25 minute read

ATLAS DA CAPOEIRAGEM - PARACURU – CE

Cultura, 1994. ___. A Capoeira escrava e outras tradições rebeldes no Rio de janeiro (1808-1850). Campinas-SP: Ed. UNICAMP, 2001. SANTOS, Eduardo Alves (Mestre Falcon). Capoeira Nacional: a luta por liberdade II. In: Jornal do Capoeira, nº 53, dez 2005. www.capoeira.jex.com.br ___. Capoeira Nacional: a luta por liberdade III. In: Jornal do Capoeira, nº 58, jan/fev 2006. www.capoeira.jex.com.br ___. Na Roda com Mestres e Doutores. In: Jornal do Capoeira, nº 57, jan 2006. www.capoeira.jex.com.br SILVA, Maria José (Marieta) Borges Lins e Silva & MELO, Roberto Salomão do Amaral e. Fernando de Noronha: a produção e o consumo de um espaço insular para o turismo histórico-cultural. In: Revista Espaço e Geografia. Depto de Geografia / Programa de Pós-Graduação em Geografia – ano 3, nº 1 (2000) – Brasília-DF: Instituto de Ciências Humanas, Universidade de Brasília, 1999 SITE “a Capoeira e seus personagens” – Anjos da Capoeira. 2002. s/autor. Rio de Janeiro. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Atlas das Tradições & Capoeira e Capóeirage, no Maranhão. In: Jornal do Capoeira, nº 64, mar.2006. www.capoeira.jex.com.br ___. Sobre a matéria “Segredo não é pra qualquer um”, Juca Reis & Fernando de Noronha. In: Jornal do Capoeira, nº 63, mar.2006. www.capoeira.jex.com.br

* Marieta Borges Lins e Silva é pesquisadora, coordenadora do “Programa de Resgate Documental sobre Fernando de Noronha”

Advertisement

PARACURU – CE

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

Paracuru é um município brasileiro do estado do Ceará. A população, conforme

censo de 2010 foi de 31.638 habitantes. Existem duas seguintes definições segundo informações do IBGE para o topônimo Paracuru. Uma originária da língua tupi, em que paracuru significa "lagarto do mar". Outra versão seria: “pará” (mar) + “curu” (cascalho) "mar de cascalho" ou ainda “pará” (rio) + “curu” (cascalho), "rio de cascalho". Primitivamente Paracuru denominou-se Alto Alegre e Parazinho. O nome Paracuru é tupi e significa “Lagarto do Mar”.Fundação: 22/11/1951 / Emancipação Política: 22/11 / Gentílico: Paracuruense / Mesoregião: Norte Cearense / Microregião: Baixo Curu / Distância para a capital: 84,00

Capoeiragem no Ceará, como em quase todos os estados brasileiros, tem sua origem obscura, incerta. Busca-se desvendar esta memória/história, contribuindo com a revelação dos primeiros indícios, tendo por base fontes primárias, registradas nos primeiros jornais e seus registros sobre a atuação dos capoeiras alencarinos.

[...] Os capoeirista cearenses se destacam no cenário mundial da Capoeira, mas muitos de sua gênese, em Terra Alencarina, está obscura. Sabe-se que essa manifestação cultural tem origem incerta, seu primeiro aparecimento em vários pontos do Brasil, sobretudo, Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro. Mais recentemente tem-se apontado para a possibilidade de outros estados estarem envolvidos em sua gênese, ainda não é o caso do Ceará, não há registro nesse sentido, apenas meras conjecturas. In “HISTÓRIA DA CAPOEIRA NO CEARÁ” disponível em https://fundacao-axe-dende.webnode.com/historia-dacapoeira-no-ceara/ Temos que concordar com a Profa. Lurdinha1, quando fala da “Valorização dos grupos folclóricos, dos artesãos e artistas populares cearenses na divulgação turística”: [...] a professora elenca o que ela denomina de “furadas turísticas” e coloca a Capoeira figurando nessa lista, assim como o Carnaval fora de época, o Fortal, os Resorts etc. Afirma que quando se apresenta um grupo de Capoeira, divulga-se a Bahia e não o Ceará. Em verdade, pensa-se a

Capoeira como sendo baiana, talvez pela divulgação da Capoeira que se tem hoje ter sido realizada em grande parte por mestres baianos. Porém, como já foi supracitado, o próprio Dossiê realizado pelo IPHAN não a reconhece como prática oriunda da Bahia e o Governo Federal a reconhece como

