Narrativas Juanita #1

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Livre exposições sobre as experiências do treinamento corporal

Juanita Primeiro relatório da pesquisa de dança-literatura XIII Lei de Fomento a Dança - São Paulo


Trilha das narrativas

Narrativa 1 | Isabel Tica Lemos Uma conexão entre o céu e a terra ou entre a segunda-feira a tarde e a quarta-feira de manhã ou entre o BMC e a Respiração Narrativa 2 | Isabel Tica Lemos Outras conexões: entre a terça-feira a tarde e a quarta-feira de manhã, ou entre o olhar externo e o encontro dois a dois ou a leitura da obra do Castañeda e uma possível organização disso e uma forma de dança, ou a dramaturgia, orientação dos intérpretes e da cena e o contato improvisação Narrativa 3 | Iramaia Gongora Memórias, poesias do imediato Narrativa 4 | Bettina Turner Da possibilidade de unidade da existência Narrativa 5 | Cristiano Bacelar Contato Improvisação: perceber é conhecer Narrativa 6 | Gisele Calazans Contato Improvisação: um desafio e um presente Narrativa 7 | Ana Roxo Linha do tempo: um encontro dramatúrgico Narrativa 8 | Cristiano Bacelar Sobre a dramaturgia Narrativa 9 | Iramaia Gongora BMC: conceitos-chaves Narrativa 10 | Líbero Malavoglia Primeiro Passo Narrativa 11 | Jerusa Messina Pontos de aglutinação Narrativa 12 | Maitê Freitas Sobre o blog: o ciberespaço da dança-narrativa Anexos

Estatísticas - Painel de visualização do blog Material de divulgação oficina de dança-literatura Relação de Inscritos - oficina de dança-literatura


Uma conexão entre o céu e a terra ou entre a segunda-feira a tarde e a quarta-feira de manhã ou entre o BMC e a Respiração

Isabel Tica Lemos São Paulo, 13 de março de 2013 Relato de conversa de Tica com a Maia Tica: Nossa! Hoje foi incrível...aquela hora do céu e terra, indo cada vez mais para o infinito... Muito forte, nesse momento é muito êxtase*. Na hora de fazer o círculo de lado é tão sem graça, quer dizer, eu tomei consciência que achava muito sem graça, por que? Porque percebi que o céu e a terra eram tão claros e direita e esquerda é o que é, o que estava fazendo, ali, naquele momento? Foi quando pensei: é justamente isso, direita e esquerda! O que faço com minha consciência e “vontade” desta energia do céu e da terra, ponho o que aonde? No plano cotidiano da matéria danço com a energia do céu e da terra, do vertical materializo círculos na horizontal. E então a memória de leituras se manifestou em experiência me fazendo aprofundar um pouco mais, lembrei de coisas que havia lido sobre o cruzamento entre vertical e horizontal. Por exemplo, o símbolo da cruz é justamente o cruzamento do espiritual com o material**. Nessa hora se abriu a percepção do espaço horizontal, onde antes estava rolando, o espaço vertical que diga-se de passagem tinha se aberto com força total há umas 3 semanas. Quando o sensei nos explicou sobre o terceiro olho se alinhar com as pontas das mãos e do tandem***. Se me lembro bem, nesse mesmo dia ele também rezou... AIKI-GÔÔÔÔÔ (aiki, união da energia), de vez em quando ele faz isso, ele reza na prática, que nossos joelhos tremeram e ele nos ajudou a sentir o movimento da energia ter uma direção que é do alto para baixo, do céu para a terra, do leve para o pesado e vice-versa, trabalhando o subir do magma (energia da terra) em direção ao céu. Este movimento acontece quando estamos com os joelhos dobrados e ao esticá-los, incluindo aí a musculatura da batata da perna, favorecemos esse movimento ascendente, a energia sobe por dentro das pernas. Nesse mesmo dia finalmente senti e compreendi também uma explicação que o sensei Ono, professor da respiração, já havia dado há mais de um ano: acumulamos a energia do “magma” no “tandem” (centro do corpo), logo abaixo do umbigo por algumas sequências de movimento e propositadamente a elevamos aos outros pontos energéticos do corpo*: 1º estômago(órgão), baço(endócrino),plexo solar (chakra), 2º coração (órgão), timo (endócrino), cardíaco (chakra), 3º esôfago, traquéia, cordas vocais(órgão), tireóide(endócrino), garganta (chakra), 4º cérebro, olhos (órgãos), no campo hipotalâmico a hipófise (endócrino), 3º olho (chakra) e 5º cérebro, região superior (órgão), no campo hipotalâmico a pineal (endócrino) e coroa*(chakra) . A partir dai, experienciei há umas semanas o plano vertical. Hoje senti o plano horizontal-lateral. Ao comentar sobre o 3º olho se alinhar com as pontas dos dedos das mãos que se esticam e apontam a frente do corpo, estamos falando do plano vertical de profundidade frente e traz. Estamos também falando de uma imagem de flecha. Será q poderei falar dele em breve? Também irei descrever o movimento anterior, que ainda é quando acordamos o fundo do nariz, entre o cerebelo e a massa do cérebro. Detalhe: na última sessão de acupuntura ele me disse: Tica, você precisa fazer o seu corpo virar energia.

