Turismo Interno - Uma Visão Integrada

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Índice Geral Agradecimentos........................................................................................................... IX Prefácio........................................................................................................................ XI Sobre o Livro............................................................................................................... XIII Lista de Siglas Utilizadas............................................................................................ XIX Parte I – Enquadramento e Conceptualização...................................................... 1 1 – Lazer e Turismo – Da Abrangência Conceptual ao Cluster.............................. 3 1.1 Dinâmica dos Tempos Livres, do Lazer e do Turismo.................................. 4 1.2 Tempo e Atividades Humanas....................................................................... 7 1.3 Tempo Livre e Tempo Desobrigado – Percurso Histórico............................. 8 1.4 Dinâmicas Produtora e Social do Lazer........................................................ 12 1.5 Caracterização dos Lazeres........................................................................... 12 1.6 Tempo Livre, Lazer e Consumo..................................................................... 14 2 – Revisita às Particularidades do Turismo............................................................ 17 2.1 Questões em torno dos Efeitos do Turismo.................................................... 17 2.2 Sistema Turístico e suas Componentes.......................................................... 19 2.3 Conceito de Turismo e suas Definições Técnicas, Económicas e Holísticas.... 21 2.4 Estabilização do Conceito Técnico de Turismo............................................. 25 2.5 Padrões e Conceitos da Procura – Uma Revisão........................................... 28 2.6 Importância do Planeamento Estratégico...................................................... 32

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3 – Delimitação do Âmbito e das Formas de Medição............................................. 37 3.1 “Fronteira” entre Lazer e Turismo Interno.................................................... 37 3.2 Dificuldades da Medição............................................................................... 43 3.3 Orientações e Instrumentos de Medição Harmonizados............................... 45 4 – Novos Desafios para o Lazer e o Turismo........................................................... 49 4.1 Contextualização........................................................................................... 49 4.2 Características Marcantes no Desenvolvimento do Turismo nos Primeiros Anos do Século XXI...................................................................................... 51 4.2.1 Dinamismo do Turismo até ao Final do Século XX........................... 52 4.2.2 Diversificação do Turismo no Mundo................................................. 55 4.3 Mundo Atual, as suas Mutações para o Futuro e o Turismo......................... 56 4.3.1 Mudanças de Valores.......................................................................... 60 V


Turismo Interno

4.3.2 Efeito da Tecnologia Continuará a Dominar a Economia e a Sociedade........................................................................................... 60 4.3.3 Globalização e Desafios para o Setor Privado.................................... 61 4.3.4 Mudança Demográfica Resultante do Aumento da Esperança Média de Vida.................................................................................... 61 4.3.5 Envelhecimento da População Europeia e Sustentabilidade dos Regimes de Pensões na Reforma........................................................ 62 4.3.6 Pluralidade das Estruturas Familiares................................................ 63 4.3.7 Pressão da Gestão do Tempo.............................................................. 64 4.3.8 Consolidação das Estruturas Empresariais do Turismo..................... 65 4.3.9 Consciência da Importância do Respeito pelos Padrões Ambientais.... 66 4.3.10 Parcerias Público-Privadas................................................................. 67 4.3.11 Transformações no Modelo de Negócios............................................ 67 4.3.12 Desafios do Aquecimento Global, do Fundamentalismo e da Segurança........................................................................................... 68 4.3.13 Aumento da Riqueza nos Mercados Existentes e Emergentes........... 69 4.4 Traços Dominantes do Perfil do Consumidor Turístico e Perspetivas para o Turismo Interno.......................................................................................... 69 Parte II – Filosofia e Dinâmicas do Mercado....................................................... 77 5 – Dimensão Mundial do Turismo Interno.............................................................. 79 5.1 Expressão do Turismo Interno no Mundo...................................................... 79 5.1.1 Fluxos nos Meios de Alojamento Turístico Coletivo.......................... 79 5.1.2 Importância Económica..................................................................... 82 5.2 Aprofundamento da Abordagem ao Turismo Interno nos Países da União Europeia......................................................................................................... 83 5.2.1 Amplitude das Viagens Efetuadas e Delimitação dos Fluxos Domésticos......................................................................................... 83 5.2.1.1  Predomínio Global do Turismo Interno e Flutuações por Países................................................................................... 83 5.2.1.2  Propensão para Viajar e o Caso Específico das Deslocações em Férias/Lazer................................................................... 86 5.2.1.3  Turismo Interno e o seu Contributo para o Equilíbrio dos Movimentos na Hotelaria Europeia..................................... 89 5.2.1.4  Posição Portuguesa e Desvios em Relação ao Padrão Médio Europeu.................................................................... 93 5.2.2 Incidência Económica do Turismo Interno nos Países-Membros....... 93 5.2.3 Estratégias e Políticas para o Turismo Interno nos Países-Membros.... 96 VI


Índice Geral

6 – Dimensão e Especificidades da Procura Interna em Portugal.......................... 103 6.1 Perspetiva Global sobre as Linhas de Força Decorrentes da Dinâmica do Mercado......................................................................................................... 103 6.1.1 Viagens de Curta Duração e o Caso dos Fins de Semana Fora da Residência........................................................................................... 115 6.1.2 Viagens de Longa Duração e Comportamento em Férias.................. 124 6.1.3 Ensaio da Aproximação ao Excursionismo........................................ 137 6.1.4 Dinâmica da Procura nos Meios Classificados de Alojamento Turístico.............................................................................................. 140 6.1.4.1  Hotelaria, Aldeamentos e Apartamentos Turísticos............. 141 6.1.4.2  Outros Meios de Alojamento Coletivo................................. 146 6.1.5 Utilização das Segundas Residências................................................. 146 6.1.6 Turismo Social e os seus Casos Específicos....................................... 155 6.2 Caracterização dos Consumidores e Motivações Dominantes...................... 157 6.2.1 Estratificação das Motivações para Viajar......................................... 157 6.2.2 Efeito dos Fatores Racionais e Irracionais.......................................... 162 7 – Outras Particularidades e Diagnóstico Geral em Portugal.............................. 169 7.1 Diversidade e Potencialidades das Ofertas Regionais................................... 171 7.1.1 Diversidade das Ofertas Regionais e a sua Ligação à Procura Interna... 173 7.1.2 Atores Regionais e Perspetiva sobre a Importância do Mercado....... 178 7.1.3 Preferência dos Destinos e Fatores de Seleção e de Fidelidade.......... 179 7.2 Importância Económica................................................................................. 189 7.3 Comercialização e Canais de Distribuição.................................................... 197 7.3.1 Preços Praticados para o Turismo Interno.......................................... 200 7.3.2 Papel das Tecnologias de Informação e de Comunicação.................. 203 7.4 Promoção Institucional.................................................................................. 208 7.5 Efeito da Envolvente...................................................................................... 212 7.5.1 Quadro Político e Institucional........................................................... 213 7.5.2 Constelação de Variáveis Exógenas às Práticas do Turismo Interno.... 216 7.6 Diagnóstico Geral.......................................................................................... 220

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Parte III – Novo Modelo de Valorização do Turismo Interno............................ 227 8 – Modelo Empírico de Desenvolvimento do Turismo Interno.............................. 229 8.1 Estrutura e Dinâmica do Modelo (Primeira Parte)........................................ 235 8.1.1 Componentes do Modelo.................................................................... 238 8.1.2 Relações entre Subsistemas................................................................ 250 8.2 Planeamento Estratégico (Segunda Parte)..................................................... 257 VII


Turismo Interno

8.2.1 Preparação e Organização do Planeamento Estratégico.................... 258 8.2.2 Do Planeamento Nacional e Regional à Gestão Estratégica dos Destinos.............................................................................................. 267 8.2.3 Planeamento das Políticas de Marketing e de Comercialização nos Destinos Turísticos....................................................................... 272 9 – Modelo Alternativo de Abordagem em Portugal ............................................... 277 9.1 Ensaio de Aplicação do Modelo Empírico de Planeamento Estratégico do Turismo Interno à Realidade Portuguesa....................................................... 277 9.2 Desenho do Novo Modelo de Planeamento Estratégico................................ 286 9.3 Domínios Prioritários de Intervenção no Planeamento Estratégico para o Mercado Interno............................................................................................ 291 9.4 Turismo Interno como Fator de Atenuação dos Desequilíbrios do Turismo Recetor........................................................................................................... 299 Considerações Finais.................................................................................................. 303 Anexos ......................................................................................................................... 307 Referências Bibliográficas.......................................................................................... 321 Índice de Figuras ........................................................................................................ 329 Índice de Gráficos....................................................................................................... 330 Índice de Quadros....................................................................................................... 333 Índice de Tabelas ........................................................................................................ 334 Índice Remissivo ......................................................................................................... 337

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Agradecimentos Para a elaboração desta obra, compete-me agradecer todo o apoio institucional conferido pela Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril (ESHTE), nomeadamente através do seu Presidente, Professor Doutor Fernando Moreira. Esta nota de agradecimentos é ­extensiva ao Professor Doutor Carlos Costa, pela forma exemplar como me orientou no decurso da investigação de base, e ao Dr. Vítor Neto, por me ter dado o privilégio de ter assinado o prefácio desta edição, selando uma comunhão de ideias sobre o turismo, a qual foi construí­da através de uma relação profissional plena de cumplicidade e estima. Uma palavra final, mas muito importante, para o apoio que me foi conferido pela minha família e amigos.

