível, organizar a ruptura desses sindicatos com a Força Sindical. Uma campanha de debates e um plebiscito devem ser organizados para que esses importantes instrumentos de nossa classe possam sair da camisa de força patronal que é a força sindical.

FdT 23 - maio / 2015

Rápidas

METALÚRGICOS CAMPINAS

A luta precisa continuar, ... em alguns lugares, ela precisa começar Antonio Junior, operário metalúrgico da

CAF-Brasil e viceComissão Interna de Prevenção de Acidentes Liga Comunista

presidente da

H

oje, a principal pauta de qualquer categoria é a luta contra o Projeto de Lei 4330 (PL-4330), o PL das terceirizações. No dia 07 de abril, dirigentes sindicais da CUT, CTB e da Intersindical – Central da Classe Trabalhadora) organizaram a resistência em Brasília, na Câmara dos deputados. Bombas, cassetetes, gás lacrimogêneo e patas de cavalo foram as

formas que esse congresso conservador a serviço dos patrões receberam os sindicalistas. De forma inexplicável, chegando até ser criminosa, a CSP-Conlutas (central sindical dirigida pelo PSTU) e a Intersindical 2 (organização dirigida pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas) não participaram do combate no congresso nacional. Essas organizações simplesmente não foram e nem explicaram para as suas bases o motivo da ausência. No dia 15 de abril, tivemos o segundo round dessa luta, por

várias pressões dos trabalhadores, o setor público – seja de economia mista (Banco do Brasil, por exemplo) ou estatal (Caixa Econômica Federal) foram retiradas do projeto. A manifestação desse dia, iniciada no Largo do Batata, teve contornos de massas. A CSP-Conlutas (PSTU) fez a autocrítica e reviu sua posição, participou do ato. A Intersindical 2 anunciou em seu site que apoiava as atividades do dia 15, mas, na sua principal base social e política (metalúrgicos de Campinas), limitou-se a fazer uma assembleia em duas de suas mon-

tadoras, sem paralisar a produção e circulação de mercadorias (seu principal mote). O espírito da classe trabalhadora é de derrotar o PL-4330. A unidade com todos que queiram lutar contra a precarização e as terceirizações é fundamental. Por esse motivo, nós, que construímos a Frente Comunista dos Trabalhadores, achamos fundamental que essa luta tenha proporções nacionais e um caráter de classe claro. É greve geral contra o PL-4330.

TRABALHADORES SÃO PAULO

Segue a luta dos trabalhadores em São Paulo e no ABC contra as demissões e por salários Erwin Wolf Liga Comunista

N

o Folha do Tr a b a l h a d o r 22, noticiamos a retomada das lutas de maneira intensa por parte dos trabalhadores com a greve de 10 dias da Volkswagen e a luta dos operários da Karmann Ghia, em São Bernardo do Campo, a greve de solidariedade dos operários da Quasar, em Mauá, também no Grande ABC, aos colegas da Metalúrgica de Tubos de Precisão (MTP), em Guarulhos,

na Grande São Paulo, segunda maior cidade do Estado de São Paulo e com os protestos dos trabalhadores da General Motors (GM) de São Caetano do Sul. Como reportamos nesta página, várias outras categorias tem entrado em movimento contra os partrões. Todavia, os trabalhadores, além de enfrentarem a patronal, que se beneficiou da redução do IPI (Impostos sobre Produto Industrializado) durante o Dilma 1, agora no Dilma 2 vem se utili-

zando-se de demissões, do chamado lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho), aproveitando os recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para pagar parte dos salários, ainda os operários têm sido traídos pela burocracia do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, o qual fez um acordo traidor com a FORD, trocando (abrindo mão) aumento salarial por abono (PRL) e promessa de estabilidade até 2017. Em seguida, e em consequência do

acordo traidor, a empresa abriu PDV. Nesta conjuntura, ganham relevo as palavras-de-ordem de redução da jornada de trabalho, sem redução de salário e escala móvel de salários, ou seja, reajuste salarial de acordo com o aumento da inflação. Essas palavras devem ser combinadas com a luta contra o golpismo, pela frente única antifascista e antiimperialista com a CUT, CGB, PT, PCdoB, MST, MTST e demais setores populares.

Greve da Mercedez cancela 500 demissões, mas segue luta pelo emprego e contra a redução salarial Erwin Wolf Liga Comunista

O

s trabalhadores da Mercedes de São Bernardo do Campo, no ABC paulista realizaram uma greve de 100% da fábrica, com acampamento na frente da empresa, entre os dias 22 e 27 contra as 500 demissões dos 715 funcionários em lay-off . O lay off é a suspensão temporária do contrato de trabalho, com os operários fazendo cursos de qualificação - embora os trabalhadores nessa situação tenham sido orientados pelo Sindicato para não irem a esses cursos em razão da greve - e os salários sendo pagos em parte com o dinheiro do Fundo de Amparo do Trabalhador. Os operários da montadora não aderiram ao PDV (programa de demissão voluntária).

