"O BLOG DA JUNÇA" n. I

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O BLOG DA

JUNÇA REVISTA CULTURAL DEZEMBRO DE 2012 - JANEIRO DE 2013 NUMERO PRIMEIRO

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O BLOG DA

JUNÇA EQUIPA Samuel Pereira Pinto Marta Soutinho Alves André Pereira Pinto Silvia Oliveira Ramos BLOG www.junca.tumblr.com E-MAIL junca.web@gmail.com

NÚMERO PRIMEIRO DEZEMBRO DE 2012 - JANEIRO DE 2013

____________________________ EDIÇÃO/ COORDENAÇÃO

Samuel Pereira Pinto TEXTOS

Samuel Pinto Marta Alves André Pinto Silvia Ramos

• • • •

S.P. M.A. A.P. S.R.

DESIGN

NOEMA (www.noema.pt) DISPONÍVEL EM issuu.com/junca.web/docs/o_blog_da_junca_n1


O BLOG DA

JUNÇA REVISTA CULTURAL

DEZEMBRO DE 2012 - JANEIRO DE 2013 NÚMERO PRIMEIRO

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o blog A Junça é uma aldeia do Concelho de Almeida, distrito da Guarda, que como a generalidade das aldeias portuguesas do Interior excessivamente dependentes da economia rural e da agricultura de subsistência, conheceu desde meados do século passado o fenómeno massivo da emigração. A proximidade com Espanha, a uns escassos oito quilómetros de distância, que alimentaria por algum tempo a actividade marginal do contrabando serviria, logo depois, de porta de saída a sucessivas gerações de jovens que encontraram numa Europa progressista e na América Latina uma inevitável alternativa a um destino certo de incerteza, e na fronteira o desejo para sempre adiado de um dia voltar. Décadas de emigração que se resumem de modo mais evidente numa perda irreversível de habitantes, num envelhecimento generalizado da população e num abandono massivo da terra, mas também de forma sub-reptícia no desaparecimento dos lugares de representação colectiva, da memória histórica e pessoal de um espaço geográfico e das suas gentes. Com os mais velhos morrem também os aspectos particulares que sustentam a relação singular que uma pessoa mantém com o sítio geográfico a que chama “casa”, que é também o lugar intransmissível onde se dispõem os afectos de uma infância que o esquecimento ameaça transformar num arquipélago, como se à emigração geográfica se seguisse inevitavelmente uma circunstância de isolamento/esvaziamento emocional.

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Deste mesmo sentimento intransmissível se faz o mês de Agosto, arquétipo da saudade portuguesa, que devolve às origens os fragmentos de um passado disperso, alimentando por breves instantes a esperança de uma aldeia de novo completa. O mesmo sentimento que alimenta este blog, lugar virtual de encontro dessa Junça perdida pelo, e para, o mundo, e simultaneamente tão ávida de se encontrar. www.junca.tumblr.com encontra nesse desejo ininterrupto a oportunidade de inverter um ciclo, ao ir buscar à própria “patine” deixada pelo tempo nas pedras, ou ao baú das recordações dos mais velhos os objectos e vivências de outrora, para dar a conhecer aos que nunca conheceram e recordar aos que já esqueceram, ou quiseram esquecer, a sua identidade ancestral. Aqui se pretende despertar os olhares mais e menos atentos e informar sobre um legado secular que é de todos, e que de tão antigo, por vezes, tendemos a menosprezar, mas que todos temos a obrigação de preservar sob pena de esquecermos o próprio nome.

S.P. e M.S.

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18 de Dezembro de 2012.

#Vasco Miranda #Poesia #Luz na Sombra

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18 de Dezembro de 2012.

#Vasco Miranda #Poesia #Luz na Sombra

Palco Dadas as mãos, Enlaçados os dedos, Unidos os destinos, Ficámo-nos extáticos, frente ao altar do universo, Como se fora no princípio do mundo!… - No começo da Vida! Um canto de ave, ante a manhã, voou sobre as nossas cabeças E perante o Sol que rompia no horizonte largo Gozámos o poema inédito do Primeiro Dia, Renascido das cinzas dum mundo velho e apodrecido Como Eva redentora saída das costas inconscientes do novo Adão.

Vasco Miranda in: Luz na Sombra, 1946.

<<<<< LUZ NA SOMBRA [1946] MIRANDA (Vasco). “LUZ NA SOMBRA”. Poemas. Lisboa. 1946. [Tipografia Portuguesa]. In-4.gr de 64-IV págs. B.

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18 de Dezembro de 2012.

#Vasco Miranda #Poesia #Luz na Sombra

A

nunciação

Amigo: a tua próxima presença Anuncia-me o mistério ainda não revelado. Virás como o sonho, na noite, caído sobre as pálpebras E como a alvorada debruçada sobre o mundo… Virás com o teu verbo quente e a tua mão leal Para o aperto solidário que nenhum poder separará. Virás juntar a tua vida à minha vida, Comer o mesmo pão, sugar o mesmo sol. E virás, com o silêncio das horas em que as nossas bocas não saberão falar, Para selarmos num poema eterno o milagre das nossas almas reveladas, A fecundar a poesia viva as nossas vidas que não queremos estéreis e ignoradas.

§ Vasco Miranda in: Luz na Sombra, 1946.

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#Vasco Miranda #Poesia #Luz na Sombra

Os dois

poemas

da minha vida 1. O meu canto é de esperança, É de esperança sem fim… O meu canto é de esperança Que existe dentro e fora de mim. Não vim a este mundo para viver só. (O silêncio na minha boca, ainda quando o foi, foi um grito que me mordeu). Eu vivo a dor de todos os que metem dó, Luto por todo o que caiu na hora em que nasceu. 2. Eu amo a tudo e a todos. Por mim e por eles, Por todos e por nenhum. Eu amo a vida que nos abraça e funde Naquele que é fonte donde ela saiu. E eu amo assim… Em graça e em sorrisos, Na carne e no sangue… Por mim e por eles: - Por todos!… Naquele que é em nós, naquele em que nós somos. Porque a tragédia é esta: - O soluço que vai da raiz que morreu à Primavera que canta no rebentar dos pomos. § Vasco Miranda in: Luz na Sombra, 1946.

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#Vasco Miranda #Poesia #Alfa e Ómega

Alfa e

ómega

Eu sou o primeiro e último poeta. A vida é ilimitada, não tem comportas A separar o que de si é união essencial. Eu sou o primeiro e último poeta. Em mim falam os profetas, Apostoliza Cristo E se condensam as visões apocalípticas da última hora. Eu sou o primeiro e último poeta. Em vão tentareis fechar-me as portas, Diminuir-me o estro ambicioso E atirar-me pedradas surdas que eu não sinto. Estou em cada minuto do dia E em cada milénio da história. Sou Cristo na ambição de tê-lo a falar por mim. Sou eco de tudo o que se passa, a voz de tudo o que fica, E, diluído como estou no Ser e nas coisas, Mais não sou que um rastro vago de mim.

§ Vasco Miranda in: Alfa e Ómega, 1951.

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#Vasco Miranda #Poesia #Alfa e Ómega

Pelas

ruas desertas

Pelas ruas desertas que o silêncio amortalhou em treva Escorre líquido e viscoso um som que vem de trás dos portais E um cheiro a maresia humana - ó podridão de loucos! Agarra-se-me à pele com a força das raízes. Anda qualquer coisa no ar como um brejo perdido E no som que vem dos portais à mistura com a conversa das folhas sonâmbulas Um apelo surdo de alvorada aguarda a sua hora.

§ Vasco Miranda in: Alfa e Ómega, 1951.

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18 de Dezembro de 2012.

#Vasco Miranda #Poesia #Alfa e Ómega

S

ombra

É possível que esta noite se não abra em luz. É possível que este som não acorde alguém, mais longe. É possível que esta força das raízes me desnude E me deixe sorver a maresia humana No caudal das veias onde voga um grito a esclarecer-se… É possível que tudo se passe exactamente assim Com o ritmo de um ponteiro de relógio Marcando horas que se plagiam e escurecem. Só não é possível que eu aceite a sombra da morte Com a banalidade com que um fruto pesado e imaturo Se desprende da árvore ao soprar da tempestade.

§ Vasco Miranda in: Alfa e Ómega, 1951.

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18 de Dezembro de 2012.

