Gazeta Rural nº 363

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Setor do vinho vive dias difíceis e a região do Dão não é exceção

NERGA e ADSI criam plataforma digital para dinamizar a economia regional

“Todos teremos que contribuir para sairmos desta situação”, diz presidente da Câmara de Sever do Vouga

Festa do Município de Proença a Nova 2020 em formato diferente

Chuvas fortes e granizo causam prejuízos elevados na agricultura

Ministério da Agricultura ‘procura’ 35 milhões de euros de apoios ao setor

Porbatata quer colocar a batata na mesa dos portugueses

CIM Região de Coimbra lança candidatura para promover a Arte Xávega Estudo europeu analisa consumo de vinho durante o confinamento.

Frederico Falcão é o novo presidente da ViniPortugal

Ficha técnica Ano XV | N.º 363 Periodicidade: Quinzenal Director: José Luís Araújo (CP n.º 7515) E-mail: jla.viseu@gmail.com | 968 044 320 Editor: Classe Média C. S. Unipessoal, Lda Sede: Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu Redacção: Luís Pacheco Opinião: Luís Serpa | Jorge Farromba | Júlio Sá Rego Departamento Comercial: Beatriz Fonte Sede de Redacção: Lourosa de Cima 3500-891 Viseu | Telefone: 232 436 400 E-mail Geral: gazetarural@gmail.com Web: www.gazetarural.com ICS: Inscrição nº 124546 Propriedade: Classe Média - Comunicação e Serviços, Unip. Lda Administrador: José Luís Araújo Sede: Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu Capital Social: 5000 Euros CRC Viseu Registo nº 5471 | NIF 507 021 339 Detentor de 100% do Capital Social: José Luís Araújo Dep. Legal N.º 215914/04 Execução Gráfica: Novelgráfica R. Cap. Salomão, 121 - Viseu | Tel. 232 411 299 Estatuto Editorial: http://gazetarural.com/ estatutoeditorial/ Tiragem Média Mensal: 2000 exemplares Nota: Os textos de opinião publicados são da responsabilidade dos seus autores. 2

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Nova plataforma permite aos portugueses fazer ‘Férias em Portugal’

Município de Manteigas quer ser alternativa às praias do litoral

Opinião: Mudar a floresta ou mudar as atitudes?

Regiões de Viseu Dão Lafões e Coimbra lançam concurso para video-

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vigilância

Revista Nature destaca trabalho de cientista portuguesa

Opinião: CiB reage às estratégias “Do Prado ao Prato” e “Biodiversidade 2030” Vinho Tinto Casa da Ínsua Reserva 2014 medalhado com ouro em França

Gazeta Auto: Hyundai I30N Fastback Diário de Bordos - Todos gostam de Palma I, por Luís Serpa


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Enquanto se aguardam as medidas do Governo

Setor do vinho vive dias difíceis e a região do Dão não é exceção Os produtores de vinho em Portugal atravessam dias difíceis. Com os mercados fechados há mais de dois meses, com as vendas paradas, a grande maioria tem as ‘adegas’ cheias e o futuro é incerto, quando se aproxima mais uma vindima. A juntar a isso, com a União Europeia indecisa e sem saber o que fazer, aguarda-se que o Governo atenda às propostas do setor, que passam por uma intervenção no mercado e medidas de apoio à armazenagem privada, mas os 10 milhões de euros são insuficientes para as necessidades do setor.

grande parte da colheita de 2019 está em stock e estamos a três meses de uma nova vindima”. Por isso, sustenta, “temos que encontrar um destino para os vinhos que não forem vendidos e, pior, não há procura, para evitar que os preços não caiam muito e se deprima os preços das uvas da próxima vindima”. O presidente da CVR Dão lembra o trabalho feito nas últimas décadas “para conseguir, aos poucos, que os preços médios do vinho fossem subindo, reconhecido que os setores da agricultura que mais sofremas com esta crise todo esse trabalho pode ir por ram com esta crise foram as flores e do vinho”, afirmou o água a baixo, o que será uma tragédia”. Nesse sentipresidente da Comissão Vitivinícola Regional do Dão à Gazeta Rural. do “foram sugeridas ao Governo duas medidas que Arlindo Cunha salienta que “os vinhos de gama media baixa, noconsideramos fundamentais, - uma intervenção no meadamente em bag-in-box, vendidos essencialmente nos supermercado do vinho e uma medida de apoio à armazemercados e nas grandes superfícies, e os vinhos de gama media e nagem privada,- para manter o equilíbrio do mercado alta que iam para o canal Horeca sofreram de maneira diferente”. e evitar que os preços do vinho a granel e das uvas da Se os primeiros ainda foram vendendo, os segundos viram as “porpróxima vindima desçam muito”. tas fechadas”, não só no canal Horeca como na exportação. A primeira passa por uma intervenção no mercado, As empresas dos produtores engarrafadores “que nas últiou seja, “a compra, por um preço garantido, de uma mas décadas fizeram a imagem do Dão, são as que estão a socerta quantidade de vinho, destinada sobretudo aos de frer mais, pois o mercado está praticamente parado, tal como menor qualidade, que não se aguentam, nomeadamena exportação, cujos mercados foram muito atingidos, como os te alguns brancos. A segunda é uma medida de apoio à Estados Unidos, Brasil, China, França, Alemanha, Suíça, entre armazenagem privada de vinhos de qualidade, de guaroutros”, referiu o presidente da CVR Dão. da. A estes vinhos seria atribuído um subsídio em função do tempo armazenamento, até voltarem a ser colocados Intervenção no mercado do vinho e apoio à armazenagem no mercado à medida que este fosse reabrindo”, esclareprivada ceu Arlindo Cunha. Bruxelas “não está preparada para lidar com esta criPara ajudar a minorar os problemas, as organizações ligadas se” ao setor, - nomeadamente a ViniPortugal e a ANDOVI, (que congrega as comissões vitivinícolas), mas também as assoAs medidas propostas não receberam luz verde na reuciações de produtores, - fizeram sentir ao Governo a necesnião dos ministros da agricultura da União Europeia. Arlindo sidade de atuar e tomar medidas que procurem equilibrar o Cunha diz que Bruxelas “não está preparada para lidar com mercado antes da próxima colheita. É que, lembrou Arlindo esta crise, e remeteu as medidas de apoio para os planos Cunha, “nesta altura, e podemos dize-lo com segurança,

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nacionais”. Em Portugal, o Governo decidiu atribuir uma ajuda de 10 milhões de euros ao setor, valor que será tirado do ‘envelope’ nacional, ou seja, daquilo que foi atribuído a Portugal para o setor, após a reforma da PAC em 2013, nomeadamente para a promoção em países terceiros e para a reestruturação das vinhas, no quadro do programa VITIS”. “Em termos globais 10 milhões de euros representam muito pouco, para não dizer quase nada”, defende o dirigente, lembrando que “se retirássemos do mercado 10% de vinho da última campanha (cerca de 650 mil hectolitros), pago a 50 cêntimos o litro, precisaríamos de cerca de 30 milhões de euros apenas para a intervenção no mercado”. A acrescer a isso, “o que neste momento podemos dizer, com segurança, é que, o que foi decidido e ainda nem sequer está regulamentado, é muitíssimo pouco para aquilo que o setor precisa”, sustenta o presidente da CVR Dão.

nais de comercialização”, lembra o presidente da CVR Dão, lembrando que “houve uma interrupção nos diferentes canais de distribuição e há, efectivamente, um lapso de tempo em que não houve procura, pelo que, nesta altura, há vinho a mais no mercado que tem que ser escoado”. O dirigente mostra-se consciente das dificuldades que esperam o setor na região, pois “a recuperação vai ser muito lenta”, considerando que as duas medidas excepcionais acima referidas “são fundamentais para que o setor se consiga aguentar”. Apesar de tudo, Arlindo Cunha tem esperança que “sendo os vinhos do Dão conhecidos pela sua capacidade de guarda, o setor tenha alguma resiliência e consiga resistir para ultrapassar esta crise”.

Há produtores do Dão em dificuldades Na região do Dão, e Arlindo Cunha já o afirmou, há produtores em dificuldades. “O Dão não é excepção, em relação ao que se passa noutras regiões, com a perda de alguns ca-

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NERGA e ADSI criam plataforma digital beiranossa.pt

Plataforma ‘online’ comercializa produtos da região das Beiras e Serra da Estrela

“BEIRANOSSA” é a nova plataforma digital que permitirá as empresas da região da Guarda e Serra da Estrela beneficiar das vantagens da economia digital e surge com o objetivo de apoiar as empresas da região, em particular do comércio, na procura de novas oportunidades de negócios, de modo a potenciar os seus negócios e superar os constrangimentos do mercado.

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Associação Empresarial da Região da Guarda (NERGA) e a Associação Distrital para a Sociedade de Informação (ADSI) anunciaram a criação da plataforma ‘online’ para comercialização de produtos locais a nível nacional e internacional, que, segundo os promotores, funciona como um ‘marketplace’ e pretende “ser uma nova ferramenta de vendas para as empresas da região, com realce para o comércio local, capaz de abrir novas oportunidades e dinamizar a economia local”. O presidente do NERGA, Pedro Tavares, disse que a plataforma digital arrancou com a participação de 20 empresas de vários ramos de atividade. “É uma plataforma em constante atualização e queremos ser aglutinadores de toda a região. Por isso, os novos empresários e produtores que adiram ao projeto serão gradualmente adicionados, pois trata-se de uma plataforma que pretende ter dimensão para as pessoas terem os melhores resultados possíveis”, explicou. Segundo aquele responsável, a ideia “foi agregar” a região da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela, embora “com o sonho” de também “tentar agregar” o território da Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa. “A ideia é ligar os produtores e os comerciantes no mercado global, primeiro em Portugal e, depois, a nível internacional, para o denominado mercado da saudade”, disse Pedro Tavares. Segundo as entidades parceiras no projeto, a iniciativa pretende “disponibilizar ao consumidor, num só local e à 6

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distância de um clique, um conjunto variado de bens e serviços, quer para mercado nacional quer internacional”. A plataforma, acessível na internet em www. beiranossa.pt, promove venda de produtos dos comerciantes e dos produtores da região das Beiras e Serra da Estrela, assumindo-se como um canal de venda alternativo, que permitirá que as empresas da região beneficiem das vantagens da economia digital, numa altura em que o país e o mundo enfrentam a pandemia causada pela covid-19. “O encerramento da maioria dos estabelecimentos comerciais e o confinamento da população, provocada por esta crise pandémica, trouxeram à tona a importância de as empresas encontrarem canais de vendas alternativos, impeditivos da paragem total dos seus negócios”, referem o NERGA e a ADSI em comunicado. A nota acrescenta que a nova plataforma de vendas ‘online’ permite às empresas “a comercialização, cobrança, expedição e gerir o serviço pós-venda dos produtos”, sendo, nos primeiros seis meses, “totalmente gratuita paras os estabelecimentos aderentes”. A “BEIRANOSSA” agrupa produtos por categorias que se dividem em “Alimentação e Bebidas”, “Beleza, Saúde e Bem-Estar”, “Decoração/Lar”, “Produtos Regionais”, “Entretenimento”, “Equipamento Tecnológico e Eletrodomésticos”, “Escritório e Papelaria” e “Moda e Calçado”.


