Real Gazeta do Alto Minho | N.º 33

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REAL GAZETA DO ALTO MINHO
SILVA REDACTOR JOSÉ
MARINHO GOMES DIRECTOR E D I Ç Ã O D O C E N T R O D E E S T U D O S A D R I A N O X A V I E R C O R D E I R O | N . º 3 3 S E T E M B R O 2 0 2 2 ENTREVISTAAODR.RODRIGOMOITADEDEUS PÁG. 30
contrário dos republicanos, um monárquico não se preocupa com “perfis” ou “candidatos”. Preocupa se com a sua preparação A instituição, que supera o Homem, fará o resto.’

CONTEÚDO

PÁG. 7 - ♔ ISABEL II A RAINHA DO MUNDO

PÁG. 20 PARA ONDE QUEREMOS IR?

PÁG. 23 A ÁGUA NÃO FALTA NEM PODE FALTAR EM PORTUGAL

PÁG. 27 FAZER ACONTECER RAPIDAMENTE OS NOSSOS ÓBVIOS!

PÁG. 30 - ENTREVISTA DA REAL GAZETA DO ALTO MINHO AO DR. RODRIGO MOITA DE DEUS

PÁG. 35 - A CONSTANTE CONSTITUCIONAL DA MONARQUIA PORTUGUESA

PÁG. 39 - “CRISTIANISTAS” E “ROIALISTAS”

PÁG. 42 - BRASIL 200 ANOS

PÁG. 45 -MORTE DE ISABEL II HOMENAGEM MUNDIAL A UMA GRANDE RAINHA

PÁG. 53 - COMO CONHECI O PRINCIPEZINHO LOIRO

PÁG. 56 - O LEGADO DE HENRIQUE BARRILARO RUAS

PÁG. 61 O MUNDO EM VERTIGEM: O HOMEM, A PESSOA E O CONSUMIDOR

SETEMBRO 2022

EDITORIAL

PEDRO QUARTIN GRAÇA*

UM BALANÇO DE 6 MESES

Foram apenas seis os meses que decorreram desde o Congresso da CAUSA REAL que teve lugar em Évora e no qual os actuais órgãos sociais do movimento foram eleitos. Ainda que um balanço, provisório que seja apenas deva ocorrer no fim do mandato ou por ocasião do primeiro Congresso Monárquico de características não electivas, ainda assim é desde já possível dizer que o ritmo de actividade da actual Direcção Nacional, e demais órgãos eleitos, tem sido apreciável

Em primeiro lugar pelo facto de ter já sido possível reunir todos os órgãos em sessões plenárias, facto desde logo de realçar pelo motivo de alguns deles terem uma composição extensa No que respeita à Direcção Nacional e, em especial à sua Comissão Executiva, esta reúne em sessão todas as semanas, com pelouros atribuídos a vários dos seus membros em particular

Em segundo lugar gostaria de destacar o início do cumprimento das medidas que foram elencadas na moção apresentada ao Congresso e sufragada por este De entre estas merece particular destaque a organização interna, em especial a atenção que se deve dedicar a algumas alterações estatutárias no seio da Causa e, também nos Estatutos da JMP Trata se de um processo que será aberto brevemente e será participado por todos os órgãos da CAUSA REAL e da JMP

Em terceiro lugar, também na senda do aprovado em Congresso, está o posicionamento externo do movimento, em particular aquele que deriva da tomada de posição da Causa e da sua divulgação externa Neste aspecto tem sido nossa preocupação tomar publicamente posição sobre acontecimentos relevantes como a trasladação do coração do Imperador para

o Brasil e os incêndios que têm assolado Portugal, tomadas de posição estas que têm sido regularmente divulgadas por intermédio das nossa redes sociais. Mas a Causa esteve também muito presente nos media e em especial nas televisões quer por ocasião do Jubileu que mais recentemente, aquando da morte da Rainha de Inglaterra Foram vários os representantes da Direcção Nacional e de outros órgãos sociais em diversos programas televisivos nos quais se aproveitar sempre a ocasião para realçar os méritos da monarquia e, em especial, do projecto de restauração da mesma em Portugal

De entre as medidas mais impactantes anunciadas em Congresso esteva o posicionamento da CAUSA REAL sobre um próximo procedimento de revisão constitucional Neste âmbito, e na expectativa da abertura de um há muito aguardado procedimento de revisão constitucional, a Causa Real não poderia deixar de exortar a classe política a escutar razoáveis anseios de mudança por parte da sociedade civil, no que concerne a aspectos fundamentais do sistema constitucional e do sistema político como a alínea b) do artigo 288 º da Constituição da República Portuguesa/CRP e a questão do monopólio partidário na apresentação de candidaturas às eleições legislativas, consagrado no artigo 151 º , n º 2 da CRP indo, sobre o primeiro, tornar público o seu posicionamento por ocasião do 5 de Outubro de 2022, data comemorativa na qual a Causa estará envolvida nas respectivas celebrações em todo o país Agora é continuar com a ajuda de todas as Reais Associações, da JMP e dos monárquicos em Geral Vamos a isto!

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SETEMBRO 2022
* PRESIDENTE DA DIRECÇÃO NACIONAL DA CAUSA REAL

REIS DE PORTUGAL

D. Carlos

Nascimento 28 de Setembro de 1863, Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa

Morte Assassinado a 1 de Fevereiro de 1908 Praça do Comércio, Lisboa O seu corpo está sepultado no Panteão da Dinastia de Bragança, Igreja de São Vicente de Fora, Lisboa.

Reinado 19 de Outubro de 1889 a 1 de Fevereiro de 1908

Consorte D Amélia de Orleães

Dinastia – Bragança

Cognome “ o Martirizado”, “ o Diplomata”

Títulos, estilos e honrarias

“Sua Alteza Real o príncipe real D. Carlos, Duque de Bragança” (28 de Setembro de 1863 28 de Setembro de 1889)

“Sua Majestade Fidelíssima El Rei” (28 de Setembro de 1889 1 de Fevereiro de 1908).

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O estilo oficial de D. Carlos como Rei era: “Sua Majestade Fidelíssima, D. Carlos, pela Graça de Deus, Rei de Portugal e Algarves, d'Aquém e d'Além Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc ”

Como Rei de Portugal, foi GrãoMestre das seguintes Ordens:

Ordem dos Cavaleiros de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Ordem de São Bento de Avis. Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem de Sant'Iago da Espada Antiga e Muito Nobre Ordem da Torre e Espada.

Real Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa

Filhos

D Luís Filipe (Luís Filipe Maria Carlos Amélio Fernando Victor Manuel António Lourenço Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis Bento), Príncipe Real de Portugal e duque de Bragança e da Saxónia Foi jurado príncipe herdeiro do trono em Julho de 1901 e a partir de 13 de Abril de 1906 passou a fazer parte do Conselho de Estado. Nasceu a 21 de Março de 1887, no Palácio de Belém em Lisboa e foi assassinado no Terreiro do Paço, a 1 Fevereiro de 1908 e foi sepultado no Panteão da Dinastia de Bragança, Mosteiro de São Vicente de Fora, Lisboa D Maria Ana de Bragança, Infanta de Portugal (nasceu no Paço Ducal de Vila Viçosa, de parto prematuro, a 14 de Dezembro de 1887; morreu com poucas horas depois Está sepultada no Panteão da Dinastia de Bragança, Mosteiro de São Vicente de Fora, Lisboa).

D. Manuel II de Portugal.

Pai D. Luís I de Portugal. Mãe D Maria Pia de Saboia

D. Carlos em pessoa

D Carlos em pessoa «no convívio intimo, era um homem encantador. Affavel, lhano, primorosamente educado, desapegado de eufatuações ridículas [ ] Largamente instruido, exprimindo se com facilidade e elegancia, e tambem com naturalidade e singeleza, sem rebuscar phrases ou architectar periodos sonoros, não era facil dar lhe novidades em qualquer

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D Carlos, por Roque Gameiro em 1902

materia de que se tratasse. [...] O seu vasto e lucido talento dava lhe aptidões variadas. Era exímio na pintura, em que podia considerar se mestre. Como atirador, não havia quem o excedesse seus trabalhos oceanographicos provam o seu amor à sciencia Os seus trabalhos agrícolas demonstram o seu amor à terra Falava a primor varias linguas [... ].

Vestia apuradamente, como um Brummel como ou como um Morny. […] Apesar da corpulência que lhe engrossava o vulto, a ninguem passavam despercebidas a sua elegancia e a sua distincção [ ] Quem o não conhecia de perto, julgava o altivo, reservado e soberbo, quando Sua Magestade era franco, affavel, affectuoso e sempre delicadissimo» (Cabral, pp 47 50)

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Ilustração do Regicídio de 1908, Le Petit Journal Bibliothèque nationale de France

♔ ISABEL II – A RAINHA DO MUNDO

Abstract

Queen Elizabeth II of the United Kingdom's long reign of 70 years, 7 months and 2 days corresponded to a life of Service in which she always placed the Crown above personal interests, and in which, without the beacon of a 9 to 5 time, her life was confused with service and service with her life. His recognized subjects showed him this in their funeral ceremonies. The Queen Is Death. God Save The King!

Key words: Queen Elizabeth II of UK Death; Monarchy; King Charles III.

Résumé

Le long règne de la reine Elizabeth II du Royaume Uni de 70 ans, 7 mois et 2 jours correspondait à une vie de service dans laquelle elle plaçait toujours la Couronne au dessus des intérêts personnels, et dans laquelle, sans le phare d’un temps de 9 à 5, sa vie était confondue avec le service et le service avec sa vie. Ses sujets reconnus l’ont montré lors de leurs cérémonies funéraires. La Reine Est Mort. Vive Le Roi!

Mots clés: Reine Elizabeth II of RU Mort; Monarchie; Roi Charles III.

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L VILLAS-BOAS

O longo reinado de 70 anos, 7 meses e 2 dias da Rainha Isabel II do Reino Unido, correspondeu a uma vida de Serviço em que sempre colocou a Coroa acima dos interesses pessoais, e em que, sem a baliza de um horário das 9 às 5, a sua vida confundiu se com o serviço e o serviço com a sua vida. Os seus súbditos reconhecidos mostraram Lhe isso quando morreu. Após uma grave detioração do seu estado de saúde, Sua Majestade a Rainha Elizabeth II do Reino Unido faleceu em paz, rodeada do seus filhos e neto conforme o costume real da Espera , no Castelo de Balmoral, na Escócia, onde se encontrava de férias de Verão e onde, dias antes, indigitara a nova Primeira Ministra Liz Truss, como se estivesse à espera de cumprir o Seu último dever antes de partir, morrendo assim como viveu : no cumprimento do dever lembre se o juramento que efectuou no seu 21º aniversário, em Abril de 1947, em um pronunciamento à Comunidade Britânica da África do Sul, ‘Eu declaro diante de todos vocês, que minha vida inteira, seja ela longa ou curta, será dedicada ao seu serviço ’ A Sra Truss viajou para o Castelo de Balmoral, para na Presença da monarca de 96 anos, ser confirmada como o 15 º Primeiro ministro a ser convidado a formar o Governo de Sua Majestade, substituindo, assim, Boris Johnson que uma hora antes apresentara a sua demissão à Rainha Isabel II do Reino Unido da Inglaterra, Escócia e Irlanda do Norte, do Canadá, Austrália, Nova Zelândia, e dos Seus outros Reinos, foi realmente Grande, pois sem dúvida haverá um antes e depois desta Nova Era Isabelina

Com a Sua morte a Defesa britânica deu imediatamente início à Operação London Bridge , o nome de código que iniciou todo o protocolo dos Funerais Reais , mas mais do que isso começou uma comoção geral e mundial, um interesse em cada pormenor que transformou os Funerais Reais de EIIR no maior evento de sempre a uma escala global

Isabel II, não era apenas a ‘Rainha de Inglaterra’ como comummente se Lhe referiam, mas ‘A Rainha’. Quando alguém pronunciava a expressão ‘A Rainha’ todos sabiam a quem se referia; ao contrário das outras que têm de ser especificadas: a rainha da Dinamarca, a Rainha da Bélgica, a Rainha de Espanha, etc Há um elo entre A Rainha e o seu Povo que não é possível descrever apenas pelos padrões da Razão, pois é para lá da mesma: é imaterial, sobre humano, intrínseco, metafísico tão transcendente que também A considerávamos nossa, era A ‘ nossa ’ Rainha

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A Rainha e a Primeira Ministra Liz Truss

De facto, Sua Majestade não foi só a Rainha do Reino Unido e dos seus outros reinos, mas no fundo reina nos corações de centenas de milhões de pessoas um pouco por todo o Mundo E se S M A Rainha Elizabeth II do Reino Unido foi Coroada a 2 de Junho de 1953, Pela Graça de Deus, Rainha do Reino Unido da Grã Bretanha e Irlanda do Norte e dos Seus Outros Reinos e Territórios, Chefe da Comunidade Britânica e Defensora da Fé, na cerimónia de Estado de maior pompa e aparato que existe no Mundo, a Coroação de um Soberano Britânico, e perante os Pares e os deputados do Reino e o governo que será sempre de Sua Majestade entronizada no trono de São Eduardo, recebendo a Coroa Imperial, o Ceptro, o Orbe e a Espada, e fez o juramento do Soberano, não o foi menos por vontade dos Homens

EIIR, de acordo com o YouGov, gozava de uma taxa de Aprovação Pública de 85% [+5%], mas o fenómeno não era apenas britânico pois, uma sondagem da Gallup, a Rainha Elizabeth II foi considerada a Mulher Mais Admirada de Sempre com 51% dos votos, e à frente de outras mulheres ímpares como Isabel I, a Rainha Victoria, Margaret Thatcher, Cleópatra, Jaqueline Kennedy, Ophra, Marylin Monroe, etc., que entre elas têm de dividir os restantes 49%.

