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NAVEGANDO COM JORGE OLIMPIO BENTO

"As armas e os barões assinalados / Que da ocidental praia Lusitana / Por mares nunca de antes navegados / Passaram ainda além da Taprobana / Em perigos e guerras esforçados / Mais do que prometia a força humana / E entre gente remota edificaram / Novo Reino, que tanto sublimaram".

A consagração do direito a uma vida digna, realizada no caminho de perseguição da felicidade, implica a presença acrescida do desporto, a renovação das suas múltiplas práticas e do seu sentido.

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Sendo a quantidade e qualidade do tempo dedicado ao cultivo do ócio criativo (do qual o desporto é parte) o padrão aferidor do estado de desenvolvimento da civilização e de uma sociedade, podemos afirmar, com base em dados objetivos, que nos encontramos numa era de acentuada regressão civilizacional. Este caminho, que leva ao abismo, tem que ser invertido urgentemente.

Da emergência da China

Durante muitos séculos, o oriente e os orientais foram vistos pelos olhos ocidentais como inferiores e duvidosos. Fui educado e socializado nessa depreciação; felizmente, logrei desfazer-me dela. A visão e a desconfiança persistem e ensombram as relações com os países e povos daquela região do globo; e carecem de ser enfrentadas numa altura em que a China se apresenta como potência económica, prestes a superar os EUA, e como articuladora de jogos políticos que podem levar a uma nova ordem mundial. Não é curial que ignoremos e nos alheemos desta evolução. A China não é uma miragem longínqua; é uma entidade próxima de nós, bem presente no quotidiano.

A crítica do neoliberalismo selvático não deve impedir-nos de refletir sobre os desafios postos pela realidade emergente. O vento da mudança não leva, de modo automático, para um estádio superior ou versão progressista, caída do céu por graça divina. Cumpre-nos estar atentos ao facto de que, quando impérios e imperialismos enfraquecem e desaparecem, outros se aprestam para preencher o vazio. O intelecto está obrigado a formular ideias, princípios e direitos em todos os cenários. Tem que continuar ativo e vigilante face ao futuro que se avizinha em passos rápidos. Goste-se ou não, o ‘Império do Meio’, como outrora foi conhecido, está de volta, pronto para assumir o papel de ator central na acrópole universal. A ‘Rota da Seda’ é agora a das novas tecnologias e do poderio alcançado pelo ‘capitalismo de estado’ chinês.

A reflexão sobre esta vinda não se destina a suscitar temores e atiçar os preconceitos de antanho e ainda vigentes; é para manter o espírito acordado e apontar balizas e marcos à marcha da civilização e da humanidade. O ideário axiológico e político não pode olvidar que não atingimos a forma civilizatória final e que sempre houve e haverá tentações de hegemonia e subjugação do outro.

Depressão

Não sou psicólogo ou psiquiatra, mas atrevo-me a dizer que a depressão é um viver com sonhos por nascer ou a murchar e desaparecer. As casas, as instituições e as ruas estão cheias de deprimidos; enquanto os sonhadores são escassos. Quanta gente velha sem ter vivido e sido jovem! É, pois, ingente tarefa a da educação e dos professores: recriar e multiplicar a vontade e o encanto de sonhar.

Escassez de Professores

Não é somente entre nós. A denúncia da falta de docentes estende-se pelo mundo afora. E não afeta apenas a escolaridade fundamental e secundária. O mal contamina também e com gravidade acrescida a universidade. Nesta abundam os investigadores ditos de excelência e com alto fator de impacto, alguns tão eficientes e prodigiosos que fabricam um paper a cada 3 dias, logo sem tempo para preparar e dar aulas à altura da função. São cada vez mais raros os Professores de saber experimentado, com muito para contar e capacidade de encantar, confiáveis, estimulantes, lúdicos e simbólicos. É fácil imaginar o protótipo de cidadão 'reflexivo', manufaturado em semelhante linha de montagem.

Origem da ideologia do género

O depoimento, contido no vídeo anexo, revela a origem e motivação da ideologia do género, bem como os seus autores. Surgiu para ser o mais eficaz instrumento de controlo da população.

