Brasil do império à república

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9 açúcar estavam excluídos desses benefícios. Por essa razão, embora fossem ligados ao Partido Liberal, rebelaram-se contra a cúpula do partido devido à aliança cesta com os conservadores. Conseguiram atrair os intelectuais urbanos, jornalista e bacharéis em direito de Olinda, social e mesmo familiarmente ligados a eles, e formaram o Partido Praieiro. Esse nome “Praieiro” foi dado pelos adversários, para lembrar sua fortuna recente e sem tradição. Os praieiros chamavam os adversários de “guabirus” (ratos), sugerindo que eram ladrões. 7.8. Quando Alves Branco assumiu a chefia do ministério, nomeou o desembargador Chichorro da Gama (político liberal ligado aos praieiros) para a presidência da província de Pernambuco. A nomeação era uma tática política do ministério para conter as insatisfações dos praieiros e apaziguar os proprietários a eles ligados. A Ascensão dos praieiros ao governo provincial deu-lhes condições de romper os limites impostos pelas administrações anteriores. Cabia-lhes agora aproveitar o momento e se desenvolver política e economicamente. Demitidos os antigos ocupantes, os praieiros ocuparam os cargos públicos provinciais e adquiriram todos os contratos de arrematação de impostos e outras sinecuras governamentais. Aproveitando-se do governo, os praieiros queriam fazer os senadores, mas não conseguiram, já que os Cavalcanti tinham força na Corte, e o imperador não escolhia os praieiros eleitos por Pernambuco. Os praieiros em nada inovaram. Aliás, repetiram a prática política e administrativa das gestões anteriores. Quem estava no poder tratava de garantir para si e seus partidários todos os benefícios da posição. 7.9. Quando os conservadores assumiram o poder no império, em 1848, demitiram Chichorro da Gama. A sucessão foi acompanhada de forte oposição em Pernambuco. Os proprietários ligados aos praieiros perdiam posições e queriam mantê-las. Chefiando seus agregados, dependentes e moradores, passaram a lutar contra os conservadores e os grandes proprietários que faziam parte do partido que havia assumido o poder e eram beneficiados por ele. Nos dois partidos lutavam massas rurais. Homens livres, moradores, rendeiros, lavradores, libertos, escravos, lutavam pelos senhores de sua clientela, fossem praieiros ou conservadores. Os índios ou brancos pobres que lutavam, faziam-no por comida ou por um soldo. 7.10. A linhas gerais a Revolução Praieira propunha: • • • • •

uma relativa autonomia para a província; participação na representação nacional; acesso aos postos políticos provinciais; tomar parte nos arrendamentos do governo provincial; fim do senado vitalício;

6.7. Os engenhos dos praieiros e dos conservadores transformaram-se em quartéis. Os praieiros optaram por uma guerra de escaramuça que lhes permitia ganhar tempo e negociar com o governo do império. O movimento, que havia começado em Olinda, estendeu-se para a Zona da Mata pernambucana. Quando tentaram atacar Recife, os rebelados foram derrotados e dispersaram-se pelo interior, onde continuavam resistindo. O governo imperial, preocupado em centralizar o poder e combater a autonomia local, enviou tropas para combater os insurgentes, que foram derrotados. 6.8. A repressão foi exemplar. O império queria demonstrar que sua nova política de modernização e desenvolvimento material só admitia um caminho: a centralização do poder no âmbito nacional. Essa política excluía a autonomia das províncias e daria cabo das lutas armadas entre as facções dos grandes proprietários rurais. As facções deveriam se integrar ao Estado nacional e atuar como exemplo dessa nova política imperial. Os líderes pernambucanos foram condenados a longas penas. Em 1852, entretanto, quando a revolta já estava esquecida, todos foram anistiados e incorporados à nova ordem, ao progresso material e moral da província. O império fomentava essa prosperidade, estendendo seus frutos a todos os proprietários, sem distinção. Tratava-se de um progresso material que não mudou a ordem social, pelo contrário, conservou-a., garantindo a predominância dos senhores de engenho e a incorporação dos trabalhadores assalariados, com baixos ganhos, ao lado dos trabalhadores escravos.


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