Todavia, é preocupante a direção que a burocracia do Sindicato dos Metalúrgicos (CUT) está dando para as negociações pós-greve. Ela está defendendo a redução dos salários, a pretexto da redução da jornada de trabalho. Só que na verdade a Mercedes já está com semana de 4 dias. Na prática é só a redução de salários. "Além da mobilização para que a fabricante reabra negociações e reveja as demissões, o sindicato organiza, para amanhã à tarde, ida a Brasília de, pelo menos, três ônibus. A intenção, segundo o vicecoordenador do CSE (Comitê Sindical de Empresa - nota E.W.) da Mercedes, kleber Nunes, é fazer manifestação, na segunda-feira, em frente ao Ministério da Fazenda, para cobrar o ministro Joaquim Levy a implantação de programa

de proteção ao emprego proposta inspirada em modelo adotado na Alemanha, e que possibilita a redução da jornada e de salários por prazo de até dois anos como resposta a crises, desde que os empregados aprovem a medida em assembleia." (Leone Farias, Diário do Grande ABC, 25/04)." Se isso for pra frente significará um derrota histórica para os trabalhadores, será a redução dos salários (depois da redução da jornada). Isso precisa ser denunciado como uma capitulação ao prosseguimento da ofensiva contra os trabalhadores que se iniciou com a PEC da terceirização. Além dos companheiros em layoff, a Mercedes afirma ter um excedente de 1.400 trabalhadores na fábrica.

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Erwin Wolf Liga Comunista No dia 23 de março, os CONDUTORES DE SÃO PAULO protestaram contra as demissões. 80% dos cobradores das cooperativas, responsáveis pelos micro-ônibus, já foram demitidos na Capital, em razão de lei alterada a pedido do prefeito Haddad do PT. Isso vai acontecer também com os motoristas dos ônibus maiores, porque a Prefeitura subsidia o Setor de Transportes com 1 bilhão de reais ao ano. No ano passado, a quantia subsidiada foi superior a 1,7 bilhão de reais. Agora a Prefeitura paulistana, dirigida pelo PT, pretende cortar o subsídio. Então, provavelmente os cobradores dos ônibus maiores poderão ser demitidos também. Além disso, os motoristas estão sendo obrigados a dirigir e cobrar, porque no final do mês é muito usado o dinheiro, uma vez que o vale-transporte acaba. Isso é muito perigoso para o trabalhador e para os usuários, ocasionando constantes acidentes. *** Os professores estaduais, sindicalizados pela APEOESP fizeram uma greve reivindicando 75% de aumento salarial contra o governo Alckmin, demonstrando muita combatividade, apesar de sua direção burocrática. (PT-PCdoBPSTU-PSOL). Trata-se do maior enfrentamento *** Os GARIS DO ABC, uma das categorias mais exploradas, deflagrou uma greve de 9 dias, conquistando reajuste salarial de 9,5% (reivindicavam 11% e os patrões ofereciam 7%). A paralisação contou com a adesão de praticamente 100% da categoria. A patronal do setor assustada cogita estender o acordo a toda Grande São Paulo de forma preventiva, para evitar a “contaminação” da mobilização dos trabalhadores. *** Os OPERÁRIOS DA PIRELLI, em Santo André, estão em pé de guerra, contra a empresa, que foi vendida para o grupo chinês ChemChina (China National Chemical Corp). A operação envolve a quantia de US$ 7.7 bilhões, cerca de R$ 24,6 bilhões. Anteriormente, havia sido anunciada a venda de apenas 26% da empresa, mas, pelo montante acima, a venda deve ter sido total. Inicialmente, a preocupação dos trabalhadores era com a transferência da tecnologia e da produção para a China. Depois, quando os chineses assumiram a empresa, propuseram a redução da folga, ou seja, os operários trabalhavam 6 dias para folgar 2dias, agora os chineses querem que trabalhem 6 dias, folgando apenas 1 dia, com o objetivo de suprimir um turno, aumentando a intensidade do trabalho, aumentando a exploração e a taxa de lucros.


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RESENHA DE LIVRO

"No dia em que o leão se levantar" Erwin Wolf Liga Comunista

O

livro do escritor André Martinez “NO DIA EM EU O LEÃO SE LEVANTAR”, com o subtítulo “O retrato da hanseníase no Brasil na época dos confinamentos” , de 160 páginas, editado pelo próprio autor é uma bela e humana obra de ficção. Graças a uma das várias atividades de André, a de trabalhador telefônico, ao fazer a manutenção no Hospital “Dr. Arnaldo Pezzuti Cavalcanti”, teve contato com a história da colônia. Em 1924, iniciou uma pandemia da doença no Brasil, sendo que “O governo está criando a polícia da profilaxia da lepra, que será responsável por capturar os doentes. Aqueles que infringirem a lei serão severamente punidos.” Muitas vezes suas casas eram incendiadas. No Brasil, a questão da saúde e a questão social são sempre tratadas como caso de polícia. Na cidade de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, foi construída a colônia, com o nome de Hospital Dr. Arnaldo Pezzuti Cavalcanti” (na obra de André, Hospital Colônia Onofre da Costa, em uma grande e bela área. Foram construídos o casarão de bela arquitetura, “carvilles” (habitação coletiva, tipo americana),

