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OS CURSOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO MARANHÃO

Hugo José Saraiva Ribeiro, 33 anos, é maranhense de Pinheiro (MA) e Professor de Educação Física licenciado pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e Pós-Graduado em Educação Física Escolar pela Faculdade Integrada Jacarepaguá (RJ). Já trabalhou com Recreação no Hospital do Câncer Aldenora Belo, em São Luis, e com Educação Física Escolar nas cidades de Pinheiro, Paço do Lumiar, São Benedito do Rio Preto, Urbano Santos e atualmente trabalha em escolas do Estado em São Luis. É o autor dos livros "Sampaio Corrêa, uma Paixão dos Maranhenses", lançado em Fevereiro de 2011, "Memória Rubro-Negra: de Moto Club a Eterno Papão do Norte", lançado em Setembro de 2012, "Salve, Salve, meu Bode Gregório: a História do Maranhão Atlético Clube", lançado em Setembro de 2014, e "Menino Jesus de Praga e José Justino Pereira: Duas Histórias, Uma Só Paixão", lançado em Setembro de 2017. CONTATO E-mail: hugosaraiva_3@hotmail.com

OS (PRIMEIROS) CURSOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO MARANHÃO

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LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

Em 1974, pela Lei no. 3.489, de 10 de abril 14, o Governo do Estado cria a Escola Superior de Educação Física do Estado do Maranhão, com o objetivo (art. 1º) de formar professores e técnicos de Educação Física e Desportos, bem como desenvolver estudos e pesquisas relacionados com a sua área específica de atuação. O curso foi criando com toda a estrutura, com coordenação, área, dotação orçamentária... Mas não foi implantado, porque na mesma época, a Universidade Federal estava implantando o dela e, parece que houve um acordo em que o Estado abriria mão então de abrir o seu curso, para dar oportunidade para que a Universidade Federal abrisse o dela. A esse respeito, Laércio Elias Pereira esclarece: "... conversei bastante com o Dimas e Cláudio Vaz sobre a possibilidade de criar um curso de Educação Física no Maranhão. Em setembro do mesmo ano, fui convidado, junto com o Biguá, para apitar os jogos de Handebol dos JEM's. "Voltei em janeiro de 1974, para morar no Maranhão. Resolvemos Cláudio e eu, chamar o Prof. Domingos Salgado para montar o processo de criação do curso de Educação Física na Federação das Escolas Superiores [FESM, hoje UEMA], o que aconteceu com o empenho do secretário Magno Bacelar e o Assessor João Carlos, ainda em 1974. "Fiquei sem emprego e o Heleno Fonseca de Lima batalhou uma bolsa pelo antigo CND. Fui assessor da Secretaria de Educação e, como estava demorando em andar o curso no Estado, teve a iniciativa da Profa. Terezinha Rego, do ITA, para montar o curso particular, com os professores que já tínhamos arrastado para o Maranhão. "Simei Bilhio, Rinaldi Maia e Dimas eram da Universidade, depois entrou o Domingos Salgado, que fez o velho trabalho de montagem do curso [da UFMA]. Acho que teve a pressão na inação da Universidade enquanto a FESM e o Pituchinha já tinham saído na frente em criar o curso de Educação Física. "Quando o curso foi criado oficialmente, eu já estava no mestrado." (PEREIRA, Laércio Elias, entrevista)15 .

Sidney Zimbres - outro dos "paulistas" - que participou desse processo, também não lembra como ocorreu a criação do curso da FESM: “... eu me lembro de ter ouvido dizer - já tem o curso na UEMA -, mas a UEMA, FESM, eu cheguei a dar aula na FESM seis meses; dei aula de Prática Esportiva; eu me lembro que a Secretaria de Administração ficava lá no Santo Antônio, eu fui lá para assinar o contrato, dei aula seis meses de Prática Esportiva lá, depois, quando eu entrei na UFMA, não fui mais; a

14 Lei no. 3.489, de 10 de abril de 1974. Cria a Escola Superior de Educação Física do Estado do Maranhão e dá outras providências. DIÁRIO OFICIAL, São Luís, Sexta-feira, 10 de maio de 1974, ano LXVII, no. 88, p. 1.

