Paraisópolis: O Espaço Público na Urbanização de Favelas

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O ESPAÇO PÚBLICO NA URBANIZAÇÃO DE FAVELAS JULIA GOMES

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O ESPAÇO PÚBLICO NA URBANIZAÇÃO DE FAVELAS JULIA GOMES

ORIENTADOR: GUSTAVO PARTEZANI ARQUITETURA E URBANISMO UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO – 2015

S U M Á R I O INTRODUÇÃO PA R T E I – FAV E L A 1. CONCEITO 2. FORMAÇÃO 3. POLÍTICAS PÚBLICAS PARTE II – PARAISÓPOLIS 4. ORIGEM 5. ATUALIDADE 5.1. ASPECTOS DEMOGRÁFICOS

IMAGEM 01 – Rua Laerte Setúbal

5.2. ASPECTOS DO TERRITÓRIO 5.3. ASPECTOS DA FORMA 5.3.1. VIAS 5.3.2. LIMITES

5.3.3. BAIRROS 5.3.3.1. MORUMBI | PARAISÓPOLIS 5.3.3.2. SETORES 5.3.4. PONTOS NODAIS

5.3.5. MARCOS PARTE III – ESPAÇO PÚBLICO 6. CONCEITO

IMAGEM 02 – Novo Conjunto Habitacional x Moradias existentes

7. ESTUDOS DE CASO

7.1.MEDELLÍN 7.2. CANTINHO DO CÉU 7.3. BELL STREET PARK PARTE IIII – PROJETO

8. CONECTANDO ESPAÇOS 8.1. PÚBLICO X PRIVADO 8.2. PLANTAS 8.3.SEÇÕES BIBLIOGRAFIA LISTA DE IMAGENS

IMAGEM 03 – Rua como espaço de Lazer

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N T

R O

D U Ç

à O de pagar pela moradia. Esse tipo de ocupação resulta na criação de uma comunidade vulnerável, que, apesar de fisicamente inserida na cidade, fica isolada das oportunidades e benefícios da vida urbana. A favela nasce de uma sucessão de acontecimentos únicos e segue uma lógica em muito distinta da cidade formal, assim, para poder entender esse ambiente é necessário levar em conta esse cenário e deixar de lado o modelo de cidade predominante nas metrópoles brasileiras.

Dentro deste tema, é tomado como objeto de estudo a favela de Paraisópolis, localizada em uma das regiões mais ricas de São Paulo, ao lado do Morumbi, em uma antiga fazenda que em 1921 foi parcelada, mas não atraiu o interesse imobiliário e IMAGEM 04 – Arena Palmeirinha

começou a ser invadida na década de 1950 por trabalhadores atraídos para o bairro

O presente estudo visa investigar a relação do morador da favela com o espaço

pelas oportunidades de emprego no campo da construção civil. Hoje ela é dividida

público, por mais escasso que se apresente, e a atenção dada a esse espaço pelo poder

em 5 setores: Antonico, Grotinho, Grotão, Centro e Brejo e é considerada a maior

público durante obras de urbanização.

favela da capital com aproximadamente 60 mil moradores (IBGE).

O espaço público pode ser definido como um espaço que, por natureza, não só

É uma das comunidades que receberam recursos da Prefeitura de São Paulo para um

proporciona um espaço de lazer, mas também incita o encontro coletivo e o próprio

plano de urbanização, cujas obras começaram em junho de 2006, o chamado

exercício da cidadania, promovendo o convívio social, a discussão e troca de

programa Nova Paraisópolis, que além de promover a regularização fundiária de

experiências que alimentam o crescimento comunitário.

todo o assentamento, obras de drenagem e de saneamento básico também prevê a

A criação desses espaços não ganha a devida atenção em ocupações não planejadas e, analisando o caso das favelas, são insuficientes ou até mesmo inexistentes. A presença

realocação de famílias residentes em zonas de risco, a construção de uma Via Perimetral e de diversos equipamentos de saúde e educação.

de um espaço público formal que sirva a comunidade de uma favela é importante para

O objetivo deste estudo é, através de levantamento histórico, social e morfológico do

incentivar ainda mais o senso de comunidade e o encontro coletivo, que já aparece

assentamento (realizado com a analise de dados, textos, mapas, fotos e visitas à

forte nesses lugares graças a seu tecido denso e orgânico com casas muito próximas

campo), da exploração da questão do espaço público, suas formas de apropriação e

em vielas estreitas, onde o convívio com os outros moradores é inerente.

seu tratamento recebido nas obras de urbanização perceber como ele dialoga com o

Segundo o Censo 2010 do IBGE, são aproximadamente 11,4 milhões de pessoas morando em favelas no Brasil, uma alternativa adotada por quem não têm condições

entorno existente. se existe um entrelaçamento desses dois espaços, e até que ponto está sendo reproduzido na favela os mesmo modelos reproduzidos na cidade formal.

PA R T E I

–

F A V E L A

1. CONCEITO A palavra favela carrega consigo um estigma de lugar ilegal, inseguro e degradado, tanto no seu aspecto físico como no social, ela surge para designar o conjunto de construções precárias e erigidas à margem da lei, mas acaba por muitas vezes, ao ser descrita, transferindo esses adjetivos também para as pessoas que a ocupam. Esse conceito começou a ser desconstruído em um estudo realizado pelo Programa de Assentamentos Humanos das Nações Unidas (UN-Habitat) que resultou na publicação de um relatório histórico em 2003 com a colaboração de mais de cem pesquisadores,

o The Challenge of Slums, que, segundo Davis, “é o ponto culminante de dois séculos de reconhecimento cientifico da vida favelada” (2006, p.31).

Em 2002 foi adotada pela ONU uma definição internacional de favela/slum que a caracteriza como um local com acesso inadequado à água potável, acesso inadequado à infraestrutura de saneamento básico e outras instalações, baixa qualidade das unidades residenciais, alta densidade e insegurança quanto ao status da propriedade.

Dessa forma, sua caracterização se restringe ao aspecto físico e legal do

IMAGEM 05 – Bailarinas de Paraisópolis

assentamento, sem generalizar as questões sociais. “É necessário distinguir irregularidade de precariedade e de carência/vulnerabilidade social. Nem todos os assentamentos irregulares são precários, nem todos os precários comportam população em situação de carência ou vulnerabilidade social.” (BUENO, 2003).

Segundo Maricato, hoje as favelas são lugares menos precários do que eram a duas ou três décadas atrás, ao passo que vão se estabelecendo, os barracos de madeira se transformam em edificações de alvenaria que muito se confundem e se misturam com alguns bairros da periferia da metrópole, seus moradores são trabalhadores empregados, muitos no mercado formal, que produzem e consomem, participando da movimentação do capital, mas que, não encontram oferta acessível de moradia no mercado legal da cidade e não veem esse déficit ser amparado pelo Estado.

9

2. FORMAÇÃO A partir dos anos 40 o padrão de crescimento da cidade de São Paulo começa a mudar,

Cresce então o número de cortiços, loteamentos ilegais e principalmente de favelas na

o sucesso econômico que a cidade estava vivendo, primeiro com a indústria

cidade de São Paulo, cujos moradores representam, em 1990, cerca de 20% da

metalúrgica e depois com a indústria automotiva e petroquímica, a colocou como um

população total.

centro industrial e financeiro, atraindo migrantes de todas as partes do país.