A Rainha Morreu Viva O Rei! O herdeiro aparente do trono, Carlos Príncipe de Gales, filho primogénito da Rainha, tornou se automaticamente o Rei, e reina já como Carlos III: é assim a Continuidade dinástica da Monarquia Hereditária, sem esperas, sem interregnos; ao novo Rei Carlos III obriga O, agora, o dever dos Reis, reinar sobre a morte de quem Lhe deu vida Apesar dos 10 dias de Luto Nacional pela morte da Rainha, que começaram no dia seguinte e que principiaram pelos 96 tiros de salva de canhão um pouco por todo o Reino Unido e outros Reinos de que a Rainha Isabel II era Soberana, seguido do toque a repique dos sinos, o luto e as cerimónias só terminaram depois dos Funerais Reais do dia 19 de Setembro, deu se logo a tradicional proclamação de Charles III como Rei pelo Conselho de Ascenção, o que significa a continuidade da soberania por meio da figura do monarca: no caso, com a morte de Elizabeth II R, a continuidade deu se pelo filho, que assume como Charles III

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A coroação da Rainha em 1953

A Monarquia britânica é uma instituição que preserva símbolos suprapartidários, protegendo valores e tradições Com a morte de Isabel II começou todo um ritual de deslumbramento cénico e rigor coreográfico que nos encantou, comoveu e prendeu aos ecrãs, e, levou os britânicos, cidadãos dos outros reinos de Sua Majestade, da Comunidade das Nações da Commonwealth e mesmo turistas para Balmoral, Edimburgo, Londres e Windsor; da mesma forma que os romanos acorriam a ver o Desfile Triunfal dos seus Césares e/ou Heróis Invencíveis e com o mesmo interesse pela pompa cerimonial, que por certo Cleópatra VII do Egipto vestida de ouro causou ao entrar na Roma de mármore Na sua despedida, ♔EIIR foi a Rainha das Audiências: de acordo com fontes como a BBC, a Statista, a

ProperGaanda, etc, 4 1 biliões de pessoas assistiram ao funeral de Estado de Sua Majestade A Rainha Isabel II do Reino Unido. Ou seja, mais de 50% da população mundial, o que o torna no evento com maior share televisivo de sempre, destronando a Cerimónia de Abertura dos Jogos Olímpicos de Atlanta (3.6 B), em 1996, e destacado, à frente, de eventos relacionados com a Família Real Britânica como o Funeral da Princesa Diana (2 5 B), em 1997, e o Casamento Real de Harry e Meghan (1 9 B), em 2018. Para pôr em perspectiva, convêm dizer que teve mais do dobro da audiência do Live 8 e Live Aid, e 3,5 vezes mais que a Alunagem da Missão Apolo 11

Isabel II morreu como viveu: sendo o centro de todas as atenções!

Maior Audiência TV

Percebeu desde cedo que não era apenas uma simples Rainha, mas A Rainha, e que isso significava ser a Pessoa Mais Famosa do Mundo: ícone acima de todos os outros, mais cintilante que a mais brilhante das outras estrelas; e Isabel II foi tudo isso e mais: não foi uma simples tendência ou uma moda, mas indelével.

Na década de 1950, então uma jovem mulher no início de seu reinado, Isabel era representada como uma glamorosa "rainha de conto de fadas". Depois dos

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Proclamação do Rei Carlos III pelo Conselho de Ascensão

traumas da guerra, era uma época de esperanças, um período de progresso e realizações anunciando uma ‘ nova era Isabelina’ A invectiva de Lorde John Grigg, 2.º Barão Altrincham, de que o sotaque afectado de ‘alta sociedade’ nos seus discursos soavam como os de uma ‘pedante colegial’ foi uma rara crítica, mas serviu para Isabel II intuir que eram tempos de mudança e com isso trouxe a Monarquia para o século XX. No final da década de 1960 emerge uma imagem mais moderna da Monarquia através da chamada Caminhada Real A Rainha e a Família Real começam a caminhar entre o povo e a cumprimentar os cidadãos saindo da Torre de Marfim, em que os anteriores Reis estavam enclausurados; do documentário televisivo Royal Family; e da transmissão da investidura de Carlos como Príncipe de Gales Em público, Isabel passou a usar sobretudos de cores sólidas e chapéus decorativos, permitindo que fosse vista facilmente em multidões, criando assim a Sua imagem de farol inabalável do Povo e das Instituições britânicos Da mesma forma que nas alegrias e nas certezas estava lá para os deslumbrar, em tempos de incerteza, de dúvida, de motins, de medo, de guerra ou de doença, Elizabeth II estava lá para os orientar e confortar: um porto de abrigo ‘A Monarquia é o mais maleável dos regimes, o mais pronto a se renovar, aquele que tem menos medo das ideias e o que menos se encerra na rotina ’ , escreveu o historiador francês Jacques Bainville

Durante o seu reinado Isabel II respeitou escrupulosamente a fórmula de Adolphe Tiers ’Na Inglaterra o rei reina, não governa ’ , nunca se imiscuindo na política legislativa, reserva do parlamento, e/ou na executiva, matéria reservada ao governo Não é minha política habitual explicar as evidências, mas quando os talibãs das redes sociais ou do esgoto jornaleiro luso onde, sub repticiamente, rastejam alguns comentadores do almanaque republicano e/ou marxista, emerge a falta de ética, a mentira, a inveja, cumpre repor a verdade O que esta gente básica, malfalante, engole sílabas, que mal conhece os rudimentos do português e doente crónica de Síndrome de Superioridade Ilusória,

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A partir dos anos 60 do séc XX A Rainha passou a usar roupas com cores vivas para se destacar

que não raras vezes pouco se inibe em defender uma série de ditaduras medievas e cesarismos de baixa extracção, perorou, na sua vacuidade, contra a Monarquia, contra A Rainha, o novo Rei, e a cobertura das exéquias fúnebres, é um conjunto de inverdades, que o povo, intrinsecamente bom e aleado deles, tratou de mostrar ser rotundamente falso: a Monarquia Britânica não está em crise, nem corre o risco de acabar, pois tem uma rara e sólida combinação de apoio popular como se pode constatar com os largos milhões de pessoas de todas as raças, etnias, classes e idades, na rua a apoiá la , um respaldo aristocrático que constitui como em nenhum outro país uma verdadeira elite social e financeira, e, não menos importante, partidos políticos, que qualquer que seja a sua ideologia tem nas suas fileiras uma maioria qualificada de monárquicos. Se essa casta de camisas de flanela das redacções republicanas não gostam da pompa, da circunstância, do protocolo, da tradição, do sentido de estado da Monarquia britânica, então têm bom remédio: que continuem a idolatrar uns quaisquer calções de banho azuis e se bastem com os funerais dos presidentes pouca coisa que idolatram e que estão sempre desertos de povo, que não é cúmplice de tamanhas insignificâncias ‘A Monarquia não é democrática!’, dizem. Ora a Monarquia concilia a forma de governo monárquico em que a suprema magistratura do Estado se transmite por via hereditária entre os descendentes da

Dinastia reinante com a subsistência de uma Lei Fundamental A Monarquia foi sempre oposta à tirania que é um poder de forma, também, talássica, mas não fundamentado no direito, uma vez que a soberania do monarca é sempre limitada por um conjunto normativo que a distingue da ditadura despótica: seja como no antigo Regime pelas leis de Deus ou pelas regras de justiça natural, seja hodiernamente nas Monarquias constitucionais pelas leis fundamentais do Estado O Rei não é o Chefe dos Nobres, e desta forma a Monarquia sempre foi garantia de liberdade, pois não é, nem foi nunca, o governo de um só e dos seus nobres de confiança; antes sim, supõe o respeito de normas superiores que têm que ter em conta o interesse geral, o bem comum dentro do qual se enquadra a liberdade Rei de Todos e para Todos!

´Se os Aliados, à mesa de negociações de Versalhes, tivessem permitido que um Hohenzollern [na Prússia], um Wittelsbach [na Baviera] e um Habsburgo [no Império Austro Húngaro] regressassem aos seus tronos, nunca teria existido um Hitler Uma base social democrática teria sido preservada por uma Weimar coroada em contacto com os Aliados vitoriosos

Ao criar tais vácuos, abrimos o flanco para o monstro hitleriano rastejar do seu esgoto até os tronos vazios.’, escreveu Sir Winston Spencer Churchill De facto, com um Rei na Prússia poderoso oriente alemão que continuou Estado Livre até 1933, esta nunca seria transformada em distrito e com a poderosa Baviera Coroada o sul alemão nunca seria submetida ao capricho ditatorial; se mesmo assim, se desse a Unificação germânica, com a Monarquia Dual do Império Austro Húngaro, nunca se verificaria o anchluss

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que assegurou a Adolf Hitler o sul da fronteira alemã, e, com a Áustria fora da equação bélica não haveria Führer porque não haveria III Império, e, como tal, não se lançaria poderosamente na terrível Guerra Sim, a experiência confirmou o valor da Monarquia como uma fonte de travões e uma matriz de contrapesos contra políticos eleitos que poderiam procurar obter poderes maiores aos atribuídos pela Constituição e, assim, em último caso, como uma ressalva contra a ditadura. De facto, uma coisa só é superada quando se actua de modo que tal coisa forme com o seu contrário uma unidade: é a tese e a antítese hegeliana Para haver uma anulação de uma força negativa política tem que haver uma força positiva capaz de a contrabalançar Num regime político só um Rei tem essa energia e consegue de forma perfeita acentuar essa determinação positiva evitando a ascensão de tiranos. Transplantando a ideia, pode se dizer, também, que não haveria Estaline com um Czar e por aí vai Por isso, obrigado, Ma’am, por um Vida de Serviço incólume God Save The Queen.