cine teatro, campo de futebol, padaria, galpões que abrigavam pequenas fábricas (a colônia fabricava tudo que podia, para ter o mínimo contato com o exterior), cemitério, e, conforme a ironia de André, “Até mesmo um cassino foi construído para os jogadores, além de uma cadeia para os baderneiros, já que afinal de contas, uma cidade sem cadeia, não é cidade !” A Santa Casa de Misericórdia ficou de fornecer os médicos e as irmãs carmelitas de cuidar dos doentes. Essa colônia, no entanto, foi cercada como se fosse um campo de concentração, com jagunços armados, prontos para atirar, caso algum paciente se aventurasse tentar fugir. Em frente ao casarão, há um leão de concreto, com uma bola de futebol entre as patas dianteiras. Os pacientes capturados, quando chegavam à colônia, costumavam indagar quando sairiam dali. A resposta era sempre a mesma, ou seja, a que dá título ao livro. Os pacientes não tinham nenhuma alternativa, nenhuma saída. Era uma prisão perpétua. As pessoas viviam separadas. Não era permitido o namoro. Apenas no início da década de 60 foi permitido o namoro. “Mas de todas as áreas ruins do hospital colônia, nenhuma delas se aproximava ao manicô-

mio, um local onde as condições eram piores que a de animais antes do abate.” E “Os doentes permaneciam por em um verdadeiro depósito humano, estando muitas vezes nus e sujos com suas próprias fezes. O mau cheiro era insuportável. Naquele local, era muito comum aqueles que estavam um pouco menos afetados psicologicamente falando, cometerem o suicídio.” Os pacientes tinham as correspondências censuradas, não chegavam aos seus destinatários. Muitos pacientes pensavam que tinham sido abandonadas pelos seus entes queridos e se suicidavam. O enclausuramento na colônia terminou em 1967. Os americanos descobriram a sulfa para tratamento do hanseníase e pretendiam exportar para

o mundo inteiro. Como o Estado de São Paulo não queria acabar com o enclausuramento, o que os americanos entendiam como uma propaganda negativa com relação ao remédio que haviam inventado, aí pressionaram o governo brasileiro para acabar com o confinamento. Estavam, ainda, preocupados que a URSS e Cuba inventassem um medicamento ainda melhor. Com o fim do confinamento, não terminaram os sofrimentos dos pacientes, pois a doença deixa marcas, atrofia os membros “mãos de garra”, deforma rosto, a chamada “face leonina”, etc. Muitos pacientes, devido ao preconceito, tinham medo de ser apredrejados, preferiram retornar à colônia, sendo que o governo passou a pagar para eles pensão.

“Hoje em dia, o Hospital “Dr. Arnaldo Pezzuti Cavalcanti” é um dos principais da região nas especialidades de UTI pré-natal e doenças infectocontagiosas.” Assim, a colônia não deixava de ser um campo de concentração. Ela ficou para trás, mas outros campos de concentração existem no Brasil ainda hoje. Não é uma coisa distante que existiu apenas na época do nazismo de Hitler, na Alemanha, na Áustria ou na Polônia. A questão da saúde e social são tratadas como caso de polícia. No Brasil, temos a terceira população carcerária do mundo. O que eram/o que são a Casa de Detenção, no Carandiru, em São Paulo, os Centros de Detenção Provisória, CDPs, os presídios de segurança máxima, as prisões pelo País afora? Masmorras medievais.

Golpismo made in CIA contra o Brasil em 1964 e 2015 O documentário “O dia que durou 21 anos”, escrito pelo jornalista Flávio Tavares, mostra, como nenhum outro até então realizado sobre o Golpe Militar de 1964, como e porque esta tragédia da história brasileira foi produto direto da intervenção dos EUA na política nacional. Fica claro não apenas um “envolvimento” direto do imperialismo mas sobretudo o financiamento, a instrução da oposição interna, a ação de milhares de agentes clandestinos da CIA no controle da escalada golpista e que foi a CIA quem criou as “condições para o golpe”. A partir de uma rica coleção de documentos confidenciais dos EUA, como a troca de correspondência e conversações telefônicas entre o Embaixador dos EUA no Brasil, Lincoln Gordon, e o então presidente dos EUA, John Kennedy, é importante realizar uma comparação entre aquela conjuntura e a atual. Se os EUA orientaram aquele Golpe temendo que o Brasil mudasse de lado naquela guerra fria, não menos preocupados estão os EUA hoje quando claramente o governo petista brasileiro conduziu o país a ser o principal organizador da ampliação da influência do "inimigo número 1 dos EUA" hoje, o bloco Eurásico. O atual adversário da Casa Branca na nova Guerra Fria, atemoriza