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Sancho Silva

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Prefácio Por ser uma atividade complexa no plano económico e social, o turismo não se compadece com abordagens apressadas e simplistas, que, infelizmente, têm vindo a verificar-se nos últimos tempos e que estão na origem de muitos erros das políticas seguidas. O aumento dos fluxos turísticos internos e externos a nível mundial, as alterações estruturais no plano da oferta e da procura e o aumento da concorrência de produtos e destinos impõem uma atitude diferente, sobretudo para um país como o nosso, com território e recursos limitados. O empenho na reflexão, no estudo e na discussão deve ser a atitude permanente de todos os interessados, a começar pelas entidades públicas e os agentes profissionais e empresariais do setor. Mas, na base de tudo isso, é absolutamente imprescindível o estudo e o trabalho científico de investigação. Penso que a obra aqui apresentada, da autoria do Professor Doutor José Sancho Silva – Turismo Interno, Uma Visão Integrada para Portugal – constitui um contributo valioso para consolidar as bases para reflexões sérias sobre estratégias e políticas de turismo em Portugal. O Professor Sancho Silva é um homem do turismo. Estudioso, professor, ocupou cargos importantes na direção de instituições públicas do turismo português. Conheço-o desde novembro de 1997, quando assumi o cargo de Secretário de Estado do Turismo no XIII ­Governo Constitucional. Era, na altura, Subdiretor-Geral do Turismo. Convidei-o, pouco depois, para Diretor-Geral, cargo que desempenhou até setembro de 2002. Devo confessar que sem a colaboração empenhada do Professor Sancho Silva não teria sido possível elaborar a estratégia, desenvolver o plano de trabalho e atingir os resultados de crescimento que definimos. Com ele, não só aprendi muito sobre turismo, nacional e internacional, como, juntos, construímos ideias, planos e propostas que aplicámos no país. Um dos setores em que nos empenhámos foi precisamente a problemática do turismo interno. O turismo interno é frequentemente subestimado no nosso país e alvo de afirmações superficiais e erradas. Para muitos, o turismo interno continua a ser visto apenas como “muleta” do turismo recetor em anos de crise e não como elemento autónomo estruturante, insubstituível e permanente de qualquer política de turismo, que exige, por isso, estratégia própria e planeamento específico. Não é por acaso que as maiores potências turísticas do mundo – EUA, França, Espanha, Itália, Reino Unido, Alemanha, etc. – são, ao mesmo tempo, as que têm os mais importantes mercados internos de turismo. O turismo interno, além de ser expressão de melhoria de condições de vida de um país, é, em si, gerador de riqueza, de emprego e desenvolvimento local e regional e proporciona uma melhor rentabilização da oferta existente de alojamento, restauração, serviços e infraestruturas de lazer. XI


Turismo Interno

A obra que aqui apresentamos é, desde logo, da máxima importância para quem pretenda aprofundar de forma séria e fundamentada a problemática do turismo interno no nosso país, referindo as suas particularidades em Portugal, o seu peso e importância e as suas diferentes especificidades e formas de expressão. Mas não só. Ao mesmo tempo, o Professor Sancho Silva proporciona-nos muita informação relevante, dá-nos uma visão global e uma profunda lição conceptual e de metodologia de abordagem do turismo em geral, das suas alterações permanentes e das suas tendências de evolução, o que ajuda, aliás, a melhor compreender a importância e o papel do próprio turismo interno. Tudo suportado no conhecimento e rigor científico, nos ensinamentos e nas melhores práticas dos mais conceituados estudiosos estrangeiros de turismo e dos mais qualificados estudos nacionais. Estamos todos gratos ao Professor Doutor José Sancho Silva por esta obra séria e empenhada, que constitui um desafio e um estímulo ao estudo e reflexão da problemática do turismo, que, na minha opinião e na dele, disso estou certo, constitui uma fonte de riqueza inesgotável do nosso país. É nesta comunhão de ideias e valores com o meu amigo José Sancho Silva que sugiro a leitura e o estudo desta obra marcante do turismo português. Vítor Neto Antigo Secretário de Estado do Turismo Vice-Presidente da Associação Industrial Portuguesa Empresário

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Sobre o Livro A elaboração desta obra surge como corolário da investigação dedicada ao tema do turismo interno, a qual se consubstanciou com a elaboração da tese de doutoramento desenvolvida1 na Universidade de Aveiro, sob orientação do Professor Doutor Carlos Costa. O interesse pelo tema deriva da carreira do autor na administração central do turismo e no ensino superior ligado a este setor de atividade. Esta experiência profissional proporcionou o acompanhamento do turismo e dos seus atores, em múltiplas circunstâncias, e permitiu, com o contributo do conhecimento vivido, constatar o relativo desprezo a que sempre esteve votado o turismo interno em Portugal, salvo em períodos bem demarcados. Trata-se de uma situação que pode ser explicada, em parte, através do desconhecimento que existe sobre a sua real dimensão; neste plano, o aparecimento da Conta Satélite do ­Turismo (CST) tornou-se um elemento fulcral para demonstrar que a importância económica do turismo interno ultrapassa largamente o que as perspetivas conservadoras lhe atribuíam, ao ponto de o desvalorizarem sistematicamente face ao turismo recetor. Adicionalmente, os efeitos sociais, culturais e ambientais associados ao turismo interno, tal como será evidenciado no decurso deste livro, vêm reforçar o alcance dos seus efeitos positivos, tornando-o uma realidade tão visível que conduzirá obrigatoriamente, no futuro, à sua perceção como alternativa estratégica a não desperdiçar. A motivação prendeu-se igualmente com o desejo de clarificar como o turismo domés­ tico pode funcionar como fator impulsionador do desenvolvimento do setor turístico, merecendo, no mínimo, um equilíbrio na abordagem política face à componente internacional. A difícil contabilização de todos os seus movimentos torna-o mais vulnerável na análise política e no plano mediático, o que gera uma situação de marginalização no seu trata­ mento, a qual deve ser corrigida na defesa dos próprios interesses nacionais. Repare-se que esta asserção não se aplica apenas à realidade portuguesa, sendo muito comum na maioria dos países europeus, tal como se demonstrará. Se o turismo interno, sem usufruir de estratégias direcionadas para o seu desenvolvimento em muitos países, já possui a ascendência que a presente obra se encarregará de evidenciar, pergunta-se até onde poderia chegar, caso fosse alvo de um tratamento assente num planea­ mento adequado às suas características? Certamente que a níveis bem mais elevados, com consequentes ganhos para os países que apostassem na sua potenciação. Não obstante o foco da presente obra incidir sobre o turismo interno, tal não impede a depreensão do papel importante que o turismo internacional também pode desempenhar, sendo reconhecido por vários autores como uma forma de turismo que encerra aspetos favo­ ráveis, constituindo igualmente um elemento de desenvolvimento individual e coletivo. Não se pretende conduzir o debate para a querela das alternativas da maior ou menor importân1

“A visão holística do Turismo Interno e a sua modelação”, com aprovação em novembro de 2009.

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Turismo Interno

O que é

cia das duas formas de turismo. Defende-se, inequivocamente, a sua complementaridade e a sua desejável coexistência nas estratégias do setor, até porque existem sinergias em termos de investimentos e de intervenções. Argumenta-se o caráter insuficiente da perspetiva dominante na atualidade, ao reduzir frequentemente o turismo à sua expressão internacional e ao remeter para um patamar secundário a abordagem ao mercado doméstico. Em conformidade com as evidências empíricas existentes, a referida tendência muito ­generalizada para a concessão de um grau superior de discussão à abordagem do turismo internacional, além de ter conduzido com frequência à secundarização do turismo interno e ao inferior conhecimento e acompanhamento dos seus movimentos, encerra uma contradição evidente. De facto, no plano mundial, apenas um número relativamente diminuto de ­pessoas desfruta da oportunidade de viajar para o estrangeiro. É a própria Organização Mundial do Turismo (OMT) (2001e) que, no seu ensaio sobre as perspetivas do turismo internacional para o horizonte 2020, ao estabelecer um cenário francamente expansionista, refere que as cerca de 1561 milhões de chegadas de turistas internacionais no mundo, previstas para aquele último ano, resultarão de viagens efetuadas por apenas 7% da população mundial, sendo que, no caso europeu, se poderá atingir a taxa de 14%. Turismo internacional Segundo a OMT (1994), o turismo internacional abrange as deslocações das pessoas que viajam para um país que não aquele onde têm a sua residência habitual, por um período inferior a 12 meses e cujo principal motivo da visita é outro que não o exercício de uma atividade remunerada dentro do país visitado; na nova versão das Recomendações Internacionais para as Estatísticas do Turismo (ONU, 2008), substituiu-se “o exercício de uma atividade remunerada dentro do país visitado” por “estar empregado numa entidade residente no país visitado”.