Há agendas ocultas de governo do mundo que escapam ao conhecimento dos cidadãos. Esta parece ser mais uma.

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Da saúde dos idosos

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"Só um sexto dos idosos diz ter boa saúde. Portugal é o terceiro pior na União Europeia." Eis o título de um estudo apresentado no jornal Público de hoje, a páginas 14 e 15.

O problema não se resolve com a distribuição de mais medicamentos e a criação de serviços de geriatria, afirma um especialista. Pois não; a raiz dele está na falta de condignas pensões de reforma para todos. Porém a cegueira ideológica e a indiferença inumana dos economicistas barram o caminho à solução.

Da ilusão e simulação

Desde que há governo no mundo, este sempre foi assumido por uma elite, a contento dos seus interesses. De quando em vez, surgem modificações nas formas da governação, mas a essência não se altera, à semelhança do que ocorre com a água da profundidade dos mares e rios; ela não sofre mudança significativa, apesar da alteração provocada na superfície pelas tempestades. Por detrás da fachada da aparência, os regimes políticos sucedem-se sem desvios da linha matricial original; quando apeados, rapidamente se recompõem e encarnam em substitutos de idêntico jaez. Os poderosos outorgam alguns direitos, praticam a caridade de melhorar as condições laborais, e de instituir escolas, hospitais e medidas assistenciais, ou seja, abrem mão de algo, porém não abdicam do essencial. Assim tem sido até aqui, por mais ideais, princípios e valores que se apregoem e revoluções se façam. Falta muito para alcançar a meta da equidade, justiça, inclusão e dignidade de todos e cada um; a generosidade da proclamação ainda não encontrou a correspondente medida de concretização. Enfim, o feriado do Primeiro de Maio, embora arrancado a ferros e sangue, é um ato do representório contínuo da ilusão e simulação.

Destruição dos sindicatos

Primeiro foram Hitler, Mussolini, Franco e Salazar. Depois vieram Margareth Thatcher e Reagan. Hoje são os continuadores destes dois abencerragens neoliberais, travestidos de social-democratas e outros que tais. Todos viram e percebem bem que a eliminação dos sindicatos é a solução ideal para isolar e deixar entregue a si próprio quem trabalha, para destruir a forma principal de as pessoas se organizarem na defesa dos seus direitos, e sobretudo para deixar à rédea solta os apetites do mercado.

Não há volta a dar. Os fins-de-semana, as férias, as pensões de reforma, a redução dos horários laborais, a melhoria de carreiras e salários e a criação de medidas assistenciais são conquistas sindicais. Estas implicaram o sacrifício de inúmeras vidas, muito sangue derramado, fome a rodos, perseguições a esmo, prisão e sevícias arbitrárias, enfim um estendal de horrores.

Convém não esquecer isso. E também que as leis, tendentes a prejudicar e esfolar os trabalhadores, são escritas a mando dos poderosos, mesmo quando elegemos os que as aprovam. Sem olvidar que ‘trabalho’ provém do termo latino ‘tripalium’, instrumento usado para castigar e infligir tortura e sofrimento. Acordar, reconhecer e pensar em tudo isto é o mínimo que podemos fazer nesta hora em que somos assaltados e espoliados de todos os lados.

Traição ao país

Afirmo, sem tirar nem pôr: a privatização da TAP é um crime de lesa-pátria; constitui traição ao país e frete inqualificável aos interesses do mercado financeiro internacional. Tal como o foram, em tempos recentes, as alienações de outros ativos estratégicos. Em toda a trama da venda de empresas públicas (EDP, GALP, CTT, Aeroportos, etc.) há gente ignominiosa que, com as mãos sujas, desfere facadas nas costas da soberania nacional. Nada de novo. Já Camões se queixava da existência de traidores entre nós. Ao longo da sua história, Portugal foi inúmeras vezes traído pelos grupos possidentes. A obscenidade destes sevandijas não tem fim. O último gatuno a sair que apague a luz, por favor!

