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REMO – 1900

RAMSSÉS DE SOUSA SIVA

A prática do Remo começou em nossa cidade por volta do ano de 1900, às margens do rio Anil. O esporte ganhava mais visibilidade em períodos festivos, em especial nas comemorações da adesão do Maranhão à Independência, em que a elite local participava de competições que se iniciavam nas proximidades do Palácio dos Leões e findavam nas imediações da Praça Gonçalves Dias.

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Curiosidade: Um dos motivos que colaborou para a falta de sucesso do esporte em nossa cidade foi a presença de tubarões na região.

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Origens Em 1900, os “sportmen” maranhenses tentam implantar mais uma modalidade esportiva - desta vez, voltaram-se para o remo, e a utilização dos rios Anil e Bacanga. É criado o “Clube de Regatas Maranhense”, instalado na Rua do Sol, 36. Manoel Moreira Nina foi seu primeiro presidente: “Club de Regatas Maranhense - Director Presidente - Manoel G. Moreira Nina; Vice Director Presidente - Jorge Brown; Director Secretário - José Carneiro Freitas; Director Thesoureiro Benedicto J. Sena Lima Pereira; Director Gerente - Alexandre C. Moreira Nina; Supplentes: 1º Manoel A. Barros; 2º - Othon Chateau; 3º José F. Moreira de Souza; 4º - Antônio José Silva; 5º Almir Pinheiro Neves; Commissão d’Estatutos: Dr. Alcides Pereira; Eduardo de A. Mello; Manoel Azevedo; Arthur Barboza Pinto; João Pedro Cruz Ribeiro”. (“A Regeneração”, 21 de fevereiro de 1900). Essa iniciativa foi efêmera. Os primeiros passos foram dados, para colocar as coisas no rumo certo, mas faltaram recursos para aquisição das embarcações apropriadas e também faltou apoio do comércio e das autoridades constituídas.

1908 - A 13 de setembro voltou-se a falar na implantação do remo chegando a ser organizada uma competição, envolvendo duas equipes que guarneciam os escaleres “Pery” e “Continental”. Os irmãos Santos estavam envolvidos em uma prática esportiva - Nhozinho - como era mais conhecido Joaquim Moreira Alves Dos Santos - como timoneiro e Maneco - Manoel Alves dos Santos - como voga; A. Lima (sota-voga); B. Azevedo (sota-proa); e A. Vasconcelos (proa), na “Pery”. A largada deu-se onde é a ponte do São Francisco, com chegada na rampa do Palácio, sendo vitoriosa a baleeira “Continental”, que tinha no timão, F. Oliveira; como voga, J. M. Sousa; voga, J. Sardinha; sota, Maneco Sardinha; e na proa, Raimundo Vaz. Essas atividades, realizadas no rio Anil, começam a se tornar hábito das manhãs de domingo e feriados, contando com uma boa afluência de público. Nas comemorações de 28 de julho em São Luis, houve outra prova de remo, tomando parte da mesma militares do 24º BC do Exército e da Marinha (Capitania do Porto e Escola de Marinheiros), sendo utilizado barco a dois remos. A elite maranhense fez-se presente tomando parte ativa, pois atuaram como árbitros da competição: os coronéis Albino Noronha e Carlos, e os doutores João Alves dos Santos, Antônio Lobo, Domingos Barbosa, Viana Vaz foram os juizes de chegada. Na partida, funcionaram Braulino Lago, capitãotenente Rogério Siqueira, Dr. Armando Delmare, João José de Sousa, Francisco Coelho de Aguiar e o Dr. José Barreto; como juizes de raia, estavam o comandante João Bonifácio, Charles Clissot, Agnelo Nilo e Antônio José Tavares; sendo o diretor de regatas, o tenente Haroldo Reis. A saída deu-se na Rampa do Palácio, tomando parte nos diversos páreos os escaleres: o do comércio tinha como patrão Antônio da Silva Rabelo; o “Fogo”, contava com o mestre João Tibúrcio Mendonça; o “Espírito Santo”, tinha como mestre Manoel Joaquim Lopes; o “Remedinhos”, com Hermenegildo A. de Oliveira; o “Alfândega”, Bernardo de Serra Martins; o “Oriental”, João Romão Santos; o “São José”, Raimundo Alves dos Santos; o “Flor da Barra”, de Carlos Moraes. Participaram ainda, os escaleres “João Lisboa”, “Gonçalves Dias”, “São Luís”, “Nero”, “28 de Julho”, “Correio” e “Bequimão”. O trecho entre a Rampa do Palácio e a Praça