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Presidente da Câmara de Sever do Vouga à Gazeta Rural

“Todos teremos que contribuir para sairmos desta situação” Como ‘viveu’ o concelho de Sever do Vouga os últimos três meses e que efeitos a pandemia está a ter na vida do concelho foi o mote para a conversa com o presidente da Câmara de Sever do Vouga. António Coutinho salientou o trabalho que a autarquia fez para tentar minorar os danos, numa situação nova para todos. Ainda a recuperar dos efeitos da intempérie que no final de 2019 afetou o concelho, o autarca diz que as duas situações “deixam grande marcas”, de forma diferente. Uma das situações é a praia fluvial, destruída pelas cheias, mas cuja abertura está a ser ponderada pela Câmara, em função das restrições impostas devido ao Covid 19. O próximo futuro não será fácil e António Coutinho lembra que “todos teremos que contribuir para sairmos desta situação”.

que não quer dizer que estejamos menos preocupados. Esta foi uma situação completamente nova, que alarmou toda a gente. Contudo, estivemos sempre muito atentos e fomos tentando, por todos os meios, que o problema fosse menor e penso que o conseguimos. Fizemos tudo o que era humanamente possível, com a disponibilização de todos os meios, com o fornecimento de refeições aos mais carenciados, de máscaras às IPSS, às associações e, de uma forma geral, às pessoas que tiveram que sair dos lares e foram para suas casas. Criámos um banco de voluntários, um gabinete de crise e de emergência, que fez muitas entregas domiciliárias de mantimentos, de medicamentos, de bens de primeira necessidade, para além de máscaras e outro material de proteção. Estivemos em todo o lado e de forma coordenada. Agora, com mais conhecimento, vamos continuando a fazer o acompanhamento dos casos positivos e da evolução dos mesmos. Penso que, até agora, correu bem, dentro de uma normalidade anormal, porque nada será como dantes.

Gazeta Rural (GR): Como se viveram os últimos três meses em Sever do Vouga? António Coutinho (AC): Não foram, com certeza, muito diferentes de outros lados. Inicialmente tivemos uma situação relativamente calma, fizemos uma forte sensibilização às pessoas, apelando ao confinamento. Penso que surtiu efeito e foi benéfico. Houve empenho da Câmara, colocando todos os meios disponíveis, para acompanhamento, sensibilização, proteção e higienização, bem como de apoio às Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) e outras. “Estamos a ponderar se vamos abrir, ou não, a praia Penso que se fez um trabalho perfeitamente visível e refluvial” conhecido por toda a gente. A dada altura tivemos um surto maior, num lar de uma IPSS, e isso resultou num aumento do GR: O concelho de Sever passou no último meio ano número de casos. Foi uma situação vivida com grande agitapor duas situações quase consecutivas, que foram as ção e preocupação. cheias de Dezembro e agora o Covid. Que marcas isto deiNeste momento, penso que está controlado e todos os xa? dias temos novos recuperados, o que é encorajador, e teAC: Deixam grande marcas. As cheias deixaram marcas remos nos próximos dias uma situação bem mais calma, o mais ao nível da destruição material, de infraestruturas, com 8

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prejuízos bastante elevados. Estamos ainda a travar uma luta grande no sentido de tentarmos obter comparticipação para a recuperação dos espaços degradados e destruídos, quer ao nível governamental, mas também da responsabilidade que a empresa que gere a barragem possa ter. É um processo que vínhamos a acompanhar e que não deixámos cair. Juntando os efeitos do mau tempo a esta pandemia, diria que estamos com graves problemas ao nível da reabertura da praia fluvial, porque sofreu grandes danos com as intempéries, que ainda não estão recuperados, embora já tenhamos adjudicado uma primeira fase de trabalhos, que irá avançar em breve. A juntar a isto surgem as restrições impostas e as regras para utilização de espaços públicos e das praias que nos vem complicar a situação ainda mais, até porque a praia fluvial tem pouco espaço e estamos a ponderar muito bem se a vamos abrir, quando e como. As coisas conjugadas agravaram ainda mais a situação. GR: A Câmara cancelou os diversos eventos que tinha previsto para este ano, pelo menos até 30 de Setembro. Que efeitos práticos teve essa decisão e quais os prejuízos? AC: Têm prejuízos grandes e efeitos práticos diferentes. Desde logo, no início desta crise, o cancelamento da Rota da Lampreia e da Vitela, um evento em que pretendemos valorizar e promover a nossa gastronomia e que é também um incentivo ao comércio local, nomeadamente à restauração. Este setor foi ‘apanhado’ de várias maneiras, desde logo com a não realização de um grande evento gastronómico, que habitualmente trás muita gente ao concelho, e de seguida pelo cancelamento da atividade, perdendo a possibilidade de fazer algum negócio. Para a restauração foi muito mau e agora tem que fazer um grande esforço para se manter e para se reorganizar. GR: Como está a decorrer essa reabertura? AC: Está a ser muito lenta. Alguns restaurantes do nosso concelho nem a 50% (longe disso) da sua capacidade estarão a trabalhar. Neste setor, penso que haverá uma recuperarão gradual, mas é preciso estofo e muita força para aguentar. A restauração foi, seguramente, dos setores mais afetados, mas acredito que vão conseguir recuperar, ainda que lentamente. A hotelaria e o alojamento local também estiveram parados, mas acredito que estes se vão reerguer mais rapidamente. GR: Voltando aos efeitos do cancelamento dos eventos… AC: O cancelamento de alguns eventos também afetou este e outros setores. Umas coisas implicaram noutras. Sabíamos que isso iria acontecer, mas não tivemos alternativa. Não há condições para a realização de grandes eventos, como a Feira do Mirtilo ou a Ficavouga, que implicam um grande movimento de pessoas. No caso do mirtilo, sabemos que a feira é um grande incentivo aos produtores. Ao nível do município estamos a apoiá-los de outra forma, no tratamento à produção, de modo a que não seja muito afetada com esta situação. A perspetiva é que seja um ano razoável e acreditamos que o escoamento do produto se faça com normalidade, nomeadamente a exportação, que está, ao que sei, assegurada por parte das empresas de comercialização. Portanto, há um conjunto de situações que vão afetar toda

a gente, começando pelos comerciantes locais, como os restaurantes, os alojamentos, as lojas comerciais e também os produtores locais. Esta é uma crise generalizada, que afetou todos por igual. Alguns setores vão recuperar mais rapidamente, outros irão demorar mais tempo, com cuidados redobrados e com muita força para que tudo volte à normalidade possível. GR: Ninguém tem uma varinha mágica, mas consegue antecipar alguma coisa do que serão os próximos tempos? AC: Não quero antecipar, mas vamos ter, seguramente, uma crise económica e financeira. Isto não nos tocou só a nós, mas nível mundial, e vamos levar um choque bastante grande e teremos que nos aguentar e todos teremos que contribuir para sairmos desta situação o mais rapidamente possível, sendo certo que os próximos dois anos serão complicados, mas também importantes para a recuperação económica. Certo é que todos vamos sentir isso na pele.

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Acontecem nos dias 12 e 13 de Junho

Festa do Município de Proença-a-Nova 2020 em formato diferente A Festa do Município de Proença-a-Nova será uma realidade a 12 e 13 de Junho, este ano num formato diferente e nunca antes realizado, mantendo o tema inicial ‘Plantas Aromáticas e Medicinais’.

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roença-a-Nova On Festa será uma emissão online em direto e sem interrupção durante 17 horas, à semelhança de uma emissão de um canal televisivo. A transmissão, via Youtube e Facebook, arranca na sexta-feira, dia 12, a partir das 22 horas até às 24 horas, e sábado, dia 13, a partir das 9 horas, com a transmissão em direto das comemorações do Dia do Município. O hastear da bandeira será ao som do hino nacional interpretado por Ana Sofia Ventura, seguindo-se a sessão solene e a transmissão, igualmente em direto, da missa a partir da capela de Santo António. A programação inclui apontamentos de cultura e arte, reportagens sobre diversos temas como a ciência e o Centro Ciência Viva da Floresta, o turismo de natureza e as potencialidades dos percursos pedestres, das praias fluviais e da diversidade da nossa flora e fauna ou as nossas associações; nos conteúdos de entretenimento destaca-se a música com o Grupo Coral de Proença-a-Nova, os grupos de música jovem, DJ’s e os tradicionais animadores de concertina, a cozinha ao vivo com alguns “chefs” nossos conhecidos e ainda contamos com a

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tradicional animação teatral, tudo com um ponto em comum: todos os intervenientes são naturais ou têm raízes no concelho, incluindo o cabeça de cartaz, o humorista Nilton, cujo espetáculo irá ser transmitido no sábado à noite. “A pandemia deu-nos a oportunidade de inovar, de fazer diferente. Valorizar os nossos recursos é e sempre será uma prioridade do atual Executivo. É da capacidade de nos reinventarmos que dependerá o impacto desta situação no nosso concelho”, afirma João Manso, vice-presidente da Câmara Municipal. Em breve será divulgada toda a programação e os respetivos horários. As novidades estarão disponíveis na página oficial do Facebook do Município.


Em Moimenta da Beira “a situação é dramática”

Chuvas fortes e granizo causam prejuízos elevados na agricultura O último fim de semana de Maio não deixa boas recordações aos agricultores de diversas regiões do país. Chuvas fortes e intensas quedas de granizo, em vários pontos do Centro e Norte do país, deixaram marcas profundas nas colheitas, nomeadamente cereja, maçã, vinha e mirtilo.

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Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), previa condições meteorológicas adversas para algumas regiões, onde a elevada precipitação e a queda de granizo repentina surpreendeu os residentes e provocou estragos em muitos campos agrícolas. Em Moimenta da Beira e Tarouca “a situação é dramática”

Também o concelho de Tarouca foi muito afectado. Fonte da Câmara local adiantou que “a agricultura no concelho de Tarouca está completamente destruída”, nomeadamente cereja, maçã e vinha. No sul do distrito de Viseu, algumas freguesias dos concelhos de Mangualde e Nelas foram as mais afetadas, mas Rui Costa, da COAPE, adiantou à Gazeta Rural que ainda não tem uma estimativa e que vai ser feito o levantamento dos estragos. Em Sever do Vouga produção de mirtilo foi afetada O concelho de Sever do Vouga também foi afectado com a queda de granizo, que destruiu muitos pomares de mirtilo e outras culturas. Segundo fonte da autarquia local, as freguesias de Rocas do Vouga e Couto Esteves foram as mais atingidas. Relatos nas redes sociais davam conta da queda de granizo de “dimensões atípicas”, que “caiu intensamente em alguns locais durante vários minutos”.

No sábado, o mau tempo afectou o norte do distrito de Viseu, nomeadamente os concelhos de Armamar, Tarouca e Moimenta da Beira, onde o granizo destruiu pomares de maçã, vinha e cereja. As freguesias do sul do concelho de Armamar foram as mais afectadas. Segundo o presidente da Associação de Fruticultores de Armamar, José Osório, numa primeira estimativa, “na freguesia de Cimbres o granizo destruiu por completo vinhas e pomares. Já nas freguesias de S. Martinho e São Cosmado a produção está comprometida em cerca de 70%”. No concelho de Moimenta da Beira “a situação é dramática”, referiu Ana Pinto, na Associação de Fruticultores Beira-Varosa. Ao que apurámos, a diretora regional de Agricultura e Pescas do Norte visitou a região para se inteirar dos estragos provocados pelo granizo, que destruiu milhares de hectares de maçã e vinha. Os produtores mostram-se desolados e garantem que a produção deste ano ficou arruinada. Recorde-se que a produção de maçã nesta região represente um volume de negócios que ronda os 60 milhões de euros.