* Do grego Ékstasis: sair fora de si, conectar com o fora. Sinônimos: admiração afeição assombramento assombro contemplação entusiasmo espanto estranheza êxtase pasmo respeito simpatia arrebatamento arroubamento enlevo arroubo encantamento excitação focagem furor ímpeto incandescência ira raiva rapto rompante transporte encanto ** No plano horizontal: lado direito - racional e lado esquerdo - intuitivo, o lado dir.: direito de se ter, de se fazer, de agir e que é comandado pelo lado esq. do cérebro. Lado esq. inconsciênte, intuitivo, sensitivo, receber, escutar e que é comandado pelo lado dir. do cérebro. No plano vertical, pés e cabeça, céu e terra, sexo e raciocínio. ***Centro do corpo, em japonês, nas artes marciais, centro de energia do corpo, 2º chakra **** Podemos elevá-la porque estamos com energia no centro do corpo, caso contrario subimos vazios. ***** Os dois chakras anteriores que são o próprio centro do corpo e o do assoalho pélvico, incluindo o cóccix, são acordados com esses movimentos ascencionais qdo ainda estamos acumulando a energia no centro, no tandem.


Outras conexões entre a terça-feira a tarde e a quarta-feira de manhã, ou entre o olhar externo e o encontro dois a dois ou a leitura da obra do Castañeda e uma possível organização disso e uma forma de dança, ou a dramaturgia, orientação dos intérpretes e da cena e o contato improvisação O que parece óbvio, mas nem tanto: a construção de uma linha do tempo. A compreensão literária/dramatúrgica do autor, que ao longo de seus livros nos conta situações e aprendizados distintos e que, no entanto, eram simultâneos, “estruturar” uma compreensão “temporal” disso, pois mesmo os feiticeiros, guerreiros e homens de conhecimento precisam aprender diante do tempo e da morte. Paralelamente, a possibilidade de perceber um volume muito intenso de apreensão e percepção do mundo num espaço de tempo para além do que chamaríamos normal. Um relato mais detalhado da linha do tempo que está sendo desenvolvida pelo estudo dramatúrgico do grupo e projeto JUANITA virá no próximo relatório posto que ela está em pleno andamento mas, posso adiantar aqui alguns assuntos, aspectos, que me interessam, uma visão própria, independente do tempo cronológico mas, razoavelmente organizada em termos da ordem de apresentação até aqui : Ser um homem de conhecimento Aprender a ser um guerreiro Ter uma vida forte Escolher seu caminho com o coração Ter a morte como uma conselheira Exercitar a disciplina impecável com muitos aprendizados de feiticeiro, de guerreiro e do conhecimento como: Aprender a conhecer as plantas, o céu, alguns animais... Aprender a “ver” Ter uma “loucura controlada” “Vontade” – “brecha” Fibras de luz Ter escudos Parar o diálogo interno Muitos movimentos Até agora escolhemos descobrir as pontes entre todas as práticas e estudos, isso significa não procurar construir cenas ou coreografias, mas nos alimentar de todo esse material corporal/sensorial, literário e visual e ainda descobrir suas potencialidades aplicadas a cada um. Na construção desses intérpretes, nossas “integralidades”, fazemos um paralelo com o treinamento do guerreiro. Primeiro construindo um corpo forte e sensível, apto a dar vazão aos ímpetos ou detalhados esforços de fazer sua recapitulação corporal e as conexões com os estudos. Criar o olhar externo que provoca o choque e a ansiedade de pressionar a comunicação. Onde vai dar? Primeiro aprender a acessar e repetir a vibração, se conseguirmos e assim esperamos, que a dança “engraçada, simples, dramática, neutra, colorida, sonora...preta e branca, silenciosa poderemos ter?” Por enquanto, a palavra CONFIA repetida a exaustão no aprendizado do contato improvisação. Intérpretes: Bettina Turner, Cristiano Bacelar, Iramaia Gongora e Isabel tica lemos Dramaturgia: Ana Roxo Olhar externo: Georgette Fadel Treinamentos: Gisele Calazans (contato) e Tarina Quelho (BMC), esses treinamentos se encerram agora no mês desse relatório. Ono Sensei (respiração) e Isabel Tica Lemos (aikido) esses treinamentos serão constantes por todo o processo de criação. Desenhos: Jerusa Messina e Libero Malavoglia


