A construção do discurso antijesuítico na Amazônia

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CAPÍTULO 5

OS ESCRITOS AMAZÔNICOS E A SÍNTESE ANTIJESUÍTICA DE POMBAL

N

este capítulo, apontaremos os paralelos da argumentação pombalina e nuneana, no que concerne às políticas e ações antijesuíticas indicadas para a Amazônia portuguesa, e à produção discursiva antijesuítica pombalina. Desde já, salientamos que na Amazônia sempre houve uma presença numérica majoritária dos índios como contingente populacional e “celeiro” de mão de obra, viabilizando o funcionamento do sistema de missões de uma maneira duradoura, porém, não menos conflituoso. O que possibilitou o sucesso desse sistema no Maranhão e Grão-Pará foi a atuação do padre Antônio Vieira, que chegara à região em meados do século XVII com o conhecimento sobre crise da prática de aldeação nas capitanias do Brasil. A partir das experiências acumuladas mais ao sul, o padre conseguiu traçar um prognóstico, implantando uma ampla rede de missões em moldes diferentes do sistema fracassado brasileiro. Ele insistiu, sobretudo, no governo exclusivo – para não dizer, no monopólio – da Companhia de Jesus sobre os índios, o que se tornou a grande questão em diversos momentos durante a segunda metade do século XVII na Amazônia (em 1661, 1663, 1680 e 1684), até a formulação do Regimento das Missões, em 1686. Como já analisamos nos capítulos anteriores, as críticas de Paulo da Silva Nunes contestavam o Regimento das Missões em vários ou quase todos os pontos, permitindo-nos perceber a existência de um projeto de colonização concreto, pensado por ele, em que não havia espaço para a atuação da Companhia de Jesus. Desse modo, observaremos se houve influências de seu projeto de colonização nos planos desenvolvidos por Sebastião José de Carvalho e Melo para a Amazônia na década de 1750. Para realizar tal análise, estudaremos, primeiro de maneira mais detida, a estrutura e o discurso do corpus documental, conhecido sob a designação de Terribilidades Jesuíticas. Como


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Referências bibliográficas

30min
pages 310-330

CONSIDERAÇÕES FINAIS

8min
pages 295-300

para a Amazônia

34min
pages 274-289

libelos antijesuíticos pombalinos

9min
pages 290-294

5.1.3 Maço 5 – sobre a liberdade de índios, o comércio e a relação com o bispo

15min
pages 267-273

5.1.2 Maço 4 – sobre os colégios, “conventos e conservatórios” dos jesuítas

24min
pages 256-266

5.1.1 Maço 3 – sobre as Liberdades, as Repartições e os Resgates

25min
pages 245-255

5.1 As Terribilidades Jesuíticas: uma análise de discurso

5min
pages 242-244

DE POMBAL

1min
page 241

4.3 Denúncia do “despotismo jesuítico”

21min
pages 230-240

4.1 A preocupação com a “ruína do Estado”

51min
pages 195-218

4.2 A revisão do lugar dos índios e das “aldeias”

23min
pages 219-229

NUNES

3min
pages 193-194

3.3 O procurador do Maranhão e sua rede de aliados

33min
pages 176-192

3.2 As (re)ações dos órgãos locais e metropolitanos

24min
pages 165-175

3.1 A causa jesuítica e seus argumentos

58min
pages 138-164

2.3 As políticas pombalinas para a Amazônia

57min
pages 109-134

DO MARANHÃO E GRÃO-PARÁ

5min
pages 135-137

2.1 Pombalismo versus Jesuitismo

19min
pages 86-94

AMAZÔNIA

1min
page 85

2.2 A política colonial no início do reinado de D. José I

29min
pages 95-108

1.3 As políticas coloniais no reinado de D. João V

16min
pages 77-84

1.2 As políticas coloniais no reinado de D. Pedro II

32min
pages 61-76

1.1 As ideias iluministas e o espaço Atlântico

21min
pages 50-60

A Companhia de Jesus e o antijesuitismo

14min
pages 24-30

Contexto, metodologia e fontes

17min
pages 38-46

PREFÁCIO

4min
pages 19-22

INTRODUÇÃO

1min
page 23

SÉCULO XVIII

5min
pages 47-49

Agradecimentos

5min
pages 15-18

OS PROJETOS DO SECRETÁRIO DE ESTADO SEBASTIÃO JOSÉ DE CARVALHO E MELO PARA PORTUGAL E PARA

1min
page 4

O antijesuitismo nos séculos XIX e XX

14min
pages 31-37
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A construção do discurso antijesuítico na Amazônia by LFeditorial - Issuu