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ALGUMAS NOTAS SOBRE O CONDE KOMA

A desconhecida história de uma das primeiras academias de judô do Brasil ( bem ali na Cidade Velha), de um dos criadores de uma das mais populares artes marciais do mundo, que dava aulas pelas ruas estreitas de Belém.

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Um homem com nome de nobre e uma história que você, provavelmente, nunca ouviu falar. O fabuloso trabalho do "Conde Koma" O japonês Mitsuyo Maeda, virou brasileiro com o nome de Otávio, mas passou para a história com um apelido que ganhara na Espanha em 1908.

O Conde Koma, chegou ao Brasil em 1914 e depois de passar por várias cidades brasileiras, chegou em Belém em dezembro do ano seguinte. Na capital, se apresentara no Theatro Politheama, uma espécie de arena, onde apresentavam cavaleiros e lutadores ( como na antiga Roma, imagina-se).

O jornal "O Tempo", anunciou o evento, afirmando que "Conde Koma" iria mostrar as principais técnicas do "jiu-jitsu" exceto aqueles proibidos. Lutou e venceu pugilistas, lutadores de luta livre, greco-romana, capoeiristas e virou uma lenda das artes marciais.

Em 1921, fundou sua primeira academia judô no Brasil no Clube do Remo, no bairro da cidade velha, em um galpão de 4m x 4m, transferida depois para a sede do Corpo de Bombeiros, e depois para a sede de uma igreja, Teve fundamental influência na criação de jiu-jitsu brasileiro.

Carlos Gracie, então com 14 anos, filho de Gastão Gracie, assistiu a uma demonstração dada por Maeda, no Teatro da Paz e decidiu aprender judô (conhecido na época como "kano jiu-jitsu"). Maeda aceitou Carlos como um estudante. Carlos passou, então, a ser uma referência na luta, junto com os irmão mais novo Hélio Gracie, fundadores do Brazilian jiu-jitsu .

Deste movimento acabaram derivando modalidades como o Vale tudo e mesmo, de alguma forma, o UFC, que contagiou o mundo todo. Conde Koma morreu em Belém aqui em 1941. E os moradores desta cidade não tem sequer ideia da importância que ele representou para estes esportes.

Fontes: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mitsuyo_Maeda,com sugestãodeJosé MariaJunior/MarizaLima.Belém Antiga é um Projeto Salomão Mendes Imóveis.

Um pouco mais dessa História, envolvendo São Luís e o início do Jiu-jitsu – jujútsu.

Lacé Lopes afirma que o primeiro confronto entre um capoeirista e um lutador oriental deu-se no Rio de Janeiro, em 1909, quando apareceu por lá um campeão japonês de jiu-jitsu, Miyaco, dando exibições. Um grupo de estudantes de medicina convidou-o a enfrentar um conhecido capoeirista, carregador do Café Saúde, chamadoCiríaco, queviviapelasdocas. Nomomento daluta,ojaponês abaixou-separacumprimentarCiríaco e o capoeirista, pensando já ser um ataque, toca-lhe um violento rabo-de-arraia, liquidando-o mesmo antes de começar a briga. (Jornal do Capoeira:www.capoeira.jex.com.br: Andre Luiz Lacé Lopes, Edição 45: 29 de Agosto à 04 de Setembro de 2005; Capoeira:www.capoeira.jex.com.br: Leopoldo Gil Dulcio Vaz, Edição 45: 29 de Agosto à 04 de Setembro de 2005.

Mas, antes, o Jiu-jitsu deve ter sido apresentado aos sócios do Fabril Athetic Club (fundado em 1907) pelo escritor Aluísio de Azevedo Ao abandonar as carreiras de caricaturista e de escritor, abraça a carreira pública em busca de sobrevivência como funcionário concursado do Ministério de Relações Exteriores. Torna-se cônsul, servindo por quase três anos no Japão, entre setembro de 1897 a 1899, na cidade de Yokohama, onde deve ter aprendido essa arte marcial, assim como a jogar Tênis e Futebol, quando de sua estada na Inglaterra. Informa MARTINS (1989) que Nhozinho Santos, em 1908, implanta mais duas modalidades esportivas no FAC: o Tiro, com inscrição na Confederação Brasileira de Tiro; e o "jiu-jitsu", com um grande número de adeptos. (MARTINS, Djard Ramos. MERGULHO NO TEMPO. São Luís: Sioge, 1989; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. A introdução do esporte (moderno) no Maranhão. CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTE, LAZER E DANÇA, 8º, Ponta Grossa, UEPG... Coletâneas ... disponível em CD-ROOM, novembro de 2002).

Em “A Pacotilha” - de 18 de abril de 1910, segunda feira consta notícia de que o “Fabril Athletic Club” –FAC - estava preparando uma jornada esportiva para recepcionar ao Barão de Rio Branco, em visita à São Luís. Em nota do final da notícia é informado que: "Tem funcionado neste clube aos domingos pela manhã, um curso de jiu-jitsu, dirigido pelo Sr. F. Almeida contando já com muitos adeptos. Esse curso passará a funcionar, regularmente d'agora em diante, aos domingos das 8 as 10 horas do dia."