não mais por um risco de expropriação de suas multinacionais como fez Cuba e em pequena escala Leonel Brizola no governo do Rio Grande do Sul com a ITT (telecomunicações) e a Amforp (eletricidade), mas em outro nível, em outra época, atemorizando o imperialismo com a desdolarização das relações comerciais. Com isso não queremos dizer que o imperialismo teme mais a um bloco rival de países capitalistas emergentes do que a revolução social e a conversão do Brasil em um Estado operário. Não estamos relativizando o caráter de classe da ameaça temida pelo imperialismo. O que apontamos é que a nossa época possui contradições próprias e limites impostos pelo atual domínio imperialista sobre nações oprimidas como o Brasil muito mais estreitos que no passado, justamente por ser uma época marcada pela derrota histórica para o proletariado mundial na luta anti-imperialista que foi a contrarrevolução na URSS, permitindo a ofensiva neoliberal das décadas de 1980 e 1990 sobre as condições de vida de todos os trabalhadores do planeta, as guerras e ocupações militares contra o Iraque e a destruição da Iugoslávia, a guerra ao terror cuja máxima expressão foram a ocupação militar do Afeganistão e Iraque, etc. Neste contexto de superior parasitismo imperialista e sobreacumulação

CHINA, IMPERIALISMO, PIKETTY E O CLQI

Dados de T. Piketty corroboram elaboração do CLQI

COMENTÁRIOS SOBRE O DOCUMENTÁRIO “O DIA QUE DUROU 21 ANOS”

Humberto Rodrigues Liga Comunista

FdT 23 - maio / 2015

capitalista derivada da ofensiva pós-URSS, o imperialismo não abrem mão de um controle mais amplo de suas colônias para um bloco capitalista rival e por isso querem arrancar do governo o partido que é um dos principais responsáveis por abrir as portas do continente ao bloco encabeçado por China e Rússia. É importante destacar também que a propaganda política made in USA para semear o clima golpista no Brasil é basicamente a mesma. Goulart, com seu tímido nacional desenvolvimentismo das reformas de base, reforma agrária e controle da remessa de lucros, não tinha como interesse transformar o Brasil em uma outra Cuba. Menos ainda Dilma e o PT desejam, com sua política de contra-reformas e neoliberal, transformar o Brasil em outra Cuba ou sequer em uma Venezuela. Mas, na época como hoje, a direita justifica o Golpe de Estado e uma ditadura militar com a mesma estridência acusando a estes governos de quererem implantar uma ditadura comunista no Brasil.... É A ECONOMIA POLÍTICA MUNDIAL E NÃO A "POLÍTICA ECONÔMICA" NACIONAL O QUE DEFINE OS RUMOS DAS NAÇÕES Os elementos que condicionam os grandes acontecimentos da superestrutura política em cada país são hegemonizados pelo desenvol-

vimento da economia política capitalista em sua totalidade mundial (queda tendencial da taxa de lucro, hegemonia chinesa da concentração de massas proletárias produtoras de mais valia, disputa entre os monopólios e trustes pelo controle energético, exportação de commodities e exportação de capitais, etc.) e não a "política econômica" dos governos. É a nova guerra fria e não a “política econômica” do governo Dilma/Levi quem condiciona a sobrevivência política dos governos atualmente. Lugo, no Paraguai, Kadafi, na Líbia, Yanukóvytch, na Ucrânia, foram derrubados por golpes made in CIA, apesar de suas políticas econômicas neoliberais. Como comandante em chefe dos interesses imperialistas, Kennedy orientou a invasão frustrada de Cuba em 1961, derrotada pela população cubana de armas na mão. Depois desta derrota, os EUA ligaram a luz vermelha para intervir de forma direta, preventiva e emergencialmente nos rumos políticos do resto do continente americano. O golpe militar no Brasil foi apenas o primeiro de uma série. Mesmo não tendo os mesmos personagens na Casa Branca ou na Embaixada dos EUA, a orientação golpista do imperialismo foi a mesma também no Chile, Paraguai, Argentina, etc. E mais, o Golpe de Estado dos EUA no Brasil vinha sendo maturado muito antes

de Gordon assumir seu posto no Brasil. Há mais de uma década já contra o nacionalismo de Getúlio Vargas, quando teve de ser abortado após a última manobra política populista deste último que reverteu o cerco golpista contra si em 1954 cometendo suicídio. Deste modo, a tese do "conselheiro perverso" não se sustenta nem na escala do espaço nem do tempo, primeiro porque fica claro que a tática do Golpe uma política de Estado do imperialismo contra o conjunto dos governo nacionalistas latino americanos, principalmente depois da revolução Cubana (1959-61), segundo porque as "condições para o Golpe" no Brasil foram tramadas pelo menos uma década antes. Em 1964, como encerra o documentário Peter Kornbluh, Coordenador do National Security Archives dos EUA, “o Brasil seria o primeiro país significativo para uma mudança de regime (regime change) patrocinada pelos EUA”. Se desta vez os trabalhadores organizados não esmagarem o ovo da serpente fascista, com uma poderosa Frente Única Antifascista e Anti-imperialista, o Brasil pode voltar a ser a maior nação a sofrer novamente um Golpe de Estado armado pelos EUA.