#Vasco Miranda #Poesia #Alfa e Ómega

Poemas em prosa 1. Hoje pensei dois versos com a mesma naturalidade com que um botão se abre em flor. Se amanhã pensar outros dois igualmente intensivos e desigualmente naturais, poderei enfim convencer-me de que estou metido numa fogueira que me põe ao rubro e não consome. 2. Meteu o punhal dentro do bolso e saiu para a noite deserta. Deserta e escura. Seu desejo assassino era somente apunhalar as trevas e riscá-las de luz. 3. Quando as balas rasgaram a carne em estilhaços, o monstro ficou ali, na noite escura, para pasto dos corvos. Mas quando, ao acordar da manhã, lhe arrancaram a capa manchada de sangue e uma estrela riscou no azul a sentença decisiva, caíram fulminados pelo ódio do desespero ao ódio cego. Tinham morto o Poeta. 4. Nos bairros destruídos, nas casas pilhadas, nas moradias de lata, nos reféns amordaçados, nos presidiários humilhados, nas mulheres vendidas, em tudo ponho a minha assinatura. Acrescento-a simplesmente da palavra - perdão. 5. Avançam de todos os lados como para nos esmagar. Corcéis de fogo! Galope audaz! Marcha violenta na manhã carregada de sombras. Vozearia e fumo. Canções e trovão. A vida já não é recusa. O problema não é o da quadratura do círculo. O sol faz um desvio de graus. Só eu tenho a chave desta explosão que anda na boca de toda a gente. Porquê, então, voltar tragicamente as costas?… 6. Aceito a vida com a mesma força com que um crente tem fé. E porque a fonte é pura não careço de reacção. Nas minhas águas lavam-se os frutos. Posso mordê-los e dar a comer… Ah, que prazer sentir-me na terra como uma cerejeira que tem os braços erguidos para o céu e as cerejas a oferecer-se, pendentes, ao primeiro caminheiro errante!… Isto, sim, é Alegria e estar Presente.

§ Vasco Miranda in: Alfa e Ómega, 1951.

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#Vasco Miranda #Poesia #A Vida Suspensa

Demissão Se pudesse escrevia um poema sem palavras. As palavras não existem. Já nada dizem Do que antes era. Antes Quando o medo era sombra inexistente E era possível aos homens falar de amor. Agora há só o espantalho do medo, As bocas negras, a fome negra, E o uivo dos cães mudos nas noites desertas e distantes. Antes havia feras e cristão para as feras. Agora, ou porque tudo são feras, Ou porque já não há cristãos (E há só o medo, o pavor, a fome, As cumplicidades carnais ao topo dos ventos, E o ridículo de se ter medo: o pasto das trevas) A semente de Deus anda à deriva sem leira onde se acoite. - Espuma, sonho, aurora, canto? - palavras ausentes. No galeão da vida, haverá de novo bodas de sangue Para que do Mar volte para a Terra O viço e a alegria das novas sementes.

§ Vasco Miranda in: A Vida Suspensa, 1953.

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#Vasco Miranda #Poesia #A Vida Suspensa

H istória para os novos Porque pudemos, enfim, Mudar o ritmo da vida, Olhando as coisas de alto, Lídia e eu passearemos de mãos dadas Todas as tardes, ao cair da noite. Haverá risos à nossa passagem Se bem que não andemos reinventando o paraíso. (O poeta Rimbaud, esse, sim, quis reinventar o amor!…) Mas não importa. Indiferentes aos olhos cúpidos e aos risos escarninhos - Poeta e Musa caminharemos seguros de nosso gesto certos de não sentir o gosto amargo da maçã.

§ Vasco Miranda in: A Vida Suspensa, 1953.

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#Vasco Miranda #Poesia #A Vida Suspensa

Recusa Serei sempre um poeta provinciano. Um poeta triste, esquivo, Com medo de apertar a mão aos poetas da cidade E de me sentar com eles À mesa do Café. Não falarei de minha poesia. Não rimarei minha angústia Com a solenidade de suas questões. A poesia não está na discussão. A poesia não está no não estar com este ou com aquele. A poesia está em matar esta morte Que anda dentro de nós Para que a vida renasça. A poesia está em gritar do alto dos arranha-céus E das planuras e concavidades sertanejas Que o mundo vai acabar Que o mundo está maduro para o sangue Que o mundo perverso e caótico vai vagar. Serei sempre um poeta provinciano. Um poeta esquivo defendendo sua solidão De todos os truques de todos os ódios de todas as invejas. Os poetas rendilheiros não perdoarão.

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Os poetas vaidosos vão barafustar E exigir a expulsão imediata Do último vendilhão do Templo, Em nome da religião, Em nome da estética, Em nome da dignidade amarfanhada, Em nome da polícia se preciso for. Serei sempre um poeta provinciano. Um poeta esquivo anunciando a verdade A repassar de gelo os corações narcotizados. Os poetas rendilheiros não perdoarão. Os poetas vaidosos vão barafustar, Porque o fim do mundo está próximo. Os poetas rendilheiros e os poetas vaidosos estão maduros para o sangue. Já estão cevados para a morte. Eles esquecem (perdão, não é blasfémia!) a sentença do Cristo: — «Destruí este Templo e eu o reedificarei em três dias.»

§ Vasco Miranda in: A Vida Suspensa, 1953. dedicado a Alberto de Serpa

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#Vasco Miranda #Poesia #Invenção da Manhã

20. Olha Jorge quando vier a morte E virá cedo «Não deixes fechar-me os olhos» Eflorescências salitrosas me rebentarão das órbitas Para queimar as mãos que fechar-mos queiram - Não pode a luz negar-se a quem bêbado dela Inventou em cada dia uma madrugada E eis tudo quanto deixo a quem me herde Não Jorge não deixes fechar-me os olhos Não deixes roubar-me a luz que em vida Neles sempre tive Estendido no caixão sereno e impoluto Irei de olhos abertos Porque eu quero e sei que hei-de morrer Como quem vive.

§ Vasco Miranda in: Invenção da Manhã, 1963.

<<<<< INVENÇÃO DA MANHÃ [1963] MIRANDA (Vasco). INVENÇÃO DA MANHÃ e outros poemas. Livraria Morais Editora. Lisboa. 1963. In-8.gr de 46-II págs. B.

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#Vasco Miranda #Poesia #Invenção da Manhã

8. De alimentar-me de Ti como Jonas do ventre da baleia De inserir-me em teus braços chicoteados de infinitos horizontes De beijar-Te o rosto como uma chaga de luz De amar-Te de um amor qual nunca amado Na humana carne em que temerário confio Por uma humanidade possível que o impossível não desmente Aceito inscrever-me a fogo no teu Rosto E ser vomitado ao fim do terceiro dia Na cruz de sol de todos os milénios futuros

§ Vasco Miranda in: Invenção da Manhã, 1963.

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#Vasco Miranda #Poesia #Invenção da Manhã

3. Rios de sombra e ciúme Cavalgando a antemanhã E nas esporas de meu canto Velas de barcos aportando Velas de todos os ventos Velas de todos os cais Velas de todas as lotações Poeta e navio singrando Nas ondas submergidas As moídas canções de regresso Tatuagens a cobardia e silêncio Nas gargantas enrouquecidas De vermes encadernados Rios de sombra e ciúme Como de inúteis distâncias Poeira de ventos apenas Dispersas mortes errando

§ Vasco Miranda in: Invenção da Manhã, 1963.

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18 de Dezembro de 2012.

#Vasco Miranda #Poesia #Dizer, Amar

Vasco Miranda é padre. E não pretende ser um «príncipe dos poetas», como quase todos os poetas se pretendem, mesmo os de condição poética proletária. Posto o que me suspendo, a ouvir o correr de livros que se fecham. E com os que ficarem ainda abertos vou continuar. Direi que os que me acompanham se não arrependerão? Porque a seu modo, Vasco Miranda é único entre os nossos poetas de hoje. Vem-lhe tal singularidade não apenas de resolver a sua poesia, apesar de padre, num domínio terreno em que podemos reconhecê-lo da nossa condição humana - mesmo aqueles dentre nós que lhe não entendemos a fé -, mas ainda porque os seus versos lhe exprimem uma «aprendizagem» adentro mesmo da dimensão dessa «fé».”

___________________ § Vergílio Ferreira, prefácio a Dizer, Amar

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18 de Dezembro de 2012. #Vasco Miranda #Dizer, Amar

§ João Rui de Sousa, “Recensão crítica a ‘Dizer, Amar’, de Vasco Miranda” in: Revista Colóquio/Letras. Recensões Críticas, n.º 9, Set. 1972, pp. 77-79.

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18 de Dezembro de 2012.