Cereja da Cova da Beira “muito afectada” Em plena época de panha da cereja, a região da Cova da Beira também foi fortemente afetada. Para além da cereja, os pomares de maçã e as vinhas também foram atingidos. O presidente da Câmara da Covilhã admite que a produção “está totalmente perdida”. Em declarações à Rádio Renascença, Vítor Pereira admite um cenário “difícil” para os agricultores. Já a Câmara do Fundão apelou à “urgente” aprovação de apoios para os agricultores, na sequência da trovada, que arruinou “completamente” o ano agrícola, com prejuízos que podem ascender os 20 milhões de euros só naquele concelho. “O ano agrícola está completamente arruinado e se não houver rapidamente uma resposta concertada de todos e de diferentes linhas de apoio, estaremos a pôr em causa, para muitos anos, aquilo que é uma das maiores fontes de rendimento e de sustentabilidade económica, social e ambiental, como é a agricultura na região”, afirmou o presidente da Câmara do Fundão, Paulo Fernandes. Mas o mau tempo afetou outras regiões do país, nomeadamente no Minho e em Trás-os-Montes, causando estragos e prejuízos elevados aos agricultores. www.gazetarural.com

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Através do Programa de Desenvolvimento Rural

Ministério da Agricultura ‘procura’ 35 milhões de euros de apoios ao setor Está em curso a negociação de medidas adicionais para apoiar o setor agrícola, face ao impacto da Covid-19, através do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR), que podem mobilizar 35 milhões de euros, segundo adiantou Maria do Céu Albuquerque, numa audição parlamentar na Comissão e Agricultura e Mar.

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vid-19, são alavancadas com dinheiros públicos do Orçamento do Estado. A líder do Ministério da Agricultura precisou que, numa primeira fase, foram utilizados mais de dois milhões de euros do orçamento nas linhas de crédito, acrescentando que montante igual vai ser colocado para alavancar a linha de 30 milhões de euros para o setor das flores. Paralelamente, entre um a dois milhões de euros do orçamento podem ser aplicados na linha que o Governo está a avaliar para apoiar as quebras na produção de cerejas, decorrentes do mau tempo verificado entre Março e início de Abril. Na mesma audição, Maria do Céu Albuquerque notou que o abastecimento não foi comprometido face à pandemia, tendo-se registado uma descida na procura devido a alterações nos hábitos de consumo, ao encerramento do canal Horeca (hotéis, restaurantes e cafés), bem como à retração no turismo. “Há um excesso de oferta e diminuição da procura, portanto há excedentes de produção e o que fizemos, até à data, foi para minimizar esta situação”, referiu a ministra da Agricultura, destacando as portarias destinadas às cadeias curtas e a retirada de produtos do mercado.

stá em curso a negociação de uma proposta da Comissão Europeia sobre a possibilidade de mais medidas com vista a apoiar os setores afetados, recorrendo ao Programa de Desenvolvimento Rural (PDR), na medida Covid-FEDER [Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional], que pode vir a mobilizar até 35 milhões de euros”, avançou a ministra. A governante sublinhou ainda que o Governo vai reprogramar o PDR 2020, através das medidas já anunciadas e de outras, minimizando as perdas pela diminuição da procura e garantindo as condições para os agricultores e produtores responderem à reabertura do canal Horeca (hotéis, restaurantes e cafés). A ministra da Agricultura vincou também que o Orçamento do Estado está a ser utilizado para garantir que a atividade agrícola não pára, sublinhando que o abastecimento não foi comprometido perante a pandemia. “O Orçamento do Estado contempla aquilo que é necessário para garantir que a atividade não para, nomeadamente a contrapartida pública nacional do PDR (Programa de Desenvolvimento Rural) 2020, que chega a todos os agricultores, nas Exportações agroalimentares subiram mais de 5% por medidas de desenvolvimento rural”, afirmou Maria do Céu ano na última década Albuquerque, em resposta aos deputados, numa audição parlamentar na Comissão de Agricultura e Mar. A ministra da Agricultura avançou também que as exporConforme apontou a governante, todas as linhas de crétações de produtos agroalimentares subiram a um ritmo sudito, avançadas para travar o impacto da pandemia de Co12

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perior a 5% por ano na última década, acima das importações que avançaram 2,9%. “Nos últimos 10 anos, as exportações cresceram a um ritmo superior a 5% ao ano, quando comparamos com importações que cresceram 2,9% ao ano, contribuindo para equilíbrio da balança comercial”, indicou Maria do Céu Albuquerque. A governante sublinhou ainda que este setor “tem um importante peso na economia nacional”, gerando cerca de 4% do valor acrescentado bruto (VAB) e quase 11% do emprego, representando mais de 7% das exportações de bens e serviços da economia. Durante a sua intervenção, a ministra notou ainda que, nos últimos tempos, o setor foi sujeito a um “desafio ímpar”, devido à pandemia de Covid-19, garantindo produtos seguros e de qualidade, mas com um aumento de custos e redução das margens de lucro. Maria do Céu Albuquerque garantiu que é uma prioridade do Ministério da Agricultura mitigar os efeitos que a pandemia teve no setor, assegurando, por outro lado, o crescimento económico. Posto isto, a governante agradeceu aos agricultores, produtores, empresários e restantes trabalhadores, associações e entidades do setor agrícola, que asseguraram o abastecimento de alimentos à população, apesar do impacto da Covid-19.

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Em pratos limpos

Porbatata quer colocar a batata na mesa dos portugueses A época da batata nova chegou e a Porbatata - Associação da Batata de Portugal lançou o desafio aos consumidores de “pôr a batata em pratos limpos”. Até setembro, está em curso a colheita deste alimento e, para desafiar os consumidores a colocarem a batata à sua mesa, a Porbatata lançou uma campanha nas suas redes sociais.

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dente da Porbatata e Tânia Fonseca, vogal Conselho Fiscal da Porbatata. O evento foi transmitido em simultâneo do canal de YouTube da Porbatata, do Facebook da associação e também do Facebook da revista Frutas Legumes e Flores. Pilar da gastronomia portuguesa Esta campanha da Porbatata tem o apoio institucional do Ministério da Agricultura e conta com a parceria do Crédito Agrícola. No vídeo, já divulgado, é sublinhado que a batata é uma excelente fonte de energia, utilizada da cabeça aos pés (zero desperdício) e fonte de vitaminas, potássio e cálcio. É um pilar da gastronomia portuguesa, presente nos momentos de maior partilha. “Sou batata portuguesa – No lugar certo, na sua mesa” é o repto deixado. Em Portugal, o consumo per capita de batata é de 93,6 quilos por ano. É produzida em todo o país, com destaque para as zonas Entre Douro e Minho, Trás-os-Montes, Beira Interior, Beira Litoral, Oeste, Ribatejo, Península de Setúbal e Costa Alentejana. No total, a área ocupada pelo cultivo deste alimento totaliza 22 mil hectares e a produção média atinge as 400 mil toneladas anuais.

amos pôr a batata em pratos limpos?” é o desafio lançado num vídeo que pretende enaltecer os atributos da batata e apelar ao consumo, naquela que é a época de produção mais forte do ano. Este ano a fileira da batata enfrenta enormes dificuldades. A pandemia de COVID-19 praticamente paralisou as vendas para o canal horeca. A par disso, são poucas as perspetivas de exportação. “Amada por uns, incompreendida por outros, a batata é um alimento incontornável da gastronomia portuguesa. Com esta iniciativa queremos lembrar a importância nutricional da batata e o seu papel de destaque na nossa mesa e também na Dieta Mediterrânica. Estamos na época da batata e, por isso, este é o momento ideal para lembrar os portuguesas da sua importância. É fundamental desfazer mitos e promover o consumo, sobretudo, no contexto atual”, diz Sérgio Ferreira, presidente da Porbatata. O lançamento oficial desta iniciativa decorreu num webinar que contou com a participação de Nuno Russo, Secretário de Estado da Agricultura; Pedro Pimentel, diretor-geral da Centromarca; Rui Paulo Figueiredo, presidente da SIMAB; César Machado, da direção de Marketing Estratégico do Crédito Agrícola; Sérgio Ferreira, presi14

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Consolidando as estratégias municipais de valorização desta arte

CIM Região de Coimbra lança candidatura para promover a Arte Xávega Aceitando o desafio lançado pelo Município de Mira, a Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Coimbra reuniu os Municípios de Cantanhede, Figueira da Foz e Mira, as Universidades de Coimbra (UC) e NOVA de Lisboa e o Iceland Ocean Cluster numa parceria para a salvaguarda e sustentabilidade do património singular da Arte Xávega, consolidando as estratégias municipais de valorização desta arte.

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istoricamente, os três municípios da zona costeira da Região de Coimbra partilham uma tradição de usos e costumes ligados ao mar, o que faz com que esta Região seja uma das zonas de maior expressão da Arte Xávega em Portugal. A candidatura “Xávega em rede”, inserida no programa EEA Grants, consiste na criação de centros de memórias de Arte Xávega, através da requalificação de imóveis relacionados com esta prática ancestral. Um dos principais objetivos passa por valorizar e preservar a memória do conhecimento e exercício das práticas das artes xávegas, promovendo contextos de formação e aprendizagem colaborativa junto de diversos públicos, em particular mais jovem, contribuindo para a promoção da literacia do mar e da sustentabilidade dos oceanos. É do interesse de todos os parceiros transformar a Arte Xávega em património de interesse municipal. Nesse sentido, a CIM Região de Coimbra, como entidade promotora da candidatura, vai coordenar o desenrolar das atividades nas suas diversas vertentes, assegurando uma comunicação eficaz entre os participantes e o cumprimento dos objetivos propostos. Dotados de conhecimento local privilegiado, os Municípios de Cantanhede, Figueira da Foz e Mira serão respon16

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sáveis pela implementação das metodologias afetas ao projeto, nomeadamente a requalificação do património arquitetónico, estruturas e áreas circundantes, bem como à recolha, partilha e divulgação da memória social e cultural junto das respetivas comunidades, assegurando a sua continuidade a longo prazo. A rede criada pelos municípios promoverá as melhores práticas de colaboração entre entidades públicas. A UC e a NOVA de Lisboa contribuirão para a informação científica acerca da arte xávega e o parceiro islandês Iceland Ocean Cluster colaborará com a realização de workshops para dinamizar o intercâmbio entre vários stakeholders.


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Portugal participou com um investigador da UTAD e vice-presidente da EuAWE

Estudo europeu analisa consumo de vinho durante o confinamento Conscientes da importância económica, social e cultural do vinho em vários países da União Europeia, a European Association of Wine Economists (EuAWE) e a Cátedra Wine and Spirits do INSEEC, da Universidade de Bordéus, realizaram um inquérito em Espanha, Bélgica, Itália, França, Áustria, Alemanha, Portugal e Suíça, a fim de perceberem de que forma o confinamento, durante a pandemia COVID-19, afetou o comportamento dos consumidores europeus de vinho.

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aplicação do inquérito decorreu entre 17 de abril e 10 de maio de 2020. Porém, este primeiro estudo tem por base 6600 respostas obtidas até 30 de abril, em Espanha, França, Itália e Portugal. Os responsáveis do estudo salientam “que a amostra não pretende ser representativa da população dos países estudados, mas corresponder, sobretudo, à população de consumidores de vinho e de outras bebidas alcoólicas”. Os resultados desta fase do estudo encontram-se disponíveis em www.euawe.com. Posteriormente, e com os dados totais recolhidos, será efetuada uma “análise estatística e econométrica mais complexa e complementar”. Frequência crescente no consumo Nos quatro países, a frequência do consumo de vinho “aumentou acentuadamente” com o confinamento, tendo “diminuído” na cerveja e nas bebidas espirituosas. A maior frequência no consumo ocorreu na classe etária 30-50 anos e, distintamente, menos nos jovens. Foi em França que este aumento foi mais acentuado. Também em Espanha, Itália e Portugal foi verificado que nas faixas de idade “mais elevadas” a tendência para consumir vinho “é maior”. Fatores como o rendimento familiar e não ter crianças no agregado, “contribuíram para este aumento”, com as famílias de “rendimentos mais baixos a aumentarem a frequência do consumo de cerveja”. Alteração nos padrões de compra e consumo 18

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Os resultados mostram uma redução das despesas em bebidas alcoólicas, especialmente em bebidas espirituosas. Também “O preço médio de compra do vinho diminuiu significativamente”. Os supermercados foram, durante o confinamento, o principal local de aquisição de vinhos. As garrafeiras pessoais tornaram-se a “segunda fonte mais importante de abastecimento”, a seguir aos supermercados. Apesar de mais de 80% dos inquiridos não ter utilizado a opção de compra online, “8,3% dos italianos, 6,6% dos espanhóis, 5,2% dos portugueses e 4,6% dos franceses compraram vinho pela primeira vez via Internet”. No entanto, deu-se a “explosão do fenómeno das provas/degustações digitais”, (provas guiadas através de webinars ou teleconferências). A emergência deste fenómeno é relevante entre jovens estudantes Italianos e entre os franceses “jovens e adultos na classe etária entre os 30 e os 50 anos nas zonas urbanas e com rendimentos confortáveis”. Verificou-se também “um aumento significativo” do consumo de vinho por “pessoas que bebem sozinhas, especialmente entre os homens com rendimentos modestos e desempregados”. Os jovens e os habitantes das zonas urbanas que trabalham no setor terciário “tendem a beber vinho rapidamente após a compra”. Uma possível interpretação para este comportamento poderá estar ligada à falta de espaço na habitação ou de garrafeira, e à fraca cultura vínica, por parte dos mais jovens. Os franceses são os mais “propensos a guardar o vinho antes de o beberem”, especialmente em agregados familiares com pelo menos dois filhos, tendência que “permitiu consumir mais do que inquiridos dos outros países”, durante o confinamento.


