Revista Fazer o bem

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tulhos no Parque. Não existia vigilância e só havia um gari. Tinha tráfico de drogas, assaltos e ocupações. Naquela época, início da década de 1990, havia muitas áreas ocupadas. Moravam no parque 52 famílias em barracos de lonas e papelão, sem instalações sanitárias... Um verdadeiro desastre. Percebemos que algumas pessoas estavam fazendo cartas para o jornal O Povo. Identificamos essas pessoas e começou essa “novela” que já dura 18 anos. Algumas tiveram a ideia de fazermos um projeto e constituirmos uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). Por convicção, éramos contra. Sabemos que quando nos agregamos a algum patrocinador, a gente perde a liberdade e a capacidade de criticar. Preferimos ser livres e independentes. Temíamos ser confundidos com oportunistas que só querem dinheiro do poder público. Estudamos em universidade pública e nossos filhos também. Então, estava na

hora de retribuir. Acreditamos que quando o trabalho é voluntário, a satisfação é ainda maior. RFB – Como vocês lidaram com essa questão da ocupação e como está a situação hoje? LV – Fizemos denúncia ao Ministério Público e pressionamos a Prefeitura para que ela providenciasse a desocupação e moradia digna às pessoas. Durante todo o processo, mantivemos uma relação de amizade com os ocupantes e nunca fomos hostilizados. Eles conseguiram casas na Vila União e no Mondubim. Os que tinham casa de alvenaria, receberam indenização. Para nossa tristeza, muitos venderam as casas, que são muito boas. Soube até de um vereador do interior que comprou e está morando lá. Ainda tem umas ocupações irregulares no parque. Com relação às drogas, melhorou muito. Houve uma ação da guarda municipal e da polícia. Hoje, vejo que estamos vol-

Acreditamos que quando o trabalho é voluntário, a satisfação é ainda maior.”

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