#Vasco Miranda #Antologia

Corria o ano de 1973 quando o conheci no salão de conferências da Fundação Gulbenkian, em Lisboa. Tinhamos ido assistir a uma conferência de Dâmaso Alonso, “El Realismo de Tirant lo Blanc”. O poeta Luís Amaro fez apresentação de nós ambos e, em pouco, dada a modéstia e a simplicidade de Vasco Miranda, senti-me próximo de sua intimidade. Alguns almoços programados nos aproximaram. O seu tema de eleição era a poesia, embora não descurasse a cena política e visitasse as rodas de resistência da ditadura. Certa vez, levou-me a conhecer alguns de seus amigos, Carlos de Oliveira, Herberto Helder e José Gomes Ferreira, sempre buscando para mim um espaço de simpatia, para que eu me sentisse em casa na terra portuguesa. Comoveu-me a admiração que conservava pela poesia de Carlos Drummond de Andrade, a quem dedicou o poema “Confissão” do livro A Vida Suspensa. Em Julho daquele ano planejava uma viagem ao Brasil e um dos seus sonhos era conhecer pessoalmente o poeta de sua preferência, assim como dialogar com Tristão de Athayde. Homem de recursos económicos limitados, tomou-se de júbilo diante do convite que lhe endereçou um sobrinho, que se propunha patrocinar a sua visita à terra brasileira. Deu-se, então, que nos encontrássemos no Rio e pude acompanhá-lo a uma palestra com Tristão de Athayde, uma das grandes figuras intelectuais do Brasil, a quem ambos admirávamos. Novo encontro tivemos em Lisboa, quando regressei a Portugal a fim de leccionar na Universidade do Porto. Trago recordações preciosas do dia que passei com ele, em sua casa, em convívio com suas irmãs. Vasco Miranda foi para mim a figura perfeita do homem bom, atencioso e cativante. Recordamos o nosso diálogo na Livraria José Olympio, no Rio; falava com entusiasmo da longa viagem que fez pelo Brasil, quando percorreu o país de sul a norte. Sabia derramar carinho e mansidão pelos seus comentários, parecia um velho amigo meu. A sua presença evocava-me a doutro grande amigo, o poeta Emílio Moura, falecido em 1971, quando eu me encontrava nos Estados Unidos. Visitei-o pela última vez em Junho de 1974, quando me preparava para regressar ao Brasil. Tivemos demorada despedida, ali na Rua Alexandre Herculano, debaixo duma chuvinha fina. Daí por diante, no Brasil e em Portugal, quando me apertavam as saudades do amigo, lia os seus poemas de Dizer, Amar, verdadeiro evangelho da simplicidade e de ternura lírica, “o sémen da cordialidade espacial”, para dizer com palavras suas. Toda a poesia de Vasco Miranda guarda um tom confessional, glorifica a vida, o homem, a força transcendente da palavra. Para ele, as energias difusas da alma se

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conscentravam no espaço da poesia. Por isso, se voltava sempre para as nascentes do lirísmo. Uns têm retratos nos jornais, louvores dos homens, prazeres e dinheiro... Eu tenho a minha loucura e minha glória: - ficar aquém da minha poesia. Agora, lendo a Colóquio/Letras, n.º 32, sei-o morto. Mais um desengano para nós que sobrevivemos a ele. Jamais conseguiremos presentificar a sua bondade, relatar o poder de sua expressão, a não ser volvendo a seus escritos. O último poema de Invenção da Manhã, “Olha Jorge quando vier a morte”, contém um pouco do seu espólio, inventor de luz que foi e artífice fiel de palavras:

Olha Jorge quando vier a morte E virá cedo “Não deixes fechar-me os olhos” Eflorescências salitrosas me rebentarão das órbitas Para queimar as mãos que fechar-mos queiram - Não pode a luz negar-se a quem bêbado dela Inventou em cada dia uma madrugada E eis tudo quanto deixo a quem me herde Não Jorge não deixes fechar-me os olhos Não deixes roubar-me a luz que em vida Neles sempre tive Estendido no caixão sereno e impoluto Irei de olhos abertos Porque eu quero e sei que hei-de morrer como quem vive.

Herdeiros de seu optimismo, rendemo-nos, todavia, à dor de vê-lo distante e apagado, cessada a magia de sua criação.

___________________ § Fábio Lucas, “Adeus a Vasco Miranda” in: Revista Colóquio/Letras. In Memoriam, n.º 34, Nov. 1976, pp. 67-68.

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20 de Dezembro de 2012.

#Vasco Miranda #Invenção da Manhã

§ Grelha de programação do programa da Emissora Nacional “Horizonte: Seminário de Letras e Artes”, para o dia 9/5/1963, dirigido por Domingos Mascarenhas com a colaboração de Amândio César e Fernandes Guedes, onde foi apresentado o livro de Vasco Miranda “Invenção da Manhã”. Arquivos da RTP.

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19 de Dezembro de 2012. #Joaquim Ferreira #Biografia

biografia resumida Vasco Miranda (1922-1976): pseudónimo de Arnaldo Cardoso Ferreira, natural da freguesia de Junça, concelho de Almeida, distrito da Guarda. Sacerdote católico, formou-se em Filosofia e Teologia pelo Seminário da Guarda, exercendo actividades paroquiais na freguesia de Mata Lobos, concelho de Figueira Castelo Rodrigo, e, mais tarde, a docência em Lisboa, no Colégio Manuel Bernardes. Publicou: Luz na Sombra (1946); Alfa e Ómega (1951); A Vida Suspensa (1953); Invenção da Manhã (1963); Dizer, Amar (de 1971 e que se trata de uma recolha de todos os livros do autor e mais um inédito). Encontra-se antologiado nas Líricas Portuguesas de Jorge de Sena, na Mão de Deus de José Régio e Alberto Serpa, na Antologia da Novíssima Poesia Portuguesa de E.M. Melo e Castro e Maria Alberta Menéres e na Antologia de la Nueva Poesia Portuguesa de Angel Crespo.

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18 de Dezembro de 2012.

#Joaquim Ferreira #N. Sra do Mosteiro #Shen Ribeiro

§ Shen Ribeiro em homenagem ao Padre Joaquim Ferreira. N. Srª do Mosteiro, Junça. 7 de Julho de 2012. disponível em : http://www.youtube.com/watch?v=NkdRu2PVpFc © Daniel Saraiva Gil

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18 de Dezembro de 2012. #Vasco Miranda #Biografia

biografia resumida Joaquim Alberto Almeida Ferreira (1938-2011): nasceu a 19 de Dezembro de 1938, na Junça, onde frequentou a escola do ensino primário. De 1950 a 1957 frequentou o Seminário Menor dos Missionários da Consolata, em Fátima, onde completou o antigo sétimo ano, seguindo depois para Itália, onde cursou Filosofia em Turim (1958-1960), e Teologia na Pontifícia Universidade Urbaniana de Roma (1960-1964) onde se licenciou. Como bolseiro da Fundação Gulbenkien frequentou, nos anos de 1968 e 1969, o curso de pós-graduação em Educação de Adultos e Desenvolvimento de Comunidades na St. Francis Xavier University em Antigonisth-Halifax, Nova Scotia, Canadá. Fez um grupo de cadeiras “Ad Hoc” na Universidade Clássica de Lisboa para ter acesso à habilitação própria para o ensino preparatório e secundário. Frequentou o mestrado na área de Lexicologia (dedicando-se de especial maneira à Paremiologia – estudo de provérbios), na Universidade Nova de Lisboa. Leccionou a disciplina de Português, nas Escolas Secundárias de Figueira de Castelo Rodrigo, Almeida, Vila Nova de Foz Côa e Guarda. Também na Guarda foi professor na Escola Superior de Educação e na Escola de Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico, além de orientador pedagógico dos professores estagiários na área de Português e Latim. No campo pastoral, como membro do Instituto Missionário da Consolata onde professou e foi ordenado sacerdote (21 de Dezembro de 1963, na Basílica de S. João de Latrão – Roma), esteve ao serviço das Missões em Moçambique, deu apoio temporário nas paróquias de Campolide e Serafina, na Diocese de Lisboa. Esteve ainda ao serviço da Paróquia da Reboleira – Amadora. Ao serviço da Diocese da Guarda, foi cooperador dos párocos da Junça e Naves, sendo mais tarde nomeado pároco destas mesmas paróquias, dando ainda assistência à paróquia de Vale da Mula. Morreu a 7 de Julho de 2011 na Junça, sua aldeia natal, onde se encontra sepultado.

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20 de Dezembro de 2012.

