⽣ ま れ る
Índice
Introdução
Fertilidade e reprodução
Debate
Expo. Bodies
Respondendo à curiosidade
Conversa com um Ginecologista Conclusão Fontes
Introdução
Este documento é um portfólio, que foi efetuado durante o 2º período do ano letivo 23/24. O tema é a manipulação da fertilidade e reprodução. E para além de registar atividades científicas, mas também inclui um debate.
E é por isso mesmo que o título do portfólio, “nascer”, está em japonês, pois quero enfatizar na capa a ideia da universalidade do conceito de vida e de nascença.
O tema, a meu ver, é dos mais polémicos e interessantes que existem. Até que ponto é aceitável controlar a natureza e o seu rumo? Como é que a vida é criada? Essencialmente, isto é questionar a origem da vida.
Comparado com o trabalho anterior, acredito que o trabalho feito para este portfólio foi menor, mas que se adequou ao tempo que tínhamos. Este tipo de projeto, que inclui geralmente trabalhos de pesquisa, é bom para nos habituarmos ao que teremos fazer no futuro. Eu vou seguir a área de Física, mas considero a área de Biologia também muito importante e interessante
Fertilidade e reprodução
Neste capítulo está escrito um resumo do sistema reprodutor masculino e feminino, a gametogénese de cada, e a regulação hormonal.
Também inclui métodos contracetivos usados.
Sistema reprodutor masculino
O sistema reprodutor masculino é constituído por: pénis, testículos (gónadas masculinas), epidídimo, tubos deferentes, vesícula seminal (secreta um fluido que com os espermatozoides for a esperma), próstata e a glândula de Cowper (anula a acidez da uretra).
O aparelho reprodutor masculino
Gametogénese masculina
A espermatogénese continua para o resto da vida, acontecendo na periferia da parede dos túbulos seminíferos, nos espermatogónios. Estas células germinativas fazem sucessivas mitoses ao longo da vida, com algumas que desenvolvem para espermatozoides e outras que ficam para manter as mitoses de forma contínua. As que passam os espermatozoides, começam inicialmente por crescer, depois fazem a meiose completa, e em seguida diferenciam-se para espermatozoides, perdendo quase totalmente o citoplasma, digerido pelas células de Sertoli, e a adquirição de uma cauda potenciada por mitocôndrias e um acrossoma. Os espermatozoides acabam no lúmen dos túbulos seminíferos e depois dirigem-se para o epidídimo.
Tubo seminífero
Espermatozoide
Sistema reprodutor Feminino
O sistema reprodutor feminino é constituído por: vagina, útero (onde ocorre a nidação do ovo), ovários (gónadas femininas), trompas de Falópio e o colo do útero.
O
aparelho reprodutor feminino
Gametogénese feminina
A oogénese começa antes no nascimento, quando as oogónias se multiplicam por mitoses, formando oócitos I, dentro de folículos, e mais tarde uma segunda bolsa, um segundo folículo à volta, denominado folículo de Graaf. Dentro do folículo, o oócito II faz a meiose I e forma um glóbulo polar e um oócito II. A seguir, o oócito II é libertado para as trompas de Falópio só com o primeiro folículo, onde faz a meiose II, na fecundação, formando um outro glóbulo polar e o óvulo, que, sem demora, funde-se com o núcleo masculino (cariogamia).
Fecundação
Quando um espermatozoide toca com o acrossoma no folículo, este degrada-se e ativa umas enzimas que fazem caminho para o oócito II, que começou a meiose II. Quando o espermatozoide chega aos grânulos do folículo, este deixa passar o núcleo, mas as mitocôndrias e a cauda ficam de fora. Os núcleos do lado materno e paterno fundem-se (cariogamia), sofrem mitoses sucessivas, e quando chegam à fase de blastocisto, este prende-se ao endométrio, que está bem desenvolvido, devido à libertação de progesterona do corpo amarelo.
Regulação hormonal dos aparelhos reprodutores
Ambos os aparelhos reprodutores são controlados pelo complexo hipófise-hipotálamo, pelas hormonas produzidas pela hipófise (LH e FSH), cuja produção é regulada pelo hipotálamo, pela hormona GnRH .