Recomendação

Cerbero, o monstruoso cão de três cabeças, continua a andar por aí, com outro nome. Se ele surgir no teu caminho, conserva a calma; apanha punhados de terra cheia de vermes e lança-lhos nas goelas esfaimadas. A horrenda criatura ficará entretida a saborear o aprazível repasto. E tu poderás seguir em frente tranquilo e com a consciência de ter praticado uma boa ação.

Frustração e raiva

Eles - os comentadores, quem havia de ser?! – estão furiosos. Espumam raiva em cada letra das palavras que vociferam. Não sem razão. Viram desmentidos os seus vaticínios e foram envergonhados na praça pública. Então o Primeiro teve a desfaçatez de os desdizer e não seguir o caminho traçado pelos oráculos e pitonisas?! Ousou contrariar o destino antevisto pelos sacerdotes dos templos televisivos?! É afronta demasiada para quem tudo sabe e se julga investido do sacrossanto e intocável poder de fabricar cenários, de nos aldrabar e manipular a belprazer. Perderam a face, mas mantêm intacta a sede de vingança. Vêm aí mais capítulos do curriculum dos expoentes da petulância e presunção.

Inutilidade do voar

Só gostas de utensílios e de coisas úteis?! Então não tentes aprender e experimentar o voo; mantém-te amarrado ao chão. Voar é um gesto ‘inútil’; não serve absolutamente para nada. Apenas é belo e simbólico, inspirador da ousadia da liberdade, vencedor da tirania da necessidade. Muito pouco para compensar o esforço e o perigo de romper o conformismo e de afrontar a lei da gravidade. Cómodo, natural e proveitoso é o rastejar.

Comentadores políticos dos canais televisivos, uni-vos!

Esta é a palavra do dia. Por admiração e gratidão à vossa insuperável tudologia. Dais vista aos cegos e andar aos trôpegos. Sem vós, extinguir-se-iam a luz do sol e o brilho da lua; e secariam as fontes e os rios. Sois o báculo dos imbecis e o intestino do mundo. O patrono jamais vos abandonará; não esmoreçais, pois, no labor de moldar a realidade pela bitola da vossa bolha!

Do poder da Palavra

Caro Professor:

Celebra-se hoje o Dia Mundial da Língua Portuguesa. Cuida dela, porque é a ferramenta principal dos teus vários ofícios. Não esqueças que és profissional da Lógica, da Retórica e da Palavra; que a verdade mora nos interstícios das palavras e a linguagem representa a forma da ideia. Esta jamais alcançará o acabamento, vive permanentemente in statu nascendi.

A Lógica é considerada a arte de bem pensar, de elaborar a preceito as noções e tudo o mais que queremos transmitir, enquanto a Retórica pode ser considerada a arte de falar com primor. A linguagem escrita ou falada é uma arte de eleição contra o analfabetismo, a injustiça e a mentira que teimam em existir.

As melhores palavras são expressão de quem ainda não somos. As que contribuem para o desaparecimento ou ocultação de ‘coisas’ elevadas criam ausência e vazio de sentido, o sufocante sentimento de perda. É tua missão ajudar os alunos a conhecer e usar palavras limpas, substantivas, aumentativas, aladas, criadoras. Elas são o fiodo-prumo da nossa artisticidade, condição e civilidade, sempre em elaboração e restauração.

Deveras relevante e simbólico

Um ato absolutamente contrário à espuma e à palha destes dias.

Camões rejubila por ver que o nosso idioma tem um universo de 300 milhões de falantes. Estes diversificam-no e transformam-no, ajustando-o paulatinamente às formas de ser e estar das pessoas que o usam como instrumento diário da vida.

Tragicomédia: brincar aos reis e às rainhas

O mundo está a arder em guerras provocadas, a mirrar nas florestas e terras queimadas e a afogar-se nas ondas da dor e das lágrimas derramadas. Todavia, a alienação nestes dias desdobra-se a entreter a plebe com criaturas coroadas. As funções do circo romano são hoje retomadas e amplamente superadas. As plutocracias recebem aplausos e flores das gentes pobres e coitadas. Não há nisto contradição, mas sim colheita abundante das manipulações ardilosamente semeadas.