memórias, poesias do imediato Iramaia Gongora CAMINHAR Começando o JUANITA pelo fomento, Na verdade continuando... Fizemos encontros para organizar o que precisa de organização, mas o coração, pensamento já trabalhando há tempos. Reencontro com as técnicas base, de fundamento, de corpo. BMC um mergulho interno de conhecimento e consciência do corpo, de sua organicidade, uma ferramenta de apropriação de si mesmo, saber de si, para poder escolher ser. Contato, encontrar em você ou no outro apoio do chão, a firmeza para voar, enraizar e subir. Ampliar limites, escutar a si e ao outro. Ouvir o movimento com o corpo. Seguimos com as leituras e conversas. Aos poucos percebemos a complexidade literária da obra de Carlos Castaneda, já a sentíamos complexa, mas ao atentar, expor vamos adentrando em um universo mágico, atemporal e fascinante. Assim seguimos como buscadores que olham e vêem um vislumbre, do que pode ser!

Ler: Enveredar o universo mágico, mergulhar num diário imagético, na literatura fantástica... Tentar Ver o que a obra tem a me dizer, o que nela a minha história pessoal reflete e me espelha Onde estou eu? Qual destes personagens me representa? O que me toca? Por que me toca? Me desdobro e desvendo meus sentidos. Me descubro. E desvelo meus mistérios. Sonho.

Descansar: descascar meu corpo.


IN Antes do movimento: vibração Sensações indescritíveis, de primórdios, lembranças muito antigas, uterinas Paz. Como se acompanhasse em consciência a formação do meu ser, visto de dentro fora. Uma estrela na água. Capacidade de alcançar, um movimento leva ao outro, passa pelo meio, expande, alcança. Possibilidade de tudo. Percepção do interno infinito. Olhei para dentro e me vi crescer em um meio aquoso. Não tinha nada e fui começando a ser. Do nada, aos poucos, fui me formando, e a cada momento, tinha a consciência do que era naquele instante, e que logo depois deixaria de ser e viraria outra complexidade. Ser uma célula só, ser duas, ser quatro ser dezesseis... Ser um conjunto, e me mover como tal. Nascer da vibração e pulsar, em consonância. Quanto poder há aí! O seu ser vibrando, pulsando em crescimento. Ter entrada e ter saída. Ter centro e extremidade. Me mover, estender, alcançar. Integrar.

LEVEZA INTERNA O recheio do corpo me faz flutuar

COM TATO O céu me atrai O chão me atrai E eu vôo Flutuo como se fosse cheia de Hélio

Ser chão Ser terra Ser base, apoio, sustento Ser alento

E estou amarrada no chão.