Liga Comunista

D

ados atuais acerca da economia mundial da obra Capital no século XXI de Thomas Piketty corroboram com as elaborações do Comitê de Ligação pela IV Internacional, CLQI, sobre o caráter da economia chinesa em relação ao imperialismo: “É particularmente importante insistir que o medo atual de uma apropriação crescente pela China é pura fantasia. Os países ricos são, na realidade, muito mais ricos do que costumamos imaginar. A totalidade dos patrimônios imobiliários e financeiros, descontadas todas as dívidas, possuída pelas famílias europeias representa no início dos anos 2010 cerca de 70 trilhões de euros. Em comparação, o total de ativos detidos pelos diferentes fundos soberanos chineses e em reservas no Banco da China representa cerca de 3 trilhões de euros, ou seja, mais de vinte vezes menos. Os países ricos não estão nem perto de serem possuídos pelos países pobres: seria necessário, primeiro, que esses países enriquecessem, o que ainda pode levar muitas décadas.” Apesar de discordarmos das conclusões reformistas desta obra, que nada tem de marxista, uma vez que o próprio autor nem formalmente se reivindica marxista, reconhecemos a sua importância como uma fonte atual de dados que servem para subsidiar nossas elaborações.


FdT 23 - maio / 2015

NOVA GUERRA FRIA

Império contra ataca, aproxima-se de Cuba e cria mega Acordo Transpacífico Leon Carlos Tendencia Militante Bolchevique - Argentina Confirmadas nossas teses, publicadas no Folha do Trabalhador 22, de que a “aproximação” dos EUA com Cuba, tem como fim a reconstrução de um pretenso “panamercanismo” por parte do imperialismo, como uma tentativa par isolar o bloco composto por China, Rússia e Irã no continente americano. De acordo com a Forbes, a principal revista de negócios e economia dos EUA: “Obama está usando Cuba para combate a crescente influência da Rússia, Irã, e da China na América Latina” (16/04/2015). Os dois lados da guerra fria confirmaram a caracterização do CLQI. Também o principal órgão difusor das posições do governo russo, o canal RT, ou TV Novosti. A esta “agenda mais ampla e ambiciosa: que reestabeleça a presença dos EUA na América do Sul” o império contra-ataca através do recente Acordo Transpacífico que buscam fazer o mesmo na bacia do pacífico, mantendo o eixo imperialista EUA + Japón: e reunindo também: Canadá, México, Cingapura, Brunei, Malásia, Austrália, Nova Zelândia, Peru e Chile. Vale destacar que também o ex-Estado operário do Vietnã, agora um país capitalistas, encontra-se mais próximo da órbita imperialista que chinesa hoje. Segundo Obama, o Acordo Transpacífico, que reúne 40% do PIB mundial, é o “acordo comercial de mais alto nível de nossa história”. A atual ofensiva do imperialismo na America Latina, tendo como eixo as intentonas golpistas na Venezuela, Argentina e em especial o Brasil, estão ligadas a necessidade do imperialismo de "blindar" até onde seja possível o continente da influência sinorussa. Uma vez que, que como afirmamos antes, não pode haver, mesmo um falso "pan-americanismo” sem o Brasil, todas as apostas dos EUA são para recuperar o controle do Brasil, pela capitulação do PT, uma renúncia, ou por um impeachment. É na luta anti-imperialista e antigolpista que os trabalhadores podem fabricar a verdadeira unidade continental, onde se realizará a luta contra o grande capital de forma consequente e efetiva, pela construção da Federação Socialista das Américas.

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UCRÂNIA

A agressão dos EUA contra a Ucrânia e a Frente Única Antiimperialista Declaração do Correspondente francês

CLQI à Fête, Feira do Trotskismo, organizada pelo LO 23-26 de maio de 2015 ---

do

Por que o imperialismo dos EUA apoia, financiou e armou um golpe de Estado na Ucrânia e colocou no governo a

Poroshenko?

O imperialismo tem como alvo principalmente as nações semi-oprimidas e semi-colonizadas que demonstram uma certa independência. A Rússia e a China são potências capitalistas que possuem alguns traços imperialistas. Os Estados Unidos já não podem tolerar. Especialmente desde que estes países, com os outros também, que tentam ameaçar a supremacia do dólar. A Ucrânia é um passo importante para chegar à Rússia e a Eurásia, e os vastos recursos da região.

