Nós Não Vamos Comer Petróleo Bruto

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Nós Não Vamos Comer Petróleo Bruto Declaração de Lomé da Oilwatch África sobre Justiça Climática e Soberania Alimentar em África

Os membros da rede Oilwatch África reuniram-se em Lomé, no Togo, a 9 de Junho de 2015 e analisaram empenhadamente as implicações sobre o clima, a soberania alimentar, a nutrição e o bem estar em África, resultantes da teimosa dependência mundial de combustíveis fósseis. Os participantes da conferência partilharam experiências sobre os impactos das actividades extrativas nas suas comunidades e países. A conferência abordou particularmente os impactos ambientais e socioeconómicos da extração de petróleo, gás e carvão. Os impactos sobre a produção de alimentos, a poluição da água e a desflorestação foram também discutidos, bem como a tendência crescente da usurpação de terras no continente. A Oilwatch África não vê com bons olhos a propensão para promover interesses corporativos e de agrupamentos internacionais, como o G7 e similares, que visam poluir a nossa biodiversidade, açambarcar as nossas terras, água e sementes, sob pretexto dos Africanos estarem com fome primeiro e agora malnutridos, atrofiados ou a ficar cegos. Estas manobras são inaceitáveis, visam destruir a nossa agricultura, subverter as nossas economias, recolonizar o continente e subjugar os nossos povos. A conferência constatou que o actual nível de consumo de combustíveis fósseis desconsidera a necessidade de não se queimarem 80% das reservas conhecidas sem elevar as temperaturas globais em 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais e assim provocar uma mudança climática catastrófica. A conferência constatou que a dependência de combustíveis fósseis estimula a corrupção, gera conflitos e deturpa a base de valores das nossas comunidades. Os membros da Oilwatch África lamentaram que o falso sonho que os países Africanos podem construir as suas economias por meio do extrativismo, infelizmente tem vindo a ser comprado pelos nossos governos. Além disso, o aumento na descoberta e extração de novas reservas de combustíveis fósseis em todo o continente, ocorre em detrimento do respeito por áreas virgens, de património cultural e mundial de elevado valor. A conferência constatou o sério impacto da poluição das nossas terras sobre a agricultura, a salinização de águas doces e a destruição das pescas como inimiga da nossa economia e do nosso bem-estar geral. A reunião também observou que esta armadilha é uma continuação da rota colonial que via África apenas como fonte de matéria-prima e os governos coloniais e neo-coloniais amarrados na esteira de culturas comerciais e extração mineral para exportação. Determinados que medidas urgentes devem ser tomadas para salvar o continente


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