“estratégia de comercialização bem-sucedida por parte desses agentes económicos”. Que sinais para o setor?

Aceleradores de consumo Foi verificado neste estudo que a ansiedade gerada pela pandemia foi “fator impulsionador do consumo de bebidas alcoólicas em todos os países”. Também, além do medo do vírus, os inquiridos expressaram um “receio muito forte das consequências económicas da crise sanitária”. Esta “ansiedade económica” teve impacto, no “aumento da frequência do consumo de bebidas alcoólicas”. Por outro lado, a dimensão do agregado familiar, especialmente no estar sozinho ou sem crianças, verificou-se que foi “maior a tendência para consumir bebidas alcoólicas e com maior frequência durante o confinamento”. Neste sentido, pode ser considerado que fatores como a “solidão, o desemprego e o baixo rendimento” originaram o aumento da frequência do consumo de bebidas alcoólicas, mas também, outros, sobretudo por razões pessoais, como “gosto do sabor” ou “o vinho relaxa-me”. Já por razões sociais, a partilha com amigos, provas e degustações coletivas, “tendeu a diminuir ou a estagnar”. No entanto, o confinamento fez com que aqueles que gostam de “vinho sobretudo pelo vinho” bebessem com “mais frequência” do que os outros. Também a receção de informação e de oferta pelos produtores ou distribuidores parece estar associado a um “aumento significativo do consumo”, o que pode significar uma

Cerca de “70% dos inquiridos consideram que é necessário favorecer a compra de vinho local” neste período de crise. Resultado que aponta para a preferência por circuitos curtos na indústria alimentar e para os produtores reaprenderem a “seduzir e acolher os compradores locais, mas também antecipar mercados de exportação de menor dimensão”. A maioria das pessoas pensa deixar de “organizar uma prova/degustação on-line após o confinamento, embora 25% dos inquiridos que participaram nesta experiência gostariam de continuar”. Ao desviar-se do modo tradicional de promoção do vinho, “esta nova prática levanta muitas questões em termos de marketing, vendas e serviços” ao consumidor. O elevado consumo de vinho em stocks pessoais conduzirá a uma “reconstituição das existências esvaziadas durante o confinamento? Os autores sugerem que é de “prever uma retoma nas compras de vinhos mais caros (vinhos de guarda), no curto prazo”. Um uma forma geral as conclusões deste estudo preliminar, apontam para uma “eventual mudança no comportamento e hábitos do consumidor”, consequência da epidemia COVID-19, a que a “fileira vitivinícola deve estar atenta”. Por parte dos investigadores o “compromisso passa pelo aprofundamento dos resultados obtidos nesta consulta, utilizando métodos estatísticos e ecométricos mais profundos”, salienta João Rebelo, investigador da UTAD que representa Portugal neste estudo.

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Avesso destaca-se entre os melhores verdes 2020

Vinho da Quinta de Gomariz recebeu Grande Medalha de Ouro O vinho Quinta de Gomariz Colheita Seleccionada Avesso 2019 foi considerado o melhor vinho do ano no Concurso “Os Melhores Verdes”, promovido anualmente pela Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), que elegeu os 14 melhores Vinhos Verdes da Região em 13 categorias distintas. O mesmo vinho foi também premiado na categoria Ouro para Vinho Verde Avesso.

“Num ano em que, mais do que nunca, é necessário destacar a excelência dos produtos portugueses, este concurso afirma-se como uma importante ferramenta de promoção dos Vinhos Verdes, apresentando diferentes perfis que se afirmam pela qualidade de um vinho único no Mundo. Registamos com entusiasmo que as colheitas iguais ntre 243 amostras em prova cega, o júri destacou 13 vinhos na ou superiores a três anos continuam a aumentar categoria Ouro, 14 na categoria Prata e 149 na categoria Honas inscrições, confirmando o enorme potencial de ra, num total de 177 vinhos seleccionados por um júri constituído guarda dos Vinhos Verdes, que tem sido uma aposta por Óscar Pereira (Direcção Regional da Agricultura e das Pescas estratégica da CVRVV na valorização do nosso produdo Norte), Luís Correia (Instituto Politécnico do Porto), dois repreto e da nossa marca”, destaca Manuel Pinheiro, presisentantes da Junta de Recurso (Carlos Teixeira e António Sousa), dente da CVRVV. quatro elementos da Câmara de Provadores da CVRVV (Maria Recorde-se que “Os Melhores Verdes” são seleccioJosé Pereira, Sandra Pereira, Celeste Pereira e Bárbara Roseira) e nados em duas etapas, com todos os vinhos provados José Augusto Moreira (Jornal Público). em regime de absoluto anonimato. Na primeira etapa Nas categorias Vinho Verde e Vinho Regional Minho com co(pré-seleção), a prova incide nos vinhos das categorias lheita igual ou inferior a 2017, a edição de 2020 registou um mais concorridas, cabendo ao júri escolher os dez melhoaumento de inscrições em relação ao ano anterior, sublinhanres para a etapa seguinte. O júri de pré-seleção é consdo a crescente aposta no potencial de guarda dos vinhos da tituído por quatro representantes da Junta de Recurso e Região. As categorias Grande Medalha de Ouro, Ouro e Prata três elementos da Câmara de Provadores da Comissão dos totalizam 28 vinhos escolhidos em prova cega pelo painel de Vinhos Verdes. provadores nacionais. A segunda etapa atribui os prémios Ouro, Prata e Honra

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aos melhores vinhos do ano e o júri que os elege é constituído por representantes da Região dos Vinhos Verdes, da Câmara de Provadores da Comissão dos Vinhos Verdes e de outras Câmaras de Provadores nacionais, de institutos de investigação, da Direção Regional de Agricultura, escanções e comunicação social. O júri de 2020 provou 243 amostras a concurso, agrupadas em oito grandes categorias: Vinhos Verdes Brancos, Rosados, Tintos, de Casta, Colheita Igual ou Inferior a 2017, Espumantes de Vinho Verde, Aguardentes de Vinho Verde e Vinho Regional Minho. Os prémios Ouro e Prata foram atribuídos ao primeiro e segundo classificados em cada categoria e os prémios Honra aos restantes concorrentes com pontuação igual ou superior a 80 pontos.

“Os Melhores Verdes 2020” | Grande Medalha de Ouro: Quinta de Gomariz Colheita Seleccionada Avesso 2019 “Os Melhores Verdes 2020” | Categoria Ouro: Vinho Verde Branco | Abcdarium Superior 2019; Vinho Verde Branco | Casal da Torre de Vilar Escolha 2019; Vinho Verde Rosado | Abcdarium Escolha 2019; Vinho Verde Tinto | Dom Diogo Colheita Seleccionada Vinhão 2019; Colheita < 2017 | Pluma Reserva Alvarinho 2017; Vinho Verde Alvarinho | Quinta de Alderiz Alvarinho 2019; Vinho Verde Arinto | Abcdarium Arinto 2019; Vinho Verde Avesso | Quinta de Gomariz Colheita Seleccionada Avesso 2019; Vinho Verde Loureiro | Opção Loureiro 2019; Vinho Verde de Casta | Quinta da Levada Azal 2019; Aguardente de Vinho Verde | Adega de Ponte da Barca Aguardente Vínica Velha XO; Espumante de Vinho Verde Branco | Valados de Melgaço Reserva Extra Bruto Alvarinho 2017; Vinho Regional Minho | Abcdarium Alvarinho 2019; “Os Melhores Verdes 2020” | Categoria Prata: Vinho Verde Branco | Pecado Capital Escolha 2019; Vinho Verde Rosado | Raza Escolha 2019; Vinho Verde Tinto | Adega Ponte de Lima Vinhão 2019; Vinho Verde Tinto | Via Latina Grande Reserva Vinhão 2018; Colheita < 2017 | Vila Nova Reserva Avesso 2015; Vinho Verde Alvarinho | Solar de Serrade Alvarinho 2019; Vinho Verde Arinto | Modestu’s Arinto; Vinho Verde Avesso | Abcdarium Avesso 2019; Vinho Verde Loureiro | Quinta D’Amares Loureiro 2019; Vinho Verde Loureiro | Vila Nova Loureiro 2019; Vinho Verde de Casta | Abcdarium Azal 2019; Aguardente de Vinho Verde | Dona Paterna Aguardente Vínica XO Alvarinho; Espumante de Vinho Verde Branco | Alvaianas Reserva Extra Bruto Alvarinho 2016; Vinho Regional Minho | Manhufe Alvarinho 2019.

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Sucede a Jorge Monteiro na presidência executiva da associação

Frederico Falcão é o novo presidente da ViniPortugal

Frederico Falcão é o novo presidente da direcção da ViniPortugal, associação interprofissional para a promoção internacional dos Vinhos de Portugal. O novo líder sucede a Jorge Monteiro na presidência executiva da associação.

moção dos Vinhos de Portugal a nível global e é nesse caminho que pretendo prosseguir nos próximos anos, colocando ainda mais energia para tentar ajudar o sector a crescer de uma forma mais rápida”, afirma Frederico Falcão. O novo presidente da ViniPortugal aponta três s novos órgãos sociais para o triénio 2020/2023 foram eleitos prioridades para o mandato que acaba de iniciar e na Assembleia Geral que teve lugar nas instalações do CNEque passam por criar um observatório de mercados MA, em Santarém. A direcção liderada por Frederico Falcão integra internacionais; reforçar a aposta na formação dos ainda Jorge Basto Gonçalves, presidente do Conselho de Adminisagentes económicos e promover mais acções para tração da Fenadegas – Federação Nacional das Adegas Cooperativalorizar os vinhos portugueses no mercado intervas, em representação da Produção, e João Gomes da Silva, adminacional, procurando aumentar o preço médio por nistrador de marketing e vendas da Sogrape, em representação garrafa. Responder aos desafios colocados aos vinhos do Comércio. Natural da Chamusca, Frederico Falcão é licenciado em Agroportugueses pela pandemia da Covid-19 é outra das prioridades. nomia pela Universidade de Évora, com pós-graduação em Enologia pela Universidade Católica do Porto. Desenvolveu a sua carreira como enólogo em vários produtores de vinho (Esporão, Companhia das Lezírias, Pegos Claros e Fundação Abreu Callado). Entre 2012 e 2018 foi presidente do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), tendo sido o mais jovem presidente deste instituto. Entre 2018 e 2019 foi CEO da Bacalhôa. “É com muita satisfação que assumo a liderança da ViniPortugal. É uma associação que conheço bem, que tem vindo a desenvolver um trabalho muito meritório na pro-

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Para mostrar o melhor que temos cá dentro