Estar atento Caminhar pelo corpo do outro Me mover com outro movimento Estou no meio do oceano Sou macia, suave, úmida Sou curva Encontro Sou delicada Unifico Sou a curva dentro da curva dentro da curva. --------Flutuo nas ondas de expansão do meu cérebro. Meu corpo acompanha o pulsar dos meus líquidos

De olhos fechados descubro onde vou Sigo, de olhos abertos vendo trajetos Encontro Acomodo Ganho pista para voar, Me lanço E alcanço.


Da possibilidade de unidade da existência Bettina Turner

São Paulo25 de março de 2013 Terminada a primeira etapa deste Fomento. Em desabrochar. Recapitular os movimentos e guardá-los no registro da existência. Empurrar, alcançar, esticar, organizar, expandir. Renascer. Ousar o contato, viver a alteridade na confiança da entrega, religar os ligamentos sinapses, rumo ao prazer do assentamento dos ossos, dos fluidos, do corpo, da alma. Antes, eu recém nascida, envolta em cueiros que impedem o livre ser. Embrulhada para aprumar mais rápido. Esta rigidez precocemente forçada e de sentido desconhecido, nivelada pelo instinto básico da sobrevivência, comandou o caminho dos movimentos. A mente fugindo, a alma saindo, o corpo ali, marcando presença, desintegrado do ser. Agora, renascendo, segunda via, novo contexto, ponte, oportunidade. Mais que isso, apagando os traços duros dos comandos cristalizados, cedendo ao meu peso com resiliência, aguardando com aceitação as novas soluções que o meu todo possa encontrar, com a aceitação de quem sou. Refazenda. Se antes eu não gostava de mim, agora isso não importa mais, porque não sei se gosto, porque ainda não sou e sinto um prazeroso frisson diante do eu desconhecido. Até onde meu corpo poderá me trazer? Até onde meu corpo poderá me levar? Entusiasmo. Com Deus dentro. Ouço uma frase chave: “Enquanto estamos procurando não estamos lá.” Entendo. Entendo e me entrego. Mesmo porque de que adianta procurar pelo que não sei, pelo que não sou, pelo que não sinto? Perceber a mínima parte já faz parte do milagre. Escutar a vibração das células, me render ao pulsar do chão que impulsiona. Coração. Co_oração. Antes largada, agora em relação. A obra de Castañeda é o vapor que exala a inspiração, assim como a fumaça inebriante das fendas do Templo de Delfos soprava aos sentidos da pitonisa o conhecimento mágico. “A partir do momento em que nascemos, percebemos que há duas partes dentro de nós. Na hora do nascimento e durante um tempo após nascermos, somos todos nagual. Percebemos então que, para funcionar, precisamos de uma contrapartida. Falta o tonal e isso nos dá, desde o início uma sensação de incompletude. Em seguida, o tonal começa a se desenvolver e se torna extremamente importante para o nosso funcionamento, tão importante que ele obscurece o brilho do nagual e o esmaga. A partir do momento em que nos tornamos tonal, não fazemos mais nada além de incrementar aquele antigo sentimento de incompletude, que nos acompanha desde o nascimento, e que nos diz, constantemente, existir em nós uma outra parte que nos completa”. (“Tales of Power, 1974, p. 128). Na minha transcriação corpo/palavras/ dança/ palavras/ sangue/ coração/ espreita/ disciplina/ transcendência/, os primeiros registros, pontos soltos no tempo e no espaço, da possibilidade de unidade da existência.


Contato Improvisação: perceber é conhecer Cristiano Bacelar

Comecei a fazer Teatro em 2002 e agora neste processo com as aulas de contato improvisação da Gisele pude perceber e lembrar de meu aquecimento/preparação corporal de antigamente... Meu corpo agora depois desse conhecimento é outro, depois desse entendimento sobre o corpo e sobre os ossos do corpo humano. Ontem quando fui me preparar para um espetáculo que faço de palhaço, senti a diferença. Agora quando aqueço e preparo meu corpo, estou pensando em meu corpo, nos meus ossos, no peso, no alongamento das vértebras, na leveza da escapula, do aterramento da tíbia, enfim... minha percepção é outra. CONSCIÊNCIA PERCEBER É CONHECER PERCEBER É AÇÃO E quando percebo meu corpo quando estou aquecendo, me preparando, não existe esforço, a força é distribuída. E na aula da Gisele quando estudamos nos livros e depois vamos para a pratica, nossa que diferença, antes tocamos no osso do outro para lembrar para o outro e entender o nosso próprio osso. A dança vem depois com uma CONSCIENCIA incrível, dentro do meu corpo fico e as imagens aparecem não de fora para dentro e sim de dentro para fora, uma imagem que é orgânica. Viva. É uma dança que CURA, que transforma a forma.