Turismo interno Segundo a OMT (1994), o turismo interno abrange as deslocações das pessoas dentro do país onde residem, para locais diferentes do seu ambiente normal de residência, por um período inferior a 12 meses e cujo principal motivo da visita é outro que não o exercício de uma atividade remunerada dentro do país visitado; na nova versão das Recomendações Internacionais para as Estatísticas do Turismo (ONU, 2008), substituiu-se “o exercício de uma atividade remunerada no local visitado” por “estar empregado numa entidade residente no local visitado”.

A preponderância do turismo interno é reconhecida por algumas instâncias e autores; contudo, existem algumas realidades objetivas que o contrariam, tais como um eventual foco preferencial das políticas e estratégias turísticas nos mercados externos e uma presumível ascendência da informação sobre o turismo internacional. Neste contexto, Todd (2003) ­interroga-se como explicar tais ocorrências, se “(…) a OMT estima que o turismo doméstico em todo o mundo supere o turismo internacional por um fator de cerca de 10:1 (…).”. XIV


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Sobre o Livro

Em reforço desta tese pronuncia-se igualmente Cooper et al. (2001), ao indicar: “(...) como uma referência bastante incerta, estimamos que as despesas mundiais no turismo doméstico possam equivaler em até dez vezes as do turismo internacional (...).”. Por outro lado, Todd (2003) considera que “ (…) é obvio que a magnitude do turismo domés­ tico no mundo industrializado é vasta – notadamente na América do Norte e na Europa. A estatística, frequentemente citada, que indica que menos de 10% dos norte-americanos têm passaportes (apesar de os EUA serem considerados os maiores gastadores mundiais em turismo internacional, excluindo os custos de transporte) dá um sinal da enorme proporção que esse negócio pode assumir. (…).”. Também Cunha (2006) salienta que “(…) é o turismo interno que, na generalidade dos países, origina o maior volume de deslocações e, em muitos casos, os efeitos mais importantes (…).”. Ainda segundo este autor, “(…) as receitas proporcionadas pelo turismo doméstico são sete vezes superiores às do turismo internacional (...).”. Se o tema do turismo interno se revela aliciante, a recente conjuntura ainda veio reforçar mais a oportunidade da sua investigação. De facto, o turismo internacional registou, no quadriénio 2001-2004, um enquadramento pouco favorável, como resultado não só do arrefecimento da economia mundial, como também da sua vulnerabilidade a aspetos decorrentes do aumento da insegurança (terrorismo internacional, guerra do Iraque, vírus da pneumonia atípica). Neste contexto, assistiu-se a uma redistribuição do conjunto da procura, detetando-se uma quebra nas viagens de longo curso e um claro favorecimento do turismo interno e dos mercados de proximidade. Seguiu-se um triénio (2005-2007) onde o turismo internacional e o turismo interno evidenciaram comportamentos similares, ditados por uma tendência expansionista, enquanto a profunda crise económica e financeira, que abalou o mundo no segundo semestre de 2008, veio novamente desencadear uma atenção acrescida nas estratégias dirigidas aos mercados domésticos, como forma de compensação da retração observada nos fluxos emissores de países dotados de economias consideradas fortes, como, por exemplo, os EUA, a Alemanha e o Reino Unido. Como corolário desta situação observou-se o reforço das políticas de valorização do turismo interno desde praticamente o ano de 2002, com apostas ao nível do marketing e da comunicação, sendo estas opções comuns aos governos e às empresas turísticas. Neste sentido, importa cruzar as abordagens concretizadas, sistematizando as experiências em vários países, com particular destaque para os países europeus. No caso português, as estatísticas e os estudos oficiais revelam que o mercado interno ainda possui uma dimensão reduzida, sendo fortemente concentrado em termos sazonais e dominado pela apetência para as férias de sol e praia (CESTUR, 2007). Contudo, a evolução no período 1998-2004 (CESTUR, 2007) evidenciou que se trata de um mercado com potencial de expansão e com capacidade de alargamento da base de motivações da procura. Como tal, procederemos à caracterização detalhada do mercado interno em Portugal, ­assegurando um diagnóstico completo sob os pontos de vista quantitativo e qualitativo, a par com o ensaio de criação de um novo modelo para o seu desenvolvimento futuro. XV


Turismo Interno

O turismo é uma atividade com expressão social, económica, regional e patrimonial, daí que exista a propensão para analisar o fenómeno nas suas múltiplas relações. Por outro lado, e como adiante se comprovará, o turismo interno consubstancia a forma mais expressiva de exercício das práticas turísticas, evidenciando uma forte dependência em relação a aspetos ligados à envol­vente, nomeadamente nos planos político, demográfico, económico, social e tecnológico. Na presente obra assume-se claramente que interessava romper com a ótica fragmentada de análise do turismo interno e optar pela sua análise holística, o que implica o alargamento da observação a fontes institucionais e a criação de mecanismos adequados de recolha de informação através de instrumentos próprios concebidos para o efeito. O apoio facultado à investigação pela OMT, através da disponibilização das bases de dados pertinentes, e pela Comissão Europeia, entidade que apoiou o desenvolvimento de uma ferramenta de observação direta junto dos Estados-Membros, conferiram a possibilidade de proceder a validações do conhecimento acumulado através da análise integrada de dados. Por outro lado, no aprofundamento da temática para Portugal, através do recurso a inquéritos realizados junto de vários atores nacionais, foi possível construir uma base de informação que permitiu gerar novos saberes e penetrar em domínios perfeitamente inovadores, nomeadamente no plano do excursionismo e da utilização de residências secundárias. O contributo setorial da pesquisa não se quedou pelos aspetos inerentes à caracterização desta forma de turismo, tendo igualmente reflexos na apresentação de um modelo empírico inerente à sua estruturação e desenvolvimento, o qual se revela suscetível de utilização no plano de qualquer país, integrando a constelação e o relacionamento das variáveis relevantes, e também o planeamento estratégico respeitante à sua potenciação. Assim, na presente publicação, procede-se nos Capítulos 1 e 2 ao aprofundamento de alguns aspetos teóricos da pesquisa, concretizando-se a revisão bibliográfica adequada, a qual está orientada no sentido de facultar as bases de conhecimento indispensáveis para efetuar o diagnóstico do mercado, bem como a extensão para a planificação das intervenções inerentes à sua potenciação. Deste modo, o relacionamento entre o lazer e o turismo (Capítulo 1) permite assinalar a sua diferenciação conceptual e sublinhar as sinergias possíveis que decorrem da sua consideração conjunta. No âmbito da revisão da literatura específica do turismo (Capítulo 2), percorre-se um caminho que engloba a consideração dos seus efeitos (Secção 2.1), das suas componentes e do sistema relacional que o acomoda (Secção 2.2), além da inevitável clarificação das definições de base (Secções 2.3 e 2.4). Por outro lado, a revisita aos principais conceitos dirigidos à compreensão da procura turística (Secção 2.5) e a recuperação dos principais aspetos respeitantes à evolução do planeamento, desde a sua formulação tradicional até aos pontos de vista modernos sobre o planeamento estratégico (Secção 2.6), assinalam outras etapas marcantes neste processo. XVI


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Sobre o Livro

Constituindo o mercado doméstico o foco da presente obra (Capítulo 3), particulariza-se a delimitação conceptual do seu âmbito (Secção 3.1), as dificuldades que decorrem da sua medição objetiva e regular (Secção 3.2) e os instrumentos de medição harmonizada (Secção 3.3). O Capítulo 4 inclui uma avaliação qualitativa do futuro do turismo e do lazer, suportada na revisão bibliográfica de referência, de forma a assegurar que a potenciação do turismo interno não se produza de uma forma desgarrada, ou contranatura, em relação às tendências de fundo expectáveis. No tocante à Parte II, abordam-se as dinâmicas do mercado interno decorrentes de um processo de observação e de análise de dados que respeita uma orientação no sentido da realidade mais lata (Capítulo 5) para a mais particular, ou seja, focada inicialmente no ­plano mundial (Secção 5.1), com posterior derivação para o âmbito da União Europeia (UE) (Secção 5.2) e, por fim, direcionada para a apreciação em Portugal (Capítulos 6 e 7). Esta abordagem ganha uma expressão mais profunda no caso da análise ao nível da UE e, sobretudo, na caracterização da situação existente em Portugal, atendendo a que se privilegia o estudo destas duas últimas áreas geográficas, por se entender que as particularidades decorrentes destas observações contêm os elementos determinantes para se atingir parte dos objetivos expressos na investigação. Nas secções referentes ao turismo doméstico em Portugal, percorrem-se as variáveis (endó­ genas e exógenas) que permitem construir uma base de conhecimento sobre o mercado suscetível de concretizar o seu diagnóstico estratégico e evidenciar os fatores críticos de sucesso para o desenvolvimento desta forma de turismo. A integração da informação ­recolhida e trabalhada desdobra-se por várias secções, as quais permitem agregar elementos sobre a procura, a oferta, as incidências regionais, a comercialização e a promoção, além da aferição dos impactos económicos e da delimitação das variáveis exógenas com capacidade de influenciarem as práticas do turismo interno. A Parte III deste livro centra-se na construção do já aludido modelo de valorização do turismo interno (Capítulo 8) e na sua aplicação à realidade portuguesa (Capítulo 9). No domínio da construção do modelo empírico, isola-se a sua estrutura e dinâmica (Secção 8.1) em relação à fase de organização e de planeamento estratégico integrado (Secção 8.2). O modelo abstrato está elaborado com base nas orientações resultantes da literatura de referência e das recomendações formuladas por organismos internacionais especializados. Na particularização da realidade portuguesa, procede-se à aplicação do modelo empírico de planeamento estratégico (Secção 9.1) e sistematizam-se as bases para a sua implementação (Secção 9.2). Este último processo incorpora a análise dos gaps existentes, a consideração dos fatores críticos de desenvolvimento do mercado e a proposta de modelo alternativo ao atual. Conclui-se o Capítulo 9 com a definição dos domínios fulcrais de atuação (Secção 9.3) e com a análise do contributo que o turismo interno poderá fornecer para a moderação de alguns desequilíbrios decorrentes da expressão do turismo recetor em Portugal ­(Secção 9.4). XVII