Quando seremos jovens?!

Como disse Pablo Picasso, “leva muito tempo a tornarmo-nos jovens.” Temos um longo percurso para andar. Acampados na fase da adolescência, sem abertura à beleza do mundo, somos reféns de credos velhos e relhos, de interesses e gestos mesquinhos, de palavras falhas de claridade, donos de quintais murados. Não vivemos ainda o bastante para aprender a ver estrelas no céu, a semear, colher e repartir o pão na terra. Como superar o estádio onde nos encontramos? Talvez tomando consciência do ‘quem’ por realizar. Estamos ajoujados de contradições indicativas do quanto há sempre em nós por fazer, visando a juventude irreverente, a toda a hora renovada. Quando os ideais dormentes, desaprendidos ou abandonados nos insuflarem a alma, a boca, a vontade e os atos, então nesse dia seremos jovens!

Entardecer…

Passas por mim, criatura altiva que te cuidas jovem, como se estivesses montado no cavalo da vida sem idade. Nem sequer me olhas; não pertenço ao teu mundo. Bem o sei e sinto; ando curvado, carrego o peso de conhecimentos, de experiências, de alegrias e tristezas, de ilusões e desenganos, de desafios assumidos, de ideais e sonhos cumpridos e por realizar. Acumulo dificuldades e canseiras, mas não tenho demasiados anos, nem tampouco sou velho. Velha é a Terra que nos alimenta e a Lua que ilumina e clareia a noite; velho é o Sol que nos aquece e o Mar que nos embala. Velha é a Humanidade que nos acolhe e a Sabedoria que nos acalenta. Cheguei ao entardecer, onde brilha uma luz mais suave. Também aqui chegarás, se não existires no crepúsculo permanente e tiveres ânimo e asas para levantar voo sempre que anoitece.

Educação e Escola na encruzilhada

Considero os factos (‘amore fati’), como propôs Nietzsche, embora não os desobrigue da modificação. Igualmente tomo o conselho de Schopenhauer: quando o presente não abre portas a um futuro auspicioso, é altura de parar, olhar o passado e procurar nele fontes de inspiração, em vez de prosseguir na direção do abismo. Em termos de visão da Educação e Escola estamos órfãos. O Professor Manuel Patrício partiu e os deuses não vieram substituí-lo, deixam-nos entregues à pouca sorte nesta era de vazio preenchido por valores negativos e de liquefação do sólido pela máquina do efémero. Parados numa encruzilhada, hesitamos sobre o caminho a tomar. Sabemos que não há nenhum inteiramente isento de desacerto, e que aprendemos no decurso sopesando os erros; mas nem assim decidimos optar por algum. Esperamos a vinda de alguém para indicar a via com a ponte que fecunda a ligação entre os conhecimentos e a cultura. Não virá esse milagreiro; são os obreiros do estaleiro da educação e da escola que hão de abrir roteiros, em cada local e em atitude experimental, com reflexão e ação, somando e sublimando fracassos.

Conhecemos os dados da diminuição do QI médio da população mundial nos últimos 20 anos, tal como o empobrecimento do pensamento, resultante da redução do número de palavras e dos seus significados no uso corrente. Georges Orwell, entre tantos outros, mostrou bem como isso restringe a liberdade dos cidadãos e reforça o totalitarismo da ideologia dominante. E há ainda a ameaça da IA. Não é preciso discorrer muito acerca destes cenários. Qualquer professor, à altura da função, se apercebe de que é cada vez mais baixo o nível da linguagem e de raciocínio dos alunos. O léxico é magro, os erros de ortografia e gramática são obesos. O desprezo da regra linguística tem a alegre companhia do atropelo das normas da boa educação e do intelecto. A fala, a urbanidade e a lógica andam associadas; em todas a situação é de calamidade pública. O saber ler, escrever, contar e expor, outrora pedra basilar da escola republicana, não merece hoje consideração; o cultivo da mente, da oratória, da retórica e argumentação também não. Não se trata de uma avaliação subjetiva. São evidências mensuráveis, que a maioria dos docentes vivencia no exercício quotidiano. Acresce a agressividade verbal e física, que os atinge não só a eles; igualmente os alunos frágeis são vítimas de violência no espaço da escola e no trajeto entre esta e a residência.