Patrimônio Imaterial do Brasil. Também é verdade que a Capoeira desenvolvida no Ceará é muito jovem. Poucas ou quase nenhuma cantiga de Capoeira faz referência ao Ceará, mesmo já havendo uma produção cearense divulgada fora do Estado. Dizer que a Capoeira, praticada aqui, é da Bahia é um ledo engano, ou melhor, desconhecimento do assunto. Até porque, existem grupos oriundos do

Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, etc e que trazem inúmeras características desses Estados. Em qualquer bairro da cidade de Fortaleza percebe-se essa manifestação cultural como prática em

1 MACENA, Maria de Lourdes. Valorização dos grupos folclóricos, dos artesãos e artistas populares cearenses na divulgação turística. In I Fórum IOV Ceará de Folclore e Artes Populares. Fortaleza – CE. 2011.

ambientes fechados ou em praça pública. Essa cultura que é desenvolvida no Estado é bastante conhecida no exterior por ser uma capoeira solta, estilizada e cheia de floreios2 .

MEMÓRIA DA CAPOEIRAGEM NO CEARÁ3

Ao se resgatar a Memória da Capoeira no Ceará, aqui proposta – e espero podermos dar continuidade à ela –podemos afirmar que a capoeira cearense é herdeira da capoeiragem tradicional maranhense? Pois conforme afirmam seus memorialistas e pesquisadores, a cearense é diferente da baiana, embora tenha bebido da mesma fonte, a partir da diáspora dos mestres baianos nos anos 1960, e a procura de mestres de vários estados, já pesquisados, pela capoeira praticada na Bahia, em especial as de Bimba e Pastinha. Para Silva (2013) 4, poucos são os trabalhos científicos que abordam a história da capoeira cearense. Cita três obras elaboradas na contextura do universo acadêmico da cidade de Fortaleza - Barroso (2009) 5 , Câmara (2010) 6 e Albuquerque (2012) 7 . A primeira obra trata-se de uma publicação do Museu Histórico do Ceará, enquanto a segunda e a terceira são textos dissertativos submetidos à avaliação dos programas de pós-graduações strictu-sensu da Universidade Federal do Ceará. Ambas as dissertações destinam a essa temática um capítulo, em que se referem à origem da História da Capoeira no Ceará abordando teorias sobre o início da prática no Estado. Barroso (2009) aponta que a capoeira chegou à década de 1960 ao Ceará, e que essa informação foi proferida por capoeiristas cearenses, assim como capoeiristas baianos teriam mencionaram o mesmo dado durante o encontro Capoeira Viva, realizado na cidade de Salvador em 2007. O autor também informa que a capoeira foi trazida por cearenses recém-formados em Direito e Medicina da Universidade Federal da Bahia. Posteriormente menciona que a Capoeira Angola foi trazida ao estado por um médico nomeado mestre Andrezinho, aluno de mestre Bimba. De imediato, não faz o menor sentido tal informação, já que mestre Bimba é criador e maior símbolo da Luta Regional Baiana, popularmente conhecida como Capoeira Regional. Mestre Bimba foi um crítico ferrenho do estilo angoleiro de jogar capoeira. (de acordo com SILVA, 2013). Silva (2013) fala ainda de evidências das origens do ensino da capoeira no Ceará foram relatadas em Albuquerque (2012), páginas de 37 a 40.

Dentre os fatos mais antigos, foi mencionada a participação de José Sisnando Lima, cearense que realizara estudos na Faculdade de Medicina da Bahia, na criação da Capoeira Regional na década de 1930. A passagem de mestre Bimba em Fortaleza para apresentar o espetáculo Uma noite na Bahia no Teatro José de Alencar em 7 de fevereiro de 1955, evento em que foi mostrado também a capoeira regional. E a afirmação de que o primeiro professor de capoeira no estado a formar discípulos que deram continuidade ao ensino dessa prática

2 In I FÓRUM DE FOLCLORE E ARTES POPULARES NA CIDADE DE FORTALEZA - IOV – Ceará, Internacionale

Organisation für Volkskunst/Organização Internacional de Folclore e Artes Populares, 18 e 19 de março de 2011 - 3 https://www.youtube.com/watch?v=E0QF4QR-fHQ https://www.youtube.com/watch?v=TaOugpBkeSQ http://tribunadoceara.uol.com.br/blogs/ie-camara/cultura/lancamento-de-livro-que-conta-historia-da-capoeira-ce-nesta-quarta-22/ http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/6035/1/2013-DIS-SCSILVA.pdf