Qual era a natureza política e de

Movimento Maidan? classe do

O movimento de Maidan foi diretamente orientado e patrocinado pelos EUA, em sua maioria pequenos burgueses e lumpensproletários. Ele recebeu o apoio aberto dos Estados Unidos para derrubar o governo corrupto de Yanukovych. O resultado foi um governo de coalizão com sede em Kiev entre oligarcas e fascistas ultranacionalistas que buscam acordos económicos mais estreitos com a União Europeia (UE) e o FMI para pavimentar o caminho para a adesão à UE e à OTAN. (Esta parte do plano americano foi sabotado, não sabemos por quanto tempo, pela França do Presidente Hollande durante sua visita surpresa à Rússia e não tem o apoio do Reino Unido por causa de suas rivalidades com emergente imperialismo alemão). O partido Svoboda que tem grande influência no governo ucraniano é um descendente direto da Organização dos Nacionalistas Ucranianos liderada por colaborador nazista Stepan

Bandera.

Por que os trabalhadores do leste ucraniano se rebelaram contra

Estado e do governo fano golpe de

toche emitido por essa intervenção

descarada do bloco imperialista ocidental?

Este golpe de Estado causou uma onda de oposição ao golpe imperialista da classe trabalhadora no leste da Ucrânia. O Oriente é altamente industrializada e muitos dos habitantes falam russo ou uma mistura de russo e ucraniano. Eles entenderam quando o Svoboda declarou que queriam exterminálos fisicamente. Em poucos dias, o governo tentou proibir o uso de línguas minoritárias. A classe trabalhadora do Oriente também entendo que os acordos com o FMI e da UE levaria a privatização, a desindustrialização, e reduzir os serviços sociais já precários depois das "reformas" de outros governos oligarcas. Bastava eles olharem para o exemplo da Grécia para ver os resultados desta política, eles sabiam que não tinham outra escolha a não ser resistir, primeiramente na Crimeia e Odessa, Donetsk e Lugansk.

Qual foi a resposta do "democrático" oligarca Poroshenko? A repressão e a guerra contra os trabalhadores e de habitantes do leste. Os oligarcas de Kiev foram rápidos para estabelecer uma "guarda nacional" baseada no partido fascista para apoiar as operações militares do exército ucraniano. Esses bandos fascistas, principalmente Pravy Sektor (Sector Direita) aterrorizou os trabalhadores que tentaram se organizar, torturando e assassinando os socialistas da organização Borotba e comunistas revolucionários. Eles cometeram o horrível massacre de Odessa na Casa dos Sindicatos, no dia 2 de maio, data também do aniversário da liquidação

dos sindicatos alemães por tropas de assalto de Hitler em 1933. Inicialmente Kiev proibiu o Partido Comunista da Ucrânia, que teve um eleitorado de dois milhões de pessoas e hoje quem usar qualquer "símbolo do comunismo" é processado legalmente como um criminoso. Não pode haver nenhuma indicação mais clara das tendências fascistas que o sistema usa como instrumento do capital financeiro dos EUA.

na atual crise, a Síria e Rússia. Trabalhadores ucranianos que lutam contra o fascismo eo imperialismo têm o mesmo interesse em derrotá-los que a classe dirigente russo e do povo russo tem, são eles que sofrem as conseqüências das sanções econômicas. A classe operária da Rússia e do mundo deve empurrar na mesma direção contra o mesmo inimigo.

Por que os EUA e a União Européia

Isso não significa que nós defendamos a submissão política dos trabalhadores diante dos capitalistas russos, mas que marchamos separadamente e lutamos juntos contra o imperialismo hegemônico no planeta. Na verdade, não podemos confiar em qualquer classe capitalista. Nós já vimos que Putin está tentando se adaptar ao imperialismo norte-americano e alemão, mas ele ainda não é capaz de obter qualquer outro resultado que a demonização constante de si mesmo e da Rússia na mídia ocidental.

impuseram sanções contra a

Rússia?

O ataque misterioso contra o voo 117 MH Malaysia Airlines tem sido usado como uma desculpa pelos Estados Unidos ea União Europeia a impor sanções à Rússia, que começou a criar dificuldades económicas na Europa..

A ameaça de uma Terceira Guerra Mundial e a liderança da classe trabalhadora.

No entanto, neste momento crucial na história, a atual liderança da classe trabalhadora está nos traindo novamente como em 1914. Temos de organizar a nossa classe para chamar os líderes do movimento operário para apoiar a resistência ao fascismo, na Ucrânia, o que significa que a formação de uma frente anti-imperialista com os povos dos países semi oprimidos sob a ameaça do imperialismo, principalmente

Estamos apoiando os capitalistas russos?

Quem é o principal inimigo da humanidade hoje em dia?