O que fazer? Talvez começar por reconhecer a erosão dos marcos da capacidade de viver juntos, de ser próximos e vizinhos, de coabitar e cooperar, de escutar e conversar, de dialogar e celebrar acordos, da vontade de conhecer e saber e de dobrar a ignorância. Depois decidir se preferimos a metáfora de Atenas (a Pólis de prevalência dos oradores, pensadores e poetas, das artes performativas, da ciência e da Paideia, da ética e estética, da eudaimonia e virtude) ou a versão deformada de Esparta (a praça dos jovens bélicos, fortes, musculados, destemidos, sem freios jurídicos, espirituais e outros afins). Talvez seja possível a síntese dialética de ambas, limando as arestas do destempero animalesco e preservando o essencial da natureza humana. Enfim, sou cada vez mais grego!

Filosofia barata

Não é filósofo quem quer. Mas todos podem e devem filosofar. Basta olhar o mundo e as circunstâncias, ser tocado pela estranheza e pelas inquietudes, desatar a exclamar e interrogar. Os que quiserem seguir em frente precisam do arrimo da solidez de conceitos filosóficos fundamentais. Obviamente, dá muito jeito a língua alemã e ler no original os pensadores teutónicos, porquanto são eles quem mais e melhores pontes estabelece com os clássicos gregos.

Este introito vale principalmente para a educação física e desportiva. Nesta área vê-se, não raras vezes, confirmada a aceção assaz conhecida: “Em terra de cegos quem tem um olho é rei.” Claro, este somente é coroado se forem muitos os incapazes de perceber a nudez.

Uma vida longa permitiu-me registar coisas absurdas. Vi o desporto ser condenado e até diabolizado por configurar as perversões do capitalismo e nada conter de positivo em termos axiológicos e pedagógicos. Em seu lugar, era proposta uma motricidade abstrata, como se não houvesse um património ou cultura lúdica, axiomática e corporal, criada, acumulada e modificada ao longo dos séculos da civilização. Não faltou, para apimentar a toleima, a invocação de Marx, que deve ter-se revolvido na tumba, face a tamanho desvario e à ignóbil deturpação do seu pensamento. Estou a referir factos; se alguém duvidar, tem à disposição obra escrita que permite comprovar a veracidade ou falsidade deste testemunho.

Embora tardiamente, aconteceu a mudança para a admissão confusa dos valores que o desporto encerra. Ainda bem que o filtro do tempo opera conversões prodigiosas. Fica a advertência para os papalvos: não caiam em filosofias baratas, nem venerem, como demiurgos, os respetivos paladinos!

G7: cimeira do colonialismo e da supremacia do dólar

Já se ouve e vê a ruir o poderio unipolar. Os seus criadores e beneficiários esforçam-se para evitar a derrocada. Em vão. Está a acabar o tempo em que os outros fazem figura de palhaços na sala. A imagem do encerramento da cimeira de Hiroshima é a de um melancólico fim de feira ou romaria. Os foliões partem com a bênção de despedida: ite, missa est!

Será melhor o cenário que aí vem? Não, para alguns e até muitos. Mas o que vai embora não deixa saudades à maioria da população do globo.

Encontramo-nos em 2023: sete países (1 patrão e 6 criados) persistem em arrogar-se o direito de impor aos restantes as regras do funcionamento do mundo! Atentam assim contra a ordem internacional e as respetivas organizações, nomeadamente a ONU. Que ridículo e trágico é o estertor de tão abjeto colonialismo!