Nova plataforma permite aos portugueses fazer ‘Férias em Portugal’ Já está disponível uma plataforma de marcação de férias em Portugal que vai facilitar o acesso dos portugueses ao melhor que têm cá dentro, permitindo fazer reservas simples e flexíveis de alojamento e atividades em território nacional.

deiramente deste nosso cantinho? Este é o tempo para (re)descobrir as maravilhas nacionais, ao mesmo tempo que contribuímos para a riqueza interna”. Com experiência nesta área e o apoio da comunicação da Make It Digital, planearam as ‘Férias em desafio que este novo serviço lança é simples e visa aproveiPortugal’ para mudar o paradigma do turismo natar este ano, com menos ocupação turística estrangeira, para cional e fazer ver os portugueses que, ficar “trancagozar em pleno do que é nosso. “Nem tudo é mau neste contexto dos” em Portugal é verdadeiramente um privilégio. de pandemia e, por pior que seja o impacto da falta de turistas em A maior parte dos parceiros e agentes de turismo Portugal, trata-se também de uma oportunidade única para usufruir contactados para fazer parte do ‘Férias em Portugal’ dos recantos mágicos que temos por cá, sem as grandes enchentes percebeu de imediato a mais valia deste projeto. “A que nos fazem sentir estrangeiros no nosso próprio país”, referem adesão tem sido fantástica em termos de parceiros, os promotores da iniciativa. mas acreditamos que, com o crescente desconfinaO Férias em Portugal “surge num contexto desafiante, de muita mento e o lançamento da plataforma, muitos outros turbulência no sector, para apelar a um esforço conjunto de aposvão perceber que este é um veículo de reservas que ta no melhor do que temos cá dentro e para que o turismo não os vai ajudar a manter a sua atividade e não vão querer registe perdas (ainda mais) significativas”, referem. ficar de fora”, sublinhou o fundador. A história é simples. João, que deu início a este projeto com O site pode ser visitado em https://www.ferias-ema sua mulher e mais dois amigos Sérgio e Catarina, apercebeu-portugal.pt/. -se do problema em conversa com um casal que trabalha numa agência de viagens e que cedo sentiu as consequências que esta pandemia ia ter no sector do turismo. “Turismo estrangeiro em Portugal, principalmente com os números que tínhamos até à data, só daqui a dois anos, na melhor das hipóteses. Os portugueses irem lá para fora também não é para breve”, afirma João, dando voz às palavras do casal amigo e aos estudos mais recentes sobre o turismo a médio-longo prazo. Portugal é, há 3 anos consecutivos, considerado o melhor destino do mundo. “Temos um país incrível, com imenso para descobrir e com uma oferta cultural extremamente rica, que atrai todos os anos mais de 20 milhões de turistas de todos os cantos do mundo. Mas e nós, o que conhecemos verda-

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Tenciona captar turistas para o território

Município de Manteigas quer ser alternativa às praias do litoral O município de Manteigas, no distrito da Guarda, pretende ser uma alternativa às praias do litoral, devido às limitações causadas pela pandemia da covid-19, e quer captar turistas para o território.

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presidente da autarquia de Manteigas disse que o município, que se situa na Serra da Estrela, decidiu fortalecer a promoção das potencialidades locais, para captar visitantes nos próximos meses. “Face à situação que se vive neste momento no país, não haverá grandes possibilidades de se fazer turismo nas praias e o nosso território, com espaços abertos, no âmbito do denominado turismo de natureza, pode ser uma alternativa às famílias impedidas de fazer praias no litoral”, afirmou Esmeraldo Carvalhinho. O Conselho Empresarial Municipal de Manteigas (CEMM) decidiu desenvolver “uma campanha de ‘marketing’ territorial planeada, tendo em vista a captação do turismo interno nesta primeira fase, através da criação de diversas ações de comunicação”, nomeadamente o “fortalecimento ao nível da publicidade do território”, segundo o autarca. O objetivo de analisar os efeitos da pandemia da covid-19 foram explicadas as medidas já adotadas pela Câmara de Manteigas e decididas iniciativas para dinamizar a economia local. O município refere em comunicado que foi decidido o “reforço financeiro do Fundo Municipal de Emergência Social para resolução de situações emergentes da quebra de rendimentos das famílias” e realizar um investimento público, na ordem dos 600 mil euros, “designadamente ao nível da construção de obras municipais por forma a mitigar os efeitos da pandemia na economia local (área da construção civil)”. O município também determinou aderir à plataforma digital de vendas ‘online’ ‘Marketplace’ “BEIRANOSSA”, apoiada pelos 15 municípios da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela e administrada e desenvolvida pela Associação Empresarial da Região da Guarda - NERGA. Esmeraldo Carvalhinho adiantou que a autarquia a que preside pretende “reforçar a economia local”, para continuar “a criar postos de trabalho” e manter as taxas de crescimento que se verificavam antes da 24

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pandemia. O município decidiu aplicar verbas que não foram gastas em atividades canceladas, e em outras áreas que não são prioritárias, em ações mais urgentes como o reforço do Fundo Municipal de Emergência Social. “É absolutamente necessário que todo e qualquer município faça a redefinição das rubricas orçamentais à nova realidade, para mitigar os efeitos da pandemia junto das famílias e das empresas”, afirmou. O presidente da Câmara de Manteigas preside ao CEMM (que visa colaborar na definição das políticas municipais de desenvolvimento económico), que é constituído por representantes locais dos setores primário, secundário, terciário e economia social, do NERGA e do Instituto de Emprego e Formação Profissional.


Proprietários de alojamentos turísticos reuniram com o Executivo Municipal

Proença-a-Nova prepara o arranque da época alta no turismo Aproveitar a oportunidade neste período negativo através de uma campanha de sensibilização articulada, de modo a potenciar os recursos naturais e as ofertas culturais existentes no concelho, deverá ser o ponto de partida para atrair turistas durante a época de veraneio que se aproxima. Esta foi uma das conclusões da reunião entre os proprietários de alojamentos turísticos a operar no concelho de Proença-a-Nova e o Executivo Municipal.

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uma altura em que as pessoas têm mais restrições em viajar para o estrangeiro e para os locais habitualmente designados como de turismo de massas, o interior do país tem sido apontado como uma alternativa importante pela tranquilidade, a segurança e saúde que proporciona. Desta forma, “este período diferenciado que nos toca a todos deve ser encarado como uma ferramenta de atratividade. É verdade que nos condicionou durante um largo período de tempo, mas agora poderá servir para estes territórios de baixa que ainda estão a ser definidas pelo Governo, por indensidade como um elemento de atratividade no que se prende termédio da Agência Portuguesa do Ambiente e da com a segurança e os nossos alojamentos possuem essa condiDireção-geral de Saúde, mas algumas já estão a ser ção”, incentivou João Lobo, presidente da Câmara de Proença. implementadas, tais como a sinalização e delimitaTodos os alojamentos têm que ter um “Protocolo Interno” ção dos espaços a ocupar com distanciamento nunonde devem constar as normas de utilização e de limpeza, além ca inferior a 1,5 m; zona de solário demarcada com de que podem fazer programa de formação online sobre o Selo guarda-sol com três metros de distanciamento entre “Clean & Safe” do Turismo de Portugal, o qual já foi atribuído cada guarda-sol; estacionamento com nova marcação; a alguns agentes em Proença-a-Nova. Esta iniciativa destina-se vigilante na praia para apoio aos condicionalismos dos a empreendimentos turísticos, alojamento local, empresas de espaços, além dos nadadores-salvadores. animação turística e agências de viagem e turismo que adotem Foram ainda apresentadas as formações online e os os procedimentos mínimos de limpeza, higiene e medidas básiciclos de videoconferências temáticas “Vê Portugal ON” cas de prevenção e controlo da COVID-19. promovidas pelo Turismo Centro de Portugal e as mediNeste encontro, os agentes turísticos manifestaram as suas das de apoio existentes para a economia em geral e para preocupações relativamente à chegada dos turistas, partilhao setor do turismo em particular, estando o Gabinete de ram a sua experiência e foram tranquilizados por parte do exeApoio ao Empresário e Agricultor disponível para prestar cutivo municipal relativamente àquilo que está a ser feito e ao esclarecimento de dúvidas. manual de boas práticas que está a ser elaborado, por exemplo, no que toca à abertura da época balnear que irá acontecer a 15 de Junho e se prolongará até 13 de Setembro. Haverá novas regras de acesso às praias fluviais, zonas de lazer e piscinas públicas do concelho de Proença-a-Nova e www.gazetarural.com

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Opinião

Mudar a floresta ou mudar as atitudes? Eng. José Luís Carvalho – Navigator Carvalho, J.L et al, 2019: Impacto da Gestão na Produtividade dos Eucaliptais região do Baixo Vouga, Expoflorestal 2019, Navigator (estudo não publicado) (NR: Texto original) As florestas na Europa desempenham um papel fundamental para atingirmos os objectivos da sustentabilidade. A floresta portuguesa tem pelo menos uma singularidade, pois mais de 90% é de propriedade privada, de famílias ou empresas, e na região Norte e Centro essas parcelas são de muito pequena dimensão e fragmentadas. A falta de gestão florestal é comum, mas como já foi demonstrado, essa gestão proporciona melhores rendimentos e melhor qualidade ambiental. Há bons exemplos de mudança de paradigma, e para criar uma transformação na floresta é necessário que as políticas públicas incorporem a mudança sistémica na sua atuação, envolvendo os que trabalham ou vivem nas comunidades rurais na definição das necessárias transições.

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Norte e Centro. Principalmente nessas regiões a floresta tem um elevado nível de abandono, não se efectuando práticas de gestão florestal. É amplamente reconhecido que sem intervenção e gestão, nas nossas condições climáticas, estamos a aumentar o risco de incêndio, a diminuir a capacidade produtiva e a diminuir a resiliência da floresta, que independentemente de ser autóctone ou exótica, vai assim contribuir para as emissões de CO2 e negativamente para a economia, bem-estar social e biodiversidade. Num recente projeto da Navigator e Raiz em colaboração com Associação Florestal do Baixo Vouga, foram avaliadas as consequências económicas da ausência de gestão florestal. Na região de Aveiro, território habitado e do litoral, com mais de 50% de área florestal, comprovou-se que mais de 60% da área de eucaliptal não tinha sinais de gestão (Navigator, 2019).

m terço da área da Europa, 215 milhões de hectares, tem florestas, das quais 14% (30 milhões ha) tem fins exclusivos de conservação e 76% (166 milhões ha) são florestas destinadas à produção de madeira para os mais diversos fins (State of Europe’s Forests 2015). Em Portugal, a floresta de produção é também maioritária, mas tem uma característica singular no contexto europeu, a floresta é predominantemente privada, e mais de 90% pertence a famílias e empresas privadas. A legislação nacional existente é complexa e com múltiplos níveis de planeamento e decisão, e uma parte significativa dos proprietários florestais tem dificuldade na sua apreensão. Sabemos que são, na sua maioria, idosos e reformados, que a madeira e a cortiça constituem os produtos a que atribuem maior importância e que têm pouco interesse nos serviços ambientais, sendo o investimento reduzido e feito com recursos a capitais próprios, tendo como destino privilegiado a arborização (Batista et al, 2005). A produção de madeira devido à seleção de varas pode duplicar (Raiz) Os instrumentos de planeamento florestal têm em geral uma visão macroscópica e de integração das principais políticas a As áreas sujeitas a gestão (limpeza de matos, corte de desenvolver nas áreas de ambiente, energia, clima, biodiversivaras, etc.) produziam 2,5 vezes mais madeira. Pelos dadade, economia e valores culturais. A participação pública é didos do IFN6 pode-se inferir que no caso de outras ocupaminuta e/ou pouco considerada pelas tutelas, criando-se uma ções florestais (pinhais, etc.) a situação é idêntica, variandesconexão entre autoridades públicas e cidadãos, o que exdo a intensidade e a localização. Mesmo nos eucaliptais, plica, em parte, o falhanço dos modelos tradicionais da acção que são considerados como um dos poucos investimentos pública (Crespo, 2013). Atualmente emerge a noção de que, em que o proprietário privado pode esperar retorno estásendo importante o planeamento territorial estruturado, é vel (Pra, 2019) observa-se uma situação de falta de gestão, crucial para uma boa governança haver uma abordagem foapesar dos resultados positivos a obter por essa gestão cada na participação comunitária, e de gestão participativa, serem claros, o que leva a admitir que há outros factores direcionada à governança ampliada. É difícil entender como relevantes, entre os quais podemos inferir a falta de inforpoderemos transformar a floresta portuguesa sem uma mação, a desinformação veiculada pelos media generalistas, mobilização para a gestão florestal dos proprietários que se o enquadramento legal, e outras causas diversas. estima ultrapassarem os 400 mil, com maior incidência no 26