Turismo Interno

Finalmente, “Considerações Finais” salientam a integração de todas as conclusões decorrentes dos pontos anteriores, enfatizando-se os aspetos mais relevantes da pesquisa. A obra contém ainda a reprodução de alguns anexos estatísticos, onde constam dados sobre o turismo na UE (Anexos I a VI), a classificação dos produtos turísticos na perspetiva das ofertas regionais (Anexo VII), a distribuição dos meios de alojamento utilizados em férias pelos residentes em Portugal (Anexo VIII) e a Conta Satélite de Turismo de Portugal (CSTP) (Anexos IX a XIII). Finalmente, inclui-se a listagem das referências bibliográficas consultadas, as quais constituíram uma base essencial para o desenvolvimento na perspetiva holística da presente obra. Como apontamento adicional, enfatiza-se a expectativa de a presente obra encerrar um contributo válido para os vários agentes turísticos públicos e privados, para o setor da inves­ tigação e do desenvolvimento e para os alunos dos cursos de turismo.

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Parte 1 Enquadramento e Conceptualização


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Lazer e Turismo – Da Abrangência Conceptual ao Cluster

Para lançar as bases da presente obra, considerou-se pertinente clarificar as diferenças entre os conceitos de lazer e de turismo, acentuando a sua forte interdependência, bem como a exclusão de qualquer sobreposição em termos dos fenómenos que representam. Como se evidenciará seguidamente, uma parte das atividades de lazer assume-se como a mola impulsionadora do turismo, não se esgotando neste. Também o turismo, ao aglutinar determinadas práticas do lazer, não se confina a estas, incorporando uma amálgama de atividades com um caráter mais amplo. Neste sentido, e como ressalta da literatura analisada, o lazer e o turismo têm um elemento comum que assenta no conceito de tempo livre, o qual será devidamente abordado nas secções seguintes. Por outro lado, as atividades recreativas efetuadas durante o tempo livre pendem para o lado do lazer, ou podem ser classificadas como turísticas, quando desenvolvidas, respetivamente, na área da residência ou, em alternativa, no decurso de uma visita temporária para fora do meio habitual de residência. Como se explicará posteriormente, para entrarmos no âmbito do turismo não é suficiente cumprir o critério atrás referido, devendo adicionar-se o requisito, em conformidade com a definição técnica da Organização Mundial do Turismo (OMT) (1994), da necessidade da referida deslocação temporária não ser objeto de remuneração no destino. Neste sentido, o turismo tornou-se um subconjunto do mundo do lazer, mas não limita a sua abrangência a esta parcela, indo buscar ao universo do trabalho as deslocações de negócios e de índole profissional, desde que enquadradas nos tais princípios já sublinhados. Por outro lado, o turismo, ao abranger na sua conceção mais moderna (OMT, 1994; ONU, 2008) as deslocações por motivo de saúde, volta a ultrapassar a fronteira do tempo de lazer. Contudo, o facto de o turismo e de o lazer possuírem uma área convergente de dimensão significativa, quer na perspetiva do setor público como na do setor privado, permite em várias circunstâncias uma abordagem integrada, com vantagens evidentes em termos de racionalismo na ação. Desta forma, e apesar das diferenças conceptuais, observa-se uma tendência crescente para considerar o cluster turismo/lazer, sob a perspetiva industrial, dando sequência à abordagem popularizada por Porter (1980a), que defendeu as vantagens 3


Turismo Interno

deste tipo de concentração de empresas, numa zona geográfica relativamente definida, para melhorar a competitividade. Segundo a sua opinião, os clusters possuem a particularidade de garantirem benefícios no sentido de incrementarem a produtividade das empresas, de estimularem a inovação e de induzirem à criação de novas empresas.

1.1 Dinâmica dos Tempos Livres, do Lazer e do Turismo Um elemento comum em várias definições de lazer é o de tempo livre ou arbitrário, o qual segundo a OMT (1983), e devidamente reforçado por Tribe (2003), representa “(…) o tempo que sobra depois de trabalharmos, dormirmos, movimentarmo-nos e executarmos as tarefas domésticas e pessoais necessárias (…).”. Possui uma característica marcante, que deriva da possibilidade de ser utilizado consoante a vontade de cada um. As atividades desenvolvidas no tempo de lazer têm um caráter recreativo, excluindo-se, assim, aquelas que derivam de ações efetuadas por pessoas doentes ou em fase de recuperação. Incluem atividades em casa, tão simples como ler, ouvir música, ver televisão ou exercer qualquer hobby; abrangem igualmente as atividades recreativas fora de casa, como, por exemplo, práticas desportivas, visitar atrações ou assistir a espetáculos.

Tempo quotidiano

Tarefas diárias imprescindíveis

Trabalho/Estudo

Saúde/Recuperação

Lazer

Atividades recreativas Em casa Escutar música/rádio Ver televisão e vídeos Ler, jardinagem, jogos Artesanato, exercícios Uso do computador como lazer Trabalhos de decoração, etc.

Fora de casa Atividades desportivas Assistir a espetáculos Hobbies, comer e beber Visitar atrações Apostas e jogos Atividades culturais, religiosas, etc.

Figura 1.1  –  Lazer, tempo livre ou arbitrário Fonte: Baseado em Tribe (2003) e OMT (1983a)

A Figura 1.1 resume esquematicamente o relacionamento entre o tempo quotidiano e o tempo livre, sendo importante salientar desde já “(…) que a terciarização da sociedade 4


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Lazer e Turismo – Da Abrangência Conceptual ao Cluster

moderna tem sido acompanhada pela modificação do sentido das conceções de trabalho, tempo livre e lazer e, em consequência, das suas fronteiras respetivas” (Santos e Gama, 2008). Neste sentido, retenha-se que a dicotomia “trabalho versus lazer”, quer em termos de conceitos como de valoração alternativa, não se baseou num processo estático, tendo sofrido flutuações ao longo das épocas. Por outro lado, encerrando a separação das formas como o tempo é usado uma lógica que assenta na divisão social do trabalho, também não se pode ignorar que a predominância dos distintos tempos de uso está fortemente dependente da condição social dos indivíduos. Note-se, ainda, que estas diferenciações subsistem às modificações sociais ocorridas no século XX, onde foi visível o aparecimento de fatores tendentes a produzirem um maior equilíbrio em termos de acesso ao lazer, como consequência do reconhecimento progressivo do direito às férias e à redução do horário de trabalho. Em conformidade, pode concluir-se que o entendimento de tempo livre não se revela tão direto como pode decorrer da apreciação do esquema anterior. Tal como salientam Santos e Gama (2008), “(…) tempo livre significa, para uns, todo o tempo que convencionalmente resta fora do trabalho formal, para outros o tempo não incluído no trabalho, nas deslocações ou nas obrigações domésticas (…).”. A definição da OMT, recuperada por Tribe (2003), insere-se nesta segunda perspetiva e aproxima-se mais de uma conceção de tempo livre equivalente à de lazer. Contudo, como anotam Santos e Gama (2008), “(…) esse tempo livre pode não ser necessariamente gasto em situação de ócio, sendo, muitas vezes, mais um tempo de trabalho (…).”. Como decorre da introdução inicial a estes conceitos, não é fácil garantir um consenso em torno da definição de lazer, face às fronteiras pouco demarcadas entre o entendimento de tempo livre e a abstração oposta em que radica o trabalho. Contudo, a revisão da literatura remete-nos para a opção pela definição de Dumazedier (1962), por pensarmos que a mesma engloba as três componentes reconhecidas como básicas do lazer – relaxamento, divertimento e desenvolvimento – além de associar os pressupostos ligados ao hedonismo e ao seu caráter voluntário. Para Dumazedier (1962), “(…) o ócio é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode dedicar-se de uma maneira completamente voluntária, seja para descansar, seja para se divertir, seja para desenvolver a sua função desinteressada, a sua participação voluntária, liberto das suas obrigações profissionais, familiares e sociais (…).”. Depois dos ciclos históricos próprios das sociedades agrárias e industriais, a revolução tecnológica conduziu a um novo paradigma da sociedade, onde se assinala o papel crescente do ócio e do turismo. Importa reconhecer que a conceção e a valorização das atividades de lazer sofreram uma evolução profunda nos tempos mais recentes, adquirindo progressivamente um estatuto reforçado, além do reconhecimento dos benefícios que pode induzir e que vão desde o plano económico até ao nível do bem-estar físico e psíquico que pode comportar para as pessoas. 5