Cegueira branca, cinismo, crueldade e infâmia

Nenhum país aplaudiu a invasão da Ucrânia pela Rússia, tão flagrante é o retrocesso civilizacional. Porém a maioria não alinha com as sanções impostas ao invasor pela UE e pelo putativo ‘ocidente alargado’. Porque será? A resposta foi dada, há dias, por alguém insuspeito, o chanceler Olaf Scholz: os “duplos padrões” da conduta ocidental.

Toda a gente decente reconhece que a Federação Russa violou o direito internacional. As vítimas da cegueira de trevas brancas recusam ver que a NATO, a UE e as oligarquias ucranianas ajudaram à missa, ofereceram ao regime russo pretextos para desencadear a agressão; e não estão empenhadas em usar a diplomacia e terminar a confrontação. Move-as o desejo de continuar a refrega e esmagar o inimigo, sabendo da incerteza do intento e a imensidão de vidas perdidas. Assim, sempre que surge qualquer proposta de paz, tratam imediatamente de a desacreditar. Parece haver uma razão decisiva: a guerra interessa à ordem financeira e as ditas entidades estão às suas ordens. Cada escalada favorece e acresce os lucros do famigerado negócio das armas e da morte. A coberto da afirmação de convicções de vária ordem, medra uma cabala que atenta contra a ética da responsabilidade, perverte a democracia e a política e aldraba os povos. Para seguir em frente, o projeto dispõe da conivência da comunicação social, incumbida de manipular a opinião pública, mediante a adulteração e ocultação de factos e a difusão de aldrabices e fantasias sobre o decurso e o desfecho da beligerância. A vigarice atinge o ponto mais negro no sacrifício a que é sujeito o povo ucraniano, ao serviço dos fins da NATO e da UE: estas querem derrotar Moscovo, mas sem colocar os seus exércitos no campo de batalha. A isto chama-se cinismo, crueldade e infâmia. Quem, um dia, pedirá contas à maldade de todos os lados? Era tão bom que existisse o Deus da Justiça!

A Divina Comédia e Humana Tragédia

Trago na minha bolsa, há várias semanas, ‘A Divina Comédia’, tentando reler um pouco todos os dias. Não é aprazível a leitura da obra de Dante Alighieri; encontra-se feiamente replicada na situação decorrente na Ucrânia e noutras partes do mundo, sob a forma de Humana Tragédia. Ora, isto arranha-me a sensibilidade e fere-me o olhar.

Muitas vezes, os humanos queixam-se de que os deuses lhes voltam as costas e não os escutam. A lamúria não tem razão no tocante às guerras travadas na atualidade. Neste caso as deidades são deveras generosas a atender os pedidos dos sequiosos de sangue; fornecem-lhe rios desse plasma, para que nele se banhem e embebedem. É assim limpos e bem-bebidos que estão e se comprazem no inferno.

Para um Amigo

O amigos são suportes da vida.

Quando algum parte, acaba também um pouco dela e ficam frágeis as colunas que a suportam. Assim, com a partida deles, aprendemos a encarar a nossa finitude com um mais de naturalidade (sempre insuficiente) e um menos de tragédia (sempre demasiada).

Profissional de experiências diferentes e com vivência profunda nas áreas de Gestão de Pessoas e Educação. Movido a desafios e resultados tenho trabalhado em empresas que me ofereceram as condições para que a motivação me levasse a superar limites. Durante período de 7 anos trabalhei como consultor de empresas onde adquiri vivência em ramos diferentes de negócio, do comércio ao industrial. Em 2003 comecei a trabalhar como professor universitário vindo a exercer cargos de gestão como diretor de faculdade, pró-reitor de ensino presencial e reitor do Grupo Uniasselvi. Atualmente o desafio está no cargo que ocupo como Secretário de Educação de Indaial. Também executei trabalho em Cuba, onde atuei na implantação da área de Gestão de Pessoas na fábrica Brascuba Cigarrillos, subsidiária da Souza Cruz.

Coluna Ozinil Martins |

28.04.DiaMundialdaEducação!!!Com7%da populaçãoanalfabeta,com 33%da populaçãoanalfabeta funcional, com as universidades facilitando nas provas para os cotistas de forma a facilitar as aprovações, com a proliferação de cursos universitários com baixo valor agregado, com a Educação básica vivendo de esforços individuais, não há nada a ser comemorado.