Complexo hipófise-hipotálamo
No Sistema reprodutor masculino, o envio de LH e FSH para o sangue estimula as células de Leydig a produzir testosterona e inibina. A testosterona estimula a espermatogénese e a concentração de testosterona e inibina juntas diminuem a produção de LH e FSH.
No sistema reprodutor feminino, estas hormonas estimulam o desenvolvimento de folículos (fase folicular), que produzem estrogénio, que terá uma estimulação negativa no complexo hipófisehipotálamo, até mesmo antes da ovulação, quando a estimulação é positiva. Depois de atingir o pico na ovulação, a estimulação é negativa. Depois da fase ovulatória, há uma produção de progesterona, do corpo amarelo (fase lútea), que têm uma estimulação negativa, que vai diminuindo com a atrofia do corpo amarelo. O endométrio desenvolve-se com a progesterona e o estrogénio. Isto acontece ciclicamente e é denominado o ciclo menstrual.
Os níveis hormonais pelo ciclo menstrual
Métodos contracetivos
Os contracetivos são métodos usados para impedir uma gravidez, ou seja, que não haja contacto entre os gâmetas masculino e feminino (contracetivos não hormonias), ou que a produção desses gâmetas seja diminuída (contracetivos hormonais).
Exemplo de contracetivos não hormonais:
Preservativo feminino e masculino, respetivamente.
Diafragma (impede o contacto entre os gâmetas).
Exemplo de contracetivos hormonais:
DIU e pílulas contracetivas, respetivament e. controlam o ciclo menstrual.
Debate
Nós, os alunos do 12º ano, neste período, fizemos um debate com o 10º ano, com o objetivo de partilharmos argumentos, pensamentos e conhecimentos relacionados com a manipulação da fertilidade.
O debate foi desenvolvido a partir de uma questão: “É possível duas pessoas do mesmo sexo terem um filho biológico de ambos?”
A informação necessária para o desenvolvimento do debate incluía gametogénese e a anatomia dos aparelhos reprodutor masculino, e ainda apresentámos uma pesquisa que demonstrava um método de formar espermatozoides e oócitos a partir de células somáticas.
A resposta geral inicial dos alunos foi afirmativa, contundo, a pergunta foi passando de uma questão de possibilidade a uma questão de causa e consequência.
Eis os argumentos sobre a possível razão do uso desta tecnologia: Criação de clones, armação, controlar a liberdade do feto (como controlar a sua aparência, por exemplo), progresso científico, diminuição de abandonamento infantil (isto está dependente nos guardiões legais e não deve apresentar efeito ter filhos com esta tecnologia) e ser infértil. E eis os argumentos de consequências possíveis com o uso desta tecnologia: desafiar a natureza e provocar um desequilíbrio evolutivo (ascensão possível de problemas genéticos e incompatibilidade sexual), rejeição social (embora a mudança social seja algo natural), os pais controlarem o feto com as suas ideologias, progresso científico e possivelmente uma crise económica causada pelo investimento nesta tecnologia, que não é barato.
O único problema que eu vi com estes argumentos foi que eram baseados hipoteticamente só neste método de criar gâmetas, limitando, na minha opinião, o número de argumentos que podiam ser feitos. Exemplo: E se a tecnologia não criasse problemas de evolução? Este pensamento podia levar à dependência da tecnologia do futuro, que não foi apresentado no debate.
Em relação a mim, eu penso que tenha contribuído um bocado para o debate. Eu apontei que o argumento principal a ser apresentado é o que está normalmente associado a tecnologia: que o problema não é só as capacidades da tecnologia, mas em que mãos é que está. Também relacionei a minha investigação de um útero artificial como suporte à premissa que tudo o que estava a ser discutido era possível, e que pode ser um futuro não muito distante.
Em suma, o debate teve muitos argumentos apresentados contra e a favor de um casal do mesmo sexo ter um filho biológico através deste método. Contudo, os argumentos foram baseados fundamentalmente só na tecnologia apresentada, limitando, penso, a quantidade de argumentos que podiam ser feitos. Eu também estive restringindo, pois tinha muitos argumentos que podia ter apresentado. Contundo, isso seria injusto considerando que todos teriam de ter a palavra. Penso ter contribuído para o debate com a minha pesquisa e alguns argumentos e refutações.