#Gente da Junรงa #Adriano Pinto

ยง Maximina de Jesus, Godofredo Augusto Pinto Silva e filho Adriano Augusto Pinto da Silva.

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20 de Dezembro de 2012.

#Poesia #Samuel Pinto #A Idade dos Passos #Adriano Pinto

a idade dos passos antes de anoitecer… antes do silêncio do olhar… não seria tarde ainda para percorrermos uma vez mais os velhos caminhos cansados de tantos trajectos outrora cedo, por ventura, para discernir que trazíamos já agarrado à sola dos sapatos o pó dos dias logo saudade desse tempo um outro, desses sapatos… desse instante agora avô.

§ Samuel Pinto in: A Idade dos passos, 2012. ao meu avô Adriano que faria hoje 100 anos.

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20 de Dezembro de 2012.

#Agricultura

§ Junta de Bois Puxando o Arado Excerto do filme: Paisagens da Serra Sociedade de Propaganda da Serra da Estrela - Companhia Produtora Portugal, 1919 Género: documentário Duração: 00:17.26, 18 fps Formato: 35 mm, PB, sem som AR: 1:1,33 ID CP-MC: 2001615-004-01.25.00.00

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21 de Dezembro de 2012.

#Poesia #Samuel Pinto #A Idade dos Passos #Adriano Pinto

§ A Colheita da Batata Ministério do Comércio, Indústria e Agricultura Adolfo Coelho - Realizador Portugal, 1930 Género: documentário Duração: 00:04:42, 18 fps Formato: 35 mm, PB, sem som AR: 1:1,33 ID CP-MC: 2001621-008-00.44.02.00

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22 de Dezembro de 2012. #Documentos #Paróquia

§ texto relativo à Junça. in: Corografia Portugueza, e Descripçam Topografica do famoso Reyno de Portugal, tomo II, Lisboa, 1708; “Da Villa de Almeyda”, pp.321-333. documento disponível em: issuu.com/junca.web/docs/corografia_ii_pp321-323

<<<<< Memórias Paroquiais (Junça), 1758. in: ANTT, Dicionário Geográfico, vol. 18, n.º 41, Junça, pp. 275-276. PT-TT-MPRQ/18/184. documento disponível em: issuu.com/junca.web/docs/ antt__dicion_rio_geogr_fico__vol._18__n.__41__jun_

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24 de Dezembro de 2012.

#N. Sra do Mosteiro #Arquitectura

Sobre as origens da ermida de Nossa Senhora do Mosteiro A pedra de armas que figura na fachada principal da Capela de Nossa Senhora do Mosteiro corresponde à heráldica utilizada pelos primeiros monarcas da Casa de Avis, nomeadamente dos reis D. João I (1385-1433), D. Duarte I (1433-1438), e D. Afonso V (1438-1477). A tradição oral documentada atribui contudo a encomenda da ermida a D. João II que reinou entre os anos de 1481 e 1495 e que alegadamente lhe “colocou as armas de Portugal sobre a Cruz de Aviz, de cuja ordem era grão-mestre”, o que parece estar de acordo com a datação arquitectónica do espaço, que não obstante parecer compreender duas fases distintas, uma correspondente à nave com abóbada de berço e uma posterior correspondente à cabeceira, enquadra-se no período de desenvolvimento e implementação dos primeiros traços do estilo manuelino em finais do seculo XV. Este aparente equívoco pode atribuir-se a uma série de vicissitudes históricas. De facto, D. João II assumiu os destinos do reino por duas vezes, uma durante o período acima citado que corresponde ao seu reinado e outra durante o reinado do seu pai D. Afonso V que abdicou do trono em 1477. Sendo que a tradição oral documentada nunca faz menção ao “Rei” D. João II, o que poderá indiciar que apesar ser o mandante da obra não seria contudo ainda o monarca, ou que a obra terá sido iniciada no reinado de seu pai (era comum estas obras arrastarem-se por décadas) e apenas terminada no seu reinado, tendo optado por colocar as Armas do seu predecessor no edifício quando terminado. Outra explicação possível prende-se com o facto de o D. João II, ter erigido a obra na qualidade de grão-mestre da Ordem de Avis como mencionado nos documentos, e dai a menção inequívoca à “Cruz de Aviz” que continuaria a utilizar sobre as armas de Portugal sendo que dita cruz desaparece da heráldica monárquica a partir de 1477, precisamente com a chegada ao trono de D. João II. Esta hipótese, todavia mais plausível, remete-nos para a própria origem da ermida e do culto de Nossa Senhora do Mosteiro, que alegadamente remonta ao período coevo da fundação de Portugal, sendo que nesse preciso local existiria um Mosteiro de origem templária que teria sido destruído ou abandonado e cuja capela seria reabilitada. Sendo quase certo que dito mosteiro existiu e que a obra alegadamente da autoria de D. João II corresponde de facto a uma reedificação de um edifício mais antigo (e os vestígios de dita construção podem encontrar-se, ainda, à vista de um olhar mais atento nos muros de divisão das propriedades e terrenos adjacentes onde se empilham escombros do que parece ter sido a alvenaria de um complexo monástico), a menção mais antiga aos “Templários” remonta apenas às memórias paroquiais de 1758. De facto, o reino de Portugal fundado no início do século XII não só foi coevo das Cruzadas do Oriente, como conduziu a sua própria cuzada contra os mouros durante o período da chama Reconquista. Seria precisamente neste período que surgiriam na Península Ibérica as Ordens de Santigo, de Alcântara e de Calatrava, paralelamente às ordens de carácter supra-nacional como os Templários e os Hospitalários. Da Ordem de

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§ Pedra de Armas, Capela de N. Sra. do Mosteiro, “Planalto de Castela”, Junça

© Samuel Pinto

Calatrava viria a nascer, como braço autónomo no reino de Portugal, a futura Ordem de São Bento de Avis. Com a subida ao trono do Mestre de Avis iniciou-se um processo natural de anexação da Ordem á Coroa, passando o monarca a acumular o titulo de Rei com o titulo de Grão-Mestre da Ordem. Igual processo conheceriam as restantes ordens militares, incluindo a Ordem de Cristo que herdaria os bens e privilégios da Ordem dos Templários, abruptamente extinta em 1310. Assim sendo, à data de construção da actual Capela de Nossa Senhora do Mosteiro D. João II poderia ser já simultaneamente Rei, Grão-Mestre da Ordem de Avis e Grão-Mestre da Ordem de Cristo, restando saber em qual das condições terá erigido a ermida. De uma coisa não restam contudo dúvidas. O facto de a capela ser uma obra de iniciativa régia é a prova incontestável da sua ancestral proveniência tendo obrigatoriamente de ter pertencido a uma das ordens religiosas mencionadas, a Ordem de Cristo, que substituiu a Ordem dos Templários, ou a Ordem de Avis, para que pudesse ter chegado à jurisdição do Rei. Sendo que dada a menção inequívoca à Casa de Avis, tanto na heráldica como na literatura que diz que D. João II lhe “colocou as armas de Portugal sobre a Cruz de Aviz, de cuja ordem era grão-mestre” apontam para que deve ter sido pertença não da Ordem dos Templários, mas da Ordem de Avis, cujos membros originalmente eram monges que seguiam a regra de S. Bento e a Constituição da Ordem de Cister, tal como os monges que fundariam o vizinho Convento de Santa Maria de Aguiar em Castelo Rodrigo. S. P.

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24 de Dezembro de 2013.

#N. Sra do Mosteiro #Documentos

§ Memórias Paroquiais (Almeida), 1758. Menção à existência de um ermitão que, à época, guardava a Capela de N. Sra. do Mosteiro. in: ANTT, Dicionário Geográfico, vol. 3, n.º 8, pp. 81-84 PT-TT-MPRQ/3/8 documento disponível em: issuu.com/junca.web/docs/ dicionariogeografico_vol3__n.8_81-84

>>>>> Ermida de N. Sra. do Mosteiro, planta. DGEMN. SIPA FOTO.00529954 38

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25 de Dezembro de 2013.

#N. Sra do Mosteiro #Arquitectura

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25 de Dezembro de 2012.

#Censo #Estatística #Documentos

§ Censo 1801, “Fogos, População e seus movimentos”, extracto relativo às freguesias de Almeida in: Silveira, Luís Nuno Espinha (coord); Os Recenseamentos da População Portuguesa de 1801 a 1849; Lisboa: INE; 2001; p.291.

§ Censo 1801, “Estrutura Etária”, extracto relativo às freguesias de Almeida in: Silveira, Luís Nuno Espinha (coord); Os Recenseamentos da População Portuguesa de 1801 a 1849; Lisboa: INE; 2001; p.291.