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As políticas para o Clima e para a mudança global da sociedade para uma economia menos dependente dos combustíveis fósseis estão a pressionar a floresta para providenciar um conjunto de serviços de ecossistema, aonde se incluem os produtos florestais. Num contexto de propriedade privada e de pequena propriedade fragmentada vai ser preciso encontrar soluções partilhadas, e não apenas enunciações de princípios políticos ou legislativos. É preciso uma transformação de modelos lineares para modelos sistémicos, criar uma pluralidade de redes de inovação que incluam os produtores, os utilizadores (indústria, etc), os reguladores e os especialistas, e com apoios públicos e privados (Knickel, 2009). No projecto europeu SIMWood fica claro que é necessário ter mais foco nas intervenções reais para mobilizar os proprietários para a gestão florestal ativa (Lawrence, 2018). Não basta calcular o potencial de sequestro de carbono da floresta portuguesa ou a disponibilidade futura de fibras de madeira para os diversos fins (papel, novos materiais, energia), é essencial estudar e valorizar as experiências bem-sucedidas, e entender a multiplicidade de expectativas dos milhares de famílias proprietárias de parcelas florestais, e que implicam mudanças de comportamento. Por exemplo, programas como o Projecto Melhor Eucalipto-Limpa e Aduba, com origem na Celpa, ou processos de agregação voluntária de propriedades, um projecto da Associação Florestal do Baixo Vouga, são recentes bons exemplos de casos desenhados com a participação ativa dos próprios atores da floresta. No primeiro caso, para mobilizar

os proprietários a limparem os terrenos e aumentar a produtividade em 100 mil hectares em 5 anos, e no segundo caso, a agregarem propriedades, a desenvolverem um projecto florestal comum e com rendimentos partilhados. É admissível que a floresta portuguesa possa crescer e satisfazer com melhor eficiência e menor risco as expectativas da sociedade, mas será necessário encontrar modelos de mudança sistémica, que transformem o quadro atual, e sejam adaptados às características locais e regionais.

ASS. FLORESTAL DO BAIXO VOUGA

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Com um valor base superior a três milhões de euros

Regiões de Viseu Dão Lafões e Coimbra lançam concurso para videovigilância As Comunidades Intermunicipais (CIM) Viseu Dão Lafões e da Região de Coimbra lançaram um concurso internacional para aquisição de um sistema de videovigilância florestal, com um valor base superior a três milhões de euros (ME).

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s Comunidades Intermunicipais de Viseu Dão Lafões e da Região de Coimbra lançaram um procedimento de contratação pública internacional para a aquisição de um sistema integrado de videovigilância para a prevenção de incêndios florestais para o território das duas CIM”, explica um comunicado das duas entidades. Segundo o documento, “o procedimento tem um valor base de 3.343.000 milhões de euros e visa contribuir para a deteção precoce dos incêndios e para o despacho rápido dos meios de combate”, assim como para a “definição de estratégias de combate e de apoio à decisão”. “Este representa o maior procedimento alguma vez publicitado no país e engloba a instalação de uma rede de 37 torres de videovigilância para a prevenção de incêndios florestais com abrangência nos 33 municípios de ambas as regiões”. Com este sistema, “espera-se uma cobertura adequada de ambos os territórios, tendo em consideração as áreas de maior risco, as zonas sombra e as áreas com maior histórico de incêndios florestais”. E, desta forma, as comunidades pretendem “desenvolver uma estratégia supramunicipal que permita minimizar os impactos dos incêndios florestais, potenciando os meios disponíveis para a sua vigilância, deteção e combate”.

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“O referido projeto é apoiado pelo Programa Operacional de Sustentabilidade e Uso dos Recursos (POSEUR), Fundo de Coesão e Portugal 2020, submetido no âmbito de uma parceria entre ambas as comunidades intermunicipais”. A CIM Viseu Dão Lafões é composta por 14 concelhos, um do distrito da Guarda, Aguiar da Beira, e os restantes do distrito de Viseu. A CIM da Região de Coimbra engloba 19 municípios, um do distrito de Viseu, Mortágua, e outro do distrito de Aveiro, Mealhada, sendo os restantes do distrito.


Para tornar laboratórios de investigação mais “verdes”

Revista Nature destaca trabalho de cientista portuguesa

A investigadora portuguesa Cristina Azevedo, diretora do departamento de Biopesticidas do InnovPlantProtect (InPP), um novo Laboratório Colaborativo sedeado em Elvas, é uma percursora da redução de utilização de plásticos nos laboratórios de investigação. Esse feito não passou despercebido à revista Nature, que na sua edição 581 (Maio), evidencia o esforço de Cristina Azevedo e de outros cientistas na procura de alternativas ao plástico nos laboratórios.

rante o doutoramento, os tubos de plástico não faziam sentido. “O meu próprio trabalho estava a incomodar-me, porque via à minha volta uma quantidade de tubos de plástico deitados fora por causa da necessidade de trabalhar em condições assépticas”, afirmou à Nature. Para tornar o seu trabalho em laboratório “mais verde”, Cristina Azevedo andou à procura de uma empresa que vendesse tubos de vidro. Foi difícil enmbora os materiais de plástico de uso único sejam necessácontrar, tendo em conta que o vidro entrou quase rios para a realização de muitas experiências, a especialista em em desuso nos laboratórios e os tamanhos e volumes Bioquímica não descansou enquanto não descobriu como reduzir deixaram de ser compatíveis com as câmaras de cresesse desperdício, considerado atualmente um dos graves problecimento. A razão é simples: embora seja caro, o mamas ambientais. terial de plástico descartável é mais prático e já vem A ideia surgiu quando Cristina Azevedo era investigadora no Laesterilizado. O material de vidro precisa de ser lavado boratory for Molecular and Cell Biology (LMCB), integrado na Unie posteriormente esterilizado para não comprometer os resultados das experiências. Por esta razão, os laboversity College London, onde lhe passaram pelas mãos centenas ratórios, sobretudo os que são financeiramente mais de tubos e pipetas de plástico descartáveis. Para garantir a estedesafogados, foram substituindo os tubos reutilizáveis rilização - necessária para não contaminar os meios de cultivo -, pelos descartáveis. usava-os uma vez e descartava-os para serem autoclavados. Esta Quando finalmente encontrou uma empresa que coé a realidade na maioria dos laboratórios do mundo, cuja pegada mercializava tubos em vidro, Cristina encomendou uns ambiental é astronómica comparada com outras atividades. quantos para se certificar que as leveduras e as bactérias Como exemplos, a Nature refere que o consumo de energia cresciam tão bem em vidro como cresciam em plástico. das instalações académicas de investigação é três a seis vezes E verificou que sim. Encomendou então a quantidade de maior do que dos edifícios comerciais, devido, em grande partubos de vidro necessária para todo o instituto e, a partir te, aos sistemas de refrigeração e de ventilação. Como agravande então, início de 2018, o vidro voltou a reinar no LMCB. te, os laboratórios de investigação são também grandes proFeitas as contas, só no ano de 2018 no Laboratory for dutores de lixo, um problema, lê-se na Nature, que se tornou “particularmente grave desde 2017, quando a China parou de Molecular and Cell Biology Cristina Azevedo evitou que aceitar vários tipos de plástico para reciclagem vindos dos Esfossem para o lixo 252 000 tubos de plástico. Imaginetados Unidos e da Europa, fazendo com que mais resíduos -se se o mesmo acontecesse em todos os laboratórios do fossem empilhados em aterros sanitários locais.” mundo. No LMCB, a investigadora sentia-se cada vez mais inconforEste trabalho em prol da sustentabilidade enriqueceu o mada com o facto de trabalhar com grandes quantidades de Curriculum de Cristina Azevedo e ajudou-a a destacar-se plástico para usar e deitar fora. Numa semana, só ela utiliquando se candidatou ao cargo atual de diretora do Dezava em média 150 tubos Falcon de 50 ml. E no LMCB eram partamento de Biopesticidas do Laboratório Colaborativo mais de 700 tubos, por semana. InnovPlantProtect, em Elvas, onde a investigadora afirma Para quem, como ela, cultivava bactérias e leveduras em que pretende continuar o esforço na redução do uso de mafrascos de vidro reutilizáveis quando fazia investigação duteriais de plástico.

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Opinião

CiB reage às estratégias

“Do Prado ao Prato” e “Biodiversidade 2030”

Gabriela Cruz, produtora, associada do CiB Jaime Piçarra, Presidente da Mesa da Assembleia Geral do CiB

A Comissão Europeia (CE) apresentou recenlisará o potencial das novas técnicas genómicas para melhorar a sustentemente a “Estratégia Do Prado ao Prato” (Farm tabilidade ao longo da cadeia de abastecimento alimentar.” O CiB espera to Fork ou F2F) e a “Estratégia para a Biodiversique esta visão seja levada à prática e que as decisões políticas sejam dade 2030” (EU Biodiversity Strategy for 2030). consentâneas com o uso seguro e com o conhecimento científico atual Em linhas gerais, na “Estratégia Do Prado ao Prados produtos da biotecnologia, assegurando a preocupação de dar aos to”, a CE pretende tornar mais sustentável toda agricultores a liberdade de escolher as tecnologias que melhor se adea cadeia alimentar nos países da União Europeia, quarão à sua exploração. através de ações que permitam “reduzir a pegada Entre as muitas medidas propostas na “Estratégia Do Prado ao ambiental e climática do Setor Agroalimentar da Prato”, a “redução em 50% do uso e risco dos produtos fitofarmaUE e reforçar a sua resiliência, protegendo a saúde cêuticos”, a redução em 20%, no mínimo, no uso de fertilizantes”, dos consumidores e garantindo os meios de subsis“a redução em 50% das vendas dos antimicrobianos utilizados na tência dos agentes económicos”. pecuária e na aquacultura” e aumentar as terras agrícolas com proNa Estratégia para a Biodiversidade 2030, a CE dução biológica dos atuais 8% para 25%” são as primeiras grandes pretende “contrariar os efeitos de perda de biodiverambições para 2030. sidade, como o uso insustentável do solo e do mar, a Tudo muito certo, não se levantasse uma questão fundamental: sobreexploração dos recursos naturais, a contaminaé exequível para os produtores nacionais implementarem todas as ção e as espécies exóticas invasoras. Outro dos objemedidas propostas? A concretização das metas e grandes objetitivos é prevenir e reforçar a resistência a pandemias vos têm de ter um orçamento adequado à altura das ambições. futuras e trazer oportunidades de negócio e investiCaso contrário, estaremos perante uma estratégia completamenmento para a recuperação da economia da UE”. te irrealista, até porque a reforma da PAC terá de incorporar neA Investigação e Inovação são referidas, em ambos cessariamente estas metas e ambições, desde logo nos Planos os documentos, como tendo um papel importante. Na Estratégicos dos Estados-membros. Estratégia Do Prado ao Prato, reconhece-se que “as noSem rodeios, a resposta é: não. Sem grandes apoios financeivas tecnologias, incluindo a biotecnologia e o desenvolros não será exequível. E não se trata sequer de apenas pedir vimento de produtos de base biológica, podem desemapoios. As exigências da Estratégia do “Prado para o Prato” são penhar um papel no aumento da sustentabilidade, desde muito grandes e porquê? Porque os produtores nacionais terão que sejam seguras para os consumidores e para o meio que produzir o mesmo mas com menos e sem ferramentas alambiente, trazendo benefícios para a sociedade como um ternativas às que a Estratégia lhes retira, agravado pelas novas todo. Também podem acelerar o processo de redução da ameaças emergentes de pragas e doenças ainda sem soluções dependência de pesticidas”. no seu combate. Neste sentido, e em resposta ao pedido dos EstadosPreocupado com o futuro do setor agrícola nacional, o CiB-Membros, “a Comissão está a realizar um estudo que ana-Centro de Informação de Biotecnologia levanta sérias ques30