Cerimónias Fúnebres da Rainha Isabel II do Reino Unido

A 11 de Setembro o féretro da Rainha saiu em procissão do Castelo de Balmoral, na Escócia, onde faleceu, e foi transportado para o Palácio de Holyroodhouse residência oficial dos Reis da Escócia. No dia seguinte, o Rei Carlos III e a Rainha Consorte Camilla, depois da Proclamação, chegaram a Edimburgo para se juntarem à restante Família Real e acompanharem o Cortejo Fúnebre de sua Majestade a Rainha Elizabeth II, ao longo da Royal Mile, até à Catedral de St Giles, onde decorreu um serviço de Acção de Graças Milhares de pessoas encontravam nas ruas do trajecto esperando para ver o féretro da sua Rainha

A urna de Sua Majestade A Rainha Isabel II, cingida pela Coroa da Escócia, e coberta pelo Estandarte Real da Rainha quando está presente nas Terras Altas, ficou em câmara ardente na Catedral de St Egídio, em Edimburgo, capital da Escócia. Das às 19H46m às 19H56m, os filhos da Rainha Elizabeth II, Sua Majestade O Rei Carlos III, SAR A Princesa Ana, A Princesa Real, SAR O Príncipe André, O Duque de York e SAR O Príncipe Eduardo, O Conde de Wessex e duque de Edimburgo a ser, realizaram uma Vigília de Príncipes em volta do caixão da mãe Os membros sénior da Família real estavam ladeados de quatro membros da Companhia Real de Arqueiros, a Guarda pessoal dos Reis na Escócia, e que fazem a guarda do féretro Real, vestidos com chapéus de penas longas viradas ao contrário em sinal de luto, e armados com flechas e aljavas. Assistindo ao evento e apoiando os membros da sua família estavam SM Camilla, A Rainha Consorte e SAR Sophie, A Condessa de Wessex Desde a

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Thank You Ma'am

abertura da Catedral para a vigília, milhares de pessoas passaram pela catedral para render a derradeira homenagem à sua Rainha.

Depois, às 18h00 de 13 de Setembro, o féretro de Sua Majestade EIIR foi levado para o Aeroporto de Edimburgo e transportado, num avião da RAF, para a base de Northholt, nos arredores de Londres. Foi então conduzido para o Palácio de Buckingham, por estrada; chegado ao Palácio, que é a residência oficial do Soberano do Reino Unido, foi colocado no Salão do Arco, onde repousou durante a noite Na quarta feira, 14 de Setembro, o féretro da Rainha foi então levado em procissão para Westminster Hall. O cortejo fúnebre incluiu o Rei e membros de toda a Família Real Também houve Parada e continência de armas e o Big Ben dobrou os sinos A procissão chegou ao Westminster Hall às 15h. Quando chegou a Westminster Hall, depois de colocada A Rainha em repouso, o Arcebispo de Cantuária realizou um breve serviço assistido pelo Reverendo David Hoyle, Deão de Westminster, com a presença do Rei e membros da família real.

A urna de Sua Majestade A Rainha Isabel II colocada num catafalco ficou em câmara ardente, coberta pelo Estandarte Real da Rainha e cingida pela Coroa Imperial de Estado colocada sobre uma almofada púrpura (assinalando o Jubileu de Platina dos 70 anos de Reinado de EIIR) e com o Ceptro Real e o Orbe, abençoada pela Santa Cruz, no Westminster Hall, o salão mais antigo quase 900 anos do Palácio de Westminster, durante 4 dias A Rainha repousou nesse local até à manhã do funeral de Estado, velada por soldados das suas diversas Guardas: os Queen's Body Guard of the Honourable Corps of Gentlemen at Arms, os Irish Guards da Guarda de Vida da Rainha, os Life Guards and the Blues and Royals da Household Cavalry, os Arqueiros da Royal Company of Archers e os Yeomen Warders (Beefaeters), com render da d d i

Deu se início ao velório público, tradicionalmente conhecido como ‘Lying in State’, no qual 24h sobre 24h o Povo pode despedir se e prestar homenagem à Sua Rainha, sem receio de enfrentar filas de até 30 horas Os filhos de SM A Rainha Elizabeth II do

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Guarda de Honra à urna da Rainha em câmara ardente Urna da Rainha na catedral de St Egídio, Edimburgo, Escócia

Reino Unido, Sua Majestade O Rei Carlos III, SAR A Princesa Ana, A Princesa Real, SAR O Príncipe André, O Duque de York e SAR O Príncipe Eduardo, O Conde de Wessex, realizaram depois uma Vigília de Príncipes ao féretro da Augusta Mãe Na galeria esteve presente a família alargada de Sua Majestade, com excepção dos Príncipes de Gales com agenda que os impossibilitou e filhos e os Conde de Sussex Entretanto, britânicos e naturais de outros Reinos e das Nações da Commonwealth, e mesmo estrangeiros, iam despedir se e prestar homenagem à Rainha, sem receio de enfrentar filas de dezenas de horas. Exemplo disso foi a lenda do futebol David Beckham que enfrentou 12 horas de espera na fila para poder homenagear Sua Majestade EIIR que diferença para os habituais fura filas republicanos que se conhecem por cá Depois houve nova Vigília de Príncipes dos 8 netos da Rainha, chefiada por SAR O Príncipe William, O Príncipe de Gales, e com O Príncipe Harry, Duque de Sussex, as Princesas Beatrice e Eugenie de York, O Honorável James, O Visconde Severn, Lady Louise Windsor filhos do Conde de Wessex , e segundo se diz a neta preferida da Rainha e do Duque de Edimburgo Peter Philips e Zara Philips Tindall A Vigília dos Príncipes é considerada uma marca de honra e foi concedida anteriormente apenas ao Rei George V, ao Rei George VI e à Rainha Elizabeth, a Rainha Mãe

Vigília dos Principes

Depois de estar em câmara ardente durante 4 dias, tempo em que se estima foram prestar a derradeira homenagem à Rainha, não menos do que um milhão e meio de pessoas, sobretudo britânicos, mas também dos diversos países dessa comunidade das Nações que é a Commonwealth, e de diversas raças e religiões, que não soçobraram em esperar dezenas de horas numa fila de quilómetros, no dia 19 de Setembro de 2022, foi dia do Funeral de Estado e do último adeus a Sua Majestade A Rainha Elizabeth II do Reino Unido.

O féretro da Rainha saiu às 11 horas de Westminster Hall, numa carruagem de artilharia puxada por 142 marinheiros da Marinha Real. O armão é mantido no HMS Excellent e foi usado pela última vez para o funeral de Lord Mountbatten, tio e padrinho do actual Rei Carlos III, em 1979. A tradição de ter marinheiros a puxar a carruagem de artilharia começou no funeral da Rainha Victoria, em 1901, quando o exército teve problemas com os seus cavalos Os cavalos estavam desarreados e como se assustaram

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criaram problemas, e a guarda dos marinheiros interveio sanando o problema, pelo que os marinheiros puxam a carruagem em funerais de estado desde então, incluindo para Winston Churchill em 1965. A Royal Navy State Funeral Gun Carriage foi usada nas procissões funerárias da Rainha Victoria, do Rei Eduardo VII, do Rei George V, do Rei George VI, de Sir Winston Churchill e de Lord Louis Mountbatten No cortejo fúnebre atrás do armão seguiram a pé o Rei Carlos III, os seus irmãos, o Príncipe William, o Príncipe de Gales, o Duque de Sussex, entre outros membros da família Real. O féretro real entrou depois na Catedral de Westminster, onde foi celebrada pelo Deão de Westminster, uma Missa de Corpo presente, perante toda a Família Real, incluindo os 2 filhos mais velhos dos Príncipes de Gales, o Príncipe George e a Princesa Charlotte

Nobreza britânica e principais figuras da política britânica. A urna da Rainha Isabel II esteve colocada, em Westminster, colocada num catafalco e coberta pelo Estandarte Real da Rainha e cingida pela Coroa Imperial de Estado (com o maior rubi do mundo e o 2 º maior diamante do mundo) colocada sobre uma almofada púrpura (assinalando o Jubileu de Platina com 70 anos de Reinado de EIIR) e com o Ceptro Real com o maior Diamante do Mundo e o Orbe, abençoada pela Cruz, e continuamente velada por soldados das suas Guardas Terminada a cerimónia, o féretro saiu em cortejo fúnebre O caixão viajou no armão em procissão da Abadia de Westminster para o Arco de Wellington Do Arco de Wellington, o caixão foi mudado para o carro fúnebre e rumou a Windsor

Armão com o féretro Real puxado por 142 marinheiros

Milhares de convidados, onde se destacaram 500 convidados das Cabeças Coroadas de todo o mundo, Chefes de Estado e de Governo,

Chegado, às 15h a Windsor começou uma procissão a pé que percorreu a Longa Caminhada até ao Castelo de Windsor A avenida de três milhas (5km) ficou revestida com membros dos vários Corpos de Guarda da

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Família Real e convidados reais na Catedral de Westminster

Rainha com as armas sobraçadas para baixo, em sinal de luto Milhares de pessoas estiveram colocadas nas laterais da Longa Caminhada para ver a procissão passar, enquanto os sinos de Sebastopol e da Torre de Recolher obrigatório do castelo tocavam a cada minuto e as saudações de armas eram disparadas, pela Corpo de Artilharia Real, no terreno do castelo O cortejo fúnebre entrou depois pelos Portões da propriedade dos Windsor, onde logo no início se encontrava o pónei da Rainha, de seu nome Emma. Mais adiante, os cãezinhos Muick e Sandy, os Welsh Corgis da Rainha, estavam inconsoláveis Passado o portão do castelo de Windsor, juntaram se à procissão os filhos da Rainha Elizabeth II, Sua Majestade O Rei Carlos III, SAR A Princesa Ana, A Princesa Real, SAR O Príncipe André, O Duque de York e SAR O Príncipe Eduardo, O Conde de Wessex; os netos homens, SAR O Príncipe William, O Príncipe de Gales, SAR O Príncipe Harry, o Duque de Sussex, O Honorável Peter Phillips; e SE O Conde de Snowdon e SAR O Príncipe Richard, Duque de Gloucester Chegados à rotunda da capela, SM Camilla, A Rainha Consorte, SAR Catherine, A Princesa de Gales, SSAARR OS Príncipes George e Charlotte de Gales, Meghan, A Duquesa de Sussex e SAR Sophie, a Condessa de Wessex, juntaram se

O caixão foi retirado do carro funerário e carregado, pelas escadas, em ombros por 8 granadeiros do corpo de Guarda da Rainha, para depois entrar na Capela de São Jorge para um serviço de Encomendação A Capela de São Jorge é a igreja regularmente escolhida pela Família Real para casamentos, baptizados e funerais Foi onde o Duque e a Duquesa de Sussex, o Príncipe Harry e Meghan, se casaram em 2018 e onde o funeral do falecido marido da Rainha, o Príncipe Philip, foi realizado. Com a presença de uma congregação mais pequena e mais pessoal de cerca de 800 convidados, o serviço de encomendação foi conduzido pelo Deão de Windsor, David Conner, com a bênção do Arcebispo da Cantuária, O Reverendo Dr Justin Welby

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A Longa Caminhada até ao Castelo de Windsor Entrada do caixão da Rainha na Capela de São Jorge, Castelo de Windsor

A urna da Rainha Elizabeth II foi colocada num catafalco, coberta pelo Estandarte Real da Rainha e cingida pela Coroa Imperial de Estado colocada sobre uma almofada púrpura,com o Ceptro Real e o Orbe e com uma Coroa de flores compostas maioritariamente por Rosas de Inglaterra, colhidas nos jardins dos Palácios de Buckingham e Clarence House, com um cartão do Rei que simplesmente dizia tudo: ‘Lembrada com Amor. Carlos III Rei’. O serviço incluiu tradições que simbolizam o fim do reinado da Rainha A Coroa do Estado Imperial (que possui mais de 2000 pedras preciosas, entre elas o maior rubi do mundo e o 2º maior diamante do mundo), o Orbe e o Ceptro do Soberano (que tem o maior diamante do mundo) foram removidos do topo do caixão pelo joalheiro da Coroa, separando a Rainha da sua Coroa pela última vez No final do último hino, o Rei colocou então o estandarte do Regimento de Guarda da Rainha, ou Guardas Granadeiros, no caixão. Os Grenadier Guards, criados pelo Rei Carlos II (marido de Catarina de Bragança), são a companhia mais antiga dos Foot Guards, e guardam e executam deveres cerimoniais para o Monarca. Ao mesmo tempo, o Lorde Camareiro Mor, Lord Chamberlain, o antigo chefe do MI5, Barão Parker, "quebrou" o seu Bastão de cargo, assinalando o fim do seu serviço à Soberana como o oficial mais alto na Casa Real Terminou então a homilia

com a bênção do Arcebispo de Cantuária. O Gaiteiro do Soberano tocou uma música de pesar e depois a cerimónia terminou com o canto de ‘God Save The King! Deus Salve o Rei! Depois, o Rei e os membros da Família Real deixaram a capela

Naquela noite, às 19h30m, num serviço familiar particular, a Rainha desceu ao Cofre Real, onde foi sepultada, juntamente com o seu falecido marido, o Duque de Edimburgo, na capela memorial do Rei George VI

Um dia depois gravado na laje de mármore, ‘ELIZABETH II 1926 2022’, e colocada a lápide na sepultura instalada na Capela Memorial Rei George VI, e onde jaz sepultada, agora, Sua Majestade, a Rainha Elizabeth II junto dos seus. A Capela Memorial do Rei George VI situa se dentro das paredes da Capela de St George, Windsor e foi mandada construir, em 1969, pela Rainha Elizabeth II, para colocar o seu pai o Rei George VI e a Rainha Mãe

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Encomendação na capela de São Jorge

juntamente com a sua irmã, a princesa Margaret. A Rainha Elizabeth II fez esta capela memorial essencialmente porque o Cofre Real debaixo da capela principal estava cheio. No final, a família imediata da Rainha está toda reunida na capela e com a adição do príncipe Phillip, o seu marido (que foi colocado temporariamente no Cofre Real aguardando o falecimento da rainha) a capela ficou completa Ao olhar para a Capela Memorial Rei George VI do lado de fora, encaixa se bem na arquitetura do século XV, mas é visivelmente mais clara O local de descanso final é 18 pés abaixo do

chão da capela Há uma câmara de 10 x 14' que permitirá que a Rainha e o Duque de Edimburgo passem a eternidade juntos. Os caixões são revestidos a chumbo e bem selados para garantir que não se decompõem demasiado depressa Com simplicidade, que como dizia Leonardo da Vinci ‘é o último grau de sofisticação’ repousa A Rainha após um longo reinado de 70 de serviço incólume à Nação e aos Seus Povos Entretanto, um novo capítulo já se iniciou para a Monarquia Britânica na qual se seguem 3 Reis: Charles III, William e George

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ONDE QUEREMOS IR?