Turismo Interno

A dicotomia trabalho/lazer conheceu flutuações marcantes ao longo dos anos, como resume Valls (2000), ao sistematizar três modelos distintos: O modelo “produtivista”, típico da fase de industrialização, onde o trabalho constituía o principal valor social e ético. O lazer apresentava-se limitado à diversão e à recuperação de forças, sempre numa posição subalterna em relação à dedicação ao trabalho; O modelo “repartista”, que correspondeu ao paradigma da era pós-industrial, segundo o qual o trabalho convive com o tempo livre, adquirindo este último uma maior importância. Nesta fase, o direito ao lazer já é uma realidade irreversível, adquirindo as suas atividades um estatuto social de consideração mais elevada; Finalmente, o modelo “ocista”, que, segundo Valls, despontou na era tecnológica, correspondendo a um comportamento de nítida sobreposição dos tempos livres. Neste modelo, as pessoas são capazes de condicionar o próprio trabalho, ao ponto de aceitarem diminuir o salário e as próprias perspetivas de progressão salarial para obterem mais tempo livre. O modelo “ocista”, tal como é abordado por Valls, aproxima-se da ótica de leitura de alguns autores que sobrevalorizam o tempo livre e as atividades de lazer, considerando-os a parte real da vida. Contudo, pensamos que, na maioria dos países europeus, os valores existentes na atualidade ainda pendem no sentido de uma convivência equilibrada e complementar entre os tempos dedicados ao trabalho e ao lazer. Neste contexto, partilhamos a opinião de Umbelino (1999), ao distanciar-se da escola “ocista” e ao aproximar-se do pensamento de Dumazedier (1998) e do já citado Tribe (2003), mas sem deixar de reconhecer que a “ciência económica contribuiu muito para esta evolução do conceito de lazer, apagou-lhe o rótulo de improdutivo e criou-lhe uma nova imagem que o posiciona, agora, como um criador direto e indireto de empregos e de riqueza e, mais importante, como um tempo de consumo, logo de grande animador da economia.”. Recuperamos as ideias de Valls (2000) no plano em que identifica uma modificação na estrutura do ócio decorrente, em parte, da nova era tecnológica. Aponta a tendência para a redução do tempo médio de trabalho, para a subida da esperança média de vida e para a incorporação mais tardia dos jovens no mercado de trabalho, o que originará um aumento de tempo livre. Refere igualmente a propensão crescente para as pessoas gastarem cada vez mais nas atividades de lazer e enfatiza um aspeto que subscrevemos em absoluto, ou seja, a modificação nos hábitos de férias, com a tradicional concentração num único período a fragmentar-se em várias paragens ao longo do ano, de duração mais curta. O gozo de fins de semana fora da residência habitual e as visitas com regresso no próprio dia acompanharão a maior repartição de férias ao longo do ano, criando um cenário que obrigará a rever posicionamentos e estratégias. 6


Lazer e Turismo – Da Abrangência Conceptual ao Cluster

Sendo particularmente ténue, em determinadas circunstâncias, a fronteira que diferencia a prática do turismo interno das atividades gerais de lazer, importa sistematizar um conjunto de reflexões decorrentes da revisão bibliográfica efetuada sobre a dinâmica de aproveitamento do denominado tempo livre, onde iremos privilegiar a abordagem a dois autores que, no decurso da pesquisa efetuada, revelaram um pensamento estruturado e complementar sobre a problemática do lazer e da ocupação do tempo livre – Bacal (2003) e Dumazedier (1974). Assim, propomo-nos analisar aspetos relacionados com a repartição do tempo e as atividades humanas, aprofundar os conceitos de tempo livre e tempo liberado, referir a dinâmica produtora e social do lazer, evidenciar as características específicas do lazer na sociedade atual e distinguir o lazer turístico.

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1.2 Tempo e Atividades Humanas Conforme refere Bacal (2003), “(…) a existência de qualquer ser humano insere-se na máquina do tempo, dela decorrendo. Viver consiste em dispor de uma limitada reserva de tempo e, apesar da própria marcha do tempo se confundir com a diminuição dessa reserva, somos obrigados a reconhecer que a vida, enquanto processo de atualização da consciência humana, assenta precisamente no gasto desse tempo.”. Na análise do problema da temporalidade em relação à vida humana, essa duração, dentro da qual decorre a existência, deve ser analisada mediante a divisão em períodos nos quais se realizam as atividades que visam a satisfação das necessidades básicas para o homem sobreviver ao próprio tempo e ao tédio – trabalhar, dormir, alimentar-se, fazer a sua higiene pessoal, vestir-se, movimentar-se, distrair-se. Algumas destas atividades estão relacionadas com a própria sobrevivência humana, revestindo um caráter vital e decisivo. Para Bacal (2003), o tempo despendido na concretização das tarefas de trabalho, devido à sua obrigatoriedade, deve ser denominado de tempo necessário. Como não constitui propriedade da natureza humana a capacidade de nos mantermos constantemente ativos, por imposição da nossa própria fisiologia, existe a necessidade de descansar após a realização do trabalho diário. Além disso, o homem precisa de efetuar as tais atividades necessárias à sua vivência quotidiana e de usufruir de períodos onde possa descomprimir e distrair-se. É aqui que surge o conceito de tempo liberado (ou desobrigado), que corresponde àqueles períodos de que o homem dispõe, após o exercício das atividades profissionais. Verifica-se, assim, que é entendimento de Bacal (2003), na linha do pensamento de Dumazedier (1974), que devem ser incluídas no tempo liberado algumas atividades que, de certa forma, são obrigatórias e necessárias para a sobrevivência, tais como dormir e alimentar-se. O tempo liberado, além de envolver estas atividades dedicadas à satisfação de necessidades, inclui também as manifestações gratuitas, como as de repouso e distração. ­Reforça-se 7


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Considerações Finais A presente obra, fortemente baseada na tese efetuada pelo signatário (Silva, 2009), corporizou a produção de duas vertentes do conhecimento. De facto, ao concretizar a análise do turismo interno na perspetiva holística, proporcionou novos conhecimentos em relação ao objeto em análise, enquanto a construção do modelo empírico TURINTERNO comportou um contributo expresso em novos conhecimentos teóricos. Contudo, esta dupla valência da pesquisa não esgotou a utilidade da investigação, a qual gerou como subproduto um diagnóstico estratégico sobre o fenómeno reportado a Portugal, bem como, por aplicação do modelo teórico, a sistematização das bases para uma política diferente de valorização do turismo interno no país. No domínio dos novos conhecimentos relativos ao fenómeno em análise, juntaram-se informações e saberes inovadores. De facto, desde a particularização das tendências qualitativas ao nível do turismo interno, passando pela abrangência do excursionismo, dos movimentos turísticos de curta duração, das deslocações de cunho profissional e da utilização das residências secundárias, ocorreram uma variedade de situações que mereceram uma abordagem inovadora e sistematizada. Complementarmente, as fontes de observação direta utilizadas, com suporte em entrevistas efetuadas a representantes de instituições internacionais e em inquéritos realizados a segmentos concretos de atores (população portuguesa, atores institucionais regionais em Portugal, painel de peritos e ANT da UE), revelaram-se fundamentais para aprofundar o conhecimento sobre os comportamentos e as motivações das pessoas para a prática do turismo interno, a caracterização dos fluxos de volume e de valor e a avaliação das políticas e estratégias de dinamização do mercado doméstico. Os resultados obtidos e a base de conhecimento gerada confirmaram a mais-valia de se ter adotado um tipo de pesquisa de “design de metodologia mista” (Lee, 1999, in Oliveira, 2005), assente na convergência entre métodos e técnicas de recolha de dados característicos das abordagens qualitativas e quantitativas. No plano dos novos conhecimentos teóricos gerados pela pesquisa, constatou-se que os mesmos revelaram facetas pouco conhecidas sobre o fenómeno estudado, aprofundando um conjunto de proposições que se distanciam da mera análise banal ou repetitiva sobre ideias ou pressupostos que já existiam. Pelo contrário, a análise incidiu sobre uma problemática pouco estudada, desprovida de qualquer abordagem integrada, concentrando-se nos detalhes e particularidades que, no fundo, facultam a consistência do fenómeno e lhe conferem uma dimensão ímpar no contexto das atividades turísticas. Por outro lado, a construção do modelo empírico de valorização do turismo interno consubstanciou não só os progressos teóricos obtidos sobre a conceptualização do fenómeno em apreço, como acautelou uma perspetiva prática suscetível de garantir a sua posterior utilização em trabalhos científicos ou de cariz eminentemente técnico, a desenvolver por 303


