IV IPCE 2015

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Investigação, Práticas e Contextos em Educação 2015

22) I: (…) ela está a ganhar? E tu estás a? C: Perder. Notas conclusivas

O presente estudo investigativo, para além de corroborar o argumento da teoria inatista de que as crianças passam por fases semelhantes e em sequências semelhantes, reforça a existência de variação interindividual (cf. Costa & Santos, 2003 e Sim-Sim, 1997,1998), uma vez que a criança em análise é única, apresentando, por isso, um percurso de desenvolvimento linguístico distinto de tantos outros. O desenvolvimento linguístico apresentado pela criança encontra-se dentro dos padrões universais definidos pela teoria inatista, uma vez que são raros os desvios produzidos pela criança e aquando a sua ocorrência, esta é aceitável, tendo em conta a sua idade, pois no momento da recolha das produções, a criança tinha 3 anos, 6 meses e 16 dias, daí considerarmos aceitável a produção de determinados desvios que refletem “uma gramática em construção” (Lorandi,2000). Assim, é de valorizar a sensibilidade gramatical que cada criança tem, vendo cada uma como um ser criativo, cuja criatividade resulta do facto de as crianças serem autênticos “aspiradores lexicais” (Sim-Sim,1998) sendo, por isso, enorme o desfasamento entre o léxico compreendido e produzido, o que descredibiliza a perspetiva comportamentalista. Todavia, a validade daquela afirmação de que a criança se encontra dentro dos parâmetros de desenvolvimento linguístico pode ser questionada, por ter sido utilizado o método experimental, que tem como limitações o facto de os dados serem recolhidos em situações pouco naturais. Face a esta sensibilização para a variação individual, compreende-se a importância do papel do jardim-de-infância no desenvolvimento linguístico de cada criança e, mais especificamente do educador, pois é em função dessa uniformidade e diversidade linguística que ele deve orientar a sua planificação, assumindo a “linguagem como capacidade e veículo de comunicação e de acesso ao conhecimento sobre o mundo e sobre a vida pessoal e social” (Sim-Sim,2008). Referências bibliográficas

Costa, J. & Santos, A. L. (2003). A Falar como os Bebés. Lisboa: Caminho Lorandi, A. (2010). Formas Morfológicas Variantes na Aquisição da Morfologia: Evidência da Sensibilidade da Criança à Gramática da Língua. in Letrónica, Porto Alegre, v. 3, n.º 1, p.81 (texto parcial) Sim- Sim, I. (1998). Desenvolvimento da Linguagem. Lisboa: Universidade Aberta Sim-Sim, I. (2008). Linguagem e Comunicação no Jardim-de-Infância. Lisboa: DGIDC

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