15 Laércio, quando foi embora, entregou-me uma cópia dessa Lei - Diária Oficial, com a Lei de criação - mas nunca colocada em prática. Nessa época se falava na UEMA da necessidade de se criar um curso de Educação Física, e o Laércio informou que não precisava porque o curso já estava criado - e entregou uma cópia dessa Lei -, sendo levada a cópia para o Reitor na época, e eles ficaram de tomar uma providência. Foi quando se ouviu essa história de pessoas que estavam ainda na UEMA, na época, FESM, de que o curso realmente havia sido criado, mas não tinha sido implantado porque havia um acordo de não se criar o curso no Estado - e que aquele acordo ainda estava valendo - e eles não iam conseguir autorização para mais um Curso de Educação Física, este no âmbito da Universidade Federal.

FESM sempre era vista como uma Universidade mal organizada, vista assim de uma forma ruim...". (ZIMBRES, Sidney. Entrevista). Para Dimas, isso realmente deve ter acontecido. A seguir, passa a tecer consideração sobre as dificuldades de implantação da Educação Física/Prática Esportiva, que culminou com a criação do Núcleo de Educação Física e, em conseqüência da demanda, com a criação do Departamento de Educação Física e do Curso de Educação Física. De acordo com Castellani Filho (2009) 16, em 1977 a obrigatoriedade da Educação Física no ensino superior já estava prevista em Lei desde 1969, por conta do Decreto-Lei 705, que declarava a obrigatoriedade da EF em todos os níveis e ramos de escolarização. Os motivos desse Decreto - que contrariava o previsto no Artigo 40, letra "C" da lei nº 5540 de 1968 (que reformava a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional [lei nº 4024/61], pela qual a EF deveria ser incentivada na educação superior através da contratação de profissionais qualificados e de construção de instalações esportivas, dando ênfase à prática esportiva explicitados nas obras desse pesquisador: “Educação Física no Brasil: a história que não se conta 17", e mais tarde retomada e publicada no livro "Política Educacional e Educação Física” 18 . No entanto, foi com a Regulamentação da Lei nº 6251/75 pelo Decreto nº 80228 de 1977 que a denominada "prática esportiva" foi sistematizada no ensino superior através da criação legal da figura das "Associações Atléticas Acadêmicas" vinculadas a um quadro que enaltecia tanto o seu caráter formativo (por conta de sua dimensão lúdico-esportiva) quanto o seu lado competitivo, que a articulava com o esporte universitário coordenado nacionalmente pela CBDU - Confederação Brasileira de Desporto Universitário - e estadualmente pelas federações universitário-acadêmicas: “Fui então contratado pela FESM para - ao lado do professor Zartú Giglio Cavalcante - dar conta do Projeto de Implantação da Prática Desportiva, naquela instituição de educação superior, nela permanecendo até o ano de 1978 quando me insiro na Universidade Federal do Maranhão, compondo o grupo responsável pela criação do curso de EF naquela universidade, como também, junto à sua Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis - PREXAE - onde elaboro e passo a desenvolver o "Projeto de Assessoramento ao Desporto Universitário" responsável pela estruturação das Associações Atléticas Acadêmicas no âmbito da UFMA, da retomada das atividades da FAME - Federação Acadêmica Maranhense de Esporte - no universo da qual assumo a direção técnica que me levou a coordenar a realização dos Jogos Universitários Maranhenses de 1978, 79, 80 e 81; chefiar sua delegação esportiva aos Jogos Universitários Brasileiros de 1978 (Curitiba, PR), 1979 (João Pessoa, PB) e 1980 (Florianópolis, SC) e culminando com a coordenação geral dos 32º JUBs, realizados em São Luis em 1981.”

Outros cursos de Educação Física

Mais ou menos nesse início - década de 70 -, quando a UFMA ainda estava passando por esses problemas de implantação da parte esportiva, aqui havia um colégio chamado Pituchinha - na parte de 1 ª a 4ª série - e ITA - na 5ª a 8ª e segundo grau -, dirigido pela Profa. Terezinha Rego; depois, quando passou para a administração do prof. Márcio Ribeiro, passou a chamar-se MENG. Segundo o Prof. Zartú Giglio Cavalcante19 o MENG foi transferido para um grupo de ex-professores que assumiram a razão social e o nome fantasia (MENG), até que o mesmo foi fechado há vários anos atrás. Márcio Ribeiro (então dono do