ANTÓNIO DE SOUZA-CARDOSO

Abstract

What unites us all, let's face it, is the defense of the regime form. It is the prevalence of the Royal Institution under the Republican Head of State proposal. And stop!

Key words: Monarchic movement; Strategy; Causa Real.

Résumé

Ce qui nous unit tous, avouons le, c'est la défense de la forme du régime. C'est la prédominance de l'Institution Royale sous la proposition du Chef de l'Etat Républicain. Et point final!

Mots clés: Mouvement monarchique; Stratégie; Causa Real.

Sinto sempre duas grandes fragilidades no Movimento Monárquico em Portugal:

A primeira, é a de não ser fácil de descortinar que estratégia tem. E às vezes tem!

A segunda, é a de ver comprometidos nessa estratégia todos os que realmente desejam a mudança de regime.

Eu não sou apologista, nunca fui, de vitórias morais, choradinhos, perder por poucos, manter chamas acesas ou atirar toalhas ao chão. E não o sendo nas pequenas coisas da vida muito menos admito sê lo nas minhas convicções mais profundas. Por isso não me basta pertencer a um movimento como quem pertence a um Clube Porque fica bem ou porque dá óptimos jantares, ou qualquer motivação de qualquer ordem que não concorra para a instauração da Monarquia em Portugal.

Estou desde miúdo no Movimento Monárquico, diria que em todas as suas representações Desde o PPM, à Liga e à Causa Monárquica. Estou também, desde a sua Fundação no Movimento das Reais Associações e da Causa Real Julgo até que sou o único associado que já foi Presidente de uma Real Associação e da Causa Real e que tem funções dirigentes no Movimento desde que ele se fundou. Não sendo este um exercício de auto estima, nem da vontade de ganhar nenhuma medalha, uso o argumento apenas para que que reconheçam que sou um conjurado do Movimento um comprometido com aquilo em que acredito E assim ficarei não a guardar a chama da vela, mas a gritar até que a voz me doa que temos uma melhor e mais moderna alternativa de regime para Portugal

O nosso comprometimento é a base fundamental para outros comprometimentos de que falarei mais adiante.

PARA
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Passamos à questão da Estratégia Eu que em tantas coisas sou um romântico, sou neste caso inflexivelmente espartano Somos monárquicos porque queremos um Rei como Chefe do Estado. O que nos une a todos, reconheçamos, é a defesa da forma de regime. É a prevalência da Instituição Real sob a proposta de Chefia de Estado republicana. E é nisso que se deve concentrar a nossa Estratégia. Ponto final!

única alteração relevante é a da alínea b) do artigo 288º

Eu até acredito bebi muito da boa doutrina das várias gerações de integralistas que a opção de Portugal por uma Chefia de Estado Monárquica permitiria ir mais além No exemplo da Família Real, na reunião dos portugueses à volta da sua história e cultura À volta, afinal, da sua identidade e dos seus desígnios no Mundo. E isso podia permitir outras reflexões Mas cada coisa no seu tempo porque nada se colhe que não tenha sido semeado.

Regresso ao compromisso porque há alguns anos, no Palácio da Independência, fizemos uma Reunião Magna (chamamos lhe mal os nossos Estados Gerais) reunindo o que achávamos ser todas as sensibilidades e todos os planos de intervenção do Movimento

Não me venham, pois, falar do Sistema Eleitoral, do Ambiente, da Lusofonia ou de tantas coisas que sendo muito importantes, não só nos desfocam da nossa luta como nos desagregam na nossa unidade e não nos permitem combater com eficácia os preconceitos que mais de um século de República soube erguer contra nós. Mesmo quando me falam de uma Constituição e eu acho que a Constituição deve ser mudada, para efeitos da nossa dialéctica acho que a

Percebemos que existe uma necessidade incontornável de produzir pensamento político fora da égide directa do Movimento. E a premência de fazer com que a Causa Real e a Casa Real trabalhem juntas. Na promoção da Família Real Portuguesa e do que ela representa. Nesse trabalho que não é pequeno de mostrar a todos que Portugal tem um Rei e nele se concita e reúne, a nossa história, identidade e cultura. Se o que se passou naquela Assembleia Magna tivesse dado frutos, teríamos certamente aproveitado melhor, por essas mesmas razões, o momento de homenagem Mundial prestada com estrondo à Rainha Isabel II e preparado um novo ciclo de intervenção à volta do nosso Rei e da nossa Família Real.

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S A R o Senhor Dom Duarte, Duque de Bragança

Só conseguiremos vencer quando estivermos verdadeiramente comprometidos com isso e unidos nessa única possível estratégia de, promovendo aquilo que

verdadeiramente reúne todos os monárquicos, fazer crescer a ideia e a proposta comprometida de um Rei ao serviço de todos os Portugueses!

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Família Real Portuguesa

NÃO FALTA NEM PODE

FALTAR EM PORTUGAL

Abstract

Freshwater as a fundamental good, its use and an absolute necessity for agriculture It is essential to take advantage of winter rainwater and store it. It is necessary to transfer water from north to south and reserve as much water as possible. The numbers show that even with restrictions from Spain we can, in a rational way, have enough water to avoid shortages in years of drought and substantially increase the irrigated area, increasing our food security

Key words: Water; Agriculture; Transfers; Portugal.

Résumé

L'eau douce comme bien fondamental, son utilisation et une nécessité absolue pour l'agriculture Il est indispensable de profiter de l'eau de pluie hivernale et de la stocker. Il faut transférer l'eau du nord vers le sud et réserver le plus d'eau possible. Les chiffres montrent que même avec les restrictions de l'Espagne, nous pouvons, de manière rationnelle, avoir suffisamment d'eau pour éviter les pénuries pendant les années de sécheresse et augmenter considérablement la superficie irriguée, augmentant ainsi notre sécurité alimentaire.

Mots clés: Eau; Agriculture; Transferts; Portugal

A água doce é um bem fundamental para a saúde humana e indispensável para o desenvolvimento da economia em geral. É fulcral para o bem estar das pessoas No nosso dia a dia, domesticamente, usamos a água para beber, para a higiene, mas também para preparar os alimentos que comemos e ainda em muitos outros produtos que consumimos.

Apesar da terra ter a maior parte da sua superfície coberta de água, só uma pequena fracção serve para os usos mais

importantes das nossas necessidades. Nas últimas décadas temos vindo a dar uma importância cada vez maior à disponibilidade de água doce As alterações climáticas verificadas têm modificado o regime hídrico em várias regiões do mundo Portugal, situado na bacia do mediterrânio, localiza se numa zona particularmente sensível a este fenómeno e estamos precisamente no ano corrente a sofrer uma seca que é um exemplo paradigmático desta situação

A ÁGUA
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A agricultura é de longe, o maior consumidor de água em Portugal, com uma quota de cerca de 75% do consumo global, mas com o clima que temos, sem água a nossa produção agrícola é altamente deficitária

Por razões que não valerá a pena aqui explicar a distribuição de água para consumo doméstico tem, no nosso país um enorme desperdício Efectivamente, as “fugas” da rede de distribuição são gigantescas na maioria dos municípios. Estima se que, só em 2019 se tenham perdido quase 188 mil milhões de litros de água. Esta situação, no presente momento, não só não foi corrigida, mas está ainda agravada Muitas vezes só tomamos consciência dos problemas graves quando os sentimos na pele e quando a solução já se torna mais difícil de corrigir. Mas mais vale tarde que nunca, e no caso presente, ainda podemos chegar a tempo.

No ano corrente, com o encerramento das centrais térmicas a carvão antes do previsto e por falta de planeamento, recorreu se a hidrelétricas com maior intensidade que o normal, levando algumas barragens a ficarem praticamente “ secas ” Só nos últimos dias o governo decidiu restringir a produção hidrelétrica em algumas barragens

O panorama parece, portanto, dramático Mas será realmente assim? Não haverá solução? Vamos ter de dessalinizar água do mar

com custos energéticos exorbitantes e uma enorme pegada de carbono?

E a produção agricultura?

Portugal vai aumentar a sua dependência alimentar do exterior?

Reduzir a nossa segurança alimentar significa mais desemprego, mais desertificação no interior, mais desequilíbrio na nossa balança de pagamentos, etc

Mas afinal há falta de água em Portugal?

A resposta é NÃO! NEM AGORA NEM NO

FUTURO

Nas últimas semanas tem se falado muito em poupança e em pequenas soluções para minimizar os gastos e mesmo em dessalinizar Claro que é fundamental actuar para minorar o problema de imediato, mas o problema é estrutural e temos de ter soluções de médio e longo prazo. Segundo um estudo efectuado pelo Eng Jorge Froes, a água está mal distribuída no tempo e no espaço e isto pode ser resolvido com uma “autoestrada” de água no interior, como lhe chamou o referido técnico

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Será um sistema de transferência de caudais [douro tejo guadiana algarve], constituído por estações de bombagem e canais ao longo do interior do país, apoiado nalgumas barragens, e que terá custos bastante razoáveis Claro que estas soluções de fundo têm custos, mas sem elas vamos viver, ou morrer, sempre com problemas e com o “credo”

na boca

Mas vamos olhar para os números

Portugal utiliza anualmente nas várias actividades, uma média de 4 500 hm3/ano de água, quantitativo que, a longo prazo, poderá atingir um valor próximo de 6 000 hm3/ano

Portugal dispõe anualmente, no momento presente, de uma média de 48 000 hm3/ano de águas superficiais e 8 000 hm3/ano de águas subterrâneas, num total de 56.000 hm3/ano. Admitamos que a longo prazo, este valor poderá reduzir se em cerca de 30%, fruto das alterações climáticas, para 39 000 hm3/ano Portugal utiliza atualmente, 8% deste volume de água A longo prazo este valor poderá crescer, com mais actividade económica para cerca de 15% das disponibilidades totais ou, mesmo se Espanha “fechar a torneira”, 21% destas.

Todos estes números são “oficiais”, constando do Plano Nacional da Água de 2015 e do Plano Nacional da Água de 2002, documentos da responsabilidade do Ministério do Ambiente Podemos assim concluir que Portugal não tem, nem nunca terá, falta de água

A água está mal distribuída no Tempo Chove no Inverno e chove nos anos húmidos e é necessária no Verão e nos anos secos, o que implica a existência de barragens de armazenamento No Espaço, verificamos que chove mais a Norte e é mais necessária a Sul, o que implicará sistemas de transporte de caudais, para resolver o problema

As barragens existentes são basicamente suficientes, desde que se adote uma gestão integrada dos recursos, abandonando a exploração hidroelétrica

pura em algumas das albufeiras Estas deverão ter em conta a produção elétrica, o abastecimento urbano, a agricultura, a indústria, o turismo e os caudais ambientais, sendo necessária a construção de mais 3 ou 4 infraestruturas de média dimensão para armazenamento.