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§ Censo 1849, “Fogos, População e seus movimentos”, extracto relativo às freguesias de Almeida in: Silveira, Luís Nuno Espinha (coord); Os Recenseamentos da População Portuguesa de 1801 a 1849; Lisboa: INE; 2001; p.291.

§ Censo 1849, “População maior e menor de 7 anos de idade”, extracto relativo às freguesias de Almeida in: Silveira, Luís Nuno Espinha (coord); Os Recenseamentos da População Portuguesa de 1801 a 1849; Lisboa: INE; 2001; p.291.

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25 de Dezembro de 2013.

#Sta. Rita #S. Sancto Christo #Arquitectura

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25 de Dezembro de 2013.

#Oralidade #Cantares #Festividades

“As festinhas” São festinhas do Natal, São festinhas d’alegria, Que nos manda o Rei dos Céus Filho da Virgem Maria.

Viva lá (Sr. da casa) Que bem lhe diz o chapéu Quando vai para a igreja Parece um anjinho do céu.

Nós vimos dali de baixo, Da terra dos bons pastores, Vimos dar as boas festas A casa destes senhores.

Estas casas são bem altas, forradinhas de cortiça, a senhora que lá está dentro venha-nos dar uma chouriça.

Ainda agora aqui cheguei Já pus o pé na escada Logo o meu coração disse Aqui mora gente honrada.

pedido: Dê-nos as festinhas, saco trazemos. Dê-nos as festinhas que nós nos iremos!

Viva lá (Sr.ª da casa) Raminho de laranjeira É bonita de casada Que faria de solteira. Estas casas são bem altas, forradinhas de cartão, a senhora que lá está dentro venha-nos dar um tostão.

em caso de recusa: Trinca martelos E torna a trincar Estas barbas de farelo Não têm nada para nos dar.

§ Canta-se de porta em porta por ocasião do Natal como forma de fazer chegar a boa-nova do nascimento de Jesus. É usual os garotos pedirem uma recompensa simbólica pelo cântico.

<<<<< Capela de Santa Rita, planta. Identificada em 1758, como “Capella do Senhor Sancto Christo”, com irmandade da Vera Cruz (Inquérito Paroquial Junça in: Dicionário Geográfico, p. 275) DGEMN SIPA FOTO.00529943

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29 de Dezembro de 2013.

#Sta. Maria Madalena #Arquitectura

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8 de Janeiro de 2013.

#Oralidade #Cantares #Festividades

“Cântico de Reis” Ainda agora aqui cheguei, Mais cedo não pude eu vir À espera dos três Reis Magos Que ainda agora são chegados.

Uma estrêla de guia Que lhes guiasse o caminho A estrêla foi poisar No alto duma cabana.

Entrai, donzelas, entrai, Não cuideis que a luz é dia; Se ouvirdes cantar os Reis Sem licença de Maria.

A cabana era pequena, Não cabiam todos três, Adoraram Deus-Menino Cada um por sua vez.

Ó da casa nobre gente, Escutai e ouvireis Das partes do Oriente São chegados os três Reis.

Todos três lhe ofereceram Ouro, incenso e mirra; No incenso, Deus imenso, Na mirra que era chamado.

Os três Reis são três c’roados, Vinde vêr quem os c’roou, Também quem lhes ordenou Os vossos santos caminhos.

No ouro que representa Que há-se ser crucificado; Incenso como Divino, Na mirra como mortal, No ouro se representa Que há-de ser celestial. Uma petição vos peço, Quero que me despacheis O despacho que vos peço Que nos venham dar os Reis.

Andaram em treze dias Uma jornada de um ano Foram-se a Jerusalém Onde estava o rei dos reis. Herodes como malvado Como profeta maligno Mandou que lhes ensinassem, Às avessas, o caminho. Os Reis como eram santos, Caminhos foram seguindo Mandou Deus do céu à terra Com um tão grande destino.

Todos os anjos no deserto Festejam a sua ermida, Nós assim festejaremos Digam todos: Viva! Viva!

cedido por: Joaquina Monteiro

<<<<< Igreja de Santa Maria Madalena, planta. DGEMN. SIPA FOTO.00529933

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§ Colheita do Milho Excerto do filme: Milho Portugal, 1931 Género: documentário Duração: 00:27:23, 18 fps Formato: 35 mm, PB, sem som AR: 1:1,33 ID CP-MC: 3001077-001-00.02.00.00

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29 de Dezembro de 2012.

#Poesia #Samuel Pinto #A Idade dos Passos

sabedoria serve-me mais um! um só copo mais cheio de nada, um cheirinho forte da espessura dos dias, que o ‘amanhã’ já tempo não é. que eu pago a certeza de encontrar na sabedoria do bagaço a esperança de ‘hoje’ matar à sede o bicho oco que no jeito, neste gesto, trago!

§ Samuel Pinto in: A Idade dos passos, 2012. aos homens “sábios”

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1 de Janeiro de 2013. #Necrópole #Arqueologia

As sepulturas escavadas na rocha apresentam uma evolução tipológica que, embora não caiba explorar aqui em todas as suas implicações, é susceptível de fornecer elementos cronológicos interessantes. Referimonos, nomeadamente, ao predomínio de sepulturas nãoantropomórficas nos séc. VIII e IX, ao aparecimento das primeiras soluções de antropomorfismo no decurso do Séc. IX, ao triunfo das soluções antropomórficas com simetria axial perfeita nos Séc. X e XI, e ao aparecimento das “almofadas” na zona da cabeceira e dos rebordos desenvolvidos nos Séc. XI e XII.” ___________________ § Mário Jorge Barroca, “De Miranda do Douro ao Sabugal-Arquitectura Militar e Testemunhos Arqueológicos Medievais num Espaço de Fronteira” in: PORTVGALIA, vol. XXIX-XXX, 2008-2009, DCT FLUP, p. 212.

>>>>> Sepultura Antropomórfica, Necrópole Medieval, “Quintã”, Junça. © Marta Soutinho e Samuel Pinto

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as sepulturas escavadas na rocha correspondem a uma moda de enterramento que arranca nos fins do Séc. VIII ou inícios do Séc. IX, e que foi sobretudo popular entre os Séc. IX e XI, quando triunfaram as tipologias antropomórficas. Depois do Séc. XI esta moda de tumulação entrou em decadência e, embora alguns casos possam ser um pouco mais tardios, atingindo o Séc. XIII ou até o Séc. XIV, a maioria dos exemplos conhecidos deve quedarse pelos finais do Séc. XI ou pelos inícios da centúria seguinte. Poderíamos dizer, portanto, que a decadência das sepulturas escavadas na rocha acompanha o triunfo da reforma litúrgica gregoriana e a crescente influência de Cluny e de França na liturgia e no monaquismo peninsular. As necrópoles de sepulturas escavadas na rocha são, assim, um fenómeno que precede a afirmação do modelo românico de paróquia, que levou à concentração, num único local, do baptistério, do templo e do cemitério (isto é, o local onde o cristão recebe os primeiros sacramentos, onde assiste semanalmente ao culto e onde recebe os últimos sacramentos e a derradeira morada).

<<<<< página anterior: Necrópole Medieval, “Quintã”, Junça. © Marta Soutinho e Samuel Pinto

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1 de Janeiro de 2013. #Necrópole #Arqueologia

A imposição deste modelo paroquial foi acompanhada pelo desenvolvimento de uma nova noção de territorialidade do espaço paroquial. Mas, antes do triunfo deste novo modelo, uma paróquia podia ter mais do que um espaço de enterramento, que não tinha de estar necessariamente polarizado em torno do templo. Por isso podemos encontrar, dentro de um mesmo espaço paroquial, mais do que um núcleo de sepulturas escavadas na rocha. E, também por isso, muitos dos nossos “cemitérios” rupestres são compostos por um escasso número de sepulcros que, muitas vezes, não ultrapassa o limiar da dezena de exemplos.” ___________________ § Mário Jorge Barroca, “De Miranda do Douro ao Sabugal-Arquitectura Militar e Testemunhos Arqueológicos Medievais num Espaço de Fronteira” in: PORTVGALIA, vol. XXIX-XXX, 2008-2009, DCT FLUP, p. 212

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4 de Janeiro de 2013. #Matanรงa #Etnografia

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§ Matança do Porco na Casa do Manuel Coelho (Junça, 1938) in: MARQUES, Carlos Alberto; “Algumas Notas Etnográficas de Riba Côa”; Separata da revista Biblos (Coimbra), vol. XIV (1938) e vol. XV (1939).