4 SILVA, Sammia Castro.. PROTAGONISTAS NO ENSINO DA CAPOEIRA NO CEARÁ: relações entre lazer, aprendizagem e formação profissional. Dissertação submetida à Coordenação do Programa de PósGraduação em Educação Brasileira, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Educação. Área de concentração: História e Memória da Educação. Orientador: Prof. Pós-Dr. José Gerardo Vasconcelos. UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ – UFC FACULDADE DE EDUCAÇÃO – FACED PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO BRASILEIRA/ MESTRADO NÚCLEO DE HISTÓRIA E MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO. FORTALEZA (CE) 2013 BARROSO, Oswald. Folguedos afro-brasileiros no Ceará: uma aproximação com a capoeira no Ceará. In: HOLANDA, Cristina Rodrigues (org.). Negros no Ceará: história, memória e etnicidade. Fortaleza: Museu do Ceará/ Secult/ Imopec, 2009. CÂMARA, Samara Amaral. Práticas educacionais transmitidas e produzidas na capoeira angola do Ceará: história, saberes e ritual. Dissertação de Mestrado em Educação Brasileira- Núcleo de História e Memória da Educação. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2010.

7 ALBUQUERQUE, Carlos Vinícius Frota de. Tá na água de beber: Culto aos ancestrais na capoeira. Fortaleza, 2012. Dissertação (Mestrado em Sociologia)- Programa de Pós-Graduação em Sociologia do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará.

em território cearense teria sido José Renato de Vasconcelos Carvalho. De acordo com Albuquerque (2012) não existem levantamentos estatísticos acerca da quantidade de grupos de capoeira no Estado do Ceará, fato que comprova uma grande difusão dessa manifestação cultural na atualidade.

Ainda Silva (2013), ao analisar o trabalho de Câmara (2010), que tem como foco de estudo o Grupo de Capoeira Angola do Ceará, traz um esboço da história de vida de Mestre Zé Renato.

Dentre as afirmações mencionadas, é possível deduzir primordialmente o estilo angoleiro do jogo desse mestre, além de também ser reafirmada a importância do 55 repasse de conhecimentos e saberes da capoeira na década de 1970. O protagonismo de José Renato no ensino da capoeira mostra-se de grande relevância, contribuindo para a crescente popularização da prática. Nesse trabalho são citados os quatro mestres que Zé Renato formou, porém a história da capoeira na perspectiva desses mestres não foi abordada em nenhum momento. Isso ocorre porque eles não possuem relação direta com o grupo de capoeira estudado, conferindo ineditismo a este texto. A partir desse momento iniciaremos maior aprofundamento sobre o protagonismo no ensino da capoeira cearense. Como já dito, o foco desta pesquisa se restringe aos quatro mestres formados por José Renato de Vasconcelos Carvalho, José Ivan, Jorge Negão, Everaldo Ema e João Baiano. Procuraremos, entretanto, elucidar brevemente o questionamento de alguns capoeiristas mais antigos sobre a hipótese de a capoeira cearense haver se manifestado anteriormente pela orla marítima de Fortaleza.

Para Ricardo Nascimento (2017)8, utilizando as pesquisas disponíveis sobre as origens da capoeira no Ceará, diz ser possível afirmar que, seu início, ocorreu nos anos 70 com José Renato de Vasconcelos Carvalho, conhecido na capoeira como Mestre Zé Renato, considerado, desse modo, o precursor da capoeira no estado (SILVA, 2013).

Esta pesquisa revela ainda que, nos anos setenta, quando teve início o ensino da capoeira no Ceará, destacouse o Centro Social Urbano Presidente Médici, em Fortaleza, onde ensinava o Mestre Zé Renato, lugar também onde teriam sido iniciados e formados outros quatro importantes mestres: José Ivan de Araújo (Mestre Zé Ivan), João de Freitas (Mestre João Baiano), Everaldo Monteiro de Assis (Mestre Everaldo Ema) e Jorge Luiz Natalense de Sousa (Mestre Jorge Negão). Coube a tais mestres, nas décadas que se seguiram, a tarefa de difusão da prática da capoeira na capital cearense, bem como em outras partes do estado.