Turismo Interno

investigadores, organizações e instituições do turismo. Aliás, o teor do Capítulo 9, ao centrar-se na aplicação do modelo à realidade portuguesa e ao sistematizar as bases para a sua implementação, constitui o exemplo concreto da utilidade e do pragmatismo que os outputs decorrentes do presente trabalho podem assumir. Esta perspetiva prática encerra outra faceta não despicienda, e que se traduz no facto de o modelo definir com pormenor as responsabilidades dos vários atores turísticos. Com efeito, no domínio dos agentes públicos, os resultados deste trabalho podem ser importantes para as tarefas de definição estratégica, de planeamento geral e de estruturação do mercado em causa. Em contrapartida, no plano empresarial, a informação proporcionada pela pesquisa pode assumir-se como uma referência significativa para a própria orientação dos negócios, atendendo à relevância da procura interna na maioria dos equipamentos turísticos. Como apontamento final, reafirma-se que a valorização do turismo interno emerge como um elemento decisivo para o desenvolvimento turístico, devendo ser objeto da necessária ponderação em conjunto com o turismo recetor. A argumentação de que esta última forma de turismo comporta aspetos favoráveis no plano do equilíbrio das contas externas é uma premissa que as evidências empíricas não permitem qualquer tipo de refutação. Contudo, convém não omitir que a dinamização do turismo interno também tem um efeito positivo sobre a Balança de Pagamentos de um país, já que implicará certamente a redução dos fluxos emissores, o que se reflectirá igualmente no saldo das operações turísticas. Por outro lado, e tal como esta obra demonstra, existem vantagens claras em operacionalizar modelos estratégicos baseados na consideração das duas formas de turismo interior (recetor e interno), face às sinergias que se podem estabelecer ao nível da potenciação das ofertas regionais e das próprias ações a conduzir no âmbito da informação e da promoção. Os resultados deste trabalho levam a rejeitar a remissão da abordagem ao turismo interno para um plano marginal, quando os seus impactos têm efeitos positivos em vários domínios, desde a componente económica até às óticas social, cultural, ambiental e territorial. O turismo interno necessita de uma afirmação progressiva junto do poder público e dos atores privados do setor, para se assumir definitivamente como uma prioridade consentânea com a sua expressão. Neste processo, competirão especiais responsabilidades à comunidade científica, bem com às instâncias técnicas com capacidade de produzir informação sobre esta forma de turismo. A melhoria dos processos inerentes à sua medição constituirá igualmente um vetor determinante neste procedimento, sendo que o expectável reforço da sua importância no futuro, face às tendências qualitativas do turismo e dos consumidores turísticos, também facilitará provavelmente o reforço do seu protagonismo. A par com o reconhecimento do seu estatuto, o turismo interno para se desenvolver no quadro da sustentabilidade que se preconiza carece da definição urgente da sua governance quer ao nível dos contextos políticos e dos mecanismos de decisão, bem como no domínio da renovação dos métodos de planeamento e de mobilização dos vários parceiros públicos e privados. De facto, a dinamização do turismo interno a partir de uma opção estratégica 304


Considerações Finais

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em conformidade pressupõe uma política articulada no sentido top/down e assente numa lógica produto/espaço, com robustecimento da malha regional e dos destinos turísticos, com a indispensável aglutinação dos vários stakeholders, com o necessário fortalecimento do setor privado e com o recurso a um modelo adequado de marketing holístico. Por outro lado, e tal como evidencia a OMT, quando se encara o fenómeno do turismo interno não se deve perder de vista os aspetos humanos que lhe estão associados. O turismo existe como atividade porque pressupõe a deslocação de pessoas, sendo que sem estas não existiria. No caso do turismo interno, estão presentes todos os ingredientes do turismo em geral, aos quais se deve adicionar a responsabilidade social de contribuir para a valorização do indivíduo. De facto, o turismo interno deve oferecer ao indivíduo a possibilidade de juntar novas qualidades à sua personalidade: “(…) L’appréhension de valeurs culturelles et artistiques, le contact direct avec les réalités du pays élargissent son horizon, et confèrent de nouvelles dimensions à sa conception de la vie et du monde.” (OMT, 1983).

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Índice de Figuras

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Figura 1.1  –  Lazer, tempo livre ou arbitrário............................................................. 4 Figura 2.1  –  Modelo empírico do turismo................................................................. 20 Figura 2.2  –  CST (ótica da oferta)............................................................................. 24 Figura 3.1  –  Lazer e turismo (cruzamento conceptual)............................................. 40 Figura 3.2  –  Esquema sobre a delimitação conceptual do turismo interno............... 44 Figura 4.1  –  Enquadramento dos vetores que influenciarão o desenvolvimento do turismo.......................................................................................................................... 59 Figura 6.1  –  Quantificação universal dos fluxos do turismo interno em Portugal (2006)............................................................................................................................ 105 Figura 7.1  –  Esquema das etapas conducentes ao diagnóstico estratégico do turismo interno em Portugal....................................................................................................... 170 Figura 7.2  –  Esquema da abordagem regional do turismo interno............................ 172 Figura 7.3  –  Inquérito aos ORLT – Produtos turísticos mais importantes – Perspetiva dos ORLT...................................................................................................................... 177 Figura 7.4  –  Os níveis de fidelidade........................................................................... 185 Figura 8.1  –  Modelo empírico de desenvolvimento do turismo interno (TURINTERNO) – Primeira Parte: Estrutura e dinâmica........................................... 237 Figura 8.2  –  Modelo empírico de desenvolvimento do turismo interno (TURINTERNO) – Segunda Parte: Organização do Planeamento Estratégico........... 260 Figura 8.3  –  Roteiro para a elaboração do Plano Específico para o Turismo Interno... 262 Figura 8.4  –  Encadeamento do planeamento turístico............................................... 268 Figura 8.5  –  Paradigma da gestão integrada dos destinos turísticos......................... 269 Figura 9.1  –  A integração da análise conducente ao novo modelo de planeamento do turismo interno em Portugal.................................................................................... 287 Figura 9.2  –  Documentos de suporte para o planeamento estratégico....................... 288

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Turismo Interno

Índice de Gráficos Gráfico 4.1  –  A evolução do turismo internacional e as perspetivas futuras na ótica da OMT......................................................................................................................... 52 Gráfico 4.2  –  Reforço da população idosa na UE...................................................... 63 Gráfico 5.1  –  CST (% do consumo turístico interno em relação ao consumo turístico interior)........................................................................................................... 83 Gráfico 5.2  –  Viagens dos europeus – Férias/lazer – Turismo interno e emissor – Distribuição em %......................................................................................................... 85 Gráfico 5.3  –  Viagens dos europeus – Negócio – Turismo interno e emissor – Distribuição em %......................................................................................................... 85 Gráfico 5.4  –  Desagregação das viagens de uma noite e mais dos residentes na UE em 2008............................................................................................................. 85 Gráfico 5.5  –  Comparação entre o PIB per capita e a PBV interna (férias de quatro e mais noites)................................................................................................................. 88 Gráfico 5.6  –  Dormidas em meios recenseados de alojamento coletivo em 2008 – % de residentes.............................................................................................................. 90 Gráfico 5.7  –  Relação entre a população residente e as chegadas à hotelaria em 2008......................................................................................................................... 91 Gráfico 5.8  –  Ocupação hoteleira em função da procura interna em 2008 (%)......... 92 Gráfico 5.9  –  Consumo turístico – CST (milhões de euros)...................................... 95 Gráfico 6.1  –  Viagens efetuadas pelos residentes em 2006 – Motivações (% do total)... 105 Gráfico 6.2  –  Distribuição das viagens internas realizadas em 2006 por NUT II – Comparação com o PIB e o poder de compra............................................................... 106 Gráfico 6.3  –  Curva de Lorenz – Concentração regional da riqueza e das viagens turísticas........................................................................................................................ 107 Gráfico 6.4  –  % da população que efetuou, pelo menos, uma deslocação com uma noite fora da residência habitual em 2006..................................................................... 109 Gráfico 6.5  –  Motivos que conduziram à não efetivação de qualquer deslocação – Distribuição total das respostas expressas.................................................................... 114 Gráfico 6.6  –  Frequência do gozo de fins de semana fora da residência.................... 117 Gráfico 6.7  –  População maior de 15 anos que passou fins de semana fora da residência....................................................................................................................... 118 Gráfico 6.8  –  Taxas de gozo de férias em Portugal.................................................... 125 Gráfico 6.9  –  Taxas de gozo de férias – total e fora de casa...................................... 126 Gráfico 6.10  –  Comparação entre a população que gozou férias fora de casa e a posse de subsídio de férias (período 1989-2003)........................................................... 128 Gráfico 6.11  –  População que gozou férias fora da residência (média 1989-2003).... 134 330