Falta a instalação de um Sistema de Transferência Douro Tejo Guadiana Algarve, pelo interior do País Um eixo Douro Pinhel Sabugal Tejo Nisa Portalegre Caia Guadiana Alqueva Mertola Alcoutim Algarve É a referida autoestrada de água pelo interior.

O Sistema de Estações Elevatórias e Canais, num comprimento total próximo a 500 km, permitirá transferências de água entre bacias, da ordem dos 1 500 000 000 m3/ano, cobrindo a Sul as falhas com os excessos do Norte.

O Investimento neste “Sistema em Alta” é da ordem dos 2.000.000.000 €. O custo da água rondará os 0,3 €/m3, dos quais cerca de 50% correspondentes a custos energéticos, valor que poderá baixar no âmbito de um programa de energia verde.

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O referido valor unitário pode se comparar, por exemplo, com o do custo da água dessalinizada para a região do Algarve, 0,6 €/m3, o seja, o dobro daquele

Este trabalho, primorosamente elaborado pelo Eng Jorge Froes demonstra cabalmente que o problema da água em Portugal poderá ser resolvido se houver vontade política para o fazer Além desta “autoestrada de água”, que resolverá a carência deste precioso recurso em todo o país, será fundamental concretizar projectos como o “Projecto Tejo” com 6 açudes a construir neste rio o que permitirá quadruplicar a área de regadio do mesmo, abrangendo mais cerca de 300 mil ha.

barragens mais pequenas, eliminando os problemas de falta de água, tanto para agricultura como doméstica em áreas da região norte A existência desses reservatórios, conjugada com mais agricultura entremeada com floresta é fundamental para combater o flagelo dos incêndios

Toda esta actividade agrícola é extremamente importante considerando que as culturas perenes de regadio têm uma capacidade muito superior, de fazer sequestro de carbono, contribuindo assim para uma descarbonização mais eficiente. Este balanço final de carbono sequestrado é muito superior com estas culturas, mesmo considerando os maiores consumos energéticos, que apesar de tudo podem ser mitigados com novas técnicas de regadio

Localização dos açudes no projecto Tejo Mesmo rio Douro, com um caudal que corre para o oceano com apenas aproveitamento hidrelétrico, pode, e deve servir para regar algumas culturas na região norte e alimentar algumas

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LIGAÇÃO DOURO CÔA MEIMOA OCREZA
TEJO CAIA GUADIANA (COM PROLONGAMENTO DO CANAL PELO ALTO ALENTEJO)

FAZER ACONTECER RAPIDAMENTE OS NOSSOS ÓBVIOS!

PAULO CORTE-REAL CORREIA ALVES

Abstract

Let's work so that our obvious ones happen quickly, Europe needs it, the world needs it, Portugal and the Portuguese are, we are, in dire need

Key words: Do; Happen; Obvious

Résumé

Travaillons pour que nos évidentes arrivent vite, l'Europe en a besoin, le monde en a besoin, le Portugal et les Portugais sont, nous sommes, dans un besoin urgent.

Mots clés: Faire; Arriver; Évident

Sempre me inquietou e continua me a inquietar o facto do obvio demorar sempre demasiado tempo, mas depois de refletir lá acabei por concluir que só não acontece tão rapidamente quanto o desejável porque obviamente que cada um de nós, tem o seu obvio e dificilmente abrimos mão das nossas certezas, dos nossos interesses, do nosso poder e capacidade de defender e impor as nossas verdades!

Mas é uma pena porque se o obvio acontecesse sempre e mais rapidamente a Humanidade seria muito mais Feliz e o Mundo seria muito mais justo para todos, seja qual for a sua origem, idade, género, ideal político ou religião Pensemos então nos nossos óbvios, ou melhor nos “ meus ” óbvios que espero que sejam de muitos mais

Para mim é obvio que o grande desafio da Humanidade para este seculo XXI, é sermos capazes de colocar o DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO ao serviço da FELICIDADE do HOMEM e em parceria com a NATUREZA de forma bem sustentada para o Futuro. Mas como?

Vejo Felicidade (ou não ) em cada um dos nossos patamares de Maslow Fisiologia, Segurança, Socialização, Autoestima e Realização Pessoal e no seu topo a Felicidade Suprema que no fundo todos procuramos, mesmo os que andam mais distraídos Vejo muita INFELICIDADE na forma como nos estamos e continuamos a relacionar com o TEMPO, com o ESPAÇO e com o DINHEIRO!

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Hoje tudo é estonteantemente RÁPIDO, o que nos enlouquece e demasiado PERTO o que nos sufoca… tudo, ou quase tudo parece disponível á razão de um click e de graça pensam muitos!

o Interior do País tem de ser repovoado e eficientemente reativado

… a Descentralização tem que verdadeiramente começar a acontecer

o País tem que produzir mais riqueza, para assim ter mais para distribuir com justeza

E o DINHEIRO? que pena quando deixamos que o dinheiro passasse da sua função original de facilitador de transações, para um bem transacionável E como se não bastasse é tudo ou melhor tudo tem de ser sempre MAIS e MAIS e MAIS e MAIS

O dinheiro tudo ou quase tudo compra, o lucro tudo desequilibra quando desproporcionado!

mas voltemos aos “ meus ” óbvios, porque para mim também é obvio que:

… a VIDA começa na fecundação.

é na FAMÍLIA que tudo começa e acaba!

… a atual Constituição Portuguesa tem que ser limpa de imprecisões, ideologias, discriminações ou preconceitos.

a Lei eleitoral tem que ser revista, criando se os círculos uninominais, com um nacional de compensação e diminuindo o número de deputados

E para mim também é mais do que óbvio que um Rei, isento, conciliador e comprometido em servir o seu Povo em toda a sua vida, numa Monarquia Constitucional é a melhor Forma de Governação de uma Pátria e muito mais útil e eficiente, que um qualquer Presidente, eleito por menos de um quarto da população, partidário e apenas comprometido em servir os seus eleitores e restante população em um ou dois mandatos de 5 anos Trabalhemos para que os nossos óbvios aconteçam rapidamente, a Europa precisa, o Mundo precisa, Portugal e os Portugueses estão, estamos, aflitivamente necessitados!

Saudações Monárquicas

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DA REAL GAZETA DO ALTO MINHO AO DR. RODRIGO MOITA DE DEUS

RGAM. – Foi um dos fundadores do 31 da Armada e dos poucos Monárquicos contemporâneos que correu riscos para defender a Causa da Monarquia, sendo inclusive detido e constituído arguido, quando em 2009, juntamente com outros membros, hasteou a Bandeira Azul & Branca da Monarquia Constitucional, nos Paços do Concelho da Câmara Municipal de Lisboa. Mais Monárquico que isso não pode haver, verdade?

Que é discutível o furto quando devolvemos a bandeira que lá estava depois de uma lavagem a seco E por aí fora O despacho de arquivamento do processo, do Ministério Público, é absolutamente exemplar O objetivo, propriamente dito, era só “dessacralizar” a varanda.

RMD. Na prática, tirando o longo escadote que foi preciso subir, não houve grande risco Nem grande militância. Tínhamos pensado nas consequências jurídicas e mais divertido que o gesto em si foi o “dia seguinte” A maior parte das pessoas não sabe que a “azul & branca” é um símbolo nacional protegido constitucionalmente (e bem)

RGAM. – Fernando Pessoa tirou rapidamente o retrato ao regime implantado, em 1910: ‘na monarquia era possível insultar por escrito impresso o Rei; na república não era possível, porque era perigoso, insultar até verbalmente o Sr. Afonso Costa.’ Parafraseada, a afirmação até pode ser decalcada para o nosso tempo, certo?

ENTREVISTA
SETEMBRO 2022 PÁGINA 30 | REAL GAZETA DO ALTO MINHO
Bandeira da Monarquia hasteada na Câmara de Lisboa visível ainda durante o dia

RMD. A afirmação da república, num país real que lhe era hostil, fez se muito pela sacralização da chefia de estado Mais do que isso. Pela sacralização da própria máquina do estado A sacralização é a legitimidade do exercício do poder que não encontravam E essa é a linha comum que atravessa as três repúblicas Confundindo país com estado e pessoas com contribuintes Manter esta sacralização trouxe consequências nas liberdades, direitos e garantias. Especialmente na relação desequilibrada entre um estado (que se confunde com o país) e os cidadãos. A máquina do Estado não serve os cidadãos Os cidadãos servem a máquina do estado. E sim. Essa é uma questão de regime.

RGAM. Já fez clara e publicamente a sua parte. Mas porque será que hoje, não há mais arrojo, como no vosso caso havia, e a ação dos monárquicos se limita à guerrilha através da pena irónica da censura e do sarcasmo atirados à situação, ou mesmo, à convivência e ao politicamente correcto na relação com o estado das coisas republicano?

RMD Temos de olhar para nós (monárquicos) e tentar perceber o que podemos fazer melhor A causa tem causa, mas precisa de causas Concretas, definidas. Precisa de “bandeiras” que sejam capazes de mobilizar as boas vontades que existem

RGAM. Entre as suas múltiplas actividades, é especialista em comunicação e instituidor do NewsMuseum. Actualmente, com uma comunicação social relutante em efectuar a cobertura de eventos, divulgar factos relevantes e difundir informação isenta sobre Monarquia, como poderia o Movimento Monárquico desenvolver o trabalho político necessário e de propaganda para a divulgação da Causa da Monarquia e contrariar essa tendência?

RMD. Não é uma questão de “chegar às pessoas ” É o que temos para dizer às pessoas A monarquia não pode ser um tema de museu. Nem os monárquicos podem continuar a tratar a questão de regime como um assunto de “história”. A monarquia não é “história” Tem de ser futuro Nas palavras do Marquês é tempo “enterrar os mortos e cuidar dos vivos”. E isso significa assumir que existe um problema de conteúdo De agenda Ou “bandeiras” como lhe chamei. Um bom exemplo disso é o discurso ambientalista em que a causa monárquica foi pioneira, mas perdeu esse tema. Mas há outros. A promoção da língua e os seus mecanismos, a transição energética, as barreiras à imigração ou a livre circulação de cidadãos no espaço da lusofonia Grandes temas, de grande política mas que refletem a forma com um monárquico olha para o futuro do seu país e não para o seu passado.

SETEMBRO 2022 PÁGINA 31 | REAL GAZETA DO ALTO MINHO
‘A MAIOR PARTE DAS PESSOAS NÃO SABE QUE A “AZUL & BRANCA” É UM SÍMBOLO NACIONAL PROTEGIDO CONSTITUCIONALMENTE (E BEM) ’

RGAM. É notório o aumento do número de correligionários e simpatizantes da Monarquia, nas redes sociais, mas o movimento estagnou assim como as suas organizações, e não vai além disso; isto posto, acha ainda possível a restauração da Monarquia pelo menos num futuro longínquo?

RMD. Está nas nossas mãos.

RGAM. Existem vários modelos de Monarquia, a orgânica e pelo menos dois tipos diferentes de Monarquias Constitucionais no mundo contemporâneo: Executiva e Cerimonial e dentro desta última o Monarca pode ter funções estritamente cerimoniais ou possuir poderes de reserva, o chamado Poder Moderador. Mesmo que não se tenha certeza se alguma vez teremos novamente Monarquia, deve-se pensar no edifício conceptual de uma futura Monarquia para que se for preciso não entre em cena uma obra à qual falte cuidado. Assim, qual o modelo de Monarquia que defende para Portugal?

RMD. Encontramos a resposta para essa pergunta nas monarquias europeias e na sua evolução A verdade é que o termo “cerimonial” até é bastante redutor A monarquia, com os seus ritos e cerimónias, permite uma continuidade nacional que vai para além das opções partidárias e políticas. Surge como emanação do país. E é essa continuidade e emanação que permite evitar a sacralização da máquina do estado

RGAM. Um Rei que substituísse um presidente como chefe de Estado, que perfil e papel institucional deveria ter; e se existe alguém indicado para esse papel?