A comparação com países como a China e Israel, dois exemplos opostos, deixa o Brasil na condição de fornecedor de produtos primários e de baixa tecnologia, exceção ao agronegócio, que parece estar na mira do governo. O bom é nivelar por baixo!

Em breve os que sabem lere escrever serãopunidos por exercer"bullyng" sobre a massa de desvalidos intelectuais.

Em 1996, quando passei quase o ano todo em Cuba, o país vivia o que se convencionou chamar de "Periodo Especial." A mesada russa de 7 bilhões de dólares/ano tinha sido cortada e o país vivia uma crise imensa, pois de fato é produtor de um único produto: açúcar e, desde a revolução libertadora, a produção só cai (o que acontece até hoje).

Aí surge o Chaves na Venezuela e banca o petróleo à Cuba. o país respira, mas Chaves se vai e aparece à Maduro em forma de passarinho. Lembram? Mas, no horizonte nebuloso surge um raio de luz com o programa mais médicos no Brasil, que injetou milhares de dólares, subtraído dos médicos cubanos, para sustentar a ditadura cubana.

Está semana, pelo telejornal da Record, tomei conhecimento que acabou o fornecimento de petróleo venezuelano ( a Venezuela não consegue nem suprir suas necessidades) e, os cubanos estão consumindo, apenas, o que produzem. Resultado: carros sendo empurrados em filas imensas nos postos de gasolina e a espera para abastecer pode chegar a uma semana.

Nossa vizinha argentina, cujo presidente desistiu de concorrer à reeleição, não tem mais dólares; acabou e 1 dólar estava valendo, sexta, 500 pesos e subindo acada minuto. O que fez o Pres. Fernandez? Acertou com o Lula uma reunião na terça em que, com certeza, vai pedir dinheiro para bancar as importações brasileiras ao país vizinho. Que o povo sempre pagou pelos erros de seus governantes é fato. Porém, bancar erros de outros países me parece uma grande burrice.

A conta sempre chega e quem paga é o povo!!!

Só se justifica o aumento de salário com o correspondente aumento de produtividade; em caso contrário está se gerando inflação. Não estou falando do salário mínimo no Brasil que é, sem dúvida, vergonhoso e não atende o pressuposto constitucional. Recentemente li uma matéria que coloca o trabalhador brasileiro entre os mais ineptos do mundo, o que se justifica pelo nível educacional.

O caso da França é exemplar. O modo de vida dos franceses está em processo de desconstrução. As benesses garantidas aos franceses estão sem dinheiro para fornecê-las. Nem a exploração de riquezas dos países africanos está garantindo os recursos para sustentar a riqueza francesa. Em breve nova Queda da Bastilha!

O que está acontecendo na França, já aconteceu na Grécia, irá acontecer em outros países. Não há mais como cobrar impostos de quem já está extenuado de pagá-los. O envelhecimento das populações e a Inteligência Artificial mudarão o mundo. Temo que mais para "Elysium" do que outra coisa.

Hoje é o Dia do Trabalhador e não há nada para ser comemorado. As centrais sindicais estão se mobilizando para expor suas pautas junto ao governo. Tomei um susto! Quero saber de onde virão os recursos para sustentar tudo o que está sendo pedido. Hora de moderação e bom senso!

Ah! Em Cuba o tradicional encontro da população com seus líderes en la Plaza de la Revolucción foi suspenso; o governo não tem combustível para ofertar aos ônibus que levariam o povo. A festa será no Malecon aos que puderem ir. Cuba, Venezuela, Argentina países em processo de desintegração. Os exemplos são fortes, a escolha é nossa! Só um comentário!

Pensar dói?