Gonçalves Dias estava todo tomado por um grande público. A partir daí, quase todos os anos, no dia 28 de julho, essas competições faziam parte das festividades. Mesmo assim, as regatas foram se arrastando em São Luís, com os abnegados, aqui e ali, aproveitando uma comemoração para realizar uma prova no rio Anil. O “Clube de Regatas Maranhense” chegou a ser fundado novamente, muito embora as condições do rio não apresentassem as ideais, pois não oferecia segurança. O mar, em determinadas épocas, ficava muito agitado, temendo-se que uma virada ou o desequilíbrio de um tripulante pudesse vir a ser fatal, dada a freqüência dos tubarões. 1910-1915 - Neste período, a modalidade esportiva de remo entrou em crise no Maranhão, voltando a reviver posteriormente graças ao empenho do cônsul inglês em São Luís, Sr. Charles Clissot. 1916 - Mesmo com contratempos, foram promovidas algumas competições de remo em São Luis, sempre no rio Anil, como a deste ano, que tinha como objetivo implantar, definitivamente, o remo, inclusive com a criação de uma “Liga do Remo”. (Martins, 1989, p. 217). Os amantes do “esporte do muque”, como era conhecido, adquiriram no Pará - onde o remo estava plenamente consolidado - duas baleeiras apropriadas, batizadas de “Jacy” e “Alcion”. Devidamente equipadas, eram guarnecidas por empregados do comércio, que se apresentavam bem adestrados no seu manejo. No dia 26 de março as duas embarcações fizeram-se ao mar, realizando um “passeio”. A “Jacy” - equipe branca – tinha como guarnição J. Nava (timoneiro); Júlio Galas e A. Martins (vogas); A. Santos e Nestor Madureira (sota-vogas); Humberto Jansen e A. Cunha (sota-provas); e S. Silva e J. Travassos (proas); já a “Alcion” - trajes azuis -, contava com Humberto Fonseca (timoneiro); A. Paiva e Avelino Farias (vogas); e A. Rosa e M. Borges, como proas. As competições realizavam-se isoladamente, no rio Anil, e não há registro do por que a “Liga do Remo” não se estruturou. Nas manhãs de domingo, as embarcações realizavam passeios, mais como recreação do que como disputa, não obstante os esforços do capitão Melo Fernandes, dos vogas Barão Mota, Agostinho e Manoel Tavares, dos sota-proas Acir Marques e Haroldo Ayres, dos proas Joaquim Carvalho e Francisco Viana e do “crock” Maneco Fernandes. Na Escola de Aprendizes de Marinheiros o remo também era praticado, dispondo de uma guarnição que treinava diariamente. Contava com os vogas Cantuária e Fulgêncio Pinto; como sotavogas, com Almeida e Abreu; na proa, Belo e Matos; sota-proas, Zinho e Oliveira e o patrão era Fritz. Neste ano – em plena 1ª. Guerra Mundial -, enchia-se de esperança para os praticantes dos esportes. No Maranhão, dizia-se que dois esportes marcariam presença definitiva para ficar, o remo e o futebol: “Apesar da guerra, das crises financeiras, do alto custo de vida, etc., a mocidade só pensava no futuro, olhos fixos no dia de amanhã, e, por isso, preparava-se fisicamente. Pensar diferente era ir de encontro à lógica dos fatos que se nos apresentavam diariamente, onde se viam rapazes, que eram incapazes de levantar, como dizia o adágio popular, um gato pelo rabo. Era inadmissível e errônea a educação do espírito sem a educação dos músculos, como dizia Müller. De tudo o homem devia saber. Um organismo raquítico nada valia. Era o importante para suportar uma moléstia, comentavam os críticos. Pregava-se o exercício do remo, porque esse esporte era de uma real utilidade. Esperava-se para breve que, na capital do Maranhão, pudéssemos nos rejubilar da existência de um bom futebol e que o remo se tornasse um esporte definitivo, com prática assídua” (Martins, 1989). 1927-1929 - Promoveram-se alguns festivais, no rio Anil, em São Luís, sempre com receios de ataques de tubarões, que subiam para desfrutar dos dejetos despejados pelo Matadouro Modelo. Em 28 de julho de 1928, promoveu-se uma regata, em homenagem ao comandante Magalhães de Almeida, tendo a frente os “sportmen” Antônio Lopes da Cunha, sempre envolvido com as coisas do esporte, Cláudio Serra, Hermínio Belo, Benedito Silva e Gentil Silva. As embarcações não eram apropriadas, usando-se botes de quatro remos para a distância de 500 metros, embarcações de pesca à vela e outras de qualquer espécie, desde que não superiores a dez palmos de boca, embarcações com motores de popa ou internos, lanchas à gasolina, etc. As embarcações tinham os mais variados nomes: “Maranhão”, comandada pelo patrão Justo Rodrigues; “Sampaio Corrêa”, com Gino Pinheiro, como patrão; o bote “São José”, com Horácio dos Santos como patrão. A firma Marcelino Almeida & Cia - proprietária do “Loyde Maranhense”-, colocou os vapores “São Pedro” e “São Paulo” à disposição dos convidados especiais. Para as comissões, foram cedidos os