CASTELLANI FILHO, Lino. Correspondência eletrônica pessoal - lino.castellani@uol.com.br - a Leopoldo Gil Dulcio Vaz –vazleopoldo@hotmail.com, postada em 1º de abril de 2009. in ANDRAEDE, José Nilson; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. HISTORIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA UEMA. Pesquisa em andamento. CASTELLANI FILHO, Lino. A educação física no Brasil: a história que não se conta. Campinas: Autores Associados, 1998. CASTELLANI FILHO, Lino. Política educacional e educação física. Campinas: Editores Associados, 1998; CASTELLANI FILHO, Lino. A educação física no sistema educacional brasileiro: percurso, paradoxos e perspectivas. Campinas: UNICAMP. Tese de Doutorado em Educação. CAVALCANTE, Zartú Giglio. DEPOIMENTOS. In Correspondência eletrônica pessoal, enviada em 08/04/2009 a Leopoldo Gil Dulcio Vaz.

MENG) alugou o último andar do prédio do colégio MENG ao Mauro Fecury, criando o Objetivo; foi quando começou o CEUMA. No Ita foi criado um Curso de Educação Física de licenciatura curta: "esse curso até eles tentaram fazer também mais não foi a frente, já foi quando os paulistas já estavam aqui, em 75,76 por aí, o Sidney seria coordenador, mas era desse aqui, não era o outro [o da FESM] ... esse também não foi para a frente, que também não acho que tivesse condições" (DIMAS, Entrevista).

Recorremos ao Prof. Sidney para esclarecer a fundação desse curso de Educação Física do Ita, da professora Terezinha Rêgo: “... nesse tempo em 77 como a UFMA não queria, não tinha intenção de fazer o curso, o Laércio teve amizade com a professora Terezinha Rego, do ITA, Pituchinha, depois MENG... hoje o Objetivo... eu também tomei muita amizade com ela logo que eu cheguei aqui, fui muito bem recebido por ela, lembro da primeira vez que eu fui jantar na casa dela, ela recebia o pessoal de fora... “O Laércio convenceu a Terezinha em criar um curso de Educação Física... então ai nós criamos o curso de Educação Física no ITA - Instituto Tecnológico de Aprendizagem -, era Pituchinha, ela mudou a razão social para ITA, ficou a parte do primário com Pituchinha e o 2º grau acho, que essa parte ficou como Instituto Tecnológico de Aprendizagem... bom, ai nós criamos o curso, quem criou o curso do MENG foi Laércio, Sidney e Lino, nós três sentamos e montamos o currículo do curso, lógico, como a gente fez basicamente em cima do currículo do curso da USP na época ninguém tinha noção de currículo, ninguém tinha lido nenhum livro sequer sobre currículo a coisa foi feita de forma bem empírica; então montamos um curso que era feito em dois níveis; um nível era para formar um curso de curta duração, no primeiro modulo; e no segundo módulo, o aluno continuava, era curso superior; o curso chegou a ser aprovado no Conselho Estadual de Educação e estava em tramitação para ser aprovado no Conselho Federal de Educação; funcionou, acho que uns dois anos, não me lembro direito exatamente se 2 ou 3 anos, nesse período quase fez o curso aqui do ITA ... Deve ter sido nesse período... Foi 77, eu acho que foram um ano e meio e dois anos; "Os professores nessa época eram: o Domingos Fraga Salgado dava Organização Esportiva; tinha eu, que dava Voleibol, dava Ginástica, como Ginástica tinha 1, 2 e 3; a professora Cecília dava Educação Física Infantil e Ginástica Rítmica, Demóstenes dava Judô e teve uma época que deu Recreação; o Lino dava Recreação, depois foi embora, dava aula de Recreação, dava mais uma outra aula; tinha uma professora, era uma negra ... Dilmar ... dava Estrutura e Funcionamento, professora da UFMA; tinha uma aluna de Medicina, que dava Anatomia; mais ou menos o corpo era esse... Lopes era Atletismo; e a turma era essa...". (ZIMBRES, Sidney. Entrevista).

O Prof. Zartú Giglio Cavalcante, em correspondência pessoal afirma ter dado duas disciplinas nesse curso. Sidney conta, então, porque aquele estabelecimento de ensino denominou-se ITA – Instituto Tecnológico de Aprendizagem: “... vou contar uma história engraçada, dizem que ela usou o ITA porque é um Santo que tem ai em Ribamar, um famoso Pai de Santo ou um Santo... Eu também pensei que fosse o ITA de São José dos Campos, mas não tinha nada a ver, era mais ligado à questão religiosa, ela era adepta a um Santo ai em Ribamar, o tal ITA, foi por isso que ela colocou ITA... pai de Santo, eu não entendo dessas coisas ai, um santo como tem orixá sei lá o que tem o ITA... Tinha um [Pai de] Santo em Ribamar que era ITA, que ela era fã desse [Pai de ] santo por isso que ela colocou...” (ZIMBRES, Sidney. Entrevista).