A principal referencia, hoje, e recente, da capoeira cearense é Mestre Zé Renato, que ainda na década de 1960 retorna ao Ceará, após haver aprendido capoeira na Bahia, embora já tivesse contato com a mesma, de sua infância, em Fortaleza: Silva (2013) nos trás o seguinte relato: José Renato de Vasconcelos Carvalho, conhecido por mestre Zé Renato protagonista no cenário da capoeira cearense, natural de Crateús-CE é filho primogênito, dentre os sete que Joaquim Severiano Ferreira de Carvalho e Vicência Vasconcelos Carvalho criaram. Conheceu o universo da capoeiragem, aos dez anos de idade. Protagonista no ensino da capoeira no Ceará narra o cenário do primeiro contato que teve com a capoeira na cidade em que nasceu. Por volta de 1960, chegaram a Crateús muitos militares para o 14 Batalhão de Engenharia de Construção. Entre esses, havia Cipolati, sargento gaúcho que havia residido na Bahia por longa temporada, pai de Carlos e Evandro e ex-aluno de um famoso capoeirista, mestre Bimba. Cipolati foi o responsável por iniciar Zé Renato na prática da capoeira. A capoeira fazia parte das atividades em família do sargento Cipolati, pois esse treinava após o regresso do trabalho junto aos filhos. Ao ver a capoeira pela primeira vez, José Renato apaixonou-se e iniciou seus treinos com determinada família. Carvalho Filho (1997) conta que:

[...] um militar que chegara a cidade [Fortaleza] vinha da Bahia e trazia consigo a arte da capoeira. O Mestre muito curioso fazia perguntas sobre a cidade do baiano, encantara-se com a ginga e com a habilidade do mesmo. Depois de terminado o primeiro grau, atual ensino fundamental, o Mestre inicia suas viagens pelo

8 NASCIMENTO, Ricardo. Políticas e performances: Um estudo de caso sobre o processo de patrimonialização da capoeira do Ceará. IN ACENO, Vol. 4, N. 7, p. 65-82. Jan. a Jul. de 2017. ISSN: 2358-5587. Cultura Popular, Patrimônio e Performance (Dossiê).

mundo da Capoeira, vai para a Bahia e conhece o famoso Mestre Bimba. Mestre Zé Renato terminou o Segundo Grau, atual Ensino Médio, em Ilhéus, onde jogava Angola na praia. Todo final de semana estava em Salvador para jogar na capital. Em 1967, retorna à sua terra natal. Mas com seu espírito inquieto, vai ao Rio de Janeiro, onde treinou com Mestre Leopoldina, grande nome da capoeira carioca. [...]Zé Renato defronta-se com a saída da família Cipolati da cidade, em decorrência de deslocamento militar. Desse modo procura novos companheiros de treino e, apesar da insistência em tentar convencer amigos a treinar, mestre Zé Renato passou a treinar sozinho. [...] aquilo ficou dentro de mim e por outra sorte, que eu digo que foi sorte, eu tinha um tio que também era sargento do exército, sargento Carvalho, passou a servir o exército lá em Crateús e certo tempo foi mandado pra Bahia. Ele tinha um filho, e pedi para ele pedir o meu pai pra eu ir com ele. Porque eu pensei, Bahia! Capoeira né! (CARVALHO, 2012). Depois de retornar, em 1967, volta a procurar novas referencias, indo para o Rio de Janeiro e, em 1971, está no Maranhão!!! Silva (2013) nos conta, ao dar continuidade a trajetória de José Renato, que é importante ressaltar que nesse período que passou na Bahia adquiriu uma meta na vida, que era partir para o Rio de Janeiro e posteriormente para o Maranhão:

De volta a Crateús e à família, porém permanece por quase um ano na terra natal, para logo em seguida partir para o Rio de Janeiro, aos 18 anos de idade, devendo ter ficado nesse Estado por volta de três anos. No Rio, foi jogar capoeira na Central do Brasil com o famoso mestre Leopoldina. Conhecido por Ceará e pelo jogo diferenciado, Zé Renato dedica–se ao aprendizado da capoeira em solo carioca, adquirindo sempre novos conhecimentos. Ainda seguindo Silva (2013), pouco tempo depois, ao surgir uma oportunidade de trabalho no Maranhão, na área de topografia, o jovem José Renato ficou tentado atingir mais outra meta na vida que era a de conhecer o “berço de negros”, como ele mesmo diz:

As experiências do Maranhão pelos idos de 1970 gravitavam ao redor de práticas de capoeira Angola, Tambor de Crioula e de todas as manifestações de que pôde participar. Amante das artes popularescas, Zé Renato defendeu a ideia de que naquela época os praticantes viam capoeira como arte, apenas isso. Os pesquisadores cearenses, que se dedicam ao resgate da sua memória confirmam que ela, a capoeira, praticada no Ceará é ‘cheia de floreios”... não teria sido influência de Sapo?