Apreciação c.: Debate
Expo. Bodies
Esta atividade foi sugerida pessoalmente por mim pois penso que seja essencial saber o corpo e a sua anatomia.
A exposição Bodies é feita de corpos reais que são preservados através de vários processos químicos e físicos, e expõe vários órgãos e tecidos. Conhecer o corpo humano é conhecer a sua organização e funcionamento.
Com essa informação, especialistas de saúde podem orientar-se facilmente numa cirúrgia ou num exame. Isto aplica-se a qualquer área da medicina. Na minha opinião, embora esta visita de estudo tenha sido mais abrangente do que o tema, concedeu uma perspetiva mais realista que os manuais não podem dar.
Deixo aqui algumas fotografias (feitas pelo meu colega Diogo Castelo-Branco).
O coração, as suas cavidades, artérias e veias
O cérebro e o córtex cerebral. Na amostra acima no meio, é possível ver os vasos sanguíneos cerebrais, e, embaixo, o encéfalo.
O sistema digestivo
O aparelho reprodutor masculino. No meio em acima,
é possível ver um testículo e o seu epidídimo. O pénis e o escroto estão no lado esquerdo inferior.
O esqueleto humano
O corpo quando uma pessoa chuta uma bola
Um braço esquerdo. é possível ver, nas mão, que os tendões funcionam como cordas: quando puxados, os dedos dobram para dentro, quando relaxados, desenrolam.
A placenta (à esquerda no topo) e fetos em diferentes fases de desenvolvimento (do mais pequeno para o maior).
O sistema renal, com os rins (em cima), conectados à bexiga (em baixo) pelos ureteres.
Respondendo à curiosidade
Inicialmente, cada aluno refletiu bastante nas suas dúvidas que tinha sobre a fertilidade e reprodução humana, e, posteriormente, investigaram para responder às perguntas que tinham. No final, todos reuniram-se para partilhar o que descobriram e poder interligar a informação.
Atendendo a discussão, tenho de dizer que, a meu ver, me abriu a mente a mais tópicos: As perguntas feitas abrangiam de forma geral o tema de fertilidade e reprodução, com tópicos como métodos contracetivos, desenvolvimento de ovos, o que influencia a fertilidade e até questões que desafiavam a natureza. Acredito que o “fluxo” de dados científicos feito forçou-nos a questionar como, por exemplo, os alimentos estavam relacionados com hormonas, hormonas com métodos contracetivos, métodos contracetivos com a fisiologia, e mais.
Esta discussão também melhorou a nossa atenção e pensamento crítico aquando na pesquisa de fontes fidedignas, pois é essencial lembrar que muitas fontes podem ser infundadas ou estatisticamente insignificativas.
Em relação aos meus colegas, eles conseguiram, apresentar a informação de forma mais concisa do que eu, pois fiz uma apresentação que podia ser mais simples.
Penso também que nos habituou mais a pesquisar individualmente e a organizar informação encontrada, e que deste modo estaremos mais preparados para o futuro
Eu, em específico, pesquisei para descobrir como é que seria possível desenvolver um embrião/feto artificialmente, baseado na pergunta “Quais as condições e fatores no desenvolvimento de um embrião/feto”.
Aqui encontram-se as fichas de leitura desse estudo:
Anatomia da placenta
Regulação hormonal na gravidez
útero artificial
Para o monte de informação que tinha, eu fiz um powerpoint com suporte visual, que, embora útil, acredito que tenha demorado a apresentar tudo.
PowerPoint
Concisamente, embora esta investigação tenha sido muito semelhante à aquela feita no primeiro período com o tema de imunidade, sinto que foi mais fluída do que antes, e, sendo informação encontrada olhada de forma crítica, não só questionámos as fontes, mas também a própria informação e a sua lógica. Apesar de já termos feito muitas investigações, a frequência das investigações é boa para tornar-se hábito e impedir a procrastinação.
