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O CICLO DO ALGODÃO DO MARANHÃO
Jacob Portela
O ciclo do algodão se refere ao período em que este produto teve grande destaque na economia brasileira, em especial no Maranhão, entre meados do século XVIII e o começo do século XIX.
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Em 1621, a Dinastia Filipina criou o Estado do Maranhão, compreendendo os atuais territórios do Maranhão, Ceará, Piauí, Pará e Amazonas,subordinando-se diretamente à Coroa Portuguesa. As principais atividades econômicas dessa região eram a lavoura de cana e a produção de açúcar, o cultivo de tabaco, a pecuária (para exportação de couros) e a coleta de cacau.

Em 1755, o Marquês de Pombal criou a Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão, a qual deveria garantir a vinda de escravizados africanos para a colônia, com monopólio da navegação e comércio exterior, além de fornecer crédito para os produtores locais e a introdução de melhores técnicas agrícolas. Posteriormente, o Marquês também promoveu a expulsão dos jesuítas das colônias portuguesas.
Em 1772, Marquês de Pombal dividiu o Estado em duas unidades administrativas: Estado do Maranhão e Piauí (com sede em São Luís); e Estado do Grão-Pará e Rio Negro (com sede em Belém).

Com a crescente demanda do algodão, matéria-prima fundamental para a indústria têxtil inglesa, bem como a interrupção da exportação norte-americana, em razão da Guerra de Independência dos Estados Unidos, declarada em 1776, a colônia experimentou forte crescimento econômico. Outro importante comprador do algodão maranhense era a França.
Desde 1661, se têm registro de produção de algodão no Maranhão, porém estava voltada ao abastecimento interno.
Entre 1760 e 1771, as exportações de algodão no Maranhão aumentaram de 651 para 25.473 arrobas. A movimentação anual de navios em São Luís aumentou de três para vinte e seis, em 1788.
A expansão da cultura algodoeira se deu no vale do rio Itapecuru, alcançando as cidades de Caxias e Codó (cerca de dois terços da produção) e Coroatá. A produção era transportada pelo rio Itapecuru até o porto de São Luís. Outras regiões produtoras eram no rio Mearim, em Alcântara e em Guimarães
Em 1818, aeconomiamaranhense atingiu um milhãodelibras emovimentou155navios, sendoaquartamaior economia brasileira. Nesse período, São Luís era a quarta cidade mais populosa no Brasil. O apogeu econômico deste período pode ser representado com a construção dos casarões do Centro Histórico de São Luís e de Alcântara.
O algodão representava cerca entre 73% e 82% das exportações do Maranhão no final do século XVIIIe início do século XIX. A exploração da mão-de-obra escravizada foi um dos fatores preponderantes para ciclo do algodão maranhense, ocasionado uma forte mudança demográfica e social na região.
Por volta de 1798, os escravizados representavam 47% da população, número que subiu para 55%, na segunda década do século XIX, enquanto a população branca representava 16%. No vale do Itapecuru, o número de escravizados chegava a 80%
A partir de 1820, com o retorno dos Estados Unidos ao mercado internacional, com maior produtividade e técnicas mais avançadas, a economia maranhense perde força, com a queda dos preços em cerca de 70%. Nas décadas seguintes, o café vai tomando força na economia brasileira e ganhando destaque nas exportações
CENTRO HISTÓRICO DE SÃO LUÍS - LOCALIZADO NA ILHA DE SÃO LUÍS DO MARANHÃO, FOI TOMBADO PELO IPHAN, EM 1974
A Cidade é um exemplo excepcional de adaptação às condições climáticas da América do Sul equatorial, e tem conservado o tecido urbano harmoniosamente integrado ao ambiente que o cerca. O conjunto delimitado pelo perímetro do tombamento federal, com cerca de mil edificações, possui imóveis de grande valor histórico e arquitetônico, a maioria civil, construídos do período colonial e imperial com características peculiares nas soluções arquitetônicas de tipologia, revestimento de fachadas e distribuição interna.
Foi reconhecido como Patrimônio Cultural Mundial pela Unesco, em 1997, por aportar o testemunho de uma tradição cultural rica e diversificada, além de constituir um excepcional exemplo de cidade colonial portuguesa, com traçado preservado e conjunto arquitetônico representativo. Por se tratar de uma cidade histórica viva, pela sua própria natureza de capital, São Luís se expandiu, preservando a malha urbana do século XVII e seu conjunto arquitetônicooriginal.Emtoda a cidade,sãocerca dequatromil imóveistombados:solares,sobrados,casastérreas e edificações com até quatro pavimentos.
São conjuntos homogêneos remanescentes dos séculos XVIII e XIX, quando o Estado do Maranhão teve participação decisiva na produção econômica do Brasil, como um dos grandes exportadores de arroz, algodão e matérias-primas regionais. Nessa época, São Luís foi considerada a quarta cidade mais próspera do Brasil, depois de Salvador, Recife e Rio de Janeiro. Os mais representativos exemplares da arquitetura de São Luís datam, sobretudo, da segunda metade do século XIX - sobrados de fachadas revestidas em azulejos portugueses que estão entre os aspectos mais peculiares da expressão civil maranhense.
Por meio do estilo tradicional português, criou-se uma arquitetura única, pela generosidade dos materiais construtivos utilizados e soluções ambientais adotadas. A arquitetura histórica da cidade prima pela adequação ao clima, com o aproveitamento máximo da sombra e da ventilação marítima. O centro mantém o seu tecido urbano preservadocomtodososelementosqueocaracterizamelheconferemsingularidade.Destacam-seousodoazulejo, entreoutrosaspectos,easdimensõesquetransmitemsua importância noprocessode ocupaçãoterritorialda região. Fonte: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/346/
