CAPÍTULO 3
POVOAR E DEFENDER: AS FORTALEZAS DO GRÃO-PARÁ
“Não há arte, em uma república mais necessária que a fortificação. Que sem ela, não pode príncipe algum segurar seu Estado” (Luiz Serrão Pimentel, Tese 1 da Arquitetura Militar)
N
o percurso da leitura e sistematização de dados sobre o Estado do Maranhão e Grão-Pará, não passa despercebida, mesmo para aqueles pesquisadores que não se debruçam sobre a questão de defesa, a frequência em que são citadas as fortalezas na documentação. Fortaleza da Barra, Fortaleza dos Tapajós, Fortaleza do Rio Negro, Fortim da Barra das Mercês, Fortaleza do Gurupá, Fortaleza do Itapecuru, Casa Forte do Mearim, Casa Forte do Iguará e Casa Forte do Guamá são alguns exemplos da presença dessas construções na Amazônia colonial. Fica evidente que essa presença não foi inaudível, embora tenha recebido pouca atenção da historiografia sobre a Amazônia. Em uma pesquisa nos bancos de Teses e Dissertações de programas de Pós-graduação em História na Amazônia (das universidades federais do Maranhão, do Amazonas e do Pará), nenhum trabalho foi produzido sobre esse tema. Sobre a questão, é importante lembrar as contribuições de Arthur Cezar Ferreira Reis, sobretudo na obra Amazônia e a cobiça internacional (1960), na qual se verifica as fortificações como elementos que integraram um espaço de disputa entre nações europeias.319 A política de Portugal no valle amazônico, outra obra na qual pode-se verificar a presença das fortificações como decorrência da ocupação do espaço 319 REIS, Arthur Cezar Ferreira. A Amazônia e a cobiça internacional. 5. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; Manaus: Superintendência da Zona Franca de Manaus, 1982. (Coleção Retratos do Brasil, v. 161).