RMD. Ao contrário dos republicanos, um monárquico não se preocupa com “perfis” ou “candidatos”. Preocupa se com a sua preparação A instituição, que supera o Homem, fará o resto.

RGAM. A Monarquia é transversal e não ideológica. Porém, no atual modelo político existe um situacionismo e um modelo eleitoral vencido, derrotando as perspetivas de verdadeira Democracia. Como deveria ser um Parlamento num regímen de Monarquia?

RMD A reforma do sistema político é essencial Independentemente do regime O parlamento tem hoje enormes desafios de representatividade E o sistema só alimenta as assimetrias populacionais

PÁGINA 32 | REAL GAZETA DO ALTO MINHO SETEMBRO 2022
Câmara de Lisboa

(entre litoral e interior) Uma das alternativas seria a redução do número de deputados com a criação de um círculo nacional E a implementação de uma câmara alta em que cada região estaria representada de forma equitativa Independentemente da solução a implementar importante é que exista um espírito reformista. Coisa que não existe O regime é conservador Até mesmo reacionário.

Não é a ideia de um “passado glorioso” que me faz monárquico É a ideia de futuro. De um país mais próspero, de um país mais cosmopolita e mais justo Em que todos temos as oportunidades de ir mais além. Nesse sentido, a monarquia não é um fim É um meio Porque a história não acabou Vai se fazendo, hoje mesmo e todos os dias.

RGAM. Quer deixar uma mensagem final aos Monárquicos Portugueses?

RMD Como monárquico, não praticante, permitam que me justifique: sou monárquico Não sou anti republicano

Muito Obrigado!

Entrevista realizada por Miguel VillasBoas para a Real Gazeta do Alto Minho da Real Associação de Viana do Castelo.

SETEMBRO 2022 PÁGINA 33 | REAL GAZETA DO ALTO MINHO
‘A AFIRMAÇÃO DA REPÚBLICA, NUM PAÍS REAL QUE LHE ERA HOSTIL, FEZ SE MUITO PELA SACRALIZAÇÃO DA CHEFIA DE ESTADO ( ) PELA SACRALIZAÇÃO DA PRÓPRIA MÁQUINA DO ESTADO A SACRALIZAÇÃO É A LEGITIMIDADE DO EXERCÍCIO DO PODER QUE NÃO ENCONTRAVAM ( ) CONFUNDINDO PAÍS COM ESTADO E PESSOAS COM CONTRIBUINTES MANTER ESTA SACRALIZAÇÃO TROUXE CONSEQUÊNCIAS NAS LIBERDADES, DIREITOS E GARANTIAS ’
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A CONSTANTE CONSTITUCIONAL DA MONARQUIA PORTUGUESA

PEDRO VELEZ

Abstract

A dimension of concrete continuity of legal foundations would remain during the Portuguese monarchy: the principles and rules of succession to the throne (part and parcel of the so called Laws of Lamego). The Portuguese royal family as a national institution presently embodies that normative basis.

Key words: Monarchy; Constitution; Succession to the throne; Royal family.

Résumé

Une dimension de continuité concrète des fondements juridiques subsisterait pendant la monarchie portugaise: les principes et les règles de succession au trône (partie intégrante des lois dites de Lamego). La famille royale portugaise en tant qu'institution nationale incarne actuellement cette base normative.

Mots clés: Monarchie; Constitution; Succession au trône; Maison royale.

Como mostrou Franz Paul de Almeida Langhans em inolvidável lição, uma dimensão de continuidade concreta de «fundamentos jurídicos» atravessaria os séculos monárquicos da comunidade política portuguesa (Franz Paul de Almeida Langhans, 1951)1 Na antiga monarquia, ao poder régio esteve vedado dispor unilateralmente sobre certas matérias eminentes: lançamento de novos impostos, quebra da moeda e, sobretudo, (regras de) sucessão na Coroa Nessas áreas, cristalizou um princípio excecional de obrigatória codecisão entre Rei e Reino articulado em Cortes Daí a sedimentação

progressiva do conceito de Leis Fundamentais, explicitado e afirmado na sequência do evento da Restauração, cujas cortes de 1641 haviam recebido, como jus fundamental, o tido por disposto, no tocante à sucessão do Reino, pelas (míticas?) Cortes de Lamego (1143). Mesmo em tempos de destaque absolutista em relação à «constituição tradicional», mantiveram se as ditas noções, ainda que se tendesse a reduzir o âmbito da normatividade fundamental, nos interesses de uma monarquia que então se queria pura ou plena

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1 Neste escrito retomamos em parte reflexões anteriores (Pedro Velez Monarquia portuguesa e Constituição: a propósito de algumas releituras recentes em Correio Real n º 24 novembro de 2021 p 8 9)

Posteriormente, a substância jus sucessória das denominadas Leis de Lamego seria, no essencial, transcrita em articulado nas primeiras constituições formais que Portugal conheceu.

A própria guerra civil portuguesa não deixou de ser uma querela jurídica em torno da interpretação do sentido e alcance das regras sobre a sucessão da coroa contidas nas Leis Fundamentais do Reino. Uma pugna argumentativa que, em última instância, partia de lugares comuns, de tópicos partilhados, de interrogações por todos aceites como decisivas: desde logo, a questão de saber qual o significado, num plano de aplicação das ditas regras sucessórias, do conceito de estrangeiro Contra um tal pano de fundo se compreende a “naturalidade” com que, durante a terceira e longa vigência da carta constitucional (1842 1910), a ordem da «sucessão do Reino» era julgada regulada ao nível do texto constitucional artigos 86.º a 90.º do referido ato jurídico público (José Joaquim Lopes Praça, 1880, pp 209 e ss.). A essa luz se entende também a consideração dessa área normativa como matéria constitucional, não modificável por lei ordinária No que terá sido o último manual de direito constitucional publicado em tempos de

Referências bibliográficas:

José Augusto

Franz Paul de Almeida

J

monarquia (1910), o célebre professor Marnoco e Souza pôde asseverar: «A ordem da sucessão real é matéria constitucional, em harmonia com o disposto no art. 144.º da Carta Constitucional Por isso, não pode ser alterada pelas cortes ordinárias» (José Ferreira Marnoco e Souza, 1910, p. 794).

A propósito, refira se que o art 1 º da Carta de Lei de 19 de dezembro de 1834, uma lei ordinária que excluía da sucessão o Rei vencido e seus descendentes, cessaria de vigorar logo em 1836, por força da nova vigência, pós revolução de setembro, da Constituição de 1822 e respetivos preceitos jus sucessórios “normais”. A Constituição de 1838, no seu articulado, recuperaria, é certo, as exclusões de 1834, assim introduzindo circunstanciais distorções na pureza do legado de Lamego Passado pouco tempo, a Constituição de 1838 seria, porém, revogada, sendo reposta em vigor, em 1842, a Carta Constitucional, com as suas regras jus sucessórias “tradicionais”, neste plano (José Augusto Vaz Pinto, 1933)

A constante constitucional da monarquia, que atrás se quis sublinhar, permanece tradição viva na Casa Real Portuguesa, instituição representativa da/na comunidade nacional, atualmente chefiada pelo Senhor Dom Duarte de Bragança.

Constitucional (1832)

J

Lopes

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Vaz Pinto A sucessão do Senhor Dom Manuel segundo a Carta
reproduzido em Documentos da Aclamação de El Rei D Duarte II Edição das Juventudes Monárquicas Lisboa, 1933, pp 27 a 29
Langhans, Fundamentos Jurídicos da Monarquia Portuguesa, Empresa Nacional de Publicidade, Lisboa, 1951
F Marnoco e Souza, Direito Politico, Poderes do Estado/sua organização segundo a sciencia politica e o direito constitucional português França Amado Editor Coimbra 1910
J
Praça Direito Constitucional Portuguez Estudos sobre a Carta Constitucional de 1826 e Acto Addicional de 1852 2 ª Parte vol II Liv Portugueza e Estrangeira Coimbra 1880
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NOTA INFORMATIVA

A Direcção da Real Associação de Viana do Castelo, com mandato para o triénio 2020 2023, cumprimenta V Exas, desejando desde já a continuação de um bom ano de 2022.

A Real Associação de Viana do Castelo tem um plano de actividades e orçamento para 2022, que inclui diversas iniciativas, que vão desde a organização de conferências à publicação da Real Gazeta do Alto Minho, órgão oficial de comunicação da Real Associação de Viana do Castelo, do qual muito nos orgulhamos, e que se pretende sejam executadas com a participação de todos os associados, simpatizantes e entidades que entendam colaborar, com o intuito de contribuir e ajudar a dinamizar o ideal Monárquico que todos nós abraçamos convictamente. Atendendo à necessidade imperiosa que temos em angariar recursos financeiros necessários ao normal funcionamento da Real Associação, e tendo em conta que uma das competências da Direcção é a cobrança de quotas, eu, em nome da Direcção e na qualidade de Tesoureiro, venho por este meio solicitar a V. Exas. a regularização da QUOTA DE ASSOCIADO REFERENTE ao ano de 2022, no valor de 20,00 € (vinte euros), preferencialmente por transferência bancária, para:

Titular da Conta: Real Associação de Viana do Castelo

Entidade bancária: Caixa de Crédito Agrícola Agência: Ponte de Lima IBAN: PT 50 0045 1427 40026139242 47 Número de conta: 1427

SWIFT: CCCMPTPL

Caso seja possível, pede se o favor de enviarem por e mail (real.associacao.viana@gmail.com e amorim.afc@gmail.com) informação da regularização da quota (ex: comprovativo), após o que procederemos de imediato

40026139242
à emissão do recibo de liquidação Cordiais cumprimentos e saudações monárquicas, Filipe Amorim Tesoureiro da RAVC
FICHA TÉCNICA TÍTULO: REAL GAZETA DO ALTO MINHO PROPRIEDADE: REAL ASSOCIAÇÃO DE VIANA DO CASTELO PERIODICIDADE: TRIMESTRAL DIRECTOR: JOSÉ ANÍBAL MARINHO GOMES REDACTOR: PORFÍRIO SILVA WEB: WWW REALVCASTELO PT EMAIL: REAL ASSOCIACAO VIANA@GMAIL COM SETEMBRO 2022 REAL GAZETA DO ALTO MINHO Agência de Marketing & Comunicação TF agency

“CRISTIANISTAS” E “ROIALISTAS”

TOMÁS A. MOREIRA

Abstract

If the "Christians" are all who believe in Christ, Rémi Brague denominates as "Christianists" all those who, being or not believers, honor and defend Christianity and the Christian civilization. In parallel, I call "royalists" all those who, being monarchists or not, stand up for royalty as a legacy for our civilization.

Key words: Christianists; Royalists; Tradition.

Résumé

Si «chrétiens» sont tous ceux qui croient au Christ, Rémi Brague désigne par «christianistes» tous ceux qui, croyants ou non, exaltent et défendent le christianisme et la civilisation chrétienne. En parallèle, j’appelle «royalistes» tous ceux qui, monarchistes ou non, défendent la royauté comme un héritage de notre civilisation

Mots clés: Christianistes; Royalistes; Tradition.