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Índice de Gráficos

Gráfico 6.12  –  Distribuição mensal das férias fora da residência.............................. 134 Gráfico 6.13­  –  PBV internas de excursionistas (2006)............................................... 139 Gráfico 6.14  –  Dormidas na hotelaria, aldeamentos e apartamentos turísticos......... 141 Gráfico 6.15  –  Curva de Lorenz – Concentração regional das dormidas na hotelaria, aldeamentos e apartamentos turísticos.......................................................................... 142 Gráfico 6.16  –  Dormidas de residentes por grupos de estabelecimentos (% do total de cada tipologia).......................................................................................................... 142 Gráfico 6.17  –  Dormidas na hotelaria, aldeamentos e apartamentos turísticos por meses (média 1990-2006)....................................................................................... 144 Gráfico 6.18  –  Total de deslocações à segunda residência em 2006 (%) – Desagregação mensal.................................................................................................... 153 Gráfico 6.19  –  Distribuição das viagens realizadas em 2006 para residências secundárias (NUT II)..................................................................................................... 153 Gráfico 6.20  –  Total de deslocações às residências em 2006 – Repartição pela duração da estada.......................................................................................................... 154 Gráfico 6.21  –  População com acesso a uma residência – % em relação ao total de cada região de localização da residência secundária................................................ 155 Gráfico 6.22  –  Motivações para viajar dos residentes em Portugal (dezembro de 2006)............................................................................................................................. 158 Gráfico 6.23  –  População portuguesa maior de 15 anos – Dispersão de resultados por motivações e variáveis de caracterização............................................................... 161 Gráfico 7.1  –  Inquérito aos ORLT – Valoração dos recursos turísticos – Escala de 1 (muito fraco) a 5 (muito forte)....................................................................................... 173 Gráfico 7.2  –  Inquérito aos ORLT – Pontuação atribuída aos produtos turísticos – Valores médios e dispersão relativa de dados para o Continente.................................. 175 Gráfico 7.3  –  Inquérito aos ORLT – Dispersão das pontuações dos produtos turísticos por NUT II (Continente) – Coeficientes de variação..................................... 176 Gráfico 7.4  –  Inquérito aos ORLT – Expectativas em relação ao futuro do turismo interno em Portugal....................................................................................................... 178 Gráfico 7.5  –  Resumo da procura interna por destinos (NUT II) (% em relação ao total do país).................................................................................................................. 179 Gráfico 7.6  –  Inquérito à população residente – Viagens efetuadas pelos residentes em 2006 por destinos.................................................................................................... 180 Gráfico 7.7  –  Inquérito aos residentes – Comunicação por meios convencionais (% em relação ao total de referências da população que gozou férias fora da residência)..................................................................................................................... 182 Gráfico 7.8  –  CSTP – Distribuição do consumo turístico interior............................. 191 Gráfico 7.9  –  CSTP – Consumo turístico interno – Variações percentuais............... 192 331


Turismo Interno

Gráfico 7.10  –  CSTP – Estrutura do consumo turístico interno (%) – Média 2000-2007..................................................................................................................... 192 Gráfico 7.11  –  Reserva das férias em 2006 (%) (Base: População que gozou férias fora da residência)......................................................................................................... 199 Gráfico 7.12  –  Motivos da não-recorrência aos serviços das agências de viagens (%)... 200 Gráfico 7.13  –  % de indivíduos que utilizaram a Internet entre 2003 e 2008............ 205 Gráfico 7.14  –  % de indivíduos que utilizaram a Internet entre 2003 e 2008, por grupos etários................................................................................................................ 205 Gráfico 7.15  –  % de indivíduos que utilizaram a Internet entre 2004 e 2008, por dimensão do habitat...................................................................................................... 206 Gráfico 7.16  –  % de indivíduos que utilizaram a Internet entre 2003 e 2008, por níveis de escolaridade (habilitações máximas)............................................................. 206 Gráfico 7.17  –  ORLT – Distribuição dos montantes aplicados na promoção e animação destinadas ao turismo interno....................................................................... 212 Gráfico 9.1  –  Dormidas na hotelaria, aldeamentos e apartamentos turísticos – Desagregação regional por NUT II (% do total) – Média 1990-2006.......................... 300 Gráfico 9.2  –  Dormidas na hotelaria, aldeamentos e apartamentos turísticos – Dispersão média mensal – Valores médios para o período 1990-2006........................ 301

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Índice de Quadros

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Quadro 1.1  –  Lazer turístico (Cazes, 1992)............................................................... 13 Quadro 1.2  –  Organização do tempo livre (Boniface e Cooper, 1990)..................... 13 Quadro 4.1  –  Fatores determinantes gerais no desenvolvimento do turismo............ 57 Quadro 4.2  –  Fatores de caráter pessoal com influência no desenvolvimento do turismo.......................................................................................................................... 59 Quadro 5.1  –  CST – % do consumo turístico interno no consumo turístico interior... 96 Quadro 6.1  –  Características dos turistas associadas ao total de viagens internas (no mínimo, uma noite fora da residência habitual e com exclusão das deslocações para a segunda residência com uma duração inferior a quatro noites).......................... 110 Quadro 6.2  –  % da população que não efetuou qualquer viagem com, pelo menos, uma dormida fora da residência (2006) (Não inclui as deslocações para a segunda residência com uma duração inferior a quatro noites)................................................... 113 Quadro 6.3  –  Oscilações por segmentos das taxas de gozo de fins de semana fora da residência habitual em 2006..................................................................................... 116 Quadro 7.1  –  Análise SWOT sobre o turismo interno em Portugal.......................... 222 Quadro 8.1  –  Síntese dos efeitos positivos do turismo interno.................................. 233 Quadro 8.2  –  O turismo interno e as características previsíveis dos consumidores no futuro........................................................................................................................ 234

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Turismo Interno

Índice de Tabelas Tabela 2.1  –  Fatores de forte incidência sobre os padrões globais da procura turística.......................................................................................................................... 29 Tabela 2.2  –  A normalidade da função procura turística interna............................... 31 Tabela 3.1  –  Lazer e turismo interno (justaposição conceptual)................................ 39 Tabela 4.1  –  Índice de concentração da procura internacional nos principais destinos mundiais.......................................................................................................... 55 Tabela 4.2  –  Horas trabalhadas por semana nos empregos a tempo inteiro.............. 64 Tabela 4.3  –  As perspetivas inerentes aos fatores determinantes de enquadramento do turismo..................................................................................................................... 73 Tabela 4.4  –  As perspetivas inerentes aos comportamentos dos consumidores turísticos........................................................................................................................ 76 Tabela 5.1  –  Dormidas nos meios recenseados de alojamento coletivo (% imputável aos residentes)............................................................................................................... 81 Tabela 5.2  –  Viagens dos europeus – Turismo interno e emissor.............................. 84 Tabela 5.3  –  O turismo interno em Portugal e o padrão médio europeu................... 94 Tabela 6.1  –  Grau de concentração das variáveis na ótica regional........................... 108 Tabela 6.2  –  Viagens com, pelo menos, uma dormida fora da residência (não inclui as deslocações para a segunda residência com uma duração inferior a quatro noites) – Comparação de dados para algumas variáveis.............................................................. 111 Tabela 6.3  –  Caracterização das viagens internas com duração inferior ou superior a quatro noites............................................................................................................... 112 Tabela 6.4  –  Matriz das deslocações em fins de semana com base nas NUT II (% vertical, a partir da região emissora)....................................................................... 117 Tabela 6.5  –  Taxas médias de partida em fins de semana por segmentos dentro de cada variável.................................................................................................................. 120 Tabela 6.6  –  Deslocações para fora da residência em fins de semana – Motivações, periodicidade das viagens e alojamentos utilizados...................................................... 123 Tabela 6.7  –  População residente que não gozou férias (período 1989-2003)............ 127 Tabela 6.8  –  Gozo de férias fora da residência – Caracterização para o período 1978-2003...................................................................................................................... 130 Tabela 6.9  –  População que gozou férias – Repartição por períodos (acumulado 1989-2003).................................................................................................................... 132 Tabela 6.10  –  População que gozou férias fora da residência – Repartição por destinos (período 1978-2003)........................................................................................ 133 Tabela 6.11  –  Grau de concentração sazonal (gozo de férias fora da residência)...... 135 Tabela 6.12  –  População residente com condicionalismos na escolha do período de férias (período 1998-2003)............................................................................................ 136 334