A Capoeira cearense é uma prática cultural, onde a luta e o espetáculo se misturam. Fortaleza, cidade praiana, é um cenário ideal para a prática de acrobacias que são aprendidas sem técnicas específicas nas praias aos domingos ou nos campos de futebol da cidade. Os movimentos acrobáticos, ou floreios, como são chamados pelos capoeiristas são utilizados para transformar o jogo em um espetáculo aos olhos de quem o vê. São movimentos de equilíbrio e flexibilidade como saltos, bananeiras e giros onde o capoeirista desafia seus limites corporais mostrando uma imensa capacidade sinestésico-corporal. O capoeirista executa esses movimentos também na intenção de enganar o outro jogador e de se movimentar de um lado para o outro da roda.

É o próprio Zé Renato que inclui a influência do samba de gafieira, atividade tradicional que acontece de forma autêntica na região da Barra do Ceará desde meados da década de 50 do século XX.

Pouca gente vai entender agora, mas um dia quando eu partir é que vão descobrir que o gingado cearense tem um diferencial dos outros, vem da gafieira [...] Mestre Armandinho que é uma pessoa de fora observou que nossa capoeira é diferente... Essa ginga trouxe esse diferencial. (CARVALHO, 2012).

1972, Mestre Zé Renato regressa a Fortaleza, e começa o processo de implantação da capoeira no Estado. Ensinou nas Escolas Oliveira Paiva e Castelo Branco. Apresentou-se na TV, divulgando a cultura afrobrasileira. Teve como primeiro aluno Demóstenes. Devem ser também lembrados por serem cofundadores Jorge Negão, Everaldo, João Baiano, Márcio, Sérgio, Zé Ivan, George, Juarez, Datim, Antônio Luiz.9

9 CARVALHO FILHO, José Bento de. Capoeira: a história do Mestre Zé Renato. Literatura de cordel. Fortaleza – CE, 1997.

Nas décadas de 1980/90, em Fortaleza só havia dois grupos de capoeira, Senzala e Zimbi 10. Neste apareciam nomes como Espirro Mirim, Geléia, Jean, Soldado, Lula, Ulisses, figura como Paulão, Canário, Dingo, Gamela, Araminho, Gurgel. José Olímpio Ferreira Neto, em sua dissertação intitulada “A HISTÓRIA DA CAPOEIRA NO CEARÁ NAS DÉCADAS DE 1980 E 1990 ATRAVÉS DA MEMÓRIA E ORALIDADE” 11 nos traz que o ponto de partida é a participação do cearense Cisnando na constituição da Capoeira Regional de Mestre Bimba:

Ele era um jovem que foi estudar Medicina na Bahia, pois na época não havia tal curso no Ceará. Lá conheceu Manoel dos Reis Machado, o famoso Mestre Bimba, criador da Capoeira Regional. No documentário Mestre Bimba: A Capoeira Iluminada de 2007, o Mestre de Capoeira, Doutor Decânio fala sobre Cisnando e o início da Capoeira Regional. Referindo-se a história da Capoeira de Bimba, ele diz: “A história começa para mim, quando Cisnando chega na Bahia. Ele corre aos capoeiristas, só encontrou um que ele respeitou, que era um negão, que era carvoeiro na Liberdade, que era Bimba” (sic).

Cisnando foi um capoeirista que contribuiu para a história da Capoeira, mas infelizmente não desenvolveu trabalho no Ceará e até onde se sabe não formou discípulos.

FOTO: Bimba y Cisnando -FUENTE: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp020539.pdf

1997, é publicada em Fortaleza, a história do Mestre Zé Renato através de um cordel de autoria de José Bento de Carvalho Filho, vulgo Zelito. O referido autor conta através de versos a história do Mestre Zé Renato, relatada pelo mesmo e confirmada pelos capoeiristas e alunos que conhece tão admirável nome que inicia a caminhada da Capoeira na Terra da Luz:

Em vinte e quatro de maio, / De cinqüenta e um nasceu,/ Em Crateús e cresceu / Na arte fazendo ensaio, / Para brilhar como um raio,/ O artista Zé Renato; / Mestre em artesanato/ E também em capoeira,/ Essa luta brasileira/ Feita por negros no mato . (CARVALHO FILHO, 1997, p. 1) Além do Mestre Zé Renato outro mestre que contribuiu para o início do desenvolvimento da Capoeira cearense foi o Mestre Esquisito. Ele trouxe o estilo Regional ao Estado. Onde tem atualmente o Grupo Terreiro que contou em seu elenco com os saudosos Mestres Soldado e Samurai. Este último deu uma contribuição para o ingresso na Capoeira no meio acadêmico. (CARVALHO FILHO, 1997).