CONTATO IMPROVISAÇÃO: um desafio e um improviso Gisele Calazans Trazer o Contato Improvisação aos Juanitas foi um desafio e um presente. Desafio por ter a missão de iniciá-los ao Contato, tendo como integrante e diretora do projeto, testemunha e sempre parceira, Isabel Tica Lemos, grande mestra e conhecedora do Contato Improvisação e responsável pelo meu mergulho, e de muitas outras pessoas, nessa técnica. Percebi que, mais uma vez, Tica me colocava frente a um grande aprendizado. Apesar de ser praticante e professora há 10 anos, me senti numa posição inusitada. Eu me perguntava: “Por que não a própria Tica à inicia-los no Contato Improvisação?”. O fato de ter Tica em minhas aulas, alterava completamente o meu olhar sobre a condução. Eu me observava repetindo palavras que tantas vezes a ouvi dizer e isso fazia com que eu me sentisse como um Cover diante do original. Depois de muito refletir sobre a natureza da passagem do conhecimento, sobre a importância da repetição e principalmente sobre, Qual era a minha tradução, o meu olhar sobre toda aquela informação? O quê, realmente, havia sido apropriado por mim durante todos esses anos?, senti que os encontros com o grupo passaram a ser mais potentes. Esse foi o presente e um marco iniciático pra mim, da parceria com o projeto. Por consequência, isso passou a ser o foco da minha condução: SENTIR os muitos corpos que somos, viver instante a instante, integra-los pouco a pouco, CONFIAR, expandir, TRANSBORDAR... perseguir as sensações, apropriar-se delas, torna-las moventes, visíveis. E para tanto, as ferramentas foram: Coluna, escapulas, bacia. Toque, massagem, Ideokinesis. Rolamentos, pressão. Peso, chão, centro de massa. Usufruir a gravidade, percebe-la a favor da verticalidade. Alavancas.

foto da aula de contato improvisação com Gisele Calazans


Linha do Tempo: um exercício de encontro dramatúrgico Ana Roxo Um processo de dramaturgia tem muito a ver com o encadeamento de ações num determinado tempo e espaço. Mas como proceder com isso num tempo mítico, nagual, insondável? OU ainda, como entende-lo percorrendo uma vasta obra de mais de 9 livros com uma narratica elíptica? Plano: traçar uma linha do tempo-mapa-sensorial-imagético-organizacional-vertebral-e-constitutivo para materializar e presentificar o processo-tempo com idas e vindas de uma narrativa que se auto-refere, compondo vai-e-voltas num crescente de conhecimento, mas delimitado no tempo-espaço. Complexo? Sim, cheio de pregas-fendas por onde o xamã rompe o tempo cronológico para esgueirar-se pelo espantoso e maravilhoso mundo e compor-se de plena consciência imaterial. Como materializa-la? Nesse primeiro momento, o trabalho implica em ler os livros, identificar as passagens de tempo (datas especificas), que vão se rareando conforme o próprio tempo narrativo passa, e as passagens de não-tempo (as tais fendas) por onde, num próximo momento também nós nos (es)guiaremos.


