Educação Financeira para crianças - parte 1

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A CIDADE

QUINTA-FEIRA, 18 DE FEVEREIRO DE 2016

ECONOMIA SEU BOLSO

É preciso

conversar sobre

o dinheiro Quanto mais as famílias falam sobre as contas e educam os filhos, mais organizado é o orçamento da casa DA REPORTAGEM jornalismo@jornalacidade.com.br

Educação financeira não é uma matéria na escola, mas o cotidiano nos cobra o mínimo entendimento sobre como lidar com dinheiro. Esclarecer esse tema em família e desde a infância facilita o caminho. Alessandra Silva, de 41 anos, aprendeu desde cedo a importância de poupar, começou a trabalhar cedo e sempre ajudou em casa. “Comecei a trabalhar aos 13 anos, o que eu ganhava entregava para a minha mãe que pagava as contas da casa”. A secretária é mãe de duas meninas e na casa da família o assunto é tratado com seriedade, “eu sempre expliquei que devem guardar, porque uma hora precisa. Mas o dinheiro é delas, e elas gastam da forma como quiserem”. Desde cedo Victória e Anabella, de 8 e 12 anos, puderam encontrar na mãe um exemplo. As meninas não ganham mesada, mas mantêm um cofrinho para guardar as moedas que ganham esporadicamente da família. “Minha mãe sempre falava de guardar, e isso passei para as meninas, elas têm muita consciên-

cia do valor do dinheiro”, conta. Caminho certo O consultor financeiro Carlos Henrique Piassa não discorda de Alessandra, para ele é importante trabalhar a educação financeira desde os primeiros anos. “A família deve falar com os filhos de educação financeira a partir dos seis anos, que é a idade de entrada na escola, porque é interessante para ela saber o quanto custa o lanche, a bala e o custo das coisas”, explica. Além de falar sobre a importância da economia, é útil que se ensine também formas responsáveis de se utilizar o dinheiro. Para Piassa a mesada não deveria ser dada ‘gratuitamente’, a criança deve se comprometer com alguma responsabilidade para que receba alguma gratificação, “isso naturalmente evolui e explica para a criança que isso é uma recompensa sobre o trabalho”. Ele acredita que a conversa sobre finanças precisa surgir espontaneamente dentro de casa. “Não é uma obrigação, mas a responsabilidade vem com essa conversa”. Alessandra conta que por muitas vezes são as próprias filhas que dão o exemplo. “As meninas percebem quando está difícil ou é caso de alguma emergência, então elas abrem o cofrinho e oferecem as economias para ajudar”. (Colaboração: Jessica Ribeiro)

INADIMPLÊNCIA Para o mercado, a notícia não é positiva para este ano. A inadimplência deve crescer em 2016, tanto para os consumidores quanto para as empresas. A conclusão é de um estudo realizado pela Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), com base em comportamento e tendências dos indicadores que a empresa calcula mensalmente. Para os consumidores, o ajuste estrutural do mercado de trabalho deverá ter impacto, com a inadimplência subindo para 6,8% em 2016, em comparação aos 6,1% de 2015. Em 2016 a Boa Vista prevê que a tendência de maior seletividade dos concedentes de crédito continue.

“O fato de economizar, não quer dizer que a família vá viver pior. É preciso ensinar a criança sobre formas de realocar recursos.” Alexandre Nicolella Professor da FEA-RP

“É importante deixar claro a situação da família e colocar a criança para participar do orçamento familiar.” Carlos Henrique Piassa 51 anos, consultor financeiro

Exemplo deve surgir dentro de casa A vida econômica da família, geralmente, gira em torno dos pais e o compromisso de criar adultos financeiramente responsáveis no futuro deve ser deles também. De acordo com Alexandre Nicolella, professor da FEA-RP, o exemplo deve surgir dentro da própria casa e não envolver as crian-

ças nas conversas sobre dinheiro acaba influenciando todo o orçamento. “Para muitos filhos parece que os recursos são ilimitados, mas a criança precisa entender que não é. Faz parte da educação tentar fazer com que ela tenha essa percepção”, explica. Embora ainda não seja muito comum as famílias

falarem abertamente sobre o assunto, é importante que os pais se eduquem quanto ao tema, explica o professor. Alessandra Silva é um exemplo, “trabalho desde os 13 anos e sempre entendi o valor do dinheiro, com meus filhos não foi diferente, ensinei desde que eles eram pequenos”.


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