10 QUEIROZ, Robério. Mestre Ratto. Disponível em: acessado em 30/05/2011.

11 Disponível em http://www.uece.br/eventos/encontrointernacionalmahis/anais/trabalhos_completos/52-543426082012-231518.pdf

A Associação Zumbi do Mestre Everaldo tem entre seus Mestres associados, Lula, Ulisses, Júnior, Jean, Geléia e Wladimir. Este último mora no exterior, divulgando a capoeira do Ceará. O Mestre Lula atua na Prefeitura de Fortaleza ajudando capoeiristas, de qualquer grupo, a desenvolverem projetos na cidade. (CARVALHO FILHO, 1997). O Mestre Ulisses atua no Centro Social do Bairro Henrique Jorge. Os demais também dão sua contribuição através de aulas e rodas. (CARVALHO FILHO, 1997). Carvalho Filho (1997) não deixa de citar também o Mestre Paulão do Ceará que na década de oitenta divulgou bastante a Capoeira no Estado, indo para o exterior no início dos anos 1990. Ele teve discípulos como os mestres: Ratto, Zebrinha, Ferrim, Picapau, Envergado, dentre outros que formaram seus grupos. E outros como Kim, Cibriba, Marcão, Juruna que continuam a divulgar a Capoeira do estado no Brasil e no Exterior Para Ferreira Neto (?) 12, outro nome que é destaque mundial é o Mestre Espirro Mirim. Ele iniciou na Capoeira em 1979, com o Mestre Everaldo, do Grupo Favela, que mais tarde mudou o nome para Grupo Zumbi. Em uma matéria de uma revista especializada em Capoeira o Mestre Mirim (2001, p. 25) diz o seguinte: “Em 1984, fui formado pelo Mestre Everaldo, porém eu não parei de treinar […] resolvi viajar para o Rio de Janeiro […] onde treinei no grupo Palmares com os Mestres Branco e Gomes”. Lá quiseram colocá-lo para dar aulas, mas ele queria aprender mais, então foi para São Paulo, onde se identificou com o Mestre Suassuna com o qual está até hoje. Em 1988, Espirro Mirim formou-se professor pelo Grupo Cordão de Ouro, ano em que trouxe o grupo para Fortaleza e começou seu trabalho. Em 1991, ele recebeu o título de Mestre, depois de pouco mais de uma década de treino. O Mestre Espirro Mirim inicia sua carreira internacional em 1992 quando vai para São Francisco nos EUA, através do Mestre Caveirinha, para ministrar cursos para os americanos, retornando diversas vezes. Em 1996, foi para Israel também através do Mestre Caveirinha. Realiza seu primeiro encontro internacional em 1999 trazendo diversos nomes da Capoeira mundial como o Mestre Caveirinha e o capoeirista e ator César Carneiro que trabalhou no filme Desafio Mortal, ao lado de Van Damme; e Esporte Sangrento, ao lado de Mark Decassos. Continuando com esse pesquisador, apresenta-nos:

Robério de Queiroz, conhecido como Mestre Ratto, fundou o Centro Cultural Água de Beber. O mesmo atua através desse centro cultural composto por vários alunos em diversas frentes da capoeira. Ofereceu um curso de Capacitação e Formação de Profissionais de Capoeira com certificado emitido pela UFC, em 2009 e no mesmo ano a segunda etapa do curso, dessa vez com apoio da Faculdade Católica, Governo Federal e Banco do Nordeste. O Mestre Chitãozinho, por sua vez, fundou o Grupo Negaça Capoeira, publicou quatro livros, oferecendo uma contribuição bibliográfica ao mundo da capoeira e em especial ao estado cearense. Seu primeiro livro foi Capoeira sob uma nova visão, seguido de O ABC da Capoeira, Consciência Capoeirística e A morte de Besouro. Todos produzidos por sua iniciativa pessoal sem grande apoio.

Carlos Magno Rodrigues Rocha (2006)

13 afirma que “Diferentemente da Capoeira de rua praticada até hoje em Salvador, a Capoeira de Fortaleza caracteriza-se por ser ensinada e festejada em ambiente fechado, como clubes, academias e residências, e de uma maneira mais pontuada nas praças e nas praias, geralmente motivadas por eventos ou datas comemorativas”.