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6 de Janeiro de 2013.

#Judiaria #Arquitectura

Poucos são os factos de que temos conhecimento sobre o modo de vida dos judeus anteriormente à monarquia portuguesa, mas segundo alguns relatos posteriores, existia a noção de que no território que vir a ser Portugal, os judeus viviam misturados com os cristãos. No entanto havia excepções, e mesmo antes do século XI em algumas cidades sob o poderio árabe ou castelhano, os judeus já viviam em bairros próprios. A população hebraica tentava arranjar um espaço especial para construir o seu próprio bairro, seguindo alguns critérios como, por exemplo, a proximidade com as vias de longo curso, expandindo-se perto dos arruamentos que levam às portas das muralhas, demonstrando, sobretudo, a predilecção pela fixação junto das ruas direitas, ou seja, das ruas principais, onde toda a vida económica e social fervilhava. Há igualmente a peculiaridade da judiaria ter por perto igrejas cristãs, mas essa não seria uma vontade dos judeus, mas sim do rei de Portugal, ou mesmo de todos os reis cristãos, já que esta medida se aplica praticamente por toda a Europa. A resposta que melhor se insere nesta situação é a de, por ventura, lhes ocorrer a ideia de poderem converter a população judaica ao cristianismo, colocando-a junto dos seus usos e costumes.” ___________________ § Isaura Luísa Cabral Miguel, Religião e vida social no espaço urbano: comunidades judaicas na Beira Interior em finais da Idade Média, FLUL - Departamento de História, Lisboa, 2007, pp. 57-58.

<<<<< Acesso à antiga Judiaria, Rua do Chafariz, Junça. © Marta Soutinho

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Vista geral da antiga Judiaria, Junça.

Enquadrando-se nas considerações genéricas expostas por Isaura Luísa Cabral Dias, também no caso da Junça o bairro judeu se situava num conjunto de edifícios próximo à Igreja Paroquial, no prolongamento da Rua Direita que era parte da antiga estrada que ligava Almeida à Junça seguindo em direcção às povoações vizinhas passando pelo caminho das Naves, e como tal o principal ponto de entrada e saída na aldeia. Ainda que pouco habitual nas vilas de pequena dimensão, e muito menos nos pequenos núcleos habitacionais como as aldeias da Beira, a Judiaria da Junça encontrava-se, de acordo com as regras impostas pela corte que regiam a vida social das principais cidades, materialmente segregada da restante comunidade cristã. Neste caso em concreto as casas judias dispunham-se ao longo de uma espécie de rua interior, com acesso pela actual Rua do Adro e Rua do Chafariz, não dispondo as casas de qualquer tipo de abertura para o espaço público. Esta separação tornava-se mais visível à noite quando as portas da judiaria cujos marcos em pedra que conformavam as ombreiras onde assentavam os portões ainda são visíveis - teriam de se fechar ao toque da Ave-Maria. Não raras vezes estas portas eram vigiadas por dois guardas reais, tal e qual as fronteiras de facto. S.P.

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6 de Janeiro de 2013.

#Judiaria #Arquitectura

Se um judeu se encontrasse fora da judiaria depois das primeiras três badaladas teria de pagar uma multa de dez libras, ou seria chicoteado como dizem que se fazia no tempo do rei D. Pedro I.Esse judeu se voltasse a ser encontrado de noite fora da judiaria seria preso, até quando o rei ordenasse, e perderia os seus bens. As comunas descontentes com esta norma pediram mudanças junto de D. João I, que promulga a doze de Fevereiro de 1412 uma lei sobre esse assunto,dizendo que qualquer judeu com idade superior a quinze anos, que se encontrasse de noite depois do sino tocar a oração, deveria pagar na primeira vez cinco mil libras, e seria preso durante um determinado tempo estipulado pelo tribunal se não pudesse pagar a multa. Na segunda vez que desrespeitasse a lei, o judeu tinha de pagar uma multa de dez mil libras, e se infringisse a norma uma terceira vez seria açoitado publicamente.

Estas sanções não tinham lugar se o judeu viesse de fora da vila ou de um local distante e tivesse anoitecido durante a viagem. Também se um judeu viesse de fora e se quando chegasse à judiaria esta já se encontrasse fechada, aí podia pernoitar numa estalagem ou em outro local na parte cristã. Igualmente ficavam sem efeito as penas se um judeu tivesse de ir de noite a casa de alguém, mesmo que fosse a casa de um cristão, se tivessem sido chamados para uma emergência, como por exemplo sendo físicos ou cirurgiões, contanto que levassem consigo uma candeia e um cristão. Durante o dia, os cristãos não podiam entrar na judiaria, salvo se tivessem algum motivo excepcional, já que os judeus saíam habitualmente para fazer o seu comércio. Segundo os documentos da época, a barreira divisória podia ser constituída por grandes portas no fim e no início das ruas que faziam parte da judiaria.” ___________________ § Isaura Luísa Cabral Miguel, Religião e vida social no espaço urbano: comunidades judaicas na Beira Interior em finais da Idade Média, FLUL - Departamento de História, Lisboa, 2007, pp. 55-56.

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7 de Janeiro de 2013. #Gente da Junça

“Três homens em casa e a cabra fôrra! ___________________ § Angélica Queirós (Cartola)

Diz-se fôrra da cabra ou ovelha que não está prenhe. Neste caso em particular, a Srª queixava-se do facto do marido e filhos não terem lançado a cabra ao bode, o que originou um equívoco jocoso, como se coubesse aos homens da casa o trabalho de engravidar a cabra. S.P.

<<<<< Acesso à antiga Judiaria, Rua do Adro, Junça. © Marta Soutinho

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10 de Janeiro de 2013.

#Cemitério #Santíssima Trindade #Arquitectura

A antiga Capela da Santíssima Trindade Nas memórias paroquiais de 1758, o pároco Bernardo d’Almeida Pinto Cardoso e Sousa dava conta da existência de um edifício religioso outrora existente no início da povoação: “a princípio do Povo tem a Capela da Santissima Trindade, para a parte do Sul, que se anda reedificando à custa do Povo”. Entenda-se que à data o principal acesso à Junça se fazia pelo antigo caminho que passa pela chamada Fonte Cancela, correspondendo o local mencionado com poucas dúvidas ao actual lugar do cemitério. Os vestígios da antiga capela são de resto visíveis na entrada principal cujo arco correspondia sem sombra de dúvida a um pórtico anterior, possivelmente à porta principal do primitivo edifício. Mais incertos são os motivos do seu desaparecimento repentino, assim como a sua origem. Uma vez que a capela se encontrava à data a ser reedificada, presume-se que a sua origem seja bastante anterior, devendo ter integrado parte de um conjunto monástico, mais concretamente um convento de freiras. A ressalva do pároco quando descreve a Capela como situada no “princípio do Povo” mas “para a parte do Sul”, poderá indiciar a existência à época de algum tipo de construções a norte, correspondendo a Capela ao edifício situado mais a Sul do conjunto. A existência deste primitivo conjunto religioso ficaria registada na toponímia – ainda hoje a rua pela qual se acede ao cemitério se designa de Rua das Freiras. Em algumas das habitações mais antigas da aldeia podemos ainda encontrar elementos arquitectónicos correspondentes a este tipo de construção, que depois da decadência do convento devem ter sido reaproveitados pela população local. S.P.

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Cemitério da Junça, antiga Capela da Santíssima Trindade. © Samuel Pinto

>>>>> página seguinte: Cemitério da Junça, antiga Capela da Santíssima Trindade. © Marta Soutinho e Samuel Pinto

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11 de Janeiro de 2013.

#Santíssima Trindade #Arquitectura #Inscrições #Gliptografia

Incrição cristã na Rua Direita A inscrição consiste de uma representação figurativa de um homem e de um cristograma, habitualmente designado de “lábaro”, por ter sido utilizado primeiramente pelo imperador romano Constantino I nos estandartes do seu exército na Batalha de Ponte Mílvica (312 d.C.). O “lábaro” ou “monograma de Cristo”, do qual existem diversas formas, é formado a partir das letras gregas Chi (χ) e Ró,(ρ), as duas primeiras iniciais de Χριστός (“Cristo”, em grego), e consiste numa representação de Cristo. Podemos ver num dos braços da cruz uma figura de um pássaro que ao representar uma pomba poderá simbolizar o Espírito Santo ou ser em alternativa uma alegoria a Cristo Ressuscitado, uma vez que também o pássaro mitológico da Fénix - que segundo a lenda ressuscitava das cinzas ao terceiro dia - seria adoptado pelos cristãos primeiramente como símbolo genérico da ressurreição, passando depois gradualmente a significar a Ressurreição de Cristo. Um dos factos mais interessantes relativamente a esta inscrição prende-se com a circunstância de se encontrar de facto voltada de pernas para o ar, o que demonstra que não é originária do local onde se encontra actualmente. Deve ser com grande probabilidade proveniente do antigo convento ou da antiga Capela da Santíssima Trindade que existia no local do actual cemitério, tendo sido reaproveitada para a edificação da habitação pela população, que não se encontrando consciente da singularidade do achado implantou a pedra ao contrário. S.P.