Nesse mesmo ano, associados do Fabril Athetic Club – FAC - se desligam dessa agremiação pensando na formação de outra, mais popular, aberta, mais democrática. Fundam o ONZE MARANHENSE, que, além do futebol, desenvolveu outras atividades esportivas: tênis, crocket, basquetebol, bilhar,boliche,ping-pong (tênis de Mesa), xadrez, e a luta livre, introduzida por Álvaro Martins.

Pelo sitio a Confederação Brasileira da modalidade, o Jiu-jitsu foi introduzido no Brasil, oficialmente, por Mitsuyo Maeda, - "Conde Koma" -, em 1915.

O Conde Koma - em viagem de exibição pelo Brasil para divulgar sua arte -, a caminho de Belém (novembro daquele ano), passou por São Luís e fez algumas exibições:

Em Belém do Pará, o professor Koma passou a lecionar o verdadeiro Jiu Jitsu a seu dileto aluno Carlos Gracie.

A PACOTILHA, 22 de junho de 1922

Já em Belém do Pará, o professor Koma passou a lecionar o verdadeiro Jiu Jitsu. Os irmãos Carlos e Hélio Gracie são tidos como os precursores do que hoje é chamado de Jiu Jitsu Brasileiro, de eficiência comprovada no mundo inteiro, muito embora em “O livro proibido do Jiu-Jitsu” seu autor Marcial Serrano coloque dúvidas de que os Gracies foram alunos de Koma, quando da estada deste em Belém. Na realidade, foram alunos de um praticante ensinado por Koma, e depois, por Omori, em São Paulo, lá pelos anos 30...

Em Belém, o Conde Koma teve entre seus alunos, Carlos Gracie e Luiz França. Maeda ensinou somente o judô de Jigoro Kano [...] Hélio Gracie afirma que "Carlos lutava judô" [...] Luiz França, colega de turma de Carlos na escola de Maeda, foi responsável pelo nascimento de outro ramo do jiu-jitsu no país. Além de aprender judô/jiu-jitsu com o Conde Koma, inicialmente treinou com Soishiro Satake em Manaus, concluindo sua formação com Geo Omori, em São Paulo França fixou-se no Rio de Janeiro, onde ensinou a arte para militares e moradores carentes do subúrbio carioca

JIU-JITSU NO MARANHÃO DESDE 1909… Por Leopoldo Gil Dulcio Vaz em 24-08-2009, às 12h04. Publiquei em meu Blog Sáb, 22/08/09 por leopoldovaz | http://colunas.imirante.com/leopoldovaz/2009/08/22/curiosidades-o-queescrevem-e-o-que-e-real/#respond categoria Esporte Escolar, Informação, Literatura & Esporte, Raízes, Recordar é Viver: Para quem faz Jornalismo Esportivo é imprescindível conhecer o mínimo… como a própria história da modalidade e suas principais características. Falo de uma nota publicada já duas vezes num jornal online sobre o Jiu-Jitsu… como curiosidade: fora introduzido no Brasil pelo Conde Koma, a partir de 1915, que o ensinou aos Gracies, do Pará… que a primeira academia fora fundada no Rio de Janeiro em 1925 por Omori… Certo! Até aí, nada de mais, pois essa é a versão oficial… O que não aceito, é que no Maranhão! Se divulgue essa versão…

JOÃO BATISTA FREIRE, RAFAEL CASTELLANI

Não nos surpreende o apoio do elenco do Corinthians (não sabemos se todo ele ou sua grande maioria) ao técnico Cuca momentos antes de sua demissão. Não é difícil supormos que o mesmo ocorreria em outros clubes, afinal, o futebol foi gestado e criado em um ambiente machista, permissivo, reacionário. Há avanços, claro, mas ainda tímidos. Casos como o de Cuca, treinador que finalizou sua passagem pelo Corinthians após 7 dias, e dois jogos, em que jovens são abusadas por jogadores, são frequentes e tão mais frequentes quanto mais olhamos para o passado; raramente eram relatados. E, quando relatados, não sensibilizavam a sociedade, ou ao menos parte dela, como já ocorre nos dias atuais.

O apoio dado a Cuca pelos jogadores corintianos é mostra de como as mulheres são consideradas e tratadas no ambiente futebolístico, e fora dele também. Porém, surpreendente mesmo seria o apoio dos jogadores à vítima, uma criança de 13 anos, comprovadamente violentada por um grupo de jogadores, dentre eles, Cuca, à época, atleta do Grêmio. Houve investigação e posterior condenação dos jogadores por estuprarem a menina. De lá para cá passaram-se muitos anos e, se não resultou em prisão definitiva do técnico (ele e os demais envolvidos permaneceram 30 dias presos na Suíça e retornaram ao Brasil para responder o processo em liberdade), pelo modo como isso é tratado no Brasil, e pela sua não extradição à Suíça, o caso criou a necessidade de arrependimento e desculpas públicas, algo que não ocorreu; Apesar de condenado após investigação, em processo transcorrido na Suiça em 1987, Cuca nega que tenha praticado o crime. E ao se explicar, somente se contradisse em relação ao que foi averiguado e constatado na investigação. Não estamos aqui julgando o treinador, afinal, partimos do pressuposto de que ele já foi julgado e condenado a 15 meses de prisão. Pelas leis suíças, seu crime prescreveu após 15 anos.