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tões a que a “Estratégia Do Prado ao Prato” não dá resposta e que podem colocar em risco a produção de alimentos, não só em Portugal como na União Europeia e podem levar a uma perda de competitividade nas produções e da importância da atividade agrícola e agroalimentar, com o abandono das zonas rurais. Isto, com a agravante de que assistimos a fenómenos imparáveis como a globalização e o aumento da população mundial. Perguntamos: “Qual é o papel da União Europeia nos sistemas de abastecimento à escala global? Como garantir que as metas vão ser atingidas nos nossos principais parceiros e concorrentes nos mercados internacionais e uma equidade nas regras de importação? Seremos capazes de impor taxas para os produtos importados desses países, sem ter em conta as regras da OMC-Organização Mundial do Comércio? Até porque, para além do peso das exportações, que continuarão a ser essenciais, importamos muitas matérias-primas de Países Terceiros. Como grandes linhas para atingir os objetivos da “Estratégia para a Biodiversidade 2030”, a CE propõe: “regenerar os rios e os ecossistemas degradados”, “melhorar a saúde das espécies e dos habitats protegidos da UE”, “devolver polinizadores às terras agrícolas”, “reduzir a contaminação”, “tornar as cidades mais ecológicas”, “aumentar a agricultura biológica e outras práticas agrícolas respeitosas da biodiversidade” e “melhorar a saúde das florestas na UE”. E como se propõe a CE concretizar estes objetivos? Em concreto, através da “conversão, no mínimo, de 30% das terras e mares da Europa em zonas protegidas administradas com eficácia e da “devolução em mais de 10% da superfície agrícola de elementos paisagísticos muito variados”. O problema é que as estratégias apresentadas são ambiciosas e muito baseadas em metas e não em caminhos, que se não forem acompanhadas da preocupação de que todos, os que do sector agrícola vivem, mantenham ou melhorem os seus rendimentos, poderão ter um impacto deveras negativo no mundo rural dos países e muito particularmente de

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Portugal. Tal obrigará a um êxodo rural maior para as grandes cidades, acentuando, ainda mais, a degradação dos ecossistemas. Para os agricultores em geral, e de Portugal em especial, as linhas gerais apresentadas geram alguma preocupação, porque “reduzir o uso de fitofármacos em 50% e dos fertilizantes em, pelo menos, 20%”, sem alternativas viáveis para os substituir, pode comprometer, em muito, a competitividade das explorações agrícolas europeias e portuguesas, que competem com produtos vindos de países terceiros, onde os produtores não enfrentam iguais condicionantes e exigências. Produtos importados são produzidos mediante regras e recurso a fitofármacos não estão autorizados na EU. De lembrar que, nos últimos anos, os agricultores já viram reduzido o número de substâncias ativas para controle de pragas, doenças e infestantes, comprometendo o seu nível de produção e a possibilidade da tão necessária diversificação de culturas, tendo, no entanto, respondido, de forma eficaz, às exigências de um uso mais profissional e sustentável de fitofármacos e fertilizantes – com formação profissional obrigatória para todos os aplicadores, mediante a implementação de Boas Praticas de na aplicação de fitofármacos, no controlo agroindústria europeias já têm vindo a apostar apertado de equipamentos de aplicação e do uso de fitofármacos, nesta estratégia, preocupados com as emissões entre outos, o que lhes permitiu fornecer produtos seguros, sufidos GEE, o bem-estar animal, a sustentabilicientes e com qualidade reconhecida a nível mundial. dade, a eficiência da utilização de recursos. Ou É importante a Comissão Europeia não menorizar que, para os seja, nada disto é novo e disso são exemplo os agricultores europeus, a disponibilidade ou não de uma ferrameninúmeros Centros de Competência e a partilha de ta para proteger as suas culturas pode fazer toda a diferença em projetos que envolvem as empresas, universidatermos económicos. des e investigação. A preocupação com os consuAspetos em falta na Estratégia são também os procedimentos midores também tem promovido diferentes tipos de análise e autorização baseados na ciência, que deveriam ser de oferta, bem como e a autorregulação, porque mais implementados. Se o fossem, provavelmente a CE concluiria queremos ter sistemas de produção e de consumo que muitos fitofármacos não teriam de ser retirados do mercado, sustentáveis. sobretudo os mais essenciais para a produção agrícola. A UE deveria estar preocupada, a todo o momenSe a União Europeia reduzir a sua capacidade produtiva, o secto, em aumentar a competitividade da sua agritor agrícola não conseguirá enfrentar uma procura crescente por cultura e não em sobrecarregá-la com exigências, alimentos, forragens e produção não alimentar. O que levanta monetariamente dispendiosas e sem alternativas mais uma questão: As medidas propostas não contrariam as neviáveis, sem ter a certeza do exato impacto que as cessidades de abastecimento na União Europeia? Contrariam. suas intenções podem ter no sector. Também, não Quadruplicar a área da UE em agricultura biológica” – menos deverão ser os agricultores os únicos a suportar os produtiva do que a agricultura convencional em mais de 30% custos com uma maior preocupação ambiental e cli- “converter, no mínimo, 30% das terras e mares da Europa mática na UE. em zonas protegidas administradas com eficácia - por quem? A CE, ao defender, justamente, no seu documento, E devolver em mais de 10% da superfície agrícola elementos que os consumidores devem ter acesso a dietas “sãs”, paisagísticos muito variados – são medidas que retirarão área deverá ter consciência de que a escolha do que é uma para produção agrícola”, levando-nos a pensar que a UE verá dieta saudável se deve basear em recomendações funcomprometido o seu objetivo de garantir uma maior autosdamentadas na ciência e não em modas ou agendas suficiência do espaço europeu em alimentos. Modos de procomerciais, que, em muito, podem prejudicar o rendidução menos produtivos, uma agricultura convencional com mento das explorações agrícolas, ao inviabilizar, sem menos ferramentas para produzir na mesma medida de hoje, justificação séria, as reduzidas alternativas que muitas e menos área dedicada à agricultura só poderão ter como explorações têm em Portugal. consequência uma redução na capacidade exportadora da Para concluir, se alguma lição pode ser retirada da agricultura da União Europeia, e, ainda, um aumento na sua crise que enfrentamos com a COVID-19 é que a UE não dependência do exterior com o consequente aumento do rispode arriscar-se a não ter alimentos numa outra crise co de insegurança alimentar. futura. Porque, na próxima crise, poderemos não ter aliDe resto, os agricultores têm vindo a implementar, nas mentos suficientes. As metas e ambições necessitam de suas explorações, práticas mais sustentáveis, bem como tempo, de harmonização à escala global, de investimenuma crescente prestação de serviços aos ecossistemas. Não to em novas tecnologias e, sobretudo, de um orçamento será por acaso que as normas de segurança alimentar da adequado para o processo de transição. UE estão entre as mais altas do mundo. A agricultura e a 32

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A comunicação como dinamizador do negócio

PLUGMore promove formação online para o mercado agrícola Num cenário claramente marcado pelas consequências económicas e financeiras provocadas pela Covid 19, é essencial que as empresas e marcas agrícolas encontrem caminhos que lhes permitam revitalizar os seus negócios. É precisamente com este objetivo que se realiza, nos próximos dias 15 e 16 de Junho, uma formação 100% online dedicada ao tema “Comunicar para Revitalizar” e especialmente pensada para o mercado agrícola.

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sta formação, organizada pela consultora PLUG More – especializada em comunicação e formação nos mercados agroalimentares – irá abordar todas as áreas estratégicas da comunicação, passando por temas tão diversos como a assessoria de imprensa, a gestão de crises e a gestão de redes sociais. Com uma carga total de sete horas distribuídas pelos dois dias de formação, o curso irá realizar-se em regime síncrono – através de plataforma de videoconferência – possibilitando, assim, a total interação dos participantes com o formador e a realização de dinâmicas de caráter prático.

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Destinado à gestão de rega e fertilização em pomares de limão

Novo curso da Espaço Visual revela aposta no regadio No Concurso Internacional de Lyon

Vinho Tinto Casa da Ínsua Reserva 2014 medalhado com ouro em França

A consultora agrícola Espaço Visual, líder de mercado, lançou um novo curso de rega e fertilização no limão, destinado a gestores agrícolas, técnicos, operadores e outros agricultores que pretendam adquirir mais conhecimentos e competências práticas ao nível da gestão de rega e fertilização em pomares de limão.

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ste curso, disponível na plataforma e-Learning da Espaço Visual (www.espaco-visual.pt) irá dotar os formandos de conhecimentos técnicos ao nível da gestão da rega e da fertilização numa perspetiva operacional de quem necessita de tomar decisões sobre quantidades de água e fertilizante a aplicar, assim como as épocas ideais para estas operações. Entre os objetivos deste curso, destacam-se a identificação das necessidades hídricas de um pomar de limão e reconhecimento dos sistemas de avaliação da humidade no solo; compreensão dos fatores que afetam a necessidade de rega de um pomar; Identificação dos constituintes de um sistema de rega; compreensão das diferenças entre os diferentes sistemas de rega; conhecimenroduzido pelos Empreendimentos Turísticos to dos principais parâmetros que afetam a nutrição das plantas; Montebelo, o vinho Casa da Ínsua Tinto Reserva identificação dos métodos de avaliação na fertilidade do pomar: 2014 é elaborado a partir das castas Touriga-Nacional, análise de solo e de folhas; Interpretação das análises de solo e Tinta-Roriz e Alfrocheiro, tendo estagiado ao longo de de folhas; identificação das épocas e dos métodos de aplicação longos 18 meses em barrica de carvalho francês. Aprede fertilizantes; elaboração de um plano de rega e fertilização senta uma complexidade aromática em harmonia com para o pomar. a barrica, notas frutadas e especiarias. Revela sabores a “Trata-se de um curso com certificação DGERT, com acompataninos poderosos, complexo e denso, com um final de nhamento ativo e permanente pelo e-tutor, através dos fóruns boca longo e persistente. de dúvidas e do sistema de mensagens disponível na plataforma. O formando poderá estudar e realizar as avaliações ao seu Com um teor de álcool de 13,5% Vol., tem grande capróprio ritmo e nos momentos que lhe sejam mais convenienpacidade de envelhecimento, podendo, no entanto, ser tes. A metodologia de ensino tem por base a exposição teórica apreciado no momento, sendo ideal para acompanhar com recurso a suporte audiovisual, através de apresentações, pratos complexos. textos de apoio, entre outros. A avaliação é composta por Esta medalha de ouro atribuída no Concurso Internaciouma prova de conhecimentos sobre as matérias abordadas nal de Lyon vem juntar-se a dezenas de outras medalhas no final do curso.”, esclareceu o CEO da Espaço Visual, José de ouro, prata e bronze que os vinhos Casa da Ínsua têm conquistado nos últimos anos. Martino.

