Paulomiguez

Page 217

213

para as famílias assistirem aos desfiles dos blocos e clubes carnavalescos e as brincadeiras dos foliões mascarados em meio a "batalhas" de confetes, serpentinas e do inebriante cheiro do lança-perfume, dos camarotes e arquibancadas que são hoje armados em grande estilo no Campo Grande, Barra e Ondina, ou ainda, a diferença entre a explosão de decibéis da parafernália eletrônica que caracteriza os trios elétricos atuais e o som amplificado dos paus elétricos da velha fobica de Dodô e Osmar que conquistou a cidade em 1950, dão bem a medida dos caminhos que transformaram o Carnaval da Bahia no mega-fenômeno que ele é hoje.

Finalizando, toma-se por empréstimo o parágrafo final do artigo de Loiola e Miguez (1995, p.349-350):

"Nos cinco dias (a possibilidade real de se multiplicar esse número é, razoavelmente, grande) de Carnaval baiano, centenas de milhares de pessoas pulam, bebem e trabalham ao som dos trios elétricos, afoxés e blocos. Os seus sons seduzem inclusive os que nele trabalham, sendo emblemática a imagem do vendedor ambulante com o seu pesado 'isopor' à cabeça carregado de cervejas e refrigerantes, pulando atrás do trio elétrico, mas também vendendo seu produto. Como se o Carnaval baiano permitisse a afirmação de uma lógica de sobrevivência que recusa a dicotomia entre prazer e trabalho, e que, de alguma forma lemos nos versos da música de Caetano Veloso ...: 'bahia minha preta / como será / se tua seta acerta e chega lá? / ... / comprar o equipamento / e saber usar /


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.