Abusos sexuais não são novidade no ambiente futebolístico. Grande parte das últimas gerações de meninos cresceu em um ambiente assim, como meninos jogadores de bola, nos campinhos de terra, nas ruas e nos campos de várzea. Sobretudo em meados do século passado, a formação dos jogadores brasileiros não ocorria em equipes de base dos clubes, mas nesses espaços lúdicos, de muita brincadeira com bola, nos quais nós, que tínhamos no jogo de bola nossa principal brincadeira, criávamos à vontade e nos tornávamos, cada vez mais, habilidosos. Era comum, nestes espaços, alguns adultos organizarem os meninos habilidosos, desde cedo, em timinhos, que jogavam nos finais de semana. Muitos desses adultos eram pedófilos. Os meninos sabiam, muitos pais e mães sabiam e a comunidade também. Mas raramente ouvíamos alguém que se incomodasse com isso. Se o futebol era um ambiente rico para a vivência do lúdico, da criatividade, da liberdade, por outro lado, era cercado por pedófilos, que viam no futebol dos meninos uma excelente oportunidade de aliciar.

Entre tantas coisas maravilhosas que vivenciamos e aprendemos no futebol, há também, infelizmente, e para nossa revolta, essa permissividade danosa em relação aos abusos sexuais, sobre meninos e meninas. Muitos estudos e investigações já foram realizadas a esse respeito. Dentre eles, vale destacar a ampla e qualificada investigação do jovem e talentoso jornalista Breiller Pires, que há muitos anos investiga casos de abuso sexual no futebol, e que em 2013 publicou na revista Placar um dossiê sobre abuso sexual no futebol. Conforme constatou em sua investigação, “…muitos jogadores de futebol consagrados já foram vítimas de abuso sexual”. E quantos não consagrados também não sofreram com isso? E quantos, que sequer se profissionalizaram, sofreram abusos a fim de buscar o sonho de tornar-se jogador profissional de futebol?

Quanto ao desrespeito às mulheres, vivemos com nossos amigos, ou familiares, uma verdadeira escola de desrespeito, opressão e violência no ambiente futebolístico. Nem todos os amigos ou famílias eram, ou ainda são, assim, mas todos viviam nesse ambiente. O que se dizia sobre as mulheres era assustador, ainda mais do que nos tempos atuais. Talvez isso nos ajude a entender o porquê de somente agora, tantos anos após a condenação e após a passagem do treinador Cuca por diversos clubes, este episódio de estupro coletivo tenha voltado aos holofotes.

Ainda que tenhamos alguns raros exemplos de posicionamentos e movimentos de atletas para dizer não à violência contra a mulher, ao racismo, à homofobia e outros abusos que produzem tanto sofrimento aos brasileiros e brasileiras, quantos outros jogadores e ex-jogadores uniram forças e vozes aos 33 atletas que, em 2018, endossaram a campanha do Sindicato de Atletas de São Paulo contra o abuso sexual no futebol?

Ao ser contratado pelo Corinthians, clube reconhecido historicamente como aquele que sempre esteve à frente no combate às injustiças contra as minorias, os negros, as mulheres etc., que encampou na década de 1980 o movimento da Democracia Corinthiana reconhecido, até hoje, como o maior, e mais importante, movimento político e ideológico no âmbito do futebol, novamente esse caso de estupro coletivo realizado em uma menina de 13 anos de idade veio à tona. Os “passadores de pano” de plantão, em sua maioria conservadores, reacionários, abusadores ou coniventes com esse tipo de comportamento, logo tentaram minimizar a situação. “Ahhhhh… já faz tanto tempo!”. “Ele já treinou tantas equipes e só agora acham isso ruim?”. Antes tarde do que nunca, não é? Ainda bem que o destino de Cuca foi o Corinthians. Mas não o Corinthians dos dirigentes que o contrataram e sim o Corinthians da Gaviões da Fiel. O Corinthians “das minas”. Se iniciamos nosso texto afirmando que não nos surpreende a defesa do elenco corinthiano ao treinador condenado por estupro, um deles afirmando, inclusive, ter se sensibilizado com o choro do treinador – mas aparentemente não com a dor e trauma de uma menina de 13 que, conforme afirmado no processo, tentou o suicídio -, finalizamos dizendo que também não nos surpreende a pressão da sua enorme, apaixonada, crítica e politizada torcida, bem como das atletas do futebol feminino com manifestações firmes e posicionamento contundente que, culminaram na demissão do treinador Cuca.

Texto por: João Batista Freire e Rafael Castellani.