Brasil do império à república

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2 3.1. As Câmaras de Olinda e do Recife se recusaram a aceitar a Carta Outorgada e o golpe de D. Pedro contra a Assembléia Constituinte. O autoritarismo de D. Pedro foi combatido por diferentes grupos da sociedade nordestina: o jornalista Cipriano Barata, o proprietário de terras Pais de Andrade e o Religioso Frei Caneca (todos veteranos da revolução de 1817). 3.2. No dia 2 de julho de 1824, Pais de Andrade conclamou todas as províncias nordestinas a formar a Confederação do Equador se rebelando contra o governo central. Divergências ideológicas e políticas entre os revoltosos enfraqueceram a Confederação e facilitaram a reação militar do governo central. Com a ajuda da Inglaterra, as forças de D. Pedro I sufocaram rapidamente a revolta impedindo a fragmentação do Império. Foram efetuadas numerosas prisões, vários líderes executados, entre eles, Frei Caneca. A violenta repressão à Confederação do Equador contribuiu para o desgaste da popularidade do imperador e criou condições para a abdicação. 4. A ABDICAÇÃO DE D. PEDRO: 4.1. A banda oriental do Rio da Prata ( atual Uruguai) fazia parte do Vice-Reinado do Prata e pertencia à Espanha. Influenciado pela esposa Carlota Joaquina, D. João VI em 1816 anexou a região ao Brasil, que passou a constituir a Província Cisplatina. No entanto, em 1825, um grupo de patriotas Uruguai, liderados por Lavalleja, tomou o poder e declarou o Uruguai como parte da Argentina. Em represália, D. Pedro I declarou guerra à Argentina. 4.2. Como o conflito prejudicava o comércio inglês na região, a Inglaterra pressionou para que a luta tivesse fim. Porém, como não interessava à Inglaterra que a Argentina dominasse as duas margens do Rio da Prata, suas pressões resultaram no fim do conflito e na criação em 1828 de um novo Estado independente, a República Oriental do Uruguai. Os custos humanos e financeiros desse prolongado conflito contribuíram para abalar o prestígio de D. Pedro. 4.3. A critica situação econômica do Brasil contribuía para desgastar politicamente o governo de D. Pedro. O açúcar, nosso principal produto de exportação, enfrentava a concorrência do açúcar produzido nas Antilhas, principalmente de Cuba, que passou a fornecer açúcar para o mercado norte-americano. Além disso, o açúcar de cana, sofria, na Europa, a concorrência do açúcar de beterraba europeu. O nosso algodão não conseguia concorrer com a produção norte-americana cuja produção era melhor e mais barata. O tabaco estava em crise devido à perseguição que os ingleses faziam aos traficantes de escravos, grandes compradores de fumo. O couro sofria concorrência dos produtos da região do Prata, de melhor qualidade. Além disso, a importação de produtos ingleses consumia nossos recursos financeiros e nos tornava cativos dos grandes bancos britânicos: além disso, tomávamos dinheiro emprestado dos ingleses, para pagar produtos ingleses. Essa crise econômico-financeiro provocou, inclusive, a falência do Banco do Brasil, em 1829. 4.4. Essa crise tinha raízes estruturais, pois o Brasil continuava com uma economia agroexportadora. O tratado assinado com a Inglaterra em 1827 (para reconhecimento da nossa independência) evidencia essa realidade. Esse acordo ratificava os Tratados de 1810. A vantagem dos ingleses era considerável: taxa de importação de 15%, o que tornava a Inglaterra o parceiro preferencial no comércio brasileiro. O Brasil não tinha as mesmas compensações, pois seus produtos eram semelhantes aos das colônias inglesas. 4.5. As críticas feitas ao governo de D. Pedro se avolumavam. Alguns jornalistas, como Evaristo da Veiga, faziam críticas moderadas. Mas outros, como Líbero Badaró, faziam críticas radicais (acabou assassinado por suas posições políticas). 4.6. Outra questão externa veio agravar a crise política, foi a sucessão portuguesa. Em 1826 morreu D. João VI. Seu primogênito, D. Pedro I, seria o novo rei de Portugal. Os brasileiros não escondiam a preocupação: D. Pedro rei de Portugal e do Brasil era sinônimo de recolonização. Pressionado, D. Pedro abdicou em favor se sua filha Maria da Glória, de cinco anos de idade. A princesa era prometida em casamento a seu tio D. Miguel, que regeria Portugal até a maioridade da herdeira. 4.7. Radicais e moderados formaram um grupo de oposição ao governo de D. Pedro I e elegeram, em 1830, um parlamento com maioria contrária à política imperial. A rivalidade entre portugueses e brasileiros e o


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