rebocadores “Mero”, “Loyd”, e “Satélite”, gentileza da “Booth Line Co.”, do “Loyd Brasileiro” e de “Santos Seabra & Cia”. Naturalmente que o homenageado - Magalhães de Almeida - foi o presidente do Júri de Honra, que contou ainda com as presenças de Dr. Pires Sexto, do comandante Martins, do coronel Zenóbio da Costa, Dr., Jaime Tavares, Major Luso Torres, Dr. Basílio Franco de Sá, Dr. Constâncio de Carvalho e João de Mendonça. A “comissão de chegada” era composta por Clóvis Dutra, Agnaldo Machado da Costa, Dr. Horácio Jordão, Dr. Waldemar Brito, e Sr. Edmundo Fernandes; a “comissão de partida e raia”, contava com Cláudio Serra, Hermínio Belo, Melo Fernandes e Américo Pinto; o cronista, Gentil Serra e o Diretor técnico da Regata, Arnaldo Moreira. Os dois primeiros páreos homenagearam o coronel Zenóbio da Costa, comandante da Força Pública do Estado, a Associação Maranhense de Esportes Atléticos - AMEA -, na pessoa do Dr. Waldemar Brito; o terceiro, foi em homenagem ao aniversariante do dia, o comandante Magalhães de Almeida, então governador do Maranhão; o quarto, foi em homenagem ao Capitão dos Portos, comandante Moreira Martins, com o quinto, sendo homenageado o Prefeito de São Luís, Dr. Jaime Tavares e, finalmente, no sexto páreo, o homenageado foi o major Luso Torres, comandante do 24º BC, do Exército. Dado ao êxito da manhã esportiva, cogitou-se na criação do “Clube de Regatas Atenas”, que teve como incorporadores e fundadores, os esportistas Sílvio Fonseca, José Simão da Costa, Euclides Silva, Herculano Almeida, Carlos Aragão, Dário Gusmão, Anísio Costa, Murilo Viana, Francisco Lisboa, e José Teixeira Rego. Para começar, iria se adquirir uma iole a quatro remos, medindo 11 metros de comprimento - a primeira no gênero a singrar águas maranhenses -; esperando-se que outras fossem “financiadas”. Mas o novo esporte do remo em São Luis feneceu nos anos seguintes. Fontes: Martins, Dejard Ramos. Esporte: Um Mergulho no Tempo. São Luís: Sioge, 1989 Remo no Maranhão, 1900 – 1929 Leopoldo Gil Dulcio Vaz (2005) Foto: Maranhão 1908, Gaudêncio Cunha.