O vinho Tinto Reserva 2014 da Casa da Ínsua, um dos mais antigos e prestigiados produtores de vinho da Região Demarcada do Dão, foi galardoado com mais uma medalha de ouro no Concurso Internacional de Lyon, em França. O júri deste concurso, um dos de maior prestígio a nível internacional, não hesitou em atribuir a Medalha de Ouro ao vinho Casa da Ínsua Reserva 2014, a única distinção alcançada por um vinho da Região Demarcada do Dão.

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Gazeta Auto

Hyundai I30N Fastback Por Jorge Farromba

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riado à medida do seu lado selvagem, o Hyundai I30N Fastback apresenta-se com um design sofisticado e elegante, com uma performance de até 275 cv. Transmite a sensação de conduzir um carro de corrida em pleno quotidiano. São estas as permissas com que a Hyundai caracteriza este modelo. E, foi isso mesmo que fomos perceber com este ensaio.

Estética – Exterior e Interior

re a materiais e a uma qualidade de montagem que asseguram muitos anos sem ruídos parasitas.

Para este ensaio a marca disponibilizou o Fastback - o coupé - e não o modelo de 2 volumes. A estética é similar até ao pilar B, sendo que depois inflecte num desenho coupé que a marca carateriza como um “Design único e elegante, primeiro coupé 5 portas do segmento e Este I30 com tração dianteira, para dar resposta uma Silhueta estilo fastback de linhas suaves e elegantes”. Diria que ao motor mais potente do N, conta com engrenaambas as variantes do I30 são elegantes, sendo que nesta se procura gens reforçadas, um anel sincronizador em carbono mais a vertente espaço disponível. e uma embraiagem resistente, para suportar o moA frente deste I30 “especial”, com um filamento vermelho que tor turbo de 2.0 litros com quatro cilindros e injeção percorre a frente e traseira e que nos avisa que estamos em predireta que lhe permite ter até 275cv com a função de sença de uma versão diferente. A sigla N (Nurburbring) está lá para overboost que aumenta momentaneamente o bináisso mesmo, para demonstrar que é um modelo diferente e que foi rio disponível, o que, em arranques mais intempestiafinado….em Nurburbring e, num modelo que, não faz jus a granvos, provoca algumas perdas de tração. des apêndices aerodinâmicos, defletores, spoilers – o tal comproNo ecrã central ou através de 2 botões no volanmisso com a elegância – diria que gostaria de ver aqui mais destate é possível selecionar os modos de condução: Eco, cado o lettering N, pelo menos na cor vermelha. Normal, Sport, N e N Custom, sendo que cada modo Tanto a frente como a traseira têm, por questões estéticas, mas altera - e muito - a dinâmica do I30N nos parâmetros sobretudo aerodinâmicas e de sustentação, pára-choques mais do motor, amortecedores, controlo Eletrónico de Espronunciados, sendo que o traseiro conta com defletor superior tabilidade, diferencial Eletrónico Autoblocante N, som e inferior. Se se pretendia combinar desportividade e elegância, do motor, direção, Rev Matching (trata-se de um botão a marca está de parabéns, pois exteriormente essa simbiose foi presente no volante que permite transições de mudanpossível. ças mais suaves e rápidas) No interior a marca manteve toda a estrutura que suporta o E em que é isto se traduz? Se nos modos Eco e NorI30 “normal”, desde o painel de instrumentos ao tablier, sendo mal o N se comporta como um cordeiro, com conforto e que alterou aqui os bancos para uns mais competentes ba“elegância”, mas sempre com um carimbo de um veículo cquets, com bom suporte lateral e que permitem enfrentar com um comportamento acutilante e bem definido, uma horas de condução empenhada que não retiram em demasia direção direta e uma leitura competente da estrada; já os espaço nos bancos traseiros. outros modos, transfiguram por completo o I30N e além da adrenalina sentida, o conforto é reduzido mas a eficácia aumenta ainda mais e tudo se passa ainda de modo mais rápido. Neste modelo a marca ainda não utiliza a totalidade dos Como a marca diz, é a condução de um carro de corrida plásticos moles - só na parte superior do tablier, - mas recor-

Em estrada

Materiais, User Experience

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no dia a dia. Basta apontar a frente e rapidamente o i30N está la e, consoante tenhamos os sistemas de estabilidade ligados ou desligados, assim o I30 nos permite uma entrada a “quatro rodas” ou com deriva da traseira e correção do volante e acelerador. Torna-se de facto cativante cada km e acabamos por km a km ir aprendendo mais e mais do I30, o que nos permite ousar mais e mais com as novas aprendizagens.

Consumos e preço

Falar de consumos numa viatura deste género é difícil. Gasta em média 5.3 e empenhados pode subir consideravelmente, numa viatura cujo preço final ronda os 45.000€ com um equipamento de série muito completo, que inclui todos os dispositivos de segurança “tradicionais”, a que se juntam as baquets (com extensão do assento) em pele e alcântara.

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Diário de Bordos

Por Luís Serpa

Todos gostam de Palma (I) O José Luís Araújo desafiou-me a escrever uma crónica para a Gazeta Rural. Disse logo que sim, claro. Por um lado não sou homem de nãos; por outro, gosto da ideia de escrever com prazos definidos, número de caracteres, datas de entrega, etc. É um desafio para quem, como eu, está habituado a escrever sem constrangimentos.

de fora. Ou os londrinos à Torre de Londres. Quem vive numa cidade tem mais pressa em conhecer o restaurante barato onde se come perto do emprego, o bar com a melhor combinação de bebidas/preços/ clientela/miúdas giras do que os monumentos, igrejas e outros locais que os guias mencionam como “imprescindível conhecer”. Como sempre, as dúvidas vieram depois: o tema que ele me As primeiras crónicas serão dedicadas a Palma, cipropôs – viagens e turismo – tem sido a minha vida. Sou maridade onde me encontro há dois anos (e da qual ainda não visitei a Catedral, coisa que roça o insuportável, o nheiro de profissão e paixão e viajei muito. Ainda viajo, graças inconfessável, o imperdoável e o inadmissível, todos juna Deus. Já turista fui pouco, raramente. Viajo por trabalho, vou tos. E desta que lá irei, antes do regresso das multidões para onde me pedem, até há bem pouco tempo não tenho casa turísticas). em lado nenhum. Até 2008 Palma era “de Mallorca”. Nesse ano, um goTrabalhei muito em turismo – seja como skipper de charter verno de esquerda mudou-lhe o nome para Palma, con(aquilo a que em Portugal damos o nome particularmente feio siderando que “de Mallorca” era provinciano. Em 2012 de “actividades marítimo-turísticas” – seja como Tour Operaum governo de direita repôs o nome da ilha, considerando tor. A grande maioria das minhas viagens foi feita em trabalho que era bom para o turismo. Em 2016 veio um governo de e isto tem uma dificuldade suplementar: a relação que um esquerda e... adivinharam. A cidade chama-se Palma outra turista tem com os lugares é completamente diferente da de vez, tem cerca de quatrocentos e dezasseis mil habitantes, alguém que está ali a trabalhar. é a capital da comunidade autónoma das ilhas Baleares. CoUm grande clássico da literatura de viagem é a história dos parisienses que nunca foram à Torre Eiffel (a esmagamunidade e ilhas Baleares é uma curiosidade administrativa: as quatro principais ilhas do arquipélago não se dão entre dora maioria); e os outros só lá vão quando recebem visitas 38

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elas, com a possível excepção de Ibiza e Formentera. A primeira vez que vim a Palma foi em 2012, trazer um barco de Brighton, no Reino Unido. O armador – uma homem de negócios, maiorquino há provavelmente dez gerações – dizia-me que não fazia negócios com as outras ilhas. Preferia comprar e vender as janelas de alumínio em que se especializara no continente (Península, para os espanhóis) e em Maiorca, mas com as outras ilhas não tinha contactos. Perguntei-lhe porquê. Porque eles fazem o mesmo comigo, respondeu. Ali em cima especifiquei que P. (o tal armador) era maiorquino há pelo menos dez gerações. Isto é importante. Os netos de um estrangeiro que tenha vindo viver aqui e casado com uma autóctone, cujo filhos tenham feito a escola aqui, casado com locais, aprendido a língua – os seus netos, dizia, ainda são “estrangeiros”. Não sei qual é o número certo de gerações para que alguém possa ser visto como maiorquino, mas menos de quatro não são. Há uma pergunta universal, toda a gente que vem a Palma e por uma razão ou outra por aqui se demora a faz. Essa pergunta é: porque é que todos gostam de Palma? Que tem esta cidade de mágico, de tão atraente para que seja impossível não se ficar encantado desde a primeira visita? A esta pergunta tentarei responder, desajeitada, incompleta mas apaixonadamente. Palma foi oficialmente criada no ano 123 A.C. por um general romano cujo apelido era Metelo, que também existe em Portugal. Talvez os laços entre Maiorca e o nosso país, agora escassos, sejam mais antigos do que se pensa... Antes dos romanos já cá tinham estado Fenícios, Vândalos, alguns povos pré-históricos de que restam poucos traços. Situada no centro do Mediterrâneo Ocidental, Palma foi desde sempre um lugar de passagem, de pilhagens, de comércio e de pirataria. Depois dos romanos vieram bizantinos, árabes – mudando várias vezes de mãos. Sempre foi uma presa querida por todos. No século XIII a ilha foi conquistada por Jaime I de Aragão e desde aí nunca mais deixou de ser um domínio católico – apesar de ainda ter passado uns anos em mãos francesas. Uma história conturbada, no mínimo – e nem sequer falei muito dos piratas, uma constante na vida da cidade até ao século XIX. É provavelmente por isto que os maiorquinos são tão reservados. Já viram passar de tudo e preferem não se misturar.

Na verdade há duas cidades de Palma: a dos palmesanos e a dos estrangeiros – sendo que esta se subdivide em três categorias: a dos turistas, a dos residentes e a dos yachties (tripulantes de iates de luxo, de que Palma é um dos pólos mundiais). É possível viver vinte anos em Palma e não falar uma palavra de espanhol (e menos ainda de maiorquino, o dialecto local, parente próximo do catalão). Cada uma destas categorias vive separadamente das outras: residentes não se dão com turistas, estes não se dão com ninguém – muitas vezes por falta de vontade, outras por falta de receptividade alheia – os maiorquinos não se dão nem entre eles, os yachties flutuam nos bares da Lontja e não sabem sequer que Palma passa para lá da Rambla, os residentes estrangeiros pensam que estão no paraíso e ninguém no seu perfeito juízo faz muitas perguntas sobre o paraíso quando nele habita. Curioso é: todos gostam de Palma. Porquê? Em primeiro lugar, porque a cidade é linda, plácida e cálida, com uma arquitectura rica – há muito dinheiro há muito tempo – cafés e restaurantes para todos os gostos, galerias de arte, lojas de moda, livrarias (espanholas, inglesas, alemãs. A francesa fechou há um ano). Depois, porque devido à indiferença dos locais e dos diferentes grupos, cada um faz o que quer, vive como quer e ninguém se aborrece por isso. Acresce que a ilha é lindíssima: são duas ilhas numa só. A metade oeste é montanhosa – uma espécie de serra de Sintra com cem quilómetros e paralela ao mar em vez de perpendicular; a outra é uma planície que, se formos distraídos, nos faz perguntar em sobressalto se estamos no Alentejo e porque é que as casas são castanhas e altas em vez de brancas e baixas. Palma tem tudo: é uma cidade vibrante, cosmopolita, onde cada um encontra o que procura, seja o que for. Tem uma ilha lindíssima à volta. Está a duas horas de voo da maior parte da Europa. Há uma e uma só coisa que Palma não tem: mulheres feias. Por um milagre qualquer da evolução, nesta cidade até as feias são bonitas. Suponho que o mesmo se passe com os homens, não sei. É por isto que todos gostam de Palma: é uma casa que cada um mobila à sua maneira. Nas próximas crónicas falarei da “minha” Palma, a que mobilei à minha maneira e se tornou a minha casa.

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