Continuando com Nascimento (2017), este autor traz duas outras hipóteses da introdução da Capoeira:

12 FERREIRA NETO, José Olímpio. A HISTÓRIA DA CAPOEIRA NO CEARÁ NAS DÉCADAS DE 1980 E 1990 ATRAVÉS DA MEMÓRIA E ORALIDADE (Direito - UNIFOR) jolimpioneto@hotmail.com História, Memória e Oralidade 13 ROCHA, Carlos Magno Rodrigues. A CAPOEIRA NO CEARÁ. Monografia apresentada ao Curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará, para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Sociais. Orientadora: Profa. Dra. Simone Simões Ferreira Soares. Fortaleza – Ce, 2006

[...] outras narrativas existentes, alimentam a ideia de que, os primórdios da prática da capoeira do Ceará teve início com o retorno de cearenses, formados em Direito e Medicina nas universidades baianas, que teriam aprendido capoeira naquele estado com Mestre Bimba, criador da capoeira Regional baiana (Neto, 2012). De volta ao estado, após o término dos seus respectivos cursos, alguns destes ex-alunos de Bimba, teriam dado aulas e iniciado alguns neófitos na arte da capoeiragem. Uma terceira narrativa, mais remota, argumenta que existiam escravizados ou negros libertos nos munícipios do Ceará que saberiam e utilizavam formatos gestuais da capoeira e que, estas referências estariam presentes em alguns relatos de passagens em livros locais.

CAPOEIRA EM PARACURU

1981 - Fundada em julho de 1981 a Escola Ogã de Capoeira Angola é a precursora da capoeira no Município de Paracuru. Portanto: "Quem não é filho da Ogã é neto!" A Escola Ogã de Capoeira Angola, foi a precursora da capoeira no Município de Paracuru. Tudo começou nos anos 80. Na época, o José Teixeira da Silva, conhecido como “Zezim do Peteta” hoje Contra-Mestre, já jogava capoeira. Também foi nessa época que o Mestre Jorge Negrão em suas visitas de final de Semana à Paracuru conheceu o Zezim e vendo o interesse do mesmo, decidiu formar um grupo e assim unir o útil ao agradável, passar o final de semana em Paracuru e poder contribuir com o aprendizado daqueles que foram os primeiros capoeiristas de Paracuru. O grupo era formado por: José Teixeira

da Silva (Zezinho) Francisco (Kim,) hoje residente em Manaus, Aderlô, Nilton, Nêgo da

Raimundinha, Crissóstomo, Pepinha e Valcir, sendo que o os dois últimos partiram para o andar de cima nos deixando boas lembranças. Mas, foi no dia 17 de julho de 1981 que aquele grupo foi batizado como Escola Ogã e ela passou a ser filiada a Escola Xangô de Capoeira Angola do Mestre José Renato de Vasconcelos, Precursor da Capoeira no Estado do Ceará e Mestre do Mestre Jorge Luiz Natalense de Sousa (Jorge Negão), fundador da Associação Negro Livre de Capoeira Angola, fundada em 20/03/75. Diversos foram os lugares que a Ogã passou levando a capoeira Angola. O início da jornada deu-se nas dependências do antigo CIEP, hoje Escola Antonio Sales, depois veio o Educandário, Conselho Comunitário, Colônia de Pescadores, Espaço de Reunião da Igreja de São Francisco (Campo de Aviação), Padre João da Rocha, Escola Maria Luiza Sabóia Hermínio Barroso e Escola Municipal de Poço Doce. Mas, a Escola Ogã não foi além, cruzou as fronteiras do Município, formando um Grupo em 1998 no Distrito de Siupé (São Gonçalo do Amarante) onde permaneceu por um ano. Escola Ogã de Capoeira Angola, Makati (2022) (schoolandcollegelistings.com)

