Col belas & feras 001 herança da paixão & inocencia

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até ouvir os passos pesados e firmes subirem a escada. E então, quando ele adentrou a sala, Jessica deu um passo à frente, postando-se sob um dos raios da lua que refletiam no aposento e abriu o roupão. A reação de Angelos não foi nem um pouco estimulante. – Saia daqui, Jessica! – ele ordenara. – Deixe-me em paz! Todavia aquilo era impossível. Tendo se preparado para chegar até aquele ponto, não recuaria. A não ser que não tivesse outra escolha. Sendo assim, atirou-se nos braços fortes e pressionou os lábios contra os dele, tentando provar ser tão mulher quanto Lucille. E, por uma fração de segundo, ele correspondeu. No entanto, logo em seguida, Angelos afastou os lábios e a segurou pelos braços, empurrando-a. – Não se iluda, criança – disparou num tom de voz repleto de desdém. – Não tenho nenhum interesse em você. Não me envolvo com menininhas. Podia rever toda cena em sua mente. A forma como a luz se acendeu de maneira tão inesperada, revelando um quadro desesperador. Ela, envolta nos braços fortes de Angelos, os cabelos em desalinho e o batom mal aplicado borrando sua face inteira. Os únicos trajes eram o conjunto de calça e sutiã de renda branca, cujas alças lhe escorregavam pelos ombros. Ainda podia ouvir a voz chocada do padrasto. A fúria refletida nas palavras, quando Marty gritou: – Que diabos está acontecendo aqui? Por um segundo, a mente de Jessica experimentou um branco causado pelo pânico. Porém, no momento seguinte, reagiu com medo e desespero. Batendo com força contra o peito de Angelos, lutou, frenética, contorcendo-se para se afastar. – Não queria... – ela começou, balbuciando as palavras. – Eu não queria... ele me forçou. Ao ouvir aquelas palavras, ele a soltou, afastando-a como se o contato entre ambos lhe fosse asqueroso. Jessica cambaleou pela sala, tropeçando contra o braço de uma cadeira. Um dos cantos do móvel se chocou contra a coxa exposta, fazendo-a sentir-se zonza de dor e os olhos, ainda enevoados pelo desconforto causado pela pancada avistaram o soco que o padrasto desferia contra o queixo de Angelos. – Suma daqui e não volte nunca mais... Jessica tentou convencer a si mesma de que Angelos tinha menos a perder do que ela. Como homem e mais velho, seria capaz de se livrar daquele incidente, dar as costas aos acontecimentos – e a ela – e partir sem sequer uma mácula em seu cavalgar arrogante. Possuía pele muito espessa e o orgulho demasiado forte para sentir as alfinetadas causadas pelas insignificantes flechadas que ela e Marty haviam lançado contra ele. Agora, mais velha e experiente, possuía outra forma de pensar. Fora estúpida, imatura e totalmente egoísta. Pensara apenas em si mesma e em salvar a reputação sem nunca parar para pensar nas possíveis consequências para Angelos. Poderia ter feito algo para salvá-lo, como contar a Marty a verdade para que ele pudesse lhe oferecer o emprego de volta. Podia apostar que Angelos não aceitaria, mas ao menos teria reparado o próprio erro. Entretanto ainda estava em tempo. Mesmo sabendo que Angelos construiu uma vida de sucesso após ser demitido por Marty, ainda se sentia responsável por ele ter sido expulso dali sem direito a nada. E agora, sabia como era se sentir daquela forma. Independentemente do fato de ele ouvi-la ou não, dessa vez ficaria e o encararia. No passado, permitira que Marty a envolvesse em seu casaco e a carregasse de volta para a casa principal, onde, após


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