sobre a dramaturgia Cristiano Bacelar Entender o texto... A loucura controlada... Datas... Encontros... Silêncios eternos... Datas e mais datas, indas e vindas, historias recontadas, de outro ponto de vista. Sempre um re-começo. Encontros... desencontros... Planta sagrada, fumito...noites em claro Cachorro x Mescalito... Política de um tempo, texto escrito durante transformações de uma época. Linha do tempo... tempo linear, fragmentado... SILENCIO. Dias e dias, lendo as obras de Carlos Castaneda aonde ele escreve dele mesmo, se coloca como ridículo, é maravilhoso. Um iniciado em um mistério. Cada vez que lia, as palavras ficavam em minha mente, aonde um segundo pode definir e define uma vida, um segundo para um guerreiro é o último de sua vida, e significa sua morte, mas por outro lado, tudo, TUDO não tem nenhuma importância...Mas como lidar e viver como se a qualquer momento eu posso morrer, qual é o meu último ato, antes de deixar aonde estou e ir fazer outra coisa...quando vou despedir de manhã do meu filho, ao abraçar minha companheira, ao tomar um café, ao conversar com um amigo, pegar um ônibus, cada segundo é o último...mas nada, nada tem nenhuma importância. Uma coisa que eu amei na técnica de Dom Juan foi a LOUCURA CONTROLADA, muito parecida com o distanciamento de Bertolt Brecht. Muito teatral, aonde você “entra” em personagens ou situações mais não se identifica. “um mundo está louco, faço de conta que sou louco, para conviver com a loucura, mesmo sabendo que não sou.” Mas será que não sou louco? “estranhem o que não for estranho, sintam-se perplexos ante o cotidiano, tratem de achar um remédio para o abuso, mas não se esqueçam : o abuso é sempre a regra” Bertolt Brecht


BMC: conceitos-chaves Iramaia Gongora

1- Conceitos chave: cinestesia, propriocepção, espacialidade, saborear o movimento. Apresentação do percurso: desenvolvimento do movimento, padrões neurológicos básicos vertebrais- 1) vibração, 2) célula, 3) esponja- conjunto de células, 4) pulsação, 5) radiação umbilical, 6) mouthing, pré vertebrais -7) notocorda, 8) disco. Experimentação: vibração, célula. 2- Conceitos chave: rebound, pulso, resiliência, empurrar e puxar, diafragmas transversais, articulações. Apresentação do percurso: partindo de onde viemos, seguir pela 3) esponja, 4) pulsação, 5) radiação umbilical. Ceder imóvel, ceder em movimento, empurrar e passar pelo centro, empurrar e alcançar, alcançar. Experimentação: esponja, pulsação 3- Conceitos chave: trato digestório, vestígio de coluna macia, experiência somática, ativação e desativação Apresentação do percurso: seguimos com a exploração do 5) mouthing e 6) notocorda, fazendo a passagem de um para o outro, pela frente e por trás do eixo. Deslocamentos encadeados, fluxo. Entrada e saída, estrutura. Experimentação: mouthing, notocorda 4- Conceitos chave: verticalidade, mobilidade, imaginação como contínuo da realidade, cinestesia Apresentação do percurso: padrões espinhais: ceder e empurrar, alcançar e puxar Experimentação: meio flúido, notocorda, 8) disco. 5- Conceitos chave: padrões espinhais, crânio, cóccix, líquido cérebro espinhal Apresentação do percurso: exploração da notocorda, parte interna onde percorre o líquido cérebro espinhal. Padrões vertebrais- 1) espinhal, 2) homólogos, 3) homolateral, 4) contra lateral. Experimentação: notocorda, 1) espinhal. 6- Conceitos chave: princípio de locomoção simetria Apresentação do percurso: coluna, caminho do movimento- homólogos Experimentação: movimento do sapo. Duplas simétricas do corpo braços X pernas. 7- Conceitos chave: membranas e fluidos, estruturas e recheios, suporte, expansão global Apresentação do percurso: toque celular para sentir a membrana e fluidos, interno e externo, conteúdo e contêiner. Experimentação: esponja, toque celular 8- Conceitos chave: espinhal- peixe, homólogo- anfíbio, homolateral- réptil Apresentação do percurso: 2) homolateral Experimentação: corpo divido na transversal, lado direito, lado esquerdo