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Índice de Tabelas

Tabela 6.13  –  População que gozou férias fora da residência – Alojamentos utilizados na deslocação (período 1998-2003).............................................................. 136 Tabela 6.14  –  Excursionismo em 2006 (distribuição dos movimentos em relação a cada destino – em %).................................................................................................... 140 Tabela 6.15  –  Dormidas na hotelaria, aldeamentos e apartamentos turísticos por meses – Medidas de dispersão mensal em cada NUT II (média 1990-2006)......... 144 Tabela 6.16  –  Hotelaria, aldeamentos e apartamentos turísticos – % do mercado interno (2009)................................................................................................................ 145 Tabela 6.17  –  Acesso a uma segunda residência em Portugal e em Espanha............ 149 Tabela 6.18  –  População com acesso a uma segunda residência ou outra casa em 2006 ............................................................................................................................. 150 Tabela 6.19  –  Segmentos da população com acesso a uma segunda residência superior à média............................................................................................................ 151 Tabela 6.20  –  Deslocações para segundas residências – Número médio de membros do agregado familiar..................................................................................................... 152 Tabela 6.21  –  Variações por segmentos das motivações para viajar por questões não profissionais............................................................................................................ 159 Tabela 6.22  –  Pontuação dos fatores pessoais e racionais.......................................... 163 Tabela 6.23  –  Fatores pessoais e racionais mais pontuados por estratos................... 164 Tabela 7.1  –  NUT II – Traços marcantes dos recursos turísticos.............................. 174 Tabela 7.2  –  Inquérito aos residentes – Razões que conduziram à escolha do destino principal de férias de 2006 (% do total de referências para cada região)...................... 183 Tabela 7.3  –  Viagens internas efetuadas pelos residentes em 2006 – Taxas de repetição da viagem e de intenção de regresso (%)....................................................... 185 Tabela 7.4  –  Inquérito aos residentes – Classificação da última experiência no primeiro destino de férias em Portugal (2006)............................................................. 187 Tabela 7.5  –  Opiniões sobre os principais pontos fortes e fracos das ofertas regionais (NUT II) (% em relação ao total de referências em cada bloco).................... 188 Tabela 7.6  –  CSTP – Total do consumo turístico interior (Mil euros)....................... 190 Tabela 7.7  –  Multiplicadores dos recursos totais........................................................ 196 Tabela 7.8  –  Comparação de preços para o mês de agosto – Algarve – Números índices: Base: Preços médios ao balcão em cada ano = 100......................................... 201 Tabela 7.9  –  Números índices: Base: Preços médios ao balcão em cada ano = 100... 202 Tabela 7.10  –  Síntese da apreciação aos documentos institucionais de referência..... 214 Tabela 7.11  –  Resumo das principais variáveis exógenas.......................................... 217 Tabela 7.12  –  Fatores com maior influência no desenvolvimento do turismo interno em Portugal................................................................................................................... 225 Tabela 9.1  –  Parametrização das etapas de organização do planeamento estratégico (modelo TURINTERNO)............................................................................................. 278 335


Turismo Interno

Tabela 9.2 ­–  Intervenções do setor público ao nível nacional.................................... 292 Tabela 9.3  –  Intervenções do setor público regional.................................................. 294 Tabela 9.4  –  Intervenções do setor público local ou das Organizações de Gestão dos Destinos.................................................................................................................. 295 Tabela 9.5  –  Intervenções do setor privado (empresas e movimento associativo)...... 296 Tabela 9.6  –  Intervenções estruturantes a concretizar nos domínios da formatação de produtos, na comercialização, na promoção e na informação sobre o mercado interno........................................................................................................................... 297

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Índice Remissivo A Análise –– holística, XVI –– SWOT, 220 Ambiente –– externo, 72, 216, 224 –– habitual, 25, 40, 42 –– interno, 221, 224 Aquecimento global, 68 C Cluster, 3, 14 Comissão Europeia, 125, 253, 269 Consumidor –– fatores racionais e irracionais, 162, 167 –– motivações, 104, 157 –– perfil, 69, 111 –– turístico, 30, 59, 69, 75, 76, 115, 157, 250, 256 Consumo, 14, 30, 82, 93, 190, 240 Conta Satélite do Turismo, 24, 82, 93, 96, 189 CST, 189 Curva de Lorenz, 106, 141

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D Demografia –– envelhecimento da população, 57, 62 –– esperança média de vida, 57, 61 –– estruturas familiares, 57, 63 Desenvolvimento turístico, 33, 53 Despesa turística, 27 E Efeito –– de Veblen, 31 –– multiplicador, 194 Empresas –– pequenas e médias, 203, 271 –– turísticas, 61, 67, 207, 253, 296

Envolvente, 60, 170, 212, 217, 238, 254, 263 Estratégias, 96 EUROSTAT, 26, 47, 64, 84, 88, 104, 127, 205, 218 Excursionista, 26, 37, 137 F Fatores determinantes –– demográficos e sociais, 73, 223, 252 –– económicos, 73, 222, 251 –– gerais, 57, 60 –– infraestruturais, 74, 247 –– pessoais, 74 –– políticos, 73 –– tecnológicos, 73, 223, 253 Férias, 86, 124, 241 Fidelidade, 179, 185 Fundamentalismo, 68 G Gestão Estratégica de Destinos, 267, 270, 279, 283 Globalização, 33, 55, 61 H Hotelaria, 88, 141 I Incidência económica, 93, 240 Índice de Gini, 106, 142 L Lazer, 3, 4, 12, 14, 37, 39, 49, 86 M Marketing –– comercialização, 197, 272, 297 –– distribuição, 197, 250 –– estratégico, 273 –– holístico, 273 337


Turismo Interno

–– preços, 200 –– promoção, 35, 99, 208, 298 Medição –– dos movimentos, 45 –– indicadores de, 46, 269 –– instrumentos de, 45 Meios de alojamento turístico –– coletivos, 79, 90, 124, 146 –– privativos, 97, 123 Mercado, 69, 103, 178, 248, 231, 277, 291 Modelo –– de negócios, 67 –– empírico, 20, 229, 237, 260, 277 –– ocista, 6 –– produtivista, 6 –– repartista, 6 O Oferta –– destinos, 179, 272, 290 –– produtos, 99, 174, 249, 263, 289, 297 –– recursos, 172 –– regional, 171, 173 Organização Mundial do Turismo, 3, 18, 24, 27, 37, 47, 52, 80, 87, 229, 232, 253 P Padrões ambientais, 66 Parcerias público-privadas, 67 Planeamento –– estratégico, 32, 36, 257, 258, 271, 277, 286, 291, 296 –– físico, 33 –– integrado, 34, 35 –– interempresarial, 33 –– nacional, 267 –– regional, 267 –– turístico, 33, 34, 36, 268 Plano Específico para o Mercado Interno, 289, 292 Plano Estratégico Nacional de Turismo, 214, 281 338

Plano Nacional de Turismo, 215, 260, 278, 284, 288, 292 Políticas –– de marketing, 272 –– nacionais, 97, 243, 259, 292 –– nos países-membros, 96 Procura –– adaptabilidade, 32 –– elasticidade, 32 –– fluxos, 46, 79, 83, 103, 152 –– heterogeneidade, 28, 32 –– interna, 103, 173 –– normalidade, 31 –– padrões globais da, 29, 237, 256 –– sazonalidade, 32, 133, 143, 225, 298, 300 –– segmentação, 100 –– sensibilidade, 32 Produto Interno Bruto, 88 Produto turístico –– característicos, 24 –– conexos, 24, 192 –– específicos, 24 –– global, 32 –– não específicos, 24, 192 Q Quadro de Referência Estratégico Nacional, 217, 223, 280, 285, 293 R Residência secundária, 41, 146 S Setor –– privado, 61, 249, 286, 296 –– público, 241, 246, 249, 255, 293 Segunda residência, 148 Segurança, 68 Sistema turístico, 19, 62, 240 Sociologia do Lazer, 10 Sustentabilidade, 275


Índice Remissivo

U União Europeia, 83 V Variáveis –– endógenas, 20, 170, 221 –– exógenas, 20, 170, 216 Viagem –– de curta duração,115 –– de longa duração, 65, 124 –– fins de semana, 115 –– propensão bruta para a, 29, 86, 111 –– propensão líquida para a, 29, 87 –– repetição da, 182 –– turística, 26, 191 Visitante, 26, 37

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T Tecnologias de informação e de comunicação, 61, 203, 241, 253, 272 Tempo –– desobrigado, 7, 8 –– gestão do, 64 –– livre, 4, 7, 8, 14 –– necessário, 7 Teoria do caos, 257 Turismo –– conceito técnico de, 25 –– definições de, 21 –– efeitos do, 17 –– emissor, 84 –– internacional, XIV, 52, 79, 229 –– interno, XIV, 25, 37, 39, 44, 50, 69, 79, 83, 93, 96, 146, 169, 176, 200, 216, 229, 277, 299 –– juvenil, 157 –– Lei de Bases do Turismo, 243, 259, 281, 283, 288, 292 –– recetor, 191, 299 –– social, 101, 155, 247 Turista, 26, 37

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