Estamos contra os Estados Unidos, que é o principal inimigo da classe trabalhadora mundial, os oligarcas e Putin são inimigos que ocupam um posto secundário. Há muitas pessoas de esquerda e do movimento operário, que vêem os Estados Unidos e a Rússia como inimigos iguais

da classe trabalhadora, mesclando tudo e se recusam a adotar uma política que defende a derrota do imperialismo americano. Elas tornaram-se liberais burgueses e são anticomunistas.

O que é necessário para combater o imperialismo dos

EUA?

A luta contra o imperialismo e a luta pela revolução socialista requer que a classe trabalhadora constitui uma aliança temporária com as forças de oposição ao capital financeiro dos EUA, que domina o planeta. Também temos de reconhecer a necessidade de formar alianças temporárias com as organizações de massas de trabalhadores existentes, apesar de seus líderes pró-capitalistas. Ovelha deve contar com as massas e exortá-los para a frente, quando possível, para atacar a base de capital financeiro que governa sobre eles. Precisamos reforçar a nossa solidariedade moral e material com a classe trabalhadora no leste da Ucrânia que estão lutando contra o fascismo e o imperialismo do FMI. Temos que defendem a independência das Repúblicas do Povo da Donbass como votado pelos seus povos. Em última análise, é preciso denunciar o papel pérfido da atual direção da classe trabalhadora e edificar uma nova direção revolucionária capaz de derrotar o capitalismo estadunidense dominante no mundo, opondo-o a um partido mundial da revolução socialista.


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MUNDO ÁRABE

FdT 23 - maio / 2015

Apoiar a resistência contra os sauditas e seus aliados ianques e sionistas! J. Tejo - Blog Espaço Marxista

C

ontinua a ofensiva da coalização saudita -"Operação Tempestade Decisiva"- no Iêmen, no combate às forças xiitas Houtis, que derrubaram o até então presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi. Com isso, a Arábia Saudita, ao lado de seus aliados ianques e sionistas, deixa claro que não abre mão da hegemonia sobre a Península Arábica e arredores. É um recado claro ao Irã, que supostamente apoiaria os Houtis, pelo laço religioso - o xiismo (no caso dos iemenitas, a variante zaidita) - em comum. O Irã é um velho adversário a ser batido. Dada a sua firme retórica anti-estadunidense e anti-sionista, desde a Revolução de 1979, e sua ascensão como potência regional, tornou-

se inimigo nº1 dos regimes pró-Ocidente da região, que querem de todas as formas minar sua influência no mundo árabe-xiita, do Hezbollah libanês ao governo sírio de Assad. Os chiliques do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, após as negociações entre as potências ocidentais e o Irã, envolvendo o programa nuclear do país - que culminaram por permitir, ainda que de forma controlada e reduzida, que os iranianos tocassem adiante suas atividades - são exemplos da hostilidade da qual a República Islâmica é alvo. No xadrez geopolítico moderno, há claramente um pólo alternativo ao imperialismo ocidental se configurando, englobando parte dos BRIC's (bloco econômico "emergente" que engloba Brasil, Rússia, Índia,

China e África do Sul), os países latino-americanos de inspiração bolivariana etc. Mesmo que alguns desses possam ser, eles próprios, considerados imperialistas ou "semi-imperialistas" (casos da China e Rússia ou, regionalmente, o próprio Brasil), e mesmo que o capitalismo moderno crie vínculos econômicos estreitos inclusive entre países "inimigos", há contradições que os marxistas devem saber aproveitar, em prol da classe trabalhadora mundial e da luta pelo socialismo. Nesse sentido, diante desse tensionamento é preciso apoiar tal pólo "alternativo" sempre que se colocar em conflito com o imperialismo "oficial". O Irã, nessa conjuntura, integra tal bloco de resistência ao imperialismo das potências ocidentais. Deve ser apoiado, portanto, o que não

quer dizer que endossemos o caráter teocrático do país, haja vista que, como marxistas, defendemos o autogoverno dos trabalhadores em moldes laicos. E repudiamos, cabalmente, a ofensiva militar sauditasionista-ianque contra o território soberano do Iêmen, e exigimos o fim imediato da agressão.

No governo Obama, a CIA realiza um golpe de Estado por ano. O Brasil é a bola da vez

GRÉCIA

Syriza, se mantém refém do imperialismo e das conspirações golpistas do mesmo Comitê de Ligação IV Internacional

pela

O

Syriza vem frustrando a expectativa dos trabalhadores em livrar-se das terríveis privações impostas pela troika. Apesar dos poucos meses no governo, o partido do atual o primeiro ministro Alexis Tsipras parece caminhar no sentido oposto a de suas principais promessas de campanha, a saída da União Europeia e a moratória da dívida externa grega. O governo grego vem pagando a dívida imposta ao país pelo imperialismo e como não é possível agradar simultaneamente a população trabalhadora e ao grande capital, esta política vem consumindo o capital político conquistado pelo Syriza. Ao fazer sua opção pelo capital financeiro, o Syriza cava sua própria cova, pois apesar de agradar aos amos da troika, o imperialismo não se contenta em manter o parasitismo sobre a Grécia no ritmo atual. Sendo um partido pequeno burguês de esquerda, o imperialismo ainda suspeita que em algum momento a esquerda do partido pudesse dar um giro “populista” e decretar a moratória unilateralmente ou pior, aliar-se a Rússia. Sendo assim, a cúpula da UE, aproveitandose do parlamentarismo grego, prepara-se para