Cláudio Vaz lembra porque se aventou em criar um curso de educação física: "Nós íamos fazer uma Escola de Educação Física particular, já tinha toda a documentação, o professor Salgado deu para mim. Como eu sentia a necessidade de ter professores formados, e os que eu trazia eram poucos em relação à necessidade que nós tínhamos, nós achamos um início para formar a Escola de Educação Física particular. Nós começarmos a trabalhar e deve ter sido isso que chegou lá, nós tínhamos um interesse de fazer uma Escola de Educação Física aqui, eu não posso dizer assim com certeza. Domingos Fraga Salgado, foi quem eu trouxe para criar e Escola de Educação Física, com o Magno Bacelar. Ele que obteve toda documentação, foi quando a UFMA criou, aí parou. Salgado e Laércio participavam ativamente nesse projeto. Eu sei que nós chegamos, avançamos, não foi concretizado, eu sei nós avançamos nesse ponto, o Salgado veio para cá fazer isso, eu trouxe ele para cá. No tempo eu tinha muita liberdade de pagar ... Magno quando queria o serviço, pagava do próprio bolso, não tinha o Wellington e ele me dava um cheque, hoje ele é um homem de porte limitado, na época ele era o mandão, então ele me apoiou demais. Quando o Magno assumiu eu fiquei muito forte na Secretaria." (VAZ DOS SANTOS, Cláudio. Entrevista).

Dimas refere-se ainda a convênio entre o CND e a SEDEL, para formação de Técnicos Esportivos, que iriam atuar em 40 Centros Esportivos que iriam ser construídos no interior do Maranhão. Pelo convênio, a ETFM formaria esse pessoal. Quando a Escola conseguiu formar a primeira turma, os prefeitos já haviam pegado parte do dinheiro, mas não construíram os núcleos, as quadras; as pessoas que foram indicadas ou eram sobrinhos, ou filhos, ou parentes do prefeito, quando não indicaram pessoas, ex-atletas aqui de São Luís, e nenhum quis voltar para o interior. Foram absorvidas pela própria SEDEL, pelo Município - onde a maioria já trabalhava -; apenas um voltou para o interior, só um; e dos 40 núcleos, parece que foi liberado verba para quatro ou cinco, mas que não foi construído.

O Projeto dos Parques Esportivos do CND

"mas aí está faltando uma melhor informação sua, os núcleos, a área física foram construídas alguns, eu inclusive nessa época trabalhava na SEDEL, fui na inauguração do de D. Pedro, do de Chapadinha, mas só que os prefeitos além de ficarem com a verba, construíram, mas não deu funcionabilidade, porque o MEC dava dinheiro para construir..."

O Autor esclarece a questão, informando que os recursos eram do antigo CND, não eram do MEC; esse dinheiro que a que Dimas se refere - da construção desses núcleos - já era recurso do MEC, de outra verba, também em convênio com a SEDEL; por exemplo, o "Barjonas Lobão", em Imperatriz - que é um núcleo de esportes - foi construído com recursos do MEC, em 1979/80; mas não com esse do CND - é bem anterior. Havia dois órgãos, o CND - com o projeto desses núcleos esportivos - que o Pelé, depois tentou fazer -, e havia o do MEC, que era para a construção de complexos esportivos. Ao que parece, foram construídos cerca de 15 complexos esportivos com dinheiro do MEC; em Imperatriz tem um, porque o entrevistador foi quem fez o projeto de Imperatriz, ainda na intervenção de Antônio Baima, quando trabalhava naquela cidade. Mas os recursos do CND - já na administração do Sr. Elir Jesus Gomes, na SEDEL - o dinheiro chegou a ser liberado a primeira parte, para a implantação de curso de Educação Física e uma parte seria depois, na metade do curso, seria liberado recurso para a construção física; sabe-se que eram 40 prefeituras que estavam sendo beneficiadas, e que dessas 40 prefeituras, salvo engano, só 20 tinham indicado pessoas para fazer o curso aqui; então eram os primeiros vinte, desses primeiros vinte, sabe-se que não foi liberada toda a verba.