Vivemos tempos que exigem que casais, ao pensarem em ter filhos, se perguntem quais serão as condições que oferecerão ao futuro filho

Quando se procura o significado de pensar vamos encontrar uma definição simples: “Submeter (algo) ao processo de raciocínio lógico; exercer a capacidade de julgamento, dedução ou concepção”. Observem o quanto existe de exigência no simples ato de pensar. Pensar exige raciocínio lógico que permite a qualquer indivíduo exercer a capacidade de julgar, deduzir e conceber algo ou alguma coisa. Em tempos de má formação educacional (inegável a perda de qualidade na Educação), da enxurrada diária de informações as mais desencontradas possíveis, de fake news abundantes, de jovens alienados e adultos embrutecidos por ignorância ou ideologia, o ato de pensar com lógica (sendo redundante) virou uma atividade de risco. Sim! Expor a verdade com começo, meio e fim, embasado em fatos consistentes, expõe o autor a ser vítima de linchamento cultural, quando não vão além e partem para o cancelamento. Pensar, em certo país ao sul do Equador, virou atividade de risco; ter opinião então…

Gosto muito de usar uma frase que mostra, claramente, a importância de saber pensar: “Estamos preparando os jovens estudantes para profissões que não existem, para operar máquinas e equipamentos que ainda não foram criados e para resolver problemas que sequer imaginamos, além, óbvio, a concorrência da Inteligência Artificial”.

A clareza da verdade explicitada na frase nos remete a necessidade prioritária de ensinar as crianças a pensar. Este é o papel fundamental de qualquer escola. Chega de preparar crianças para um mercado de trabalho que se modifica a cada dia mudando as habilidades das pessoas e valorizando características que não são abordadas, nem nas escolas e nem nas famílias. No início dos anos 80 o livro Megatendências, de John Naisbitt, propunha uma análise sobre as tendências das mudanças que afetariam a humanidade nos anos vindouros; acertou na mosca quando afirmou que “quanto maior o desenvolvimento tecnológico, maior será a necessidade de domínio das competências sócio emocionais.” Em que momento as escolas ou mesmo as famílias abordam, com seus filhos, as competências sócio emocionais? Vivemos tempos que exigem que casais, ao pensarem em ter filhos, se perguntem quais serão as condições que oferecerão ao futuro filho. Não basta somente delegar à escola o papel de educar, pois este é, inegavelmente, papel dos pais. Pais educam, escola ensina! Como diz o prefeito de Quaraí, no Rio Grande do Sul, “só tenha os filhos que possa educar!” Outdoors foram espalhados pelo município com esta frase. Às vezes é necessário ser duro nas afirmações para ser completamente ntendido e, isto, pode ser impopular. O futuro é uma incógnita para todos, mas é possível prever, baseado no crescimento da Inteligência Artificial, que milhares de empregos que são ofertados atualmente devem desaparecer e, alguns, rapidamente. Com o crescimento da população mundial a um ritmo descontrolado e crescimento este, que ocorre 90% em países subdesenvolvidos, é possível prever migrações em massa na busca de maior qualidade de vida (leia-se sobrevivência). O que hoje já ocorre na Europa com migração de árabes e africanos e nos Estado Unidos com os centro-americanos vai crescer a níveis insuportáveis; sem falar nos desabrigados pelas mudanças climáticas. Tempos difíceis nos esperam e este é mais um motivo para ensinar as crianças a pensar. Quem pensa não vê só problemas, procura soluções e encontra-as. Para pensar!

Temo estar sendo chato com a defesa do ensinar as pessoas a pensar. Certeza de que o governo, qualquer que seja, prefere deixar as coisas como estão. Mas... Como ensinar a pensar?

"Aprender a pensar é uma necessidade básica de aprendizagem; consiste em aprender a examinar as suposições para buscar novas alternativas, prever mudanças e saber conduzi-las de forma a ajudar as pessoas a construir cenários."

Aprender a pensar, portanto, compreende:

- aprender rapidamente novas técnicas;

- aplicar conhecimentos antigos de novas maneiras;

- tomar decisões adequadas;

- desenvolver o espírito de indagação e raciocínio;

- avaliar e valorizar a lógica das deduções e

- posicionar-se diante de alternativas.

Fonte: Aspectos Comportamentais da Gestão de Pessoas. - I.I. de Macedo e outros