livrar-se da esquerda do Syriza, obrigando o primeiro ministro a ampliar sua aliança governamental para a direita, talvez com o Pasok e o To Potami, livrando-se da ala esquerda do partido. Algo não muito distinto da ampliação dos poderes do PMDB neste segundo governo Dilma em meio a onda golpista orquestrada pelo imperialismo e a oposição de direita nacional. No Brasil a direita exige um governo sem o PT e seu tímido populismo bonapartista. Pressionada, Dilma capitula em tudo iludindo-se que ao capitular pelo menos mantém-se no cargo. Na cúpula imperialista da UE a exigência é: “Tsipras deve decidir se ele quer ser o primeiro-ministro ou o líder do Syriza ... Muitos funcionários - até e incluindo alguns ministros das Finanças da zona do euro - têm sugerido em âmbito priva-

do que apenas uma decisão de Alexis Tsipras , o primeiro-ministro grego, de se desfazer da extrema esquerda de seu partido governante, o Syriza, pode fazer um acordo de resgate possível." (Financial Time, 05/04/2015). Alguns executivos da UE são mais categóricos em sua estratégia golpista: "Esse governo não pode sobreviver" (idem). NENHUMA CONFIANÇA TSIPRAS, DERROTAR AS PRESSÕES DO IMPERIALISTAS E AVANÇAR PARA UM GOVERNO PRÓPRIO DOS TRABALHADORES A queda do governo do Syriza, ficando ou não Tsipras como cereja do bolo para que o desgaste política da austeridade continue recaindo sobre a esquerda, representa uma vitória do imperia-

lismo e de suas conspirações golpistas e uma derrota para o proletariado mundial. Denunciamos as capitulações sucessivas do governo do Syriza e sua política, mas nos colocamos incondicionalmente contra todo ataque do imperialismo a esse governo. Nós chamamos as massas a organizar uma frente única anti-imperialista para que a partir do aprendizado dos erros e acertos com seus próprios métodos de luta, como foram as greves gerais de 2010-2012, possam se organizar em um nível superior de luta e construam seu próprio partido operário revolucionário para derrotar não apenas o imperialismo, mas, estrategicamente construir um governo próprio operário e dos trabalhadores, através da tomada revolucionária do poder pelas massas.

Humberto Rodrigues

H

o n d u r a s (2009), Equador (2010), Líbia (2011), Paraguai (2012), Egito (2013), Ucrânia (2014)..., Brasil ? No Governo Obama a CIA realizou um golpe por ano. Os Estados Unidos financiam nazistas na Ucrânia. Financiam a Al-Qaeda e o Estado Islâmico na Síria e no Iraque. Financiam a gangue de gusanos que atua em Miami para derrubar o governo de Cuba. Financiam a oposição golpista e assassina da Venezuela. No Brasil, os tentáculos da CIA financiam o Instituto Millenium, Instituto FHC, "Vem Pra Rua" e toda a matilha de ONGs golpistas que vem agitando por todos os meios um terreno para o Golpe de Estado. Também deputados e senadores são financiados por empresas estrangeiras, como José Serra, eleito para entregar a Petrobrás às petrolíferas dos Estados Unidos. "Nacionalismo" imperialismo ver

pro

Não importa que falsamente identifiquem o "petismo" com o "bolivarianismo" (uma versão de esquerda e bem mais nacionalista de bonapartismo latino americano) ou com o comunismo.

A direita golpista, agente da CIA, não está interessada em manter qualquer coerência em seus argumentos. Seu objetivo é o golpe custe o que custar. Os golpistas se passam como nacionalistas e se pintam de verde amarelo, mas seus cartazes e faixas são em inglês para prestar contas ao capital estrangeiro do norte. Fazem campanha contra a corrupção, juntamente com os principais corruptos do país, como o DEM, o PMDB de Eduardo Cunha e Renan Calheiros, e etc. Querem dar uma aparência legal para um golpe policialmilitar (que será necessário para obrigar o povo a se submeter a medidas como a terceirização competa e o arrocho salarial) com a eufemista "intervenção constitucional". Seu anticomunismo raivoso, é a maior prova de seu caráter fascista, porque sabem muito bem que é o comunismo quem dá um sentido estratégico para a luta dos trabalhadores contra o capital, contra seus desejos de nos escravizar cada vez mais, planos que só podem vigorar com o esmagamento de toda resistência popular. Por tudo isso, somos comunistas, por isso, chamamos uma Frente Única Antifascita e Antiimperialista. Eles NÃO PASSARÃO!


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