O Curso de Formação de Professores de Educação Física da ETFM

"... eu estou falando é que a Escola Técnica teve um curso a nível médio para professor de Educação Física, esse que todos esses técnicos daqui de São Luís fizeram..." (DIMAS, entrevistas).

Novamente, cabe aqui novo esclarecimento, pois afinal, está-se contando a História da Educação Física e dos Esportes em Maranhão: o primeiro curso de Educação Física da ETFM teve a duração de oito meses, com tempo integral - oito horas de aula por dia -, e era um convênio SEDEL/CND com a interveniência da Secretaria de Educação do Município - São Luís também receberia recursos do CND. Então nós - Lino, que depois passou a coordenar esse curso; Laércio, como o elemento de ligação da SEDEL, responsável pelo projeto; e eu, pela Escola Técnica, o Guaracy Martins Figueiredo, que na época era professor da Escola e da Universidade, como o Lino e o Laércio - montamos uma primeira turma com 40 vagas, sendo 20 vagas por conta do CND e 20 por conta da SEDEL; então eram 20 pessoas indicadas pela SEDEL e 20 pessoas indicadas por essas prefeituras do interior - que na realidade quem indicou foi a SEDEL -, então essa primeira turma com esses 40 alunos, foi montada dessa forma. Quando chegou à metade do curso, o CND viu que não dariam certo, que não iria para frente - os prefeitos estavam recebendo o dinheiro e não estavam construindo -, então ele cortou, por falta de prestação de contas e denunciou o convênio com a SEDEL; aí a SEDEL assumiu completamente o curso, e depois absorveu todo esse pessoal, a exceção de um, que era o filho de um prefeito do interior. Aí foi criada a segunda turma, já direto em convênio com a SEDEL, com a Secretaria de Educação e com a Secretaria de Educação do Município; foram criadas duas turmas, uma pela manhã e uma a noite; já foram 80 alunos na segunda turma, voltada para a formação de técnicos esportivos e técnicos de recreação da SEDEL e de professores para as secretarias de educação; a terceira turma - só que a SEDEL nunca repassou o dinheiro para a Escola, então a Escola acabou assumindo e dando o curso -, a terceira turma, a SEDEL já estava de fora, não interessava mais, e a SEEDUC já tinha recriado o seu Departamento de Educação Física - a Silvana Farias era a coordenadora -, e se fez um novo convênio, com a SEDUC, e ficou de dar alguns professores, todo o material esportivo, e a ETFM com alguns professores e as instalações - também nunca repassou -, pagaria pelo curso, nunca repassou um tostão para o curso -, e a Escola teve que assumir também isso, teve prejuízo financeiro, pois prestou o serviço e não recebeu pelo mesmo. Lino Castellani fala da implantação desse curso: “... aí eu fui para Escola Técnica e me torno professor de segundo grau na Escola Técnica. Aí dentro da Escola Técnica, desenvolvemos o projeto de criação do curso de Formação de Magistério em Educação Física em nível de segundo grau, eu fui o primeiro coordenador do curso. Elaborei o projeto junto com os colegas que estavam presentes naquela ocasião, e outros que foram para lá depois, inclusive você também não é, aí fiquei na coordenação; mas entro na Escola Técnica em 77, 78; eu me afasto para sair para o mestrado e você assume a coordenação20. Ah! Tá, o Manoel Trajano, mas aí eu já estava na Universidade do Maranhão eu saí do Maranhão Atlético Clube, eu tive outro trabalho de futebol no Tupã. No Tupã eu fui técnico.". (CASTELLANI FILHO, Lino. Entrevista).

