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Cantinho do João João Correia

fotografia de João Correia

TEMPESTADE DE VERÃO

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Surge como um parêntesis num texto, como um pequeno intervalo num dia de escola, como umas férias de umas férias pois, mesmo perturbando a rotina sazonal, sabe-nos bem sentir a humidade no ar no meio de um período de calor tórrido como se a mesma nos lembrasse de que também há lugar, no verão, para outras temperaturas que não as próprias dessa estação. Mudam-se, por instantes, por vezes mais pequenos que um dia, os hábitos. Vestemse roupas não tão adequadas à moda estival, mais apropriadas ao fresco que invade, como se não tivesse sido convidado, o território do sol, do calor, e das noites abafadas. Mudam-se também os pensamentos, as atenções, e por fim, as prioridades dando-se relevo a outros detalhes tais como a cor do mar debaixo das nuvens cinzentas, a forma da areia depois de

CANTINHO DO JOÃO

João Correia

um pequeno aguaceiro, a cara das pessoas a tentar descobrir o que fazer, forçadas a mudar os seus planos devido à inesperada chuva.

Alguns, mais temerários, insistem em não mudar os seus planos e mergulham no mar como se nada fosse diferente do dia anterior. Outros, mais conformados, limitam-se a ler ou a tentar tirar umas fotos aproveitando a mudança de cenário que a natureza nos proporcionou. Mas seja como for, o parêntesis provocado pela chuva lá está, e como este, serve sempre para algo mais do que apenas atrapalhar o ritmo próprio das coisas, chamando-nos a atenção para detalhes que antes não reparávamos mas que, porventura, já andavam por lá.

Vivenciei o levante há umas semanas e aproveitei para descobrir que o mesmo é vento do mediterrâneo, proveniente do sueste que atravessa o estreito de Gibraltar aquecendo, assim, a água. Faz o deleite dos banhistas e a pausa dos pescadores pois, de nada serve pescar nestas datas. De acordo com os mais antigos, se não chover ao terceiro dia então teremos que suportar cinco dias de levante, o qual só termina quando chove abrindo-se então um novo ciclo. Não confundir com as nortadas, com o mistral francês ou com o siroco argelino.

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