>>>>> em cima: Inscrição Cristã, Rua Direita © Marta Soutinho e Samuel Pinto em baixo: Cruz de Izcar, Época visigoda, bronze. 70

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15 de Janeiro de 2013.

#Censo #Estatística #Documentos

Até 1 mez completo 2 mezes 3 mezes 4 mezes 5 mezes 6 mezes 7 mezes 8 mezes 9 mezes 10 mezes 11 mezes 12 mezes 13 a 15 mezes 16 a 18 mezes 19 a 21 mezes 22 a 24 mezes 3 annos 4 annos 5 annos 6 annos 7 annos 8 annos 9 annos 10 annos 11 a 15 annos 16 a 20 annos 21 a 25 annos 26 a 30 annos 31 a 35 annos 36 a 40 annos 41 a 45 annos 46 a 50 annos 51 a 55 annos 56 a 60 annos 61 a 65 annos 66 a 70 annos 71 a 75 annos 76 a 80 annos 81 a 85 annos 86 a 90 annos 91 a 95 annos 96 a 100 annos Mais de 100 annos Idade desconhecida Total Ausentes Accidentalmente RECENSEADOS

Varões Solteiros Casados 1 4 1 3 1 5 7 3 6 6 8 7 2 8 30 18 17 15 1 4 5 2 20 11 1 11 5 5 1 2 1 149 62 10 4 159 66 236

Viúvos 1 2 2 2 2 9 2 11

Fêmeas Solteiras Casadas 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 4 1 8 3 5 3 2 3 4 4 6 22 9 12 8 9 2 5 23 1 13 6 4 1 4 1 2 112 64 9 121 64 201 437

Viúvas 1 2 1 2 4 3 3 16 16

<<<<< Censo de 1864, “Censo por Freguezias - População de facto por Idades”, extracto relativo às freguesias de Almeida. INE. em cima: Extracto relativo à Junça. documento disponível em: issuu.com/junca.web/docs/1864_censoporfreguezias

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18 de Janeiro de 2013. #Gente da Junça

a mulher sem palavras A mulher sem palavras morava na extensão da pequena rua que da Fonte Martinha dava acesso à Igreja, que era também a sua casa ao ar livre. Guardiã inabalável da “rua dos silêncios” cabia-lhe a obrigação moral de tão simplesmente “estar” para receber o eventual aceno das poucas pessoas que passavam. Por aí permanecia, sentada nos degraus que davam acesso à soleira da porta, apanhando os últimos raios de sol, indiferente à própria indiferença dos dias sempre iguais. Assim, quando ao fim da tarde passava a correr, endereçava-lhe um cumprimento e ela respondia-me com a sua aparente displicência. Assim seria durante anos, o meu “boa tarde” e o seu secreto cumprimento; como seria durante anos, o vulto sentado ao meu lado no banco da igreja do qual não conheceria a voz serena. A mulher sem palavras não era muda. Os silêncios… o silêncio havia-a condenado, por certo, ao mundo surdo do sonho e ao sonho impreterível da alienação. A ausência de palavras não era senão o rosto dos amores que o seu tímido coração não havia alcançado, do marido que não conhecera, dos filhos que não tivera… da sua voluntária solidão. Seria por ocasião do Natal quando regressei à terra que é a minha, que trocaríamos o cumprimento de sempre adiado. Para a fotografia que eternizaria o momento a mulher das palavras, da qual não conhecia o nome, insistiu em retirar o lenço usado dos dias correntes, desmaiado das tardes soalheiras, rasgado do vento espanhol. Endireitou, depois, as costas e esboçou o tímido sorriso protelado pelos anos de ausência… e foi então que reconheci na sua espera uma letargia que não era afinal senão a minha. Dias depois a mulher das palavras morreria com os últimos raios de sol, extinguindose no mesmo silêncio com que toda a vida havia presenteado os homens, assim como a chama da última acha que no dia de consoada atiramos ao lume cálido antes de ir dormir. Morreria também indiferente aos meus olhos não fosse a rotina dos dias colocala no meu caminho… não fosse a corrida da vida dispor diante mim tal modelo de resignação. A Rua do Forno, essa, continuaria em silêncio depois da mulher sem palavras partir. Não seria contudo a mesma. Por entre as pedras igualmente indiferentes ao tempo sentirei a falta da “indiferença” incontornável que era a sua, de mulher. Na sua presença estóica, nada dizendo, assegurava que também eu, o meu “boa tarde”, poderia chegar em segurança ao destino que era o seu. S.P. à memória de Adelina Mateus

<<<<< Adelina Mateus, Agostinho Andrade e António Grilo. Adro da Igreja Paroquial de Sta. Maria Madalena, 5 de Janeiro de 2013. © Marta Soutinho

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12 de Janeiro de 2013. #Etnografia #Contrabando

§ Excerto de “O contrabandista de Riba Coa” (1938) in: MARQUES, Carlos Alberto; “Algumas Notas Etnográficas de Riba Côa”; Separata da revista Biblos (Coimbra), vol. XIV (1938) e vol. XV (1939).

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19 de Janeiro de 2013.

#Oralidade #Música #Emigração

Fronteira in: “Roque Popular”, Diabo na Cruz

as flores pelo chão pisadas desde o baile o vento frio só mulheres de xaile tudo me contaram quando eu dei aos ares de espanha uns desceram para sul eu fiquei a ver idanha ai de mim, não faço nem ideia prometi partir na lua cheia páro pra um bagaço na estação nos olhos de um beirão vejo a fera da fronteira ir pra angola pode mesmo ser a salvação ou são paulo receber calor de um povo irmão ir abastecer-me onde há quem dance promessas de verão os marinhões as quebram praia fora vão se as águas-más lhe pegam não posso mais esperar que a terra se alevante “ser firme a procurar” quero ir pra adiante

ai de mim se tudo é ao contrário tenho de ir cumprir nosso fadário acabo de engolir num repelão pergunta o bom beirão se isto era necessário ir embora pode mesmo ser a solução ver trabalho, o brio, recompensa pela aflição mas se isto não mudar eu não descanso… e se eu for quem te espera mariana vais dormir nas guardas quentes de que cama e se eu for quem vê paz na tua estampa pra onde irás se só voltar pra pôr cá a minha campa ai de mim não faço nem ideia prometi partir na lua cheia paro pra um bagaço na estação nos olhos de um beirão vejo a fera da fronteira

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17 de Janeiro de 2013. #Gente da Junça

§ Jorge, Carlos, Alcina e Custódia Pinto, R. do Santo do Cristo, 1961.

>>>>> Novo Mapa Administrativo do Concelho de Almeida. Processo de Reorganização Administrativa do Território do Município de Almeida. conduzido pela UTRAT - Unidade Técnica para a Reorganização Administrativa do Território. Fase I. Parecer. Anexo I. Anexo II. Anexo III. Anexo IV. Fase II. Parecer. Anexo I. Anexo II. documentos disponíveis em: issuu.com/junca.web/stacks/277461f3f5164e3daf9e3df25f79a9e7 78

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22 de Janeiro de 2013.

#Oralidade #Expressões Populares

“Jánastemos a chiba couves! ___________________ § expressão popular

Quando os pastores não tomam devidamente conta do rebanho não raras vezes as cabras (chibas) comem produtos hortícolas alheios, como couves. A expressão serve de alerta a um conflito eminente, motivado por um acto ou comentário tido como abusivo. Sinónimo relativo de “Já temos o caldo entornado!” S. P.

>>>>> § Sub-divisão da Região da Beira segundo tipologias arquitectónicas. Região 3 (Arqs. Francisco Keil do Amaral, José Huertas Lobo e João José Malato) in: Arquitectura Popular em Portugal, 2ª edição:Associação dos Arquitectos Portugueses, Lisboa 1980, p. 242. A Junça insere-se algures nos limites da sub-região C, que encontra os seus modelos mais paradigmáticos nas edificações características de Malpartida e São Pedro do Rio Seco. A sub-região E corresponde à zona de Nave de Haver e Malhada Sorda. 80

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§ Descrição da Arquitectura da sub-região C. Região 3 (Arqs. Francisco Keil do Amaral, José Huertas Lobo e João José Malato) in: Arquitectura Popular em Portugal, 2ª edição:Associação dos Arquitectos Portugueses, Lisboa 1980, pp. 248-249.

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§ Mapa tipológico da arquitectura da Região da Beira. Região 3 (Arqs. Francisco Keil do Amaral, José Huertas Lobo e João José Malato) in: Arquitectura Popular em Portugal, 2ª edição: Associação dos Arquitectos Portugueses, Lisboa 1980, pp. 258-259.

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25 de Janeiro de 2013. #Documentos #Judiaria

As origens judaicas do nome “Junça” Sim, “Junça” já foi nome próprio de gente e mais comum do que seria de supor! No índice da Chancelaria de D. Afonso V, relativo ao período compreendido entre os anos de 1438-1481, constam nada mais nada menos que 41 menções ao nome “Junça”, ficando por esclarecer se o primeiro se refere a um indivíduo ou à própria localidade. Um número bastante elevado se atendermos que, por exemplo, só existe menção a uma pessoa com o nome de “Juliano” e três com o nome de “Julião”, os dois nomes imediatamente anteriores. Entenda-se que os documentos relativos à Chancelaria Régia não se tratavam de um recenseamento, mas dos assuntos e nomes respectivos que de alguma forma careciam de despacho do Rei ou dos seus assessores, pelo que o número efectivo de pessoas com este nome poderia ser superior. Uma análise mais detalhada, mas nem por isso muito demorada, aos nomes que constam no índice permitiu chegar à conclusão surpreendente de que a maioria, senão todos eles se tratam de indivíduos de origem judaica; ou por terem apelidos característicos como Abá, Cofem, Coleima, Cruum, Fadida, Levy, Maçoude, Maleque, Mazod, Tob, Toby… ; ou porque o registo faz menção directa ao culto religioso (“Cart. para não trazer sinal de Judeu”); ou por se tratarem de menções a “afforamentos de cazas” (os judeus não podiam ter casa própria, por isso careciam de privilégios para ai habitar); ou porque os nomes citados constam de estudos sobre as comunidades judaicas das vilas e cidades portuguesas (ex. Junça Justo, sapateiro na vila de Alverca do termo de Trancoso, etc.). Este facto é corroborado pela própria história do nome que tende a desaparecer nas Chancelarias dos monarcas seguintes, de acordo com a própria história que ditou que a partir de 1497, no reinado de D. Manuel I, todos os judeus fossem obrigados a adoptar a religião cristã, assim como nomes cristãos, sob pena de serem expulsos do País. O desaparecimento do nome “Junça” dos registos poderá indiciar precisamente a forte conotação que tinha como o culto judaico. De facto, o último registo que pude apurar do nome é referente a um processo de 1541-1545 movido pela Inquisição contra a mulher de um cristão-novo (nome dado aos judeus convertidos) chamado de Jorge Fernandes, cuja alcunha era “o Junça”, possivelmente o seu nome judeu, ou de família. Facto curioso, a grande maioria das pessoas que pude comprovar a origem são naturais da região da Beira, com incidência no território da Guarda. Fica por aclarar a ligação destas pessoas à “Junça”, que é a nossa terra. Tratar-se-á de uma coincidência motivada por um nome popular à época, ou um testemunho efectivo da presença judaica na aldeia que sabemos ter existido, tendo as habitantes adoptando o nome da terra de origem e passado o nome às gerações seguintes? S.P. <<<<< § Folha do extracto relativo ao nome “Junça”. in: Índice da Chancelaria de D. Afonso V (1438-1481) - Próprios, fl. 333v - 335. ANTT. documento disponível em: issuu.com/junca.web/docs/chancelaria_afonsov

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26 de Janeiro de 2013.

#Etnografia #Vinho #Agricultura #Gente da Junça

§ O pisar das uvas no lagar do “Manuel Isidro”. 7 de Outubro de 2012. filmado e cedido por Silvia Ramos.

>>>>> § Folha do extracto relativo ao nome “Junça”. in: Índice da Chancelaria de D. João II (1481-1495) - Próprios, fl. 102v. ANTT. documento disponível em: issuu.com/junca.web/docs/chancelaria_joaoii 88

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28 de Janeiro de 2013. #Documentos #Judiaria

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27 de Janeiro de 2013.

#Censo #Estatística #Documentos

Até 1 anno 1 a 5 annos 6 a 10 annos 11 a 15 annos 16 a 20 annos 21 annos 22 annos 23 annos 24 annos 25 annos 26 a 30 annos 31 a 35 annos 36 a 40 annos 41 a 45 annos 46 a 50 annos 51 a 55 annos 56 a 60 annos 61 a 65 annos 66 a 70 annos 71 a 75 annos 76 a 80 annos 81 a 85 annos 86 a 90 annos 91 a 95 annos 96 a 100 annos Mais de 100 annos Idade desconhecida

Varões Solteiros Casados 18 19 22 21 25 2 3 2 5 4 1 1 5 9 3 6 2 16 15 1 10 3 12 1 7 8 1 1 -

Dos que sabem ler e escrever

42

Dos que sabem ler

4

Dos que não sabem ler nem escrever

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POPULAÇÃO DE FACTO Estabelecidos Transeuntes (População fluctuante) Total da População de Facto

135 4 139

POPULAÇÃO LEGAL Ausentes Total da População Legal (Estabelecidos e ausentes

12 147

FOGOS

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Viúvos 1 1 2 1 1 -

Fêmeas Solteiras Casadas 8 23 23 21 17 3 1 3 2 2 2 3 2 4 4 4 5 2 13 1 16 9 10 1 12 1 4 2 1 1 -

3

2

-

5

3

109

87 2 89 234

6 6

116 -

84 219

19 -

87 240

6

11 127

84 230

19

25 70 4 64 160

18

2 5 84 112

Viúvas 1 1 2 6 2 3 2 1 1 19


Censo de 1878, “Censo por Freguezias”, extracto relativo às freguesias de Almeida. INE. Ao lado extracto relativo Junça. documento disponível em: issuu.com/junca.web/docs/censo_1878

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30 de Janeiro de 2013.

#Jogos #Etnografia #Gente da Junça

Jogo da malha Jogadores Cada equipa será constituída por dois jogadores (parceiros). Para jogar, os parceiros colocam-se cada um em uma cabeceira do campo, de modo a ficarem lado a lado com o adversário. Os dois primeiros jogadores (adversários) a iniciarem o jogo, terão duas malhas para cada um, que lançarão alternadamente procurando derrubar o pino da outra cabeceira e ou deixar a malha o mais próximo possível e assim sucessivamente. Medidas As malhas terão um diâmetro de cerca de 10,5 cm e um peso de aproximado de 600 gr e os mecos terão uma altura de cerca de 20 cm e uma base de aproximadamente 5 cm. A distância máxima entre os pinos será de 17 metros e a mínima de 13 metros. Na frente dos pinos e à distância de um metro destes, será marcada uma linha perpendicular que delimita a zona de lançamento das malhas. Regras Todo e qualquer jogador que ao lançar a malha ultrapasse o risco de lançamento previamente marcado pela organização, poderá ser advertido e mesmo sancionado. Cada partida terá cinco (5) jogos no máximo, vencendo neste caso a equipa que ganhar três (3) jogos. Dependendo do número de equipas inscritas, cada partida poderá ter apenas três (3) jogos, vencendo neste caso, a equipa que ganhar dois (2) jogos. A classificação até à semi-final será feita por eliminação directa, realizandose sempre que se justifique, um sorteio para se ver quem joga contra quem, até à obtenção de uma classificação final. A semi-final será sempre disputada por quatro equipas, podendo haver sorteio para encontrar a 4ª equipa, a qual sairá da última eliminatória. Pontuação Sempre que o pino for derrubado serão contabilizados 3 pontos para a respectiva equipa. Depois das quatro malhas jogadas, a que ficar mais próxima do pino soma 1 ponto, o jogador cuja malha ganhou os pontos é quem procederá ao primeiro lançamento das malhas e assim sucessivamente. Ganha a equipa que fizer 30 pontos.

<<<<< Jogo da Malha. Festas de N. Sra. do Mosteiro, Junça, 2009. na foto: José Monteiro, Francisco Pedro e Manuel Pires © Marta Soutinho

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© Junça, Julho de 2013

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