Questões a ter em conta no processo de tomada de decisão do Projecto de Transporte de Carvão da Riversdale: •
A estratégia do Delta do Zambeze especifica que não é permitida a dragagem no Delta e embora esta ainda não esteja aprovada, está em processo pois já foi submetida. Além disso, Moçambique é um dos signatários da Convenção de RAMSAR que recusa a dragagem do Rio Zambeze devido aos impactos que poderá causar. Sendo assim, mesmo a estratégia não estando ainda aprovada, Moçambique tem como obrigação assumir o seu compromisso.
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A dragagem do Rio irá ter vários impactos, afectando as várias actividades associadas ao Rio, nomeadamente a pesca, a agricultura e a própria pecuária ao longo do Rio Zambeze. No caso de se fazer a dragagem do Rio, os rios tributários que recebem água do Rio Zambeze, deixarão de a receber com a mesma regularidade, não inundando naturalmente as áreas adjacentes, dado que o canal irá ser aprofundado e o rio canalizado. Deste modo será afectada também a segurança alimentar das comunidades locais devido a vários factores, (1) pelo empobrecimento dos solos das áreas que deixarão de ser alagáveis devido à dragagem do Rio Zambeze, diminuindo as áreas de produção e a fertilidade dos solos; (2) a pesca, que será também bastante afectada na medida em que estas águas deixarão de alimentar também as lagoas onde se produz e explora o peixe Mussopo (Cat-fish), essencial e tradicional na dieta alimentar das comunidades locais, como fonte de proteína; (3) a falta de alimentação destas lagoas devido à dragagem do Rio Zambeze levará à secagem destas lagoas ou de pequenos canais que fazem parte da extensa rede destas áreas inundáveis, pondo em risco a criação de pecuária e desta forma retirando outra das escassas fontes de proteína na dieta alimentar destas comunidades.
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Uma outra questão a colocar é relativa às Mudanças Climáticas. O que está previsto para a região da Bacia do Zambeze é a escassez de água, com uma provável seca da região circundante da Bacia do Zambeze. A dragagem do Rio Zambeze, prevê o aumento da profundidade por escavação e canalização do leito do Rio para 2,75 a 3,5 metros de profundidade. No entanto e de acordo com o previsto para a região, é provável que o caudal diminua e a profundidade escavada deixe de ser a suficiente para a navegação, sendo necessário aumentar mais e mais a profundidade do caudal.
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Este estudo e a previsão da profundidade a escavar no acto de dragagem do Rio, de acordo com o caudal previsto estudado e requerido para possibilitar a navegação continua das embarcações no Rio, deverá estar de acordo com as descargas feitas por Cahora Bassa(HCB). A diminuição do caudal, segundo a previsão das mudanças climáticas irá induzir novas mudanças, definições de prioridades e estratégias que estarão primeiramente de acordo com os objectivos da Hidroeléctrica a montante. O Estudo de Impacto Ambiental relativo à dragagem deve prever e incluir um acordo entre as duas entidades em questão, Riversdale e HCB para que se evite o conflito de interesses no futuro. Além deste projecto, devem estar incluídos também os outros grandes projectos submetidos anteriormente, que se
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