2003 -ESCOLA DE DANÇA DE PARACURU - A Escola de Dança de Paracuru nasceu do sonho de 10 jovens que se reuniam na praça da cidade litorânea cearense para dançar forró, tendo como acompanhamento um pequeno equipamento de som. Para melhorar a performance, procuraram o bailarino Flávio Sampaio, que era da terra e, à época, atuava em Fortaleza. Acreditando no potencial dos jovens, o renomado bailarino e professor aceitou o desafio, capacitou os jovens em outras técnicas de dança e, em 2003, criou a Paracuru Companhia de Dança que se apresenta regularmente em festivais locais e nacionais. CURSOS Formação de Bailarinos Aulas de musicalização, ballet clássico, terminologia do ballet, jazz, barra ao solo, dança moderna, dança contemporânea, interpretação teatral, capoeira, folguedos populares, danças sociais, contato e improvisação, anatomia e cinesiologia, história das artes, história da dança, filosofia, oficinas de criação coreográfica e estágio supervisionado. Nesse curso também são realizadas oficinas de socialização e cidadania, sexualidade, doenças sexualmente transmissíveis, drogatização e discutidos problemas comuns na adolescência. De forma transversal, ética e estética. LINKS http://www.escoladedancadeparacuru.com.br Flávio Sampaio/Escola de Dança de Paracuru No litoral do Ceará, distante 87 quilômetros de Fortaleza, Paracuru tem aproximadamente 32 mil habitantes e costuma atrair turistas no verão. A cidade, porém, tem chamado atenção não apenas pelas belezas naturais, mas pela Escola de Dança de Paracuru, existente desde 2003. Parte da escola, a Paracuru Companhia de Dança funciona como uma porta de entrada para a profissionalização de bailarinos recém-formados. O grupo atua na produção e na exibição de espetáculos e desenvolve pesquisas sobre a cultura e as danças nordestinas, como o frevo e a capoeira. Nascido em Paracuru, Flávio Sampaio foi professor do Teatro Municipal do Rio de Janeiro e da escola do Balé Bolshoi no Brasil. Ao retornar à sua cidade natal, criou a Escola de Dança de Paracuru. Já passaram pela instituição 1.300 meninos e meninas. Atualmente, há cerca de 170 crianças e adolescentes na escola, recebendo educação artística em balé clássico, dança contemporânea e cultura popular.

Dancituras da diferença na escola de dança de paracuru thais gonçalves by Flavio Sampaio - Issuu

2016

ELISANDRO informa que treina capoeira desde o ano de 1997; é monitor desde o ano 2000; após um intervalo parado retorna as atividades e formado instrutor em 2016, pela FUNDAÇÃO INTERNACIONAL CAPOEIRA ARTES DAS GERAIS -FICAG, PELO FORMADO LOURINHO(PARACURU-CE) E MESTRE MUSEU (BELO HORIZONTE-MG).

O vereador Zé Maria (DC), durante o expediente da última quinta-feira, 17/10, agradeceu a presença dos capoeiristas na sessão e a todos os vereadores pela aprovação da lei que institui o Dia Municipal da Capoeira em Paracuru. Disse que acompanha a muito tempo o esforço e o trabalho do Mestre Lourinho, para o bem-estar da juventude, que a capoeira é um esporte educador e agradeceu ao Lourinho pelo trabalho que vem executando no município. O vereador apresentou o Projeto de Lei 30/2019, aprovado por unanimidade, que institui o Dia Municipal da Capoeira, a ser comemorado sempre no dia 17 de julho de cada ano, cria também a comenda Capoeira Amor, que passa integrar o conjunto de honrarias da Câmara Municipal, A comenda destina-se a homenagear personalidades do Município, do Estado ou País, que tenham efetivamente prestado relevantes serviços em apoio ao desenvolvimento da prática da capoeira. A comenda será entregue anualmente no mês de julho, na data comemorativa do Dia Municipal da Capoeira. No dia comemorativo o poder público através da Secretaria da Juventude, Esporte e Lazer, Assistência Social, Turismo e Cultura realizará a consecução de atividades direcionadas a capoeira. Serão realizadas durante a semana, atividades, ações, apresentações, cujo calendário deverá ser amplamente divulgado através dos meios de comunicação. 2020 - Escola De Capoeira Artes Das Gerais - razão social Jose Valdeney Silva Mendes -, encontra-se com a situação cadastral ATIVA. Ela foi aberta em 06/11/2020, possui 01 anos 9 meses e 2 dias, capital social de R$2.000,00, natureza jurídica 213-5 - Empresário (Individual), do tipo MATRIZ. 2022 –

- LEIS MUNICIPAIS: 2026/2022 – 13 de julho - INSTITUI O DIA MUNICIPAL DA CAPOEIRA E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.

Clique aqui para visualizar o documento - agosto, 02 - A fundação Internacional capoeira artes das Gerais - FICÁGI tem o prazer de convidar

A FUNDAÇÃO INTERNACIONAL CAPOEIRA ARTES DAS GERAIS - FICÁGI tem o prazer de convidar a população paracuruense, simpatizantes e praticantes de capoeira para prestigiar o 1* jogos de verão FICÁGI, na cidade de Paracuru, nos dias 05 e 06 de agosto. O evento iniciará no dia 05,sexta