A França, obcecada pelo laicismo extremista e confrontada com um islão militante dentro de fronteiras, atravessa uma dramática crise de fé que levou São João Paulo II a perguntar, já no remoto ano de 1980: “França, filha mais velha da Igreja, és fiel às promessas do teu baptismo?" Sabemos a resposta: Segundo recentes dados do IFOP, menos de 50 % dos franceses crêem em Deus, apenas 32 % se declaram católicos, sendo os praticantes uns meros 6,6 %[1]. O filósofo católico francês Rémi Brague[2], no seu livro “Europe La voie romaine”[3]

(traduzido em quinze línguas) cria o neologismo "cristianista" Sendo “cristãos” todos os que acreditam em Cristo, designa por "cristianistas" todos os que, sendo ou não crentes, exaltam e defendem o cristianismo e a

civilização cristã Lamenta a atitude “cristianista” por parte de não crentes, questionando por que razão não se convertem então em cristãos Passa a queixar se deste mundo estranho, no

fr/modes de vie/des croyances et pratiques religieuses

1 IFOP Institut français d'opinion

de Filosofia

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publique https://www observationsociete
en declin en france/ Novembro 2021 2 Professor
Árabe na Sorbonne e na Universidade Ludwig Maximilian de Munique 3 Vingtième siècle revue d’histoire nr 71 ; 2001/3

qual encontramos defensores do cristianismo que rejeitam ser cristãos, ao mesmo tempo que tantos cristãos assumidos se recusam a defender o cristianismo em público Num recém publicado livro, o controverso Julien Rochedy[4] retoma o tema e justifica aqueles que perderam a fé, mas respeitam e defendem a tradição cristã como base fundamental da sustentação da civilização ocidental Escreve (tradução minha):

“Rémi Brague usa a expressão "cristianistas" para descrever todos aqueles homens que, não tendo necessariamente fé, persistem, no entanto, em ligar se de corpo e alma à civilização cristã Ser um "cristianista" significa acreditar na civilização cristã e nas suas virtudes é, portanto, aceitar a pertença à família cristã…” “Defender a herança cristã da nossa civilização é uma coisa, ter fé é outra. Ora, esta dificuldade tem atormentado os homens de direita há mais de um século Matthew Arnold, John Ruskin na Inglaterra, ou Charles Maurras em França, por exemplo, nunca deixaram de querer defender a cultura cristã da Europa toda a sua vida, apesar da sua falta de fé Quantos homens hoje vão à missa para respeitar a tradição, mas não a sentem em si próprios por causa do ateísmo de que são vítimas apesar de si mesmos?

"Não há dúvidas sobre a obrigação de defender o cristianismo como um legado na nossa civilização. “

Este conceito de “cristianista” suscitou me de imediato um paralelo com o de “roialista” esse outro neologismo que criei[5] para definir todos aqueles, monárquicos ou não, para os quais “não há dúvidas sobre a obrigação de defender a instituição real como um legado na nossa civilização”.

Julien Rochedy continua: “Pode se muito bem continuar a pertencer voluntariamente ao cristianismo, deixando o problema da fé à discrição de cada um, pois esta poderá regressar mais facilmente se, como o amor numa família, os laços com a Comunidade Cristã não forem quebrados

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” 4 Philosophie de Droite Julien Rochedy Editions Hetairie 2022 5 Memórias dum Roialista Tomás A Moreira Edição Real Associação de Lisboa 2021

Parafraseando, direi que os que não crêem na Monarquia como regime político, podem muito bem manter se fiéis ao Rei, deixando o problema da organização do Estado à discrição de cada um, pois a adesão à Monarquia poderá surgir mais facilmente se, como o amor numa família, os laços com a Instituição Real não forem quebrados. António Sardinha definiu que “Tradição não é somente o passado; é antes a permanência no desenvolvimento”. Num mundo em que os nossos filhos e netos, compatriotas e povos irmãos deixam de acreditar em instituições que julgávamos sagradas e incontestáveis,

há que promover a permanência dalguns valores que consideramos fundamentais para que o desenvolvimento humano seja saudável

Os cristianistas defendam o valor do cristianismo e o seu papel positivo no passado, presente e futuro, mesmo em sociedades laicas ou ateias, mesmo para não crentes.

Os roialistas defendam o valor dos Reis e o seu papel positivo no passado, presente e futuro, mesmo em sociedades republicanas, mesmo para não monárquicos.

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BRASIL 200 ANOS

Abstract

The 200th anniversary of Brazil's independence is being celebrated, although this country was already really independent since 1815. The forced return of D João VI to Europe, and the responsibility for the separation of the two kingdoms. The “romance” built around a cry from Ipiranga that never existed and what the Lusophone world could be like if the separation hadn't been as it was The celebrations and the excellent idea of publishing 200 books by authors on both sides of the Atlantic.

Key words: Brazil; D Pedro; Ipiranga; Independence.

Celebram se este ano os 200 anos da “independência” do Brasil Ponho o termo independência entre aspas porque de facto o Brasil já era um país independente antes de 1822 Efectivamente, com a instituição do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves em 16 de dezembro de 1815 o Brasil passou a ser um país independente e sede do reino

Résumé

On célèbre le 200e anniversaire de l'indépendance du Brésil, alors que ce pays était déjà réellement indépendant depuis 1815. Le retour forcé de D. João VI en Europe, et la responsabilité de la séparation des deux royaumes La « romance » construite autour d'un cri d'Ipiranga qui n'a jamais existé et de ce que pourrait être le monde lusophone si la séparation n'avait pas été ce qu'elle était Les célébrations et l'excellente idée de publier 200 livres d'auteurs des deux côtés de l'Atlantique.

Mots clés: Brésil; D Pedro; Ipiranga; Indépendance.

A mudança do Rei e da corte para o Rio de Janeiro provocou uma mudança radical nesta antiga colónia, permitindo a este reino o seu relacionamento internacional como país e o seu reconhecimento pelo resto do mundo, tanto política como economicamente Deixou de ser uma colónia e o desenvolvimento económico e cultural foi explosivo Cresceu exponencialmente uma população de classe média e alta, tanto de nascidos na metrópole, os “reinóis”, como nascidos no Brasil No dia 3 de julho de 1821, o rei D. João VI regressa à Europa, contrariado, por

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ordem das Cortes Constituintes. A metrópole, após a queda de Napoleão entrou em convulsão com a tomada do poder por uma nova classe emergente de intelectuais que pontificavam fundamentalmente em Lisboa e no Porto, dominados por uma maçonaria radical, a extrema esquerda da época O Príncipe D Pedro ficou no Rio de Janeiro, em representação de seu pai, contra a vontade dos dirigentes que governavam em Lisboa. Estes, humilharam, não apenas o Rei e Príncipe como todos brasileiros, pretendendo reduzir o reino sul americano a um território sob administração de Portugal Esta dependência não seria apenas política, mas também económica, proibindo as relações comerciais directas com o exterior, sem ser através da metrópole. Resumidamente, os políticos que então governavam em Lisboa “obrigaram” os brasileiros e o D. Pedro a proclamar a ruptura entre os dois estados em 7 de Setembro de 1822 Não sou propriamente um historiador, apenas um apaixonado da história, mas falando com especialistas brasileiros tomei conhecimento que de facto, o chamado “grito do Ipiranga” não terá realmente existido É um mito romanticamente criado para mobilizar o povo brasileiro Quem realmente terá deliberado a separação definitiva com a metrópole foi o governo no Rio, deliberação sancionada pela princesa Leopoldina, na ausência de D. Pedro em São Paulo

De certo modo, foi pena essa ruptura que chegou a ter episódios violentos, deixando marcas durante décadas, mas que hoje podemos e devemos olhar com distanciamento e ver, pelo contrário a profunda ligação e amizade entre os dois povos irmãos

Lembro sempre histórias que os meus pais contavam de quando em congressos internacionais, à chegada a países longínquos, a delegação portuguesa e brasileira caiam nos braços uns dos outros contrastando com o que se passava entre as delegações espanholas e as das suas antigas colónias

Como monárquico, não posso deixar de confessar alguma nostalgia quando imagino que podíamos ter nos transformado em monarquias unidas por um chefe de estado real como existe entre a Inglaterra, a Austrália, o Canadá a Nova Zelândia e outros. Países com um regime mais parlamentarista, onde o chefe de estado, não eleito, equidistante dos partidos, pode exercer um poder moderador Provavelmente tanto Portugal como o Brasil ganhariam muito em termos de equilíbrio político, evitando alguns extremismos e alguma instabilidade com uma solução monárquica.

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De facto, o Brasil de hoje foi construído por povos indígenas, por muitos emigrantes africanos (muitos deles à força), asiáticos e principalmente grande número por europeus Entre estes, foram centenas de milhares de portugueses que escolheram o Brasil como sua pátria ao longo de 5 séculos Costumo dizer que o melhor dos portugueses ficou do outro lado do oceano De facto, goste se ou não, Portugal transmitiu às terras de Vera Cruz uma parte significativa da sua cultura, principalmente pela nossa língua mãe, a língua de Camões Mesmo os modernistas que condenam violentamente a expansão e a globalização, terão certamente de reconhecer que deixar o “bom selvagem” sem a evolução científica da tecnologia, da medicina, etc , seria

certamente um crime muito maior do que os que são atribuídos aos povos colonizadores.

Pessoalmente, como natural da Europa do sul, agradeço a colonização da expansão romana e a cultura greco romana que veio com esse império e nos moldou para sempre Na comemoração destes 200 anos da autonomia do Brasil, não posso deixar de referir a excelência de iniciativas como a da ASSOCIAÇÃO PORTUGAL

BRASIL 200 ANOS Uma dessas apostas, talvez a mais interessante, foi batizada de “200 anos, 200 livros”. Convidadas uma centena e meia de personalidades para um conselho curador deste projeto, ajudaram os promotores a montar uma lista de 200 livros que os brasileiros, os portugueses e o mundo devem ler para entender melhor Portugal e o Brasil

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MORTE DE ISABEL II - HOMENAGEM MUNDIAL A UMA GRANDE RAINHA

ANTÓNIO PINHEIRO MARQUES

Abstract

The world tribute to Her Majesty Queen Elizabeth II.

Key words: Empire; Commonwealth of Nations; Soft power; Soft diplomacy; Duty

Résumé

Hommage mondiale à Sa Majesté la reine Elizabeth II.

Mots clés: Empire; Communauté des Nations; Pouvoir suave; Diplomatie suave; Devoir

A recente morte de Sua Majestade a Rainha Isabel II, para além das mensagens e dos sinais de luto resultantes da habitual prática internacional, provocou numa multiplicidade de países manifestações públicas de pesar bem evidentes e os maiores elogios por dirigentes políticos e figuras de renome mundial, tanto à sua pessoa como e à sua atuação como soberana Para alguns, as reações foram talvez um pouco surpreendentes, uma vez que se está perante uma chefe de estado dotada apenas de funções simbólicas e de poderes meramente formais Os poderes de facto que correspondem ao monarca nos seus quinze estados (o Reino Unido e os outros catorze reinos da Comunidade de Nações a Commonwealth) são exercidos pelos ministros em seu nome

Nos estados em que o chefe de estado não é residente, as funções cerimoniais são exercidas pelo seu representante pessoal, os governadores gerais Todos estes reinos são democracias parlamentares, sendo os respetivos governos responsáveis perante as câmaras legislativas eleitas.

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Discurso do Trono, na abertura do Parlamento do Canadá

O interesse global por esta rainha manifestou se, reforçado com o seu desaparecimento, com debates nas televisões e a publicação pela imprensa de números especiais nas revistas de informação geral ou na mais especializadas, apresentando análises detalhadas da sua relevância constitucional e social, em países que vão da Austrália ou Canadá até à Papua Nova Guiné ou Vanuatu, passando pela Grã Bretanha e Irlanda do Norte.

Basta pensarmos como nos anos prévios ao seu casamento com o Príncipe Filipe (como ela descendente da Rainha Vitória e de Cristiano IX da Dinamarca), a Princesa Isabel pôde acompanhar a evolução da II guerra mundial, e observar os acontecimentos que levaram rapidamente ao fim do império britânico da Índia, processo orientado pelo último vice rei (Lorde Mountbatten, seu primo, mas também tio do futuro Duque de Edimburgo) que levou à sua partição em dois estados, a Índia e o Paquistão Das duas guerras mundiais, a própria família recolheu experiências pessoais, e a jovem princesa as suas próprias pois serviu por algum tempo no serviço auxiliar territorial do Exército, onde se tornou entendida na mecânica de camiões e apta na condução de pesados

Uma rainha com uma vasta experiência política e diplomática

Obviamente há explicação para esta admiração e apreço Um longo reinado de setenta anos, devidamente comemorados no Jubileu de Platina de 2022, permitiu à Rainha desenvolver e apurar uma forma peculiar de participar na vida britânica e, embora à distância, estar igualmente presente nos outros países de que era chefe de estado Este firme sentido do dever, resultante de uma posição única, foi certamente fortalecido pelas suas qualidades e por uma enorme experiência adquirida.