“Em vez das cidades de ferro e vidro, sonhadas pelos arquitetos, o mundo esta, na verdade, sendo dominado pelas favelas.” (MARICATO, 2006)

Não foi só o governo. A sociedade brasileira em peso embriagou-se, desde os tempos da abolição e da república velha, com as idealizações sobre progresso e modernização. A salvação parecia estar nas cidades, onde o futuro já havia chegado. Então era só vir para elas e desfrutar de fantasias como emprego pleno, assistência social providenciada pelo Estado, lazer, novas oportunidades para os filhos... Não aconteceu nada disso, é claro, e, aos poucos, os sonhos viraram pesadelos (SANTOS, 1986 apud MARICATO, 2003, p. 152).

Em 1950 a cidade de São Paulo tem mais de 2 milhões de habitantes e cresce mais de 5% ao ano durante as décadas de 50, 60 e 70, ultrapassando o Rio de Janeiro e se estabelecendo como a maior cidade brasileira (ROLNIK, 2009, p.43).

Os avanços tecnológicos e econômicos foram acompanhados de uma realidade completamente antagônica, a modernidade só chegava para uma parte dos cidadãos.

O mercado imobiliário priorizava ações no centro e nas áreas mais nobres da cidade e

o Estado falhava em suprir até os direitos básicos para grande parte da população, entre eles a moradia, devido à crescente demanda. Sendo assim, restava a população mais carente recorrer a outras formas de moradia que não às providas pelo mercado legal, como exposto por Maricato: “Na cidade, a invasão de terras é uma regra, e não

uma exceção. Mas ela não é ditada pelo desapego à lei ou por lideranças que querem

IMAGEM 06 – Rua Melchior Giola

afrontá-la. Ela é ditada pela falta de alternativas.” (MARICATO, 2003).

10

3. POLÍTICAS PÚBLICAS O modelo de urbanização brasileiro produziu nas últimas décadas cidades

Social, que caracteriza-se pela presença de áreas de assentamentos precários e

caracterizadas pela fragmentação do espaço e pela exclusão social e territorial. O

irregulares, com baixos índices de desenvolvimento humano, precariedades

crescimento periférico rápido e desordenado não foi acompanhado pela criação de

territoriais, riscos geológicos e de inundação, baixa qualidade urbana e ambiental e

equipamentos urbanos e infraestrutura, que se concentravam nas áreas ricas,

um déficit na oferta de infraestruturas e equipamentos urbanos.

reforçando a injustiça social de nossas cidades e inviabilizando a cidade para todos.

O Plano traça para essa Macroárea objetivos de melhoria das condições de vida, da

Como uma medida para combater essa situação foi criado em 2005 o Programa de

moradia e

meio ambiente. Ele incentiva a consolidação de núcleos de bairros

Urbanização de Favelas pela Prefeitura de São Paulo por meio da Secretaria Municipal

existentes e a melhora da oferta de serviços públicos e mobilidade, além de prever a

de Habitação (SEHAB), que tem como objetivo a urbanização e a regularização

heterogeneidade de usos para gerar emprego próximo às moradias, apoia, assim, as

fundiária de favelas e loteamentos irregulares. Entende-se como urbanização o

politicas existentes de qualificação de favelas e assentamentos precários.

provimento de saneamento básico – redes de água e de esgoto, energia elétrica e coleta de lixo – iluminação, serviços públicos, áreas verdes e de lazer e a requalificação do sistema viário, com abertura de novas ruas e melhoramento das existentes.

O programa também inclui o reassentamento de famílias que estejam ocupando áreas

de risco ou de preservação ambiental, buscando remover o mínimo de familias possível e reassenta-las o mais próximo da comunidade, e prevê a recuperação de áreas de proteção dos reservatórios Guarapiranga e Billings.

A finalização do processo é a regularização fundiária, essencial para inserir essa

população no contexto legal da cidade.

Em 2014 é lançado o novo Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo, que, dentre outras medidas, divide a cidade em macrozonas e macroáreas homogêneas com diretrizes especificas que orientarão os planos de desenvolvimento e intervenções no território. Uma delas é a Macroárea de Redução da Vulnerabilidade IMAGEM 07 – Presença de comércio, ônibus e alto fluxo de pessoas dentro da favela

11

PA R T E I I –

P A R A I S Ó P O L I S

12

4. ORIGEM A favela, cuja ocupação se iniciou lentamente na década de 50, está instalada em

A região passa por uma rápida valorização no fim dos anos 50 com a construção do

terreno particular, proveniente do parcelamento da antiga Fazenda Morumbi que

Estádio Cícero Pompeu de Toledo, maior estádio particular do país, da Avenida

resultou em 2200 quadras de 100m x 200m e um conjunto de vias de 10m de largura

Giovanni Gronchi e do Palácio dos Bandeirantes, que em 1965 se torna sede do

implantadas em uma malha ortogonal. Pertence ao distrito Vila Andrade,

Governo de São Paulo. Esse crescimento das atividades do setor da construção civil

subprefeitura de Campo Limpo na zona sul do Município de São Paulo, compondo

atraiu tanto a classe alta da metrópole quanto migrantes pobres de todo o país, mas

uma grande parcela das favelas municipais que “concentram-se nas zonas sul e norte

estes à procura de emprego, que, para solucionar a questão da moradia, acabaram

do município, nas áreas de proteção ambiental: junto às represas, na zona sul, e nas

invadindo terrenos próximos ao local de trabalho, intensificando a favelização da área

encostas da serra da Cantareira, no norte. Os quadrantes sul e norte agregam 72,2%

até que em 1970, 20000 pessoas já ocupavam o bairro irregularmente.

1994

1964

das moradias faveladas municipais” (TASCHNER, 2000 apud PASTERNAK, 2002, p.8).

1921 – Fazenda Morumbi é Loteada em 2200 quadras de 100m x 200m e um conjunto de vias de 10m de largura implantadas em uma malha ortogonal.

1960 – Primeiras ocupações da favela se dão no atual Setor Centro, área mais plana do terreno.

1985 – Fim da Ditadura reforça as políticas públicas, municípios passam a considerar os assentamentos precários passíveis de integração à cidade 1990 – Regiões dos vales dos córrego Antonico e Brejo já haviam sido ocupadas.

IMAGEM 08 – Projeto do Loteamento

IMAGEM 09 – Foto aérea Google Earth

IMAGEM 10 – Foto aérea Google Earth

13

4. ORIGEM Os pobres urbanos têm de resolver uma equação complexa ao tentar otimizar o custo habitacional, a garantia da posse, a qualidade do abrigo, a distancia do trabalho e, por vezes, a própria segurança. Para alguns, [...] a localização próxima do trabalho [...] é ainda mais importante que o teto. (DAVIS, 2006, p.39)

abertura de novas ruas, adequação das calçadas e do arruamento original, construção de rede integral de água e esgoto, remoção de moradias em área de risco, a construção de 2.500 unidades habitacionais em convênio com a CDHU, novos espaços de lazer, um parque linear e a construção de uma avenida perimetral, paralela a

Em 2002 é aprovado o novo Plano Diretor do Município de São Paulo, que

Avenida Giovanni Gronchi.

regulamenta a área como ZEIS (Zona Especial de Interesse Social), reconhecendo e mas algumas das maiores e mais importantes propostas ainda não tem previsão para

chamado Complexo Paraisópolis, que contempla as favelas Paraisópolis, Porto Seguro

sair do papel, como é o caso do Parque Linear Antonico, da Escola de Música, do

e Jardim Colombo, prevendo a regularização fundiária, canalização dos córregos,

Parque Paraisópolis e das Estações de Metrô da linha 17-ouro.

2015

terrenos, que eram privados, o que permitiu a criação de um Plano de Urbanização do

2008

As obras foram iniciadas em 2006 e a maioria das intervenções já foram executadas,

2004

protegendo a comunidade, e estabelece novas estratégias legais para regularizar os

2004 – Terrenos livres das grotas já foram ocupados.

2005 – Inicio do Programa Municipal de Urbanização de Favelas da Prefeitura de São Paulo.

2006 – Inicio das obras de Urbanização de Paraisópolis.

2015 – Está em curso a última etapa das obras de Urbanização de Paraisópolis, a maioria dos equipamento e habitações já foram construídos. A favela continua a se adensar e a se expandir verticalmente.

IMAGEM 11 – Foto aérea Google Earth

IMAGEM 12 – Foto aérea Google Earth

IMAGEM 13 – Foto aérea Google Earth

14

5 . AT UA L I DA D E Paraisópolis diferencia-se das outras ocupações de São Paulo por seus 800.000 m²

fruto do programa de urbanização que esta sendo executado, e a Marginal Pinheiros

estarem, não na periferia, mas em meio a alguns dos bairros mais caros da cidade. Na

(4), que reúne as estações de trem da CPTM. Seu entorno é caracterizado por bairros

imagem 14 vemos a localização da comunidade, com suas principais vias de acesso: a

de alto padrão, com condomínios fechados, mansões e edifícios de luxo e amplas áreas

Avenida Giovanni Gronchi (1), que também dá acesso ao Estádio Cicero Pompeu

verdes, como o Parque Burle Marx(5). Esse contraste é o que torna a comunidade o

(Estádio do Morumbi), a Avenida Morumbi (2), a recente Avenida Hebe Camargo (3),

cartão postal da desigualdade presente na cidade de São Paulo.

1

ITAIM BIBI 2

MORUMBI

1

ESTAÇÕES DA LINHA 9-ESMERALDA DA CPTM

2

ESTAÇÕES DA LINHA 5-LILÁS DO METRÔ

3

ESTAÇÕES DA LINHA 9-ESMERALDA DA CPTM

4

ESTAÇÕES DA LINHA 9-ESMERALDA DA CPTM

5

ESTAÇÕES DA LINHA 5-LILÁS DO METRÔ

4

3

5

SANTO AMARO

ESTAÇÕES DA LINHA 9-ESMERALDA DA CPTM ESTAÇÕES DA LINHA 5-LILÁS DO METRÔ

IMAGEM 14 – Localização

15

5.1. ASPECTOS DEMOGRÁFICOS “A distribuição espacial dos rendimentos para o total populacional, onde existe um gradiente que diminui em direção ao anel periférico, não aconteceu entre os favelados. Qualquer que seja a localização da favela na trama urbana, os favelados são igualmente pobres.” (PASTERNAK, 2002, p.14)

Em relação à idade, 98% dos habitantes da favela tem até 64 anos representam 98% da população local, o que resulta em um grupo muito mais jovem do que a população do município como um todo.

Uma mudança significativa do perfil da comunidade é a relação de migrantes e

IMAGEM 15 - Densidade

Sua boa localização coloca seus moradores em uma posição privilegiada em relação

naturais do município que a compõem, se no inicio da ocupação os migrantes

ao mercado de trabalho. Tem uma densidade demográfica de 746hab/ha, quase 10

representavam a grande maioria hoje são apenas 30% dos habitantes, dos quais 77%

vezes maior do que a densidade da cidade de São Paulo como um todo.

estão em São Paulo há mais de 10 anos. Esse fenômeno foi identificado por Pasternak nas favelas de modo geral, e assim, passa a ser comum encontrar duas e até três

Segundo a associação local de moradores, 78% da população economicamente ativa de Paraisópolis trabalha no distrito do Morumbi e redondezas, com um rendimento médio de até 2 salários mínimos, compondo uma população com redimentos não

gerações de moradores da favela. Em Paraisópolis, 53% das famílias já estão instaladas no local há pelo menos 5 anos, 34% há pelo menos 15 anos e 12% há mais de 15 anos. As famílias tem em média até 4 membros.

muito diferentes de outras favelas de São Paulo.

FAMÍLIAS x TEMPO DE MORADIA

HABITANTE x FAIXA ETÁRIA 1%

1% 12% 16% 10%

menos de 1 ano 1 a 3 anos

14%

3 a 5 anos 5 a 10 anos

13%

10 a 15 anos mais de 15 anos sem informação

1% 0 a 14 anos 33%

15 a 39 anos

40 a 64 anos

24% 24%

RENDA PER CAPITA

51%

64 anos ou mais sem informação

0 a 0,5 SM 14% 32%

8%

> 0,5 a 1 SM

FAMÍLIAS x N° DE COMPONENTES 2% 0% 21%

14%

> 1 a 1,5 SM

14%

> 2 SM

2 a 4 pessoas 5 a 7 pessoas

> 1,5 a 2 SM 32%

1 pessoa

63%

8 a 10 pessoas 11 ou mais pessoas

FONTE: IBGE

16

5.2. ASPECTOS DO TERRITÓRIO (Os invasores) São os povoadores pioneiros de pântanos, várzeas sujeitas a inundações, encostas de vulcões, morros instáveis, montanhas de lixo, depósitos de lixo químico, beiras de estradas e orlas de desertos. [...] Esses lugares são o nicho da pobreza na ecologia da cidade. (DAVIS, 2006, p.127)

Assim são descritos os lugares escolhidos pela classe baixa, que sem condições de IMAGEM 16 - Edificações nas margens do Córrego do Antonico, distingue-se os encanamentos despejando esgoto no córrego.

adquirir um terreno seguro, acabam fixando suas moradias na terra que resta, que é desprezada pelo mercado.

Paraisópolis não foge dessa realidade, lá é possível identificar vários tipos de

situações, habitações em encostas com alta declividade correndo o risco de desabamento, habitações nas margens dos córregos e até mesmo por cima deles com risco constante de inundações, habitações construídas de maneira precária e sem acesso à infraestrutura. Além do risco direto para a comunidade da favela, esses fatos implicam também em um risco para a população como um todo, pois ameaçam a integridade do solo e dos mananciais.

A drenagem da favela é favorecida pela sua topografia, as águas, pluviais e residuais, escorrem pelas encostas íngremes até os fundos de vale de encontro aos córregos,

onde se concentram os problemas, com a poluição e o acúmulo de lixo nos leitos dos IMAGEM 17 - Edificações em área de risco de alagamento no Setor Grotinho.

córregos o nível de água aumenta, o que reduz o potencial de escoamento e aumenta as inundações nos barracos lindeiros.

MATERIAL DOS DOMICILIOS 1% Domicilios de Alvenaria com revestimento

21%

78%

Domicilios de Alvenaria sem revestimento

REDE ELÉTRICA DOMICILIAR

ABASTECIMENTO DE ÁGUA

ESGOTAMENTO SANITÁRIO

22%

40% 64%

17

5.3. ASPECTOS DA FORMA Como diz Pasternak, se vista de longe, é possível confundir o horizonte da favela com o dos bairros pobres da periferia, com suas casas sem acabamento e em eterna construção e ampliação “com o vermelho dos tijolos de vedação galgando mais um andar” (PASTERNAK, 2002, p.10), mas um olhar mais atento consegue notar algumas diferenças, suas casas são menores e muitas vezes se sobrepõem umas às outras para comportar uma densidade maior, o saneamento e limpeza são precários, pelo menos no exterior das habitações, com lixo e entulho ocupando as calçadas e o esgoto

correndo à céu aberto, ruas e vielas labirínticas e estreitas que servem como os principais espaços de convivência coletivos já que lá as áreas livres são praticamente inexistentes, a não ser por um ocasional campinho de futebol. Todo pedaço de terra tem muito valor, e, mais cedo ou mais tarde, é ocupado, isso porque, para quem não

tem alternativa, qualquer espaço livre, por pior que seja, é um espaço apropriado pra levantar um teto.

Nesta seção serão utilizados conceitos apresentados pelo urbanista Kevin Lynch no livro A Imagem da Cidade, no qual Lynch estuda a forma e as dinâmicas da cidade formal e elege cinco importantes elementos que a estruturam, são eles: as Vias, os Limites, os Bairros, os Pontos Nodais e os Marcos. Esses conceitos serão utilizados para explorar a realidade de uma ocupação informal, no caso a favela de Paraisópolis, buscando estabelecer um paralelo entre essas duas realidades.

IMAGEM 18 - Paraisópolis

18

5.3.1. VIAS As vias são os canais de circulação ao longo dos quais o observador se locomove de modo habitual, ocasional ou potencial. Podem ser ruas, alamedas, linhas de trânsito, canais, ferrovias. [...] Os habitantes de uma cidade observam-na à

medida que se locomovem por ela, e, ao longo dessas vias, os outros elementos ambientais se organizam e se relacionam. (LYNCH, 1997, p. 52) IMAGEM 19 – Rua Doutor Laerte Setúbal, conexão da favela com a Avenida Giovanni Gronchi

Paraisópolis possui dois tipos contrastantes de vias, o primeiro é representado pelas vias que compõem a malha ortogonal, produto do parcelamento original do terreno, como mostrado na seção 2.1, e se assemelham muito às vias da cidade formal, asfaltadas e com delimitação de fluxos – calçada e leito carroçável. São as portas da favela – se conectando às Avenidas Giovanni Gronchi e Hebe Camargo – e seu elemento estruturante, dividindo o terreno em quadras (mais ou menos) regulares e facilitando a permeabilidade e orientação em um tipo de ambiente que em outros casos se apresenta caótico e labiríntico. Devido ao descaso do projeto original com as características

topográficas

do

sitio,

são

ruas

IMAGEM 20 - Rua Melchior Giola, uma das principais vias do assentamento, forte presença de comércios e alto fluxo de pedestres e veículos.

com

altas declividades.

De modo geral se apresentam como o principal concentrador de fluxo da favela, e as edificações lindeiras são as que apresentam as melhores condições, por muitas vezes

sobrados, em sua grande maioria com revestimento, que concentram em seus térreos a atividade comercial da comunidade. São lojinhas, mercados, bares, salões de beleza e lojas de materiais de construção para as habitações que não param de crescer.

Suas características originais foram mantidas em maior ou menor grau dependendo

do setor da favela (discutidos na seção 3.3.3), mas em algumas áreas suas calçadas foram invadidas por edificações e barracos, dificultando o intenso fluxo de pedestres que acaba disputando espaço com os carros, motos e micro-ônibus que passam por ali.

IMAGEM 21 – Rua Iratinga na região do Grotão, edificações ocupando a calçada, já não apresenta as características originais.

IMAGEM 22 - Atual Avenida Hebe Camargo, via de dois sentidos com canteiro central e ciclofaixas.

19

5.3.1. VIAS O segundo tipo de via existente em Paraisópolis são os becos e vielas. Sem planejamento, são os espaços residuais necessários para o acesso os barracos e assim como o restante da favela, estão em constante mudança.

Representam o sistema viário típico das favelas, estreito demais para o fluxo que acolhe e tortuoso, o que traduz seu crescimento orgânico e constante, com escadarias e becos sem saída, onde não é raro encontrar caminhos de chão de terra. Aqui o automóvel não tem lugar.

IMAGEM 25 – Escadaria da Rua Manoel Antonio Pinto após as obras do Plano de Urbanização.

IMAGEM 23 – Viela do Campo do Palmeirinha.

IMAGEM 24 – Entrada da escadaria que liga a Rua Melchior Giola à Avenida Hebe Camargo

IMAGEM 26 – Escadaria de acesso à Avenida Hebe Camargo, pessoas andam em cima dos muros para não pisar no esgoto que escorre das casas ao lado

20

5.3.2. LIMITES Os limites são os elementos lineares não usados ou entendidos como vias pelo observador. São as fronteiras entre duas fases, quebras de continuidade lineares: praia, margem de rios, lagos, etc., cortes de ferrovias, espaços em construção,

muros e paredes. São referências laterais, mais do que eixos coordenados. Estes limites podem ser barreiras mais ou menos penetráveis que separam uma região da outra, mas também podem ser costuras, linhas ao longo das quais duas regiões se relacionam e se encontram. Ainda que possam não ser tão dominantes quanto o sistema viário, para muitos esse elementos limítrofes são importantes

1

características organizacionais, sobretudo ao seu papel de conferir unidade a

2

3

áreas diferentes, como no contorno de uma cidade por água ou parede.

(LYNCH, 1997, p. 52)

Os limites de Paraisópolis se configuram por barreiras topográficas. A região é

4

bastante acidentada, com declividades predominantes de até 30%, mas que em

algumas áreas podem ultrapassar os 60%. Essas barreiras acabaram contendo o avanço da favela por um tempo, até que a necessidade da terra, e a falta da disposição 5

dos meios para obtê-la, levaram famílias a transpor esses limites e habitar os locais

6

mais difíceis.

A favela teve seu inicio com ocupações na pequena planície que hoje é denominada Centro (1), passando depois para as margens dos córregos Brejo (2) e Antonico (3), no caso do Antonico limitando-se à cota mais alta onde encontra a Avenida Giovanni Gronchi. Ao sul ergue-se uma crista (4) na cota média de 805m que contorna duas

grotas, depressões geográficas, chamadas de Grotão (5), na cota media de 755m, e

IMAGEM 27 – Mapa Viário x Topografia

1

SETOR CENTRO

5

SETOR GROTINHO

2

CÓRREGO BREJO

6

SETOR GROTÃO

3

CÓRREGO ANTONICO

4

DIVISA GROTAS

Grotinho (6), na cota média de 770m, as últimas à serem ocupadas e as mais precárias da comunidade devido ao difícil acesso e à grande declividade.

RIOS E LAGOS LIMITE PARAISÓPOLIS CURVA DE NÍVEL MESTRA CURVA DE NÍVEL INTERMEDIÁRIA

21

5.3.3. BAIRROS Os bairros são as regiões médias ou grandes de uma cidade, concebidos como dotados de extensão bidimensional. O observador neles “penetra” mentalmente, e eles são reconhecíveis por possuírem características comuns que os

identificam. Sempre identificáveis a partir do lado interno, são também usados para referência externa quando visíveis de fora. (LYNCH, 1997, p. 52)

Nesta seção, além de serem estudadas as diferenças e relações entre o bairro-favela e os bairros do distrito do Morumbi com os quais ele faz divisa, serão analisadas também as diferenças dentro do território da favela que resultam na criação de mini bairros, como os conhecidos setores de Paraisópolis.

A heterogeneidade das favelas vem sendo reconhecida cada vez mais, segundo Pasternak (2006) estudos tem notado as diferenças entre tipos de favela dependendo do seu tamanho, localização e desenvolvimento, mas a maioria ainda falha por considerar a favela em si como uma unidade homogênea em termos demográficos e

sociais, o que leva a intervenções e ações politicas generalizantes.

Oculta-se a diversidade de perfis, tanto entre favelas como dentro da favela. Os habitantes da favela são sempre “os favelados”. Isso tem conduzido as intervenções a serem projetadas de forma padronizada, num espaço homogêneo, correspondente a um único tipo de realidade social. (Pasternak, 2006, p.15) IMAGEM 28 – Foto aérea atual

22

5.3.3.1. MORUMBI | PARAISÓPOLIS O contraste presente na área é facilmente perceptível para qualquer olhar, mesmo que desatento. Na escala do pedestre, descendo pela Avenida Giovanni Gronchi e depois pela Rua Doutor Laerte Setúbal em direção à Rua Melchior Giola que dará acesso

a favela, verificamos a transformação

das tipologias construídas.

Primeiramente a paisagem de grandes edifícios se transmuta em sobradinhos, lojas

IMAGEM 29 Avenida Giovanni Gronchi

de roupa e bares, e mais a frente uma nova mudança, o laranja dos tijolos crus e as casinhas sobrepostas configuram um outro cenário.

Essa situação é visível de qualquer ponto mais alto do bairro do Morumbi, graças ao declive da região. A imagem que se tem é de uma grande ladeira, completamente ocupada com essas mesmas casinhas, crescendo umas sobre as outras.

Com uma densidade aproximadamente 25 vezes menor que Paraisópolis, o distrito do Morumbi é a completa antítese da favela ao lado. O reduto da classe alta apresenta uma

IMAGEM 30 Rua Doutor Laerte Setúbal

abundância de áreas verdes, praças e parques, opções de lazer e cultura, tipologias de ocupação que variam entre grandes edifícios residenciais, condomínios fechados e

residências unifamiliares, com grandes terrenos e áreas arborizadas.

URBANIZAÇÃO

PARCELAMENTO

EDIFICAÇÃO

IMAGEM 31 Rua Melchior Giola QUADRA TÍPICA PARAISÓPOLIS

QUADRA TÍPICA MORUMBI

IMAGEM 32 – Contraste das ocupações

23

5.3.3.2. SETORES E.M.E.F | E.M.E.I. | DIRETORIA DE ENSINO

Paraisópolis tem a dimensão populacional de uma cidade do interior, e por isso é compreensível que tenha áreas com características bem diversas. Assim, a favela se divide em 5 setores, são eles:

CENTRO O setor mais antigo de Paraisópolis é também o com melhores condições topográficas e o mais consolidado, é composto principalmente por edificações de alvenaria, normalmente com mais de um pavimento e com as melhores condições de habitabilidade. Lá se manteve o traçado viário original que agora recebeu melhorias com as ações de urbanização da Prefeitura.

Apresenta uma variedade de comércios e serviços, e é onde está localizada a unidade local da loja Casas Bahia, que emprega majoritariamente moradores da favela, além de outros comércios de grande porte, e a sede da União dos Moradores da Favela de

Paraisópolis.

IMAGEM 34

IMAGEM 33 – Presença de grandes comércios

IMAGEM 35 – Presença de Grande comércios

24

FUTURA ESTAÇÃO DO METRÔ | FLÁVIO AMÉRICO MAURANO – LINHA 17 OURO

5.3.3.2. SETORES BREJO É composto pelas edificações que margeavam o córrego do Brejo, que hoje foi

canalizado para a construção da Avenida Hebe Camargo (trecho da Via Perimetral), que conta com ciclovia e amplas calçadas, com áreas verdes e espaços de convivência no trecho do córrego, para isso foi feita a remoção das habitações lindeiras ao córrego, resultando na diminuição do risco de alagamento e da poluição do córrego,

que antes servia de depósito de esgoto para essas casas. Essa intervenção faz parte do plano de urbanização da área feito pela Prefeitura de São Paulo que está sendo executado, também já foram realizadas, nesse setor, melhorias do viário e nos sistemas de saneamento.

É um dos principais acessos da favela por sua localização próxima à Avenida Morumbi e agora pela presença da nova avenida, também é onde está prevista a construção da estação Flávio Américo Maurano da linha 17-Ouro do Metrô (Monotrilho), o que o

AV. PERIMETRAL

consolida como uma importante porta de entrada da comunidade.

IMAGEM 37

A.M.A | U.B.S | C.A.P.S

IMAGEM 38 IMAGEM 36 – Praça do Brejo, vista para o Complexo de Saúde e moradias.

25

5.3.3.2. SETORES

VILA ANDRADE B: 172 UH’s

ANTONICO O setor apresenta os mesmo problemas geotécnicos e de insalubridade que

apresentava o Brejo, e também é formado pelas construções que se erigiram próximas ao córrego de mesmo nome. O plano de urbanização prevê para o setor, além das melhorias no viário e na infra-estrutura – saneamento, iluminação pública, áreas verdes – e a criação de um parque linear com equipamentos culturais ao longo do córrego, mas o projeto ainda não saiu do papel. Hoje em dia a área sofre com alagamentos causados pelas cheias do córrego poluído, as habitações ocupam cada centímetro das suas margens e às vezes até passam por cima dele, configurando uma situação de risco tanto para o ambiente quanto para as famílias que residem lá.

FUTURO PARQUE LINEAR CÓRREGO DO ANTONICO

Apesar dos claros problemas de habitabilidade é o setor que concentra a maior parcela dos comércios e do fluxo da favela e o maior em termos de área e população. É também o principal acesso da comunidade atualmente, pois segue paralelo à Avenida Giovanni Gronchi, importante eixo de transporte público.

IMAGEM 41

ESCADARIA E AREA DE LAZER

IMAGEM 40

IMAGEM 39 – Forte presença de comércios IMAGEM 42

26

5.3.3.2. SETORES ARENA PALMEIRINHA

GROTINHO E GROTÃO São os setores correspondentes às grotas, áreas com declividades muito acentuadas.

FUTURA ESTAÇÃO DO METRÔ | PARAISÓPOLIS – LINHA 17 OURO

São os mais degradados da comunidade, apresentam muitas habitações precárias feitas de chapas de madeira e papelão sem ligações de água ou esgoto, ocupando as

VILA ANDRADE C: 112 UHs VILA ANDRADE D: 56 UHs

encostas e os fundos de vale, onde correm risco de desabamento e alagamento. Em vez do traçado original, rígido e ortogonal, que nesta região resultaria em

declividades muito altas, se percebe vias orgânicas construídas pelos próprios moradores e que seguem pelos locais menos íngremes.

Foram os setores que receberam a maior parte das intervenções e equipamentos produzidos pelo plano de urbanização, ressaltando o pólo educacional – uma Fatec, duas EMEI’s, um CEU e uma creche –, a maioria dos conjuntos habitacionais construídos e a estação Paraisópolis da linha 17-Ouro do Metrô (Monotrilho). Esse conjunto de transformações certamente mudará o papel dessas regiões dentro da favela.

E.M.E.I | E.M.E.F | CRECHE | FATEC | C.E.U.

GROTINHO: 6 UHs, 6 UCs CONDOMINIO F: 100 UHs + 6 UCs. VILA ANDRADE E: 122 UHs IMAGEM 43

VILA ANDRADE G: 116 Uhs CONDOMÍNIOS A|B|C|D|E|G: TOTAL DE 825 Uhs e 49 COM.

CENTRAL DE TRIAGEM DE LIXO E ECOPONTO

IMAGEM 44

27

5.3.3.2. SETORES GROTINHO E GROTÃO

IMAGEM 45 – Arena Palmeirinha antes das obras de urbanização

IMAGEM 48 – Residências em area de grande declividade no Grotinho

IMAGEM 46 – Arena Palmeirinha reformada

IMAGEM 47 – Rua das Jangadas

IMAGEM 49 – Projeto da futura Escola de Música de Paraisópolis

28

5.3.4. PONTOS NODAIS Os pontos nodais são pontos, lugares estratégicos de uma cidade através dos quais o observador pode entrar, são os focos intensivos para os quais ou a partir dos quais ele se locomove. Podem ser basicamente junções, locais de interrupção

do transporte, um cruzamento ou uma convergência de vias, momentos de passagem de uma estrutura a outra. Ou podem ser meras concentrações que adquirem importância por serem a condensação de algum uso ou de alguma característica física, como um ponto de encontro numa esquina ou uma praça fechada. […] Podem ser chamados de núcleos. [...] O conceito de ponto nodal está ligado ao de via, uma vez que as conexões são, tipicamente, convergências de caminhos, fatos ao longo de um trajeto. Da mesma forma, liga-se ao conceito de bairro, tendo em vista que os núcleos são os focos intensivos dos bairros, seu centro polarizador. (LYNCH, 1997, p. 52) IMAGEM 50 – Arena Palmeirinha

São elementos geradores de fluxo e concentração de pessoas, sendo representados pelos locais de encontro, de lazer, como praças e parques, ou de outras atividades

coletivas como grandes equipamentos públicos, hospitais, escolas, comércios, igrejas e etc.

Em Paraisópolis o conceito de ponto nodal pode ser atribuído aos bares, salões de beleza e barbearias, às numerosas igrejas, às grandes lojas do setor Centro, às raras

pracinhas espalhadas pelo local e aos novos equipamentos públicos, mas principalmente à Arena Palmeirinha.

Localizada na Rua Melchior Giola, foi completamente reformada nas obras de urbanização. É o principal espaço de lazer da comunidade, onde ocorrem campeonatos locais, de atividade intensa principalmente aos fins de semana, configurando um expressivo ponto de encontro.

IMAGEM 51 - Praça do Brejo

IMAGEM 52 – Viela da Arena Palmeirinha

29

5.3.5. MARCOS Os marcos são outro tipo de referência, mas nesse caso, o observador não entra neles: são externos. Em geral são um objeto físico definido de maneira muito simples: edifício, sinal, loja ou montanha. [...] Alguns marcos são distantes,

tipicamente vistos de muitos ângulos e distâncias, acima do ponto mais alto de elementos menores e usados como referências radiais. [...] Podem estar dentro da cidade ou a uma distância tal que, para todos os fins práticos, simbolizam uma direção constante. [...] Outros marcos são basicamente locais, sendo visíveis apenas em lugares restritos e a partir de certa proximidade. [...] São geralmente usados como indicadores de identidade, ou até de estrutura, e parecem tornar-se mais confiáveis à medida que um trajeto vai ficando cada vez mais conhecido.

(LYNCH, 1997, p. 53)

Um marco local da favela, além das placas das lojas, anúncios de moradores e identificação das vielas é a casa de Estevão da Conceição, um dos moradores de

IMAGEM 53 – Estevão e sua esposa na frente de sua casa

Paraisópolis. Conhecida internacionalmente como o Castelo de Estevão ou a Casa de

Pedra Enfeitada, está em construção a mais de 20 anos, é feita à base de concreto e arame, toda enfeitada com pedras, pinturas, cacos de porcelana e objetos diversos, e recebe visitas de jornalistas, arquitetos e curiosos brasileiros e estrangeiros devido a fama de sua semelhança plástica com a obra do arquiteto Gaudí.

Um outro marco da favela de Paraisópolis é a dupla de edifícios de luxo Roof e Penthouse da Avenida Giovanni Gronchi que dividem seu muro com a favela. A relação foi imortalizada em fotografia de Tuca Vieira conhecida internacionalmente, e se transformou num símbolo da desigualdade social.

IMAGEM 54 – Paraisópolis x Morumbi

30

PA R T E I I I –

E S P A Ç O

P Ú B L I C O

6. CONCEITO Segundo Abrahão, o espaço público pode ser definido como um espaço que promova o convívio e o encontro coletivo, que tenha uma estreita relação com a vida pública, que dê suporte à diversos usos e atividades, desde a pratica de esportes e lazer e dos encontros até as manifestações sociais. Que seja um espaço de afirmação da identidade coletiva e da confrontação da mesma. (2008) É o “espaço principal do urbanismo, da cultura urbana e da cidadania. É um espaço físico, simbólico e político”. (BORJA e MUXI, 2003, p.16).

A criação desses espaços não ganha a devida atenção em ocupações não planejadas e, analisando o caso das favelas são insuficientes ou até mesmo inexistentes, graças a isso os moradores das favelas desenvolvem um modo criativo e espontâneo de se

apropriar de cada espaço livre que encontram, da pracinha ao terreno baldio. Essa apropriação se dá principalmente nas ruas e vielas, que aqui assumem o caráter de rua de convivência descrita por Hertzberger e dão suporte aos diferentes eventos e atividades de socialização da comunidade. É o espaço público por excelência.

IMAGEM 55 – Menino jogando bola em viela de acesso à UBS

Isso acontece principalmente graças ao alto grau de contato entre moradia e rua presente na favela, seu tecido denso e orgânico com casas muito próximas em vielas estreitas torna inerente o convívio com os outros moradores, e a rua se torna uma extensão coletiva da moradia, “um lugar onde o contato social entre os moradores

pode ser estabelecido como uma sala de estar comunitária” (HERTZBERGER, 1999, p.48) Apesar dessa situação trazer aspectos positivos do ponto de vista do convívio social, ela também acarreta numa certa confusão entre o limite do que é o domínio privado e o que é o domínio público, a viela se torna um espaço semi-público e a moradia um espaço semi-privado.

IMAGEM 56 – Alto fluxo de moradores nas ruas | Rua Melchior Giola

33

7. ESTUDOS DE CASO 7.1. MEDELLIN Até duas décadas atrás Medellín vivia uma crise social e política por causa do narcotráfico. Hoje em dia, além de superar o estigma de ser considerada a cidade mais violenta e desigual do planeta, ela é considerada exemplo de planejamento.

Sergio Fajardo, ex-prefeito e atual Governador de Antioquia, elenca as principais diretrizes da transformação: o combate à corrupção; a transparência das tomadas decisões; a participação da sociedade e dar prioridade à cultura e educação. Durante sua administração os lemas “o melhor para os mais pobres” e “Medellín, a mais educada” nortearam as intervenções.

Foi implementado então um sistema de transporte público de teleféricos que serviu

como o catalizador de toda a transformação, suas estações se tornam verdadeiros núcleos urbanos, com diversos espaços e equipamentos de lazer e cultura.

IMAGEM 57 – Estação com escadas rolantes para vencer as altas declividades

Dentre estes equipamentos, os mais marcantes são os parques bibliotecas, localizados nas áreas mais carentes da cidade, afim de reinseri-las à cidade no aspecto social e urbano O arquiteto Alejandro Echeverri, responsável pelo Plano de Desenvolvimento da cidade afirma em entrevista para o Globo que “Sempre nos preocupamos em aumentar a autoestima e a confiança dos moradores. Acreditamos que a estética e o bom design ajudam muito no aspecto mental, não apenas no físico. Um dos pontos mais importantes do programa é promover inclusão. E o bom design é uma chave para isso também” (ECHEVERRI, 2013)

Aqui, a arquitetura e o urbanismo foram utilizados como ferramenta de inclusão e combate contra a desigualdade, criando uma oferta equilibrada de equipamentos culturais e espaços públicos de qualidade.

IMAGEM 58 – Parque Biblioteca España

34

7.2. CANTINHO DO CÉU

Segundo o arquiteto Marcos Boldarini, responsável pelo projeto de urbanização do Complexo do Cantinho do Céu, ao intervir na cidade e, especificamente, em

assentamentos precários consolidados, é fundamental considerar as preexistências territoriais, em suas potencialidades e limitações.

Dentre os objetivos da ação, além de integrar as favelas a cidade oficial e dotá-las da infraestrutura urbana necessária, consta qualificá-las efetivamente como um

ambiente construído que permita o desenvolvimento do indivíduo em sociedade sem necessariamente reproduzir o padrão formal dos bairros oficiais.

IMAGEM 59 – Planta Geral

A base do Plano de Urbanização é revelar para a população local a importância do espaço público e coletivo, entendido como o conjunto de elementos capazes de dar suporte as mais diversas manifestações coletivas cotidianas – ruas, vielas, praças, parques, e utilizá-lo como instrumento principal para a qualificação do bairro buscando com isso resgatar o sentimento de pertencimento à cidade.

O resultado dessa abordagem ultrapassa os objetivos básicos de uma urbanização, melhorando a vida cívica da favela, ao utilizar soluções projetuais que inserem funcionalmente os espaços e equipamentos, reforçando o lazer e a inclusão social.

IMAGEM 60 – Apropriação dos novos espaços

35

7 . 3 . B E L L ST R E E T PA R K , S EAT T L E

Bell Street Park é uma via tipo parque em Seattle, seguindo o conceito de via

compartilhada, sua extensão de quatro quarteirões não possui separação entre a circulação de pedestres e de carros, o leito se nivela com a calçada, criando um espaço contínuo e atrativo ao pedestre. Nela as funções de parque e de rua são misturadas, ao mesmo tempo que apresenta um design voltado ao pedestre, também permite que

carros, ônibus, bicicletas e outros veículos a acessem.

Vias Compartilhadas, também conhecidas como living streets ou woonerfs, são literalmente espaços de convivência. Nelas é removida a tradicional segregação entre os veículos e pedestres, sistemas convencionais de sinalização de ruas como faixas, linhas, sinais e símbolos são substituídos por uma abordagem integrada, orientada

IMAGEM 61 – Bell Street em Seattle

para a compreensão do espaço público pelas pessoas.

O conceito foi idealizado por Hans Monderman, engenheiro de tráfico holandês, ele observou que comportamentos individuais no trânsito são mais positivamente afetados pelo ambiente construído do espaço público do que pelas regulações tradicionais de tráfego.

O principio de uma via compartilhada é a integração, que é o contrário do modelo de

via tradicional que promove a segregação dos espaços seguindo sua função, além disso seu design é totalmente voltado para pedestres, nela os automóveis são bem vindos como convidados e o desenho da via deve deixar isto claro.

Natalia Collarte escreveu um estudo (2012) onde analisa o conceito de uma via compartilhada, nele a autora elenca alguns elementos importantes no desenho desse tipo de via, são eles: Uma entrada clara e distinta que alerte quem estiver entrando que aquela não é uma via comum; Utilizar medidas de traffic calming, que propõe um desenho que impossibilita o tráfego rápido de veículos; Criar espaços de convivio e permanência, compondo assim um ambiente seguro e atrativo.

IMAGEM 62

36

PA R T E I I I I – P R O J E T O

8 . C O N E C TA N D O E S PA Ç O S O local escolhido para a intervenção foi a Rua Melchior Giola, a via que corta a comunidade em dois é também a que a une, pois é a única do

assentamento que atende à todos os setores da favela. Possui forte presença de pequenos e médios comércios e é onde está localizada a Arena Palmeirinha e um complexo educacional que conta com uma E.M.E.I., uma E.M.E.F. e a Diretoria de Ensino da região. Além disso é uma das principais

entradas da comunidade, dando acesso à Avenida Giovanni Gronchi e à Avenida Hebe Camargo através de uma escadaria, que será o principal caminho para chegar ao futuro Parque Paraisópolis e à futura Estação Paraisópolis da linha 17-ouro do Metrô.

O partido do projeto é formalizar a importância da Rua Melchior Giola na estruturação da favela, transformando-a em um eixo de conexão entre moradia, transporte e espaços públicos. Além de caminho, a rua também se tornará lugar. Aplicando o conceito de via compartilhada, o quadro

existente de uma rua estreita com calçadas mais estreitas ainda, dará lugar a um espaço amplo e voltado para quem mais o utiliza, o pedestre.

DIRETRIZES DA PROPOSTA

ESTRATÉGIAS ADOTADAS

PROJETO EM NUMEROS

• INCENTIVAR O USO DA RUA COMO ESPAÇO DE CONVIVIO

• REMOÇÃO DAS HABITAÇÕES NAS QUADRAS DAS EXTREMIDADES DA RUA MELCHIOR GIOLA PARA IMPLANTAÇÃO DE CONSTRUÇÕES QUE AMPLIEM A PERMEABILIDADE FÍSICA E VISUAL COM A AVENIDA GIOVANNI GRONCHI E A AVENIDA HEBE CAMARGO, PRINCIPAIS ACESSOS DA COMUNIDADE.

REMOÇÕES: 302 Habitações

• INCENTIVAR O USO DO TRANSPORTE PÚBLICO E NÃO MOTORIZADO NO DIA-ADIA • POSSIBILITAR A PRATICA DE ESPORTES, O LAZER, O CONVÍVIO E A INTERAÇÃO SOCIAL

• MELHORAR O ACESSO DA COMUNIDADE AOS EQUIPAMENTOS PÚBLICOS.

• OTIMIZAR O ESPAÇO DA RUA PARA O USO DO PEDESTRE ATRAVÉS DA CRIAÇÃO DE UM ÚNICO EIXO DE CIRCULAÇÃO COMPARTILHADO.

PROPOSTA: 310 novas unidades habitacionais de 50m²

• CRIAÇÃO DE PEQUENOS ESPAÇOS DE CONVIVÊNCIA AO LONGO DA VIA E REQUALIFICAÇÃO DOS ACESSOS AOS EQUIPAMENTOS PRÓXIMOS.

33 unidades comerciais

novas

• IMPLANTAÇÃO DE EQUIPAMENTOS CULTURAIS E ESPORTIVOS NO PARQUE PARAISÓPOLIS PARA OTIMIZAR SEU USO.

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8 . 1 . P Ú B L I C O X P R I VA D O DIAGRAMA PÚBLICO X PRIVADO EXISTENTE

DIAGRAMA PÚBLICO X PRIVADO PROPOSTO

39

40

41

8 . 2 . P L A N TA S | C O N J U N T O H A B I TA C I O N A L

ESC 1:750

8 . 2 . P L A N TA S | P R A Ç A DA E S C O L A

ESC 1:750

8 . 2 . P L A N TA S | C A S A D E C U LT U R A + E S C A D A R I A

ESC 1:750

8 . 2 . P L A N TA S | PA R Q U E PA R A I S Ó P O L I S

ESC 1:750

46

47

8.3. SEÇÕES

SEÇÃO CC- PRAÇA ANTONICO

RUA MELCHIOR GIOLA SEÇÃO TIPO ATUAL

SEÇÃO BB - CONJUNTO HABITACIONAL

ESC 1:500

48

8.3. SEÇÕES

SEÇÃO EE– ARENA PALMEIRINHA

SEÇÃO DD- PRAÇA DA ESCOLA

SEÇÃO FF – ESCADARIA HEBE CAMARGO

ESC 1:500

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B

I

B

L

I

O

G

R

A F

I

A

ABRAHÃO, Sérgio Luis. O processo de significação do espaço público urbano como espaço público político. Tese (Doutorado em Estruturas Ambientais Urbanas) – FAUUSP, São Paulo, 2005.

PIZARRO, E.P. Insterstícios e interfaces urbanos como oportunidades latentes: o caso da Favela de Paráisópolis, São Paulo. Dissertação – FAUUSP, São Paulo, 2014.

ALESSI, Nelson Antonio. Formam-se favelas e ganham importância no cenário urbano São Paulo: Heliópolis e Paraisópolis. Dissertação de Mestrado. FFLCHUSP, São Paulo, 2009.

RODRIGUES, Ramilho Fernandes; LADWIG, Nilzo Ivo. O espaço público na contemporaneidade da cidade. Revista Tecnologia e Ambiente, v. 20, Criciúma, Santa Catarina, 2014.

BUENO,Laura Machado de Mello. Projeto e favela: Metodologia para projetos de urbanização. Tese de Doutorado – FAUUSP, São Paulo, 2000.

WERTHMANN, Christian. Operações táticas na cidade informal: o caso do Cantinho do Céu. 1 ed. São Paulo: Prefeitura do Município de São Paulo – SEHAB, 2009.

CASTILHO, Juliana Vargas. A favelização do espaço urbano em São Paulo. Estudo de caso: Heliópolis e Paraisópolis. São Paulo, 2013.

_________. Organizadores: FRANÇA, Elizabete; BARDA, Marisa. 1 ed. São Paulo: HABI – Superintendência de Habitação Popular, 2011.

COLLARTE, Natalia. The woonerf concept: rethinking a residential street in Somerville.

2012

________. Editores: MAGALHÃES, Fernanda; VILLAROSA, Francesco di. Urbanização de favelas: Lições aprendidas no Brasil, 2012.

DAVIS, Mike. Planeta favela. São Paulo: Boitempo, 2006.

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HERTZBERGER, Herman. Lições de arquitetura. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. Tradução de Carlos S. Mendes Rocha. São Paulo: Martins Fontes, 2003, 1ª edição 1961 KATZ, Dalia. Configurações espaciais da interface entre os habitantes e a natureza da cidade o caso da favela de Paraisópolis. Dissertação de Mestrado – FAUUSP, São Paulo, 2008.

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51

L

I

S T A

D E

I

M A G

E

N S

IMAGEM 01

Rua Laerte Setúbal | FONTE: Acervo da autora, 2015.

IMAGEM 21

Rua Iratinga | FONTE: Acervo da autora, 2015.

IMAGEM 02

Brejo | FONTE: Acervo da autora, 2015.

IMAGEM 22

Avenida Hebe Camargo | FONTE: Acervo da autora, 2015.

IMAGEM 03

Grotão | FONTE: Acervo da autora, 2015.

IMAGEM 23

Viela | FONTE: Acervo da autora, 2015.

IMAGEM 04

Arena Palmeirinha | FONTE: Acervo da autora, 2015.

IMAGEM 24

Entrada da escadaria | FONTE: Acervo da autora, 2015.

IMAGEM 05

Bailarinas de Paraisópolis | FONTE: Paraisópolis.

IMAGEM 25

Escadaria do Antonico | FONTE: PMSP.

IMAGEM 26

Escadaria da Rua Melchior Giola | FONTE: Acervo da autora, 2015.

IMAGEM 27

Mapa produzido pela autora | FONTE: MDC e PMSP.

IMAGEM 06

Associação de Moradores de

Rua Melchior Giola | FONTE: Acervo da autora, 2015.

IMAGEM 07

Ônibus Paraisópolis | FONTE: Luiza Sigulem/Folhapress.

IMAGEM 28

Foto aérea | FONTE: Google Earth – Fotos históricas

IMAGEM 08

Loteamento não aprovado, ruas oficializadas pela lei no 7.180/68 em 13.06.72 – Planta de Santo Amaro | FONTE: PMSP – SEHAB / HABI3.

IMAGEM 29

Avenida Giovanni Gronchi | FONTE: Google Maps – Street View.

IMAGEM 09

Foto Aérea | FONTE: Google Earth – Fotos históricas.

IMAGEM 30

Rua Doutor Laerte Setúbal | FONTE: Google Maps – Street View.

IMAGEM 10

Foto Aérea | FONTE: Google Earth – Fotos históricas.

IMAGEM 31

Rua Melchior Giola | FONTE: Google Maps – Street View.

IMAGEM 11

Foto Aérea | FONTE: Google Earth – Fotos históricas.

IMAGEM 32

MorumbixParaisópolis | FONTE: Adilson Rezende.

IMAGEM 12

Foto Aérea | FONTE: Google Earth – Fotos históricas.

IMAGEM 33

Casas Bahia | FONTE: Google Maps – Street View.

IMAGEM 13

Foto Aérea | FONTE: Google Earth – Fotos históricas.

IMAGEM 34

Mapa produzido pela autora | FONTE: MDC e PMSP.

IMAGEM 14

Montagem em Foto Aérea feita pela autora | FONTE: Google Earth – Fotos históricas.

IMAGEM 35

Grandes Comércios | FONTE: Google Maps – Street View.

IMAGEM 36

Praça do Brejo | FONTE: Acervo da autora, 2015.

IMAGEM 37

Mapa produzido pela autora | FONTE: MDC e PMSP.

IMAGEM 38

Projeto da Avenida Hebe Camargo | FONTE: PMSP

IMAGEM 39

Rua Pasquali Galupi | FONTE: Lima City.

IMAGEM 40

Mapa produzido pela autora | FONTE: MDC e PMSP.

IMAGEM 41

Parque do Antonico | FONTE: PMSP.

IMAGEM 42

Escadaria do Antonico | FONTE: PMSP.

IMAGEM 15

Paraisópolis | FONTE: Autor desconhecido.

IMAGEM 16

Córrego do Antonico | FONTE: www.paraisópolis.org.

IMAGEM 17

Grotão | FONTE: www.paraisópolis.org.

IMAGEM 18

Paraisópolis | FONTE: Autor desconhecido.

IMAGEM 19

IMAGEM 20

Rua Doutor Laerte Setúbal | FONTE: Acervo da autora, 2015.

Rua Melchior Giola | FONTE: Acervo da autora, 2015.

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L

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S T A

D E

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IMAGEM 43

Mapa produzido pela autora | FONTE: MDC e PMSP.

IMAGEM 44

Conjuntos Habitacionais | FONTE: PMSP.

IMAGEM 45

Arena Palmeirinha antes da urbanização| FONTE: PMSP.

IMAGEM 46

Arena Palmeirinha | FONTE: Acervo da autora, 2015.

IMAGEM 47

Rua das Jangadas | FONTE: Lima City.

IMAGEM 48

Grotinho | FONTE: Francilio.

IMAGEM 49

Escola de música | FONTE: PMSP.

IMAGEM 50

Arena Palmeirinha | FONTE: Acervo da autora, 2015.

IMAGEM 51

Praça do Brejo | FONTE: Acervo da autora, 2015.

IMAGEM 52

Viela do Campo Palmeirinha | FONTE: Acervo da autora, 2015.

IMAGEM 53

Castelo do Estevão | FONTE: www.paraisópolis.org.

IMAGEM 54

Morumbi x Paraisópolis | FONTE: Tuca Vieira.

IMAGEM 55

Viela de acesso à UBS| FONTE: Acervo da autora, 2015.

IMAGEM 56

Rua Melchior Giola | FONTE: Acervo da autora, 2015.

IMAGEM 57

Medellín | FONTE: Roberto Ghione.

IMAGEM 58

Parque Biblioteca España, Medellín | FONTE: Roberto Ghione.

IMAGEM 59

Cantinho do Céu | FONTE: Daniel Ducci.

IMAGEM 60

Cantinho do Céu | FONTE: Daniel Ducci.

IMAGEM 61

Bell Street Park | FONTE: SVR Design

IMAGEM 62

Bell Street Park | FONTE: SVR Design

IMAGEM 63

Método Gehl | FONTE: An Camas Mòr

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