Apreciação c.: Resposta DI
Ginecologia
Atualmente, existem muitos casos de infertilidade, não só em Portugal, mas também em outras regiões mundialmente, e parecem estar a aumentar. A infertilidade pode inibir casais de terem filhos, no entanto, ela pode manifestar-se de várias maneiras. Com o objetivo de conseguir ter uma perspetiva mais realista e compreender o aumento de casos de infertilidade e as suas causas, nós falámos com uma ginecologista, A Drª Leonor Axis Ramos, que nos apresentou as causas de infertilidade, as respetivas soluções.
Quando um casal tem problemas em engravidar, ou ambos os parceiros podem ser inférteis, ou um deles pode ser infértil, ou a causa é desconhecida. Os casos de infertilidade podem ser divididos, pelo sexo do parceiro infértil, do seguinte modo: Infertilidade masculina (do lado do homem), infertilidade feminina (do lado da mulher), infertilidade mista (de ambos) e causas desconhecidas (não se descobre a razão para infertilidade).
A infertilidade masculina é causada, principalmente, por azoospermia, a ausência de espermatozoides no sémen, e pode ser causada por infeções, obstruções nos canais deferentes e varicocele, varizes (deformações nas veias) nos testículos que aumentam a temperatura (a produção de espermatozoides acontece a temperaturas mais baixas) e traumas nos testículos. Outras causas incluem problemas hormonais (ex.: problemas na tiroide), genéticos, ejaculação retrógrada (a ejaculação não acontece no momento de orgasmo e o sémen pode voltar para trás).
A infertilidade feminina pode ter várias causas: endometriose (crescimento do endométrio fora da zona designada), ovários policísticos (cistos nos ovários podem tornar o ciclo menstrual irregular e dar problemas à libertação do oócito II), hormonais (ex.: problemas na tiroide), inflamações nas trompas (que pode obstruir as trompas), infeções e alterações do útero (pólipos, septo não absorvido). A maioria destes problemas aparece com a idade.
Muitos destes casos podem ser resolvidos com medicação e/ou cirurgia. Contudo, se mesmo após o tratamento um casal não conseguir engravidar, é possível optar pelos métodos de reprodução assistida: FIV (fertilização in vitro, em que os gâmetas são fecundados em laboratório), inseminação artificial (IIU, deposição de sémen no útero artificialmente) e ICSI (microinjeção citoplasmática, em que o espermatozoide é inserido no oócito à “mão”).
Na possibilidade de no futuro uma pessoa ficar infértil, é possível congelar os seus gâmetas para usar mais tarde quando já não consegue produzilos.
Em suma, embora haja uma variedade de causas de infertilidade que têm tratamento, é importante estar preparado pois a infertilidade vem com a idade. É essencial tirar este conhecimento de uma especialista considerando que essa pessoa tem mais experiência, não se comparando com aquilo que é possível encontrar na internet.
Drª Leonor Axis Ramos
Conclusão
Gostei imenso de aprender uma nova matéria, especialmente uma relacionada com a criação da vida. Excluindo a criação do portfólio, fizemos novas atividades e tipos de investigação. Não estava à espera dum debate em Biologia, e adorei falar com os variados especialistas em saúde e pesquisar sobre a fertilidade.
Estudar sobre a Vida à luz da ciência é muito interessante e considero uma matéria excelente para estudar e pesquisar.
Após a apresentação deste portfólio, os alunos vão visitar Coimbra, e acho uma pena não ser possível incluir essa visita neste documento.
Na minha opinião, neste período, penso que fomos mais decisivos e proativos comparado com o anterior, e sinto que já estejamos mais habituados do que antes a fazer trabalhos individuais extensos que incluam muita escrita.
No entanto, ainda temos espaço para melhoria, e por isso não podemos desviar do nosso estudo, por mais cansativo que seja.
National Library of Medicine (S. Karger AG, Basel, 2006) - disponível em
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16612111/ REIS, Jorge; GUIMARÂES, António; SARAIVA, Ana Bela; NOVAIS, Hugo; - Odisseia 12. Porto: Porto Editora, 2023
Artificial womb – Wikipedia - disponível em
https://en.wikipedia.org/wiki/Artificial_womb
Kenhub - disponível em
https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/ a-placenta