9- Conceitos chave: movimento cruzado, propriocepção, percepção espacial, compressão, expansão, flexão, extensão. Apresentação do percurso: 4) contra lateral. Experimentação: 4) contra lateral, movimento cruzado, cruzamento de hemisférios cerebrais. 10- Conceitos chave: sangue, líquido cérebro espinhal, espiral, ligamentos. Apresentação do percurso: espreguiçar as articulações e ligamentos. Conexão osso a osso. Experimentação: alcançar-líquido cérebro espinhal, empurrar-sangue. Movimento contra lateral é a base para espiral no espaço. 11- Conceitos chave: meditação ativa, massagem em movimento, caminho dentro do corpo. Apresentação do percurso: retomar os caminhos dos padrões, percepção que as próprias células tem delas mesmas no momento da ação Experimentação: 1) vibração, 2) célula, 3) esponja- conjunto de células, 4) pulsação, 5) radiação umbilical, 6) mouthing, pré vertebrais -7) notocorda, 8) disco. 12- Conceitos chave: ciclo de percepção e resposta, ritmo fluído autônomo Apresentação do percurso: estudo sobre os processos do ciclo. Experimentação: toque celular da onda no corpo, buscando o ritmo. reorganizar o ritmo do sistema autônomo.

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Expectativas pré concebidas

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PRIMERO PASSO Líbero Malavoglia

Ao desenhar passagens dos livros mergulho em um universo ao mesmo tempo mágico e tangível, repleto de conhecimento e de ensinamentos práticos que retornam para mim em uma perspectiva artística da representação desses ensinos e do contato com o mistério e com o indizível, como indícios, pistas, sinais e indicações de um caminho para a humanidade em um momento de transição e de quebra de paradigmas e valores na história e na ciência. Sinto-me cumprindo meu papel como artista, expressando visualmente essas possibilidades.


Pontos de aglutinação Jerusa Messina Imagens criadas pela artista plåstica Jerusa Messina durante primeira etapa da pesquisa de Juanita

fase 5

fase 4


fase 3

fase 2

fase 1


Sobre o blog: o ciberespaço da dança-narrativa Maitê Freitas

Como fazer do espaço virtual, binário, um espaço que traduza a dança, a literatura, as imagens fotográficas e videográfica de Juanita? Essa é a pergunta que ao longo desse tempo, desde que resolvemos publicar os registros, memórias do corpo e do mapa de sensações de cada bailarino e criadores convidados a esta pesquisa. Ao longo desse processo, o blog tornou-se um local de encontro dos momentos vividos nas salas de ensaios, nas páginas de Casteñeda, do pulsar de cada um com o público. Um público que orbita, transitanto pela não fisicalidade espacial, mas que nos acessa e se conecta com as células deste processando, estabelecendo conexões, mesmo que efêmeras, com as nossas narrativas e memórias.


Painel de visitas do blog: juanitadanca.blogspot.com


Oficina de dança-literatura | material de divulgação

imagen flyer eletrônico


Alteração de data da Oficina de Dança e Literatura e Alteração de data do Workshop de Palhaço do projeto “Juanita”contemplado pela XIII edição do Fomento a Dança para a cidade de São Paulo.

A alteraçao em relação a Oficina de Dança e Literatura se tornou necessária por um ajuste de datas da nossa parceria com a Galeria Olido, que vem acontecendo desde 2012 e é o lugar onde achamos que melhor cabe esse evento. A galeria Olido não tinha disponibilidade para o mês de março, porém conseguimos datas para o mês seguinte que é o mês de abril, portanto há a necessidade de retirar essa atividade da primeira etapa e colocá-la na segunda etapa bem como seus produtos, que são a captação de imagens e a exposição de resultados da pesquisa da oficina aberta ao público. Já a necessidade da alteração do Workshop de palhaço se dá por uma melhor compreensão dentro da evolução de treinamentos do grupo. Percebemos que a primeira etapa é toda dedicada a preparação corporal dos intérpretes e o trabalho de palhaço é muito mais associado a um desenvolvimento de interpretação, um aprofundamento na pesquisa de estados dos intérpretes que cabe muito melhor na segunda etapa do projeto. A Segunda etapa do nosso projeto está justamente dedicada a um diferente momento da pesquisa onde nos aprofundaremos em estudos cênicos aliados ao estudo da dramaturgia. Logo é um motivo muito mais conceitual.


ficha de inscrição online, postada no blog: juanitadanca.blogspot.br


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