Em 1940, mensagem radiofónica às crianças da Commonwealth

Se recordarmos o período do pós guerra, de reconstrução e recuperação dos países envolvidos no conflito, que se estendeu por alguns anos do início do seu reinado, numa fase em que se desenrolou tanto a “ guerra fria” como conflitos regionais graves, ao mesmo tempo que surgiram a ideia da

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Reunião dos Chefes de Governo da Commonwealth, em 2018, em que foi decidido que o Príncipe Carlos viesse a suceder como seu Chefe

cooperação e os ideais unificadores europeus, facilmente compreendemos como foi, para uma rainha estritamente cumpridora do seu dever e com uma mente metódica e curiosa como a sua, uma época que lhe permitiu ganhar uma perceção bastante exata do funcionamento das instituições e um conhecimento dos políticos britânicos e de muitos outros países, entre os quais os da Commonwealth, mas também europeus e americanos. O seu reinado viu enormes transformações sociais, até na estrutura da família, incluindo na própria família real, com reformas constitucionais de relevo como as alterações na ordem de sucessão à Coroa ou na composição da Câmara dos Lordes, a devolução de poderes à Escócia e Gales, a aproximação à Europa e a entrada do Reino Unido nas Comunidades Europeias em 1973, bem como a sua recente saída da União Europeia.

De mencionar também as cento e dezassete visitas a países estrangeiros, sendo França o país europeu mais visitado: em 1948, ainda como princesa herdeira e, já como rainha, outras seis vezes

Isabel II, filha e neta de monarcas em cujos reinados o que tinha sido um império se fora transformando numa instituição com características diferentes, pôde registar no decorrer de uma décadas e num processo em que entre 1887 e 1937 se reuniram doze conferências imperiais que foram transformando o império na Comunidade Britânica de Nações, surgida em 1926 e que integrou todos os países que já usufruíam de autogoverno e que passaram a uma situação de igualdade com o Reino Unido Posteriormente, com a independência da Índia, em 1949, a instituição recebeu o nome de Comunidade de Nações As reuniões dos seus primeiros ministros que já se vinham realizando foram institucionalizadas, em 1971, com a designação de Commonwealth Heads of Government Meeting (CHOGM), com caracter bienal

Em 1952, ao suceder a Jorge VI, a Commonwealth era formada por oito estados independentes (dos quais sete eram monarquias em união pessoal com o Reino Unido) e os restantes territórios tinham o estatuto de colónias Durante o reinado de Isabel II verificou se, com escassas exceções, a evolução destes territórios para a independência, permanecendo a esmagadora maioria na Commonwealth, que hoje conta com cinquenta e quatro estados, num total de 2.500 milhões de habitantes e cobrindo 31 milhões de quilómetros quadrados de superfície Para a consolidação desta Comunidade de Nações é unanimemente reconhecida a dedicação e o decisivo papel de Isabel II, sempre exercido com a maior discrição

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Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas de homenagem a Sua Majestade a Rainha Isabel II,15 de setembro de 2022

De referir igualmente a quantidade de informação recebida pela soberana, cujas fontes possivelmente ultrapassavam as dos seus próprios ministros no Reino Unido, já que recebia comunicações dos outros países de que era chefe de estado, além de conceder audiências aos seus primeiros ministros e ministros, o que certamente lhe permitiu ter uma visão muito abrangente e diversificada da cena política internacional.

Novas tecnologias, novas formas de atuar

O reinado de Isabel II, para além das transformações económicas e sociais que ocorreram não só no Reino Unido como noutros países, viu também os progressos tecnológicos, entre os quais, e logo nas duas primeiras décadas, o uso generalizado da televisão e do telefone

A sua coroação, em 1953, foi o primeiro grande acontecimento a ser transmitido pela televisão A decisão da Rainha de que a Coroação deveria ser difundida pela televisão (sendo o Primeiro Ministro Winston Churchill de opinião contrária) converteu a cerimónia num acontecimento comentado em todo o mundo Acto cheio de significado, uns dias antes Isabel II pedira que “ para além de desfrutarem do feriado, todos, independentemente da sua religião, rezassem por ela no dia da coroação”.

2 de Junho de 1953, coroação na Abadia de Westimnster

Começando as primeiras visitas à Commonwealth por via marítima (o iate real Britannia tornou se célebre como instrumento da sua diplomacia), Isabel II também utilizou sempre que possível o avião, com viagens no franco

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Em 2018, Isabel II com a sua Primeira Ministra da Nova Zelândia, Arden O Primeiro Ministro da Austrália em homenagem à sua Rainha, 10 de setembro de 2022

britânico Concorde Mais recentemente, surgiu a internet (a World Wide Web viria a surgir graças ao contributo do físico britânico Timothy Berners Lee), sendo do conhecimento público que Isabel II, para além das contas oficiais, dispunha de uma conta privada (e confidencial) nas redes sociais para contacto com a família

A Rainha sempre esteve preocupada com a sua proximidade com as pessoas e com a necessidade de ser vista, optando por vestir se com cores vivas para poder ser rapidamente localizada mesmo de longe Os primeiros “walkabouts”, caminhadas que lhe permitiam aproximar se das multidões, consagraram se nas visitas à Austrália e Nova Zelândia em 1970, tendo passado a ser habitualmente incluídas nas suas deslocações. Optou também por organizar jantares, de forma a poder juntar com regularidade pequenos grupos de convidados provenientes de diferentes setores de atividade, misturando professores, profissionais de saúde, escritores, artistas, e pessoas que se distinguiam no serviço à comunidade, no voluntariado ou nos cuidados de idosos ou de deficientes, permitindo lhe ouvi los e interagir durante esses encontros

O reinado de Isabel II, para além das transformações económicas e sociais que ocorreram não só no Reino Unido como noutros países, viu também os progressos tecnológicos, entre os quais, e logo nas duas primeiras décadas, o uso generalizado da televisão e do telefone

A sua coroação, em 1953, foi o primeiro grande acontecimento a ser transmitido pela televisão A decisão da Rainha de que a Coroação deveria ser difundida pela televisão (sendo o Primeiro Ministro Winston Churchill de opinião contrária) converteu a cerimónia num acontecimento comentado em todo o mundo Acto cheio de significado, uns dias antes Isabel II pedira que “ para além de desfrutarem do feriado, todos, independentemente da sua religião, rezassem por ela no dia da coroação”. A jovem princesa Isabel começara as suas mensagens ainda muito jovem, em 1940. Em plena guerra, e acompanhada pela princesa Margarida, dirigiu por rádio palavras de conforto às crianças, algumas sem familiares, outras deslocadas e separadas dos seus parentes, muitas em famílias de acolhimento na África do Sul, Austrália, Canadá, Estados Unidos ou Nova Zelândia Ao cumprir vinte e um anos, numa célebre mensagem radiofónica transmitida da Cidade do Cabo, onde se encontrava, dedicou a sua vida ao serviço da Commonwealth. As mensagens passaram a ser uma constante do reinado, tanto pelo Natal como no Dia da Commonwealth, ou em ocasiões especiais, transmitidas por televisão (com a evolução desta

Novas tecnologias, novas formas de atuar
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Rainha da Austrália

entretanto já a cores) e sempre com um conteúdo muito pessoal Para este tipo de intervenções, com elevadas audiências nacionais e internacionais (como durante a crise sanitária de 2020), não é necessário o aconselhamento governamental; as suas intervenções tiveram frequentemente uma componente religiosa e continham sempre o reconhecimento do esforço e das qualidades das pessoas, constituindo um incentivo às comunidades a quem se dirigiam

Poder suave e diplomacia suave

Desprovida de poderes reais, a Rainha Isabel II foi mestre no que os analistas chamam o poder suave (soft power) exercendo o seu dever constitucional de “ ser consultada, prevenir e incentivar”, nas audiências com os primeiros ministros e ministros, das quais pouco ou nada se sabe, por forma a resguardar a monarca neste exercício e permitir um relacionamento franco e isento. Por outra parte, a diplomacia suave (soft diplomacy) da monarquia, exercida sempre ao serviço dos interesses nacionais, constituiu um trunfo importante nas relações internacionais, congregando a rainha (e também a família real) de forma discreta apoios para objetivos concretos, fazendo uso, no seu caso, do humor e encanto que lhe eram característicos, muito úteis nessa atuação

Um exemplo, concreto e relativamente recente, já do século XXI, foi a sua visita, num gesto que marcou uma viragem no relacionamento entre os dois países, à República da Irlanda em 2011, a primeira de um chefe de estado britânico desde a independência, uma

vez que apenas Jorge V estivera em Dublin e noutras cidades, mas em 1911 A Rainha Isabel II só visitara, embora por várias vezes, a Irlanda do Norte Nesta deslocação recebeu cumprimentos de dirigentes republicanos e visitou locais importantes ligados ao nacionalismo irlandês, tendo proferido algumas palavras na (em tempos proibida) língua gaélica, com agrado e generalizado aplauso dos assistentes. O atual Presidente da Irlanda, Michael Higgins, retribuiu por sua vez a visita em 2014, tendo viajado até Londres, em visita de Estado. De mencionar que, com motivo do falecimento da soberana britânica, no Parlamento da Irlanda esteve aberto um livro de condolências O Presidente e o Primeiro Ministro irlandeses participaram tanto na celebração, na catedral de Belfast no dia 13 de setembro, em que esteve presente Carlos III, como na cerimónia Abadia de Westminster, no dia do funeral Com a ida a Belfast o Presidente Higgins tornou se no primeiro chefe de estado a encontrar se com o novo monarca

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Os Granadeiros e a Royal Navy

Homenagem mundial a uma Rainha

Nas Nações Unidas, a Assembleia Geral reuniu em sessão de homenagem a Sua Majestade a Rainha Isabel II, a 15 de setembro, com discursos do seu Presidente e do Secretário Geral, bem como dos representantes dos Grupos Africano, América Latina e Caraíbas, Ásia e Pacífico, Estados Ocidentais, União Europeia, Fórum das Ilhas do Pacífico, Grupo Árabe, Conselho de Cooperação do Golfo, Pequenas Ilhas e também o Grupo da Commonwealth e, em intervenções próprias, além dos Estados Unidos, representantes de alguns países de que era soberana, como o Reino Unido, Antigua e Barbuda, Austrália, Belize, Canadá, Nova Zelândia e Papua Nova Guiné O discurso do delegado da Jamaica foi feito também em nome de Belize, Bahamas, S Cristóvão e Nevis, Santa Lúcia e S. Vicente e Granadinas, todos reinos da Commonwealth situados nas Caraíbas. Elemento comum foram os elogios à sua capacidade de liderança e dedicação ao bem público, o apoio e incentivo à cooperação internacional, ao desenvolvimento e às instituições de assistência e o seu respeito sempre manifestado pela diversidade de culturas.

As cerimónias fúnebres de Isabel II tiveram início na Escócia, onde faleceu a 8 de setembro, uma vez que se encontrava como em todos os verões no seu castelo de Balmoral. No trajeto entre Balmoral e Edimburgo, a população aguardou na berma da estrada a passagem do cortejo fúnebre e em Aberdeenshire os agricultores formaram uma guarda de honra com os seus tratores Em Edimburgo, as ruas

ficaram apinhadas de povo no percurso para a residência oficial, o Palácio de Holyroodhouse, e também no dia seguinte na deslocação para a Catedral de St Giles, pertencente à Igreja Presbiteriana da Escócia, onde foi colocada a coroa da Escócia sobre a urna, revestida pelo estandarte real escocês. Finalmente a 13 de setembro, o regresso a Londres em avião de carga já previsto (“o que é bom para os meus soldados será bom para mim”) uma vez que esta aeronave serve habitualmente para transporte de tropas Em Londres, depois da passagem pelo Palácio de Buckingham, a câmara ardente decorreu no Palácio de Westminster (Parlamento) com longas filas, entre oito e dez quilómetros, com muitas horas de espera para todos os que pretendiam prestar lhe uma última homenagem. Certos trajetos foram feitos em carro funerário desenhado especialmente para o efeito (sob a sua orientação), um Jaguar na mesma cor do Bentley e do helicóptero reais, com um S Jorge a trespassar o dragão e o monograma coroado da soberana.

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O armão puxado pelos marinheiros da Royal Navy

Com a presença de cerca de 500 chefes de estado, chefes de governo, famílias reais e outros representantes de países de todo o mundo e uma audiência mundial de 4.100 milhões de pessoas, no que já é considerada a maior transmissão internacional de sempre, todos os actos foram realizadas com uma execução perfeita e um cerimonial respeitador de tradições, algumas bem antigas como o quebrar da vara de mando pelo lorde camareiro, que cessou funções com a morte da sua Rