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A pobreza e suas razões para se perpetuar!

20 milhões de brasileiros vivem com menos de uma refeição por dia

Jardim Gramacho ficou famoso mundialmente quando o fotografo Vic Muniz fez alguns ensaios fotográficos e um documentário que ganharam prêmios pelo mundo. Suas fotos tornaram os habitantes famosos e pressionaram o setor público a trabalhar pelo encerramento do lixão que ali existia. O trabalho realizado entre 2007 e 2009 no que era considerado um dos maiores aterros sanitários do mundo, na cidade de Duque de Caxias, projetou seus moradores dando visibilidade a quem era invisível.

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Os ensaios fotográficos feitos (vale a pena assistir o documentário) correram o mundo e transformaram a vida dos catadores que ali moravam. Hoje, sem empregos regulares, os moradores sentem falta do que antes era seu sustento, pois viviam do que encontravam no lixão.

Em depoimento a um telejornal uma antiga moradora do Jardim Gramacho, emocionada, relata que não tem como alimentar ela e seus filhos e, quando muito, faz uma refeição por dia. Ela, muitas vezes, deixa de comer para alimentar as crianças; então se sente debilitada e diz: “nada que um punhadinho de sal na língua e um banho frio não ajude o corpo a reagir”. A que ponto chegamos!

Outro depoimento de uma senhora expõe um problema comum entre os menos esclarecidos; a senhora com nove filhos, relata suas dificuldades de manutenção do básico, que se resume, em essência, na alimentação. Em pleno século XXI não é mais possível que pessoas não tenham acesso a planejamento familiar e que o Estado entenda que, distribuindo pílula anticoncepcional, preservativo e pílula do dia seguinte está praticando política pública de planejamento familiar. Quando se analisa o fenômeno da gravidez precoce fica ainda mais clara a ineficiência do Estado e dos poderes constituídos. Crianças com 10, 11, 12 anos grávidas, escancaram a incompetência do Estado. E as escolas? Onde entram neste processo? E a educação dos pais como é feita? Pais que, provavelmente, foram vítimas da mesma malemolência do Estado em lidar com os fatos que infernizam a vida do cidadão comum. Segundo a FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura – após a pandemia, 20 milhões de brasileiros vivem com menos de uma refeição por dia e, mais de 60 milhões têm deficiências crônicas de alimentação. As imagens que vemos todos os dias em telejornais são elucidativas e chocam qualquer cidadão com alguma consciência. Enquanto uns comem frutos do mar e bebem vinhos cinco estrelas, os mais pobres reviram o lixo das Ceasa da vida em busca de algum osso ou de legumes que já não seriam comercializados.

Enquanto isto, as famílias mais humildes continuam construindo famílias grandes como se não existisse amanhã, como se existissem empregos em profusão para pessoas com baixa ou nenhuma escolaridade e, infelizmente, este quadro que ora se vive deve ter permanência longa porque à alguns políticos a pobreza é certeza de potenciais eleitores no futuro.

A Polônia mostrou ao mundo que, em 20 anos, é possível fazer uma revolução na Educação e qualificou seu povo que, hoje, espalha-se pela Europa em empregos indesejados para pessoas de alguns países; será que o mesmo interesse vale para o Brasil? Será que nossos políticos estão preocupados com o futuro das pessoas ou só com a próxima eleição? Cabe a nós cobrar respostas!

Será o Brasil uma imensa periferia?

“O conhecimento é a arma atômica de uso, absolutamente, eficaz contra a ignorância e a pobreza”

Ouvi a expressão que o Brasil é uma imensa periferia de José Luiz Datena. A princípio fiquei me questionando até onde a afirmação refletia o que acontece no país e, cheguei a conclusão que é resultado de um planejamento intencional para manter o povo em submissão. Quando se mantém grande parte da população em situação de analfabetismo funcional, os senhores feudais da atualidade, reinstalam a Casa Grande e Senzala (com respeito total a Gilberto Freyre).

É óbvio que nossos governantes, em todos os níveis, ao não priorizarem a Educação em seus planos de governo, condenam o povo à ignorância e transformam-no neste usuário das “migalhas” que o Estado lhe reserva. É bolsa disso, bolsa daquilo e o povo, em troca, lhes entrega sua dignidade e assume a subserviência dos que se acham incapazes.

O conhecimento é a arma atômica de uso, absolutamente, eficaz contra a ignorância e a pobreza. Só através da qualificação das pessoas se constrói um país competitivo. A saída da crise em que fomos colocados pela pandemia está sendo difícil e exigirá criatividade e ações de Estado que estão longe do sistema paternalista que, hoje, nos governa; o povo sozinho não terá condições de se recriar e permanecerá inerte aguardando as famigeradas bolsas para continuar sobrevivendo.

Ao invés de buscar saídas qualificadas para o momento que vive o país, o governo coloca entraves em tudo que busca facilitar a recuperação do mercado de trabalho e, o desemprego cresce. O que falta para os governantes entenderem que o mundo mudou? Que não estamos mais em 1980? Que, como diz a sabedoria popular, “a cabeça é redonda para o pensamento mudar de direção.” Não, continua-se a bater na tecla do passado. Regulamentar a atuação dos motoristas de aplicativos, quando pesquisas indicam que 75 % não querem esta regulamentação, é dar tiro no próprio pé; esquecer ou fingir que não existe a ação da Inteligência Artificial, que robotização, mecanização e virtualização estão virando o mercado de trabalho de cabeça para baixo, eliminando TODOS os empregos que usam a força braçal é burrice. E a pergunta é: o que fazem os governos para qualificar 14 milhões de analfabetos, em torno de 60 milhões de analfabetos funcionais e outros que mais? Nada!

A Educação continua atrelada ao século XIX, com professores do século XX e estudantes do século XXI para atender a necessidades tecnológicas que nunca estiveram tão presentes e com mudanças que ocorrem, praticamente, o tempo todo.

Sim! O Brasil é uma imensa periferia onde o esgoto corre a céu aberto em qualquer de nossas grandes cidades, onde pessoas moram em palafitas sem acesso a nenhuma infraestrutura, onde crianças são obrigadas a caminhar por horas para receberem uma Educação de adestramento (precisam ser obedientes e ai daquelas que queiram exercer sua criatividade), onde pessoas afastadas por doenças ou acidentes têm que esperar meses para realizar uma perícia. Sim! O Brasil é uma imensa periferia!

Enquanto isto, no Ministério Público, o procurador geral criou um benefício para funcionários que fazem trabalhos especiais que permite, a cada 10 dias trabalhado um ganho de 3 dias de bônus que poderão ser convertidos em dinheiro; mas, estes funcionários já não têm 60 dias de férias? Penso que se esqueceram da queda da Bastilha!

Para não concluírem que estou sendo negativo em demasia vou me socorrer em Albert Einstein: “É na crise que nascem as invenções, as descobertas e as grandes estratégias. Quem supera a crise supera a si mesmo!” Será que nós, brasileiros, temos esta capacidade?

Duas pessoas, duas posturas! Vini Jr e Marina Silva.

Vini Jr fez mais pela causa do combate ao racismo do que tudo que já fizeram até hoje; um "moleque" de 22 anos mobilizou o mundo ao enfrentar a escória que o agredia. Já vinha fazendo isto sem descer o nível, com conceitos claros e uma visão de mundo com a qual concordo de todas as maneiras. Parabéns Guri! Continue fazendo a diferença!

Marina Silva depois de depoimento na Câmara Alta onde chamou o agronegócio de "ogronegocio", questionada por um deputado entrou em processo de defesa com argumentos "sou mulher, preta e pobre" baseando-se na cartilha do vitimismo. Quantas mulheres pretas e pobres venceram na vida e não usam o argumento para capitalizar simpatias? Quantas mulheres brancas e pobres sofrem, todos os dias sem chegarem a ocupar cargos públicos de alta renda?

O vitimismo é uma forma de manipular a sociedade e colocá-la, sempre, com sentimento de culpa.