Assim, tivemos um curso na Universidade, que na época estava passando por dificuldades, pela falta de professores qualificados, pela falta de alunos; uma tentativa na UEMA, que não deu certo; o curso do ITA, o curso de nível médio da Escola Técnica. Foi feito um estudo - em 1982, para justificar o convênio entre ETFM/SEEDUC - em que, só na Secretaria de Educação havia necessidade de 980 professores de Educação Física; a UFMA naquela época não estava formando nenhum professor por ano. Só o curso - em 84, 85, 86 da Escola Técnica formou mais de 280 professores; e havia o pessoal que estava vindo de fora - muitos maranhenses que foram para Belém, como o Oswaldo Telles de Sousa Netto; e a Educação Física -

20 O Depoente aqui comete alguns equívocos, quanto às datas. Lino trabalhou na Escola Técnica por duas vezes. Uma delas, quando chegou, para se estabelecer na cidade. A outra, quando foi aberto o curso de educação física, já em 1981, quando foi seu coordenador. Quando saiu para o Mestrado, o Prof. Manoel Trajano Dantas Neto assumiu a coordenação do mesmo.

praticamente a partir da instalação dos Jogos Escolares Maranhenses, com mais de dois, três mil alunos em 75, 76, já tinha se consolidado completamente -, a Educação Física “morre”... Era só “pratica esportiva”, uma distorção que observa até hoje, com as “escolinhas de esporte”, em que as escolas cobram pelas aulas, por se tratar de “atividade extra-curricular”, e não oferecem aulas de educação física. Todas estavam voltados para os JEM's e, em conseqüência, para os JEB's. Cláudio Vaz, o Alemão, fala, com orgulho, como conseguiu implantar as escolinhas de esportes e revitalizar o esporte escolar maranhense, com a ajuda daqueles jovens que na década de 50 - a "Geração de 53" -, praticava esportes na Atenas brasileira: "Aí o Jaime telefonava para o Duailibe que era diretor do D.E.R, e disse - o Alemão tá com um problema, aí ele tá precisando de 300 agasalhos; - manda ele vir falar comigo; "comprava pelo D.E.R (Departamento de Estradas e Rodagens), não tinha nada a ver com o Departamento de Educação Física, porque tínhamos a facilidades de amizades, o Jaime era Secretário da Fazenda, então o que Jaime falava era uma ordem: - Zé Carlos, Alemão tá precisando de 30 bolas... - Zé Reinaldo, o Ginásio tem de reformar... "o Zé Reinaldo, Secretário de Viação e Obras, uma semana o estádio ia reformar, o que eu precisasse eu não tinha dinheiro em espécie, mas eu tinha todo o apoio logístico, tudo o que eu queria eles me davam; vamos viajar, passagem aérea, o Maranhão passou 4 anos viajando por esse Brasil inteiro, não tinha um campeonato brasileiro que o Maranhão não praticasse. Por que? material à vontade, técnicos à vontade, uma constância de trabalhos, o Costa Rodrigues não tinha porta fechada, começava 4 horas, 4, 5 horas da manhã, ia até meia-noite ou uma hora e continuava de novo e era uma hora e continuava de novo e era numa dedicação dos professores, teve um lance gozadíssimo, eu tinha uma equipe na coordenação, eu trabalhava na coordenação e no departamento de Educação Física. O Bordalo que era o Secretario resolveu resumir nossa folha nesse tempo era 100 mil reais passou para 50. Eu reuni meu pessoal todinho, e nesse tempo não tinha esse negócio de leis trabalhistas, - Vocês são meus professores, eu não quero perder nenhum. Reduziram o meu custeio de 100 mil para 50, eu não quero perder nenhum de vocês eu não sei se vocês vão aceitar, mas a única maneira que eu posso fazer eu quero todos vocês aqui, eu vou reduzir 50% o salário de todo mundo aqui... "não saiu nenhum, ficou todo mundo ganhando a metade do salário. Gafanhoto vai te contar essa história e ele morre de rir. É que na equipe houve uma irmandade, todos tinham o prazer e brigar para você pegar uma hora no Costa Rodrigues, era uma guerra, todo mundo querendo trabalhar. Foi assim uma motivação maior que fez esse trabalho aparecer, eu tive uma equipe muito boa, meu professor, era meu árbitro, meu professor era meu conselheiro, então tinham um trabalho coletivo e todo mundo querendo essa grandeza de educação física, no desporto e surgiu os colégios, se empolgaram, o colégio que não tivesse participação no JEMS, não tinha aluno, a vibração dos colégios que aguardavam o ano todinho se preparando então foi aí que surgiu...". (VAZ DOS SANTOS, Cláudio. Entrevista).

UNIASSELVI A UNIASSELVI é uma instituição de ensino superior de Santa Catarina, ofertando mais de 300 cursos de Graduação, Pós-graduação, Profissionalizantes e Técnicos nas modalidades presencial e a distância. No Maranhão oferece Bacharelado e Licenciatura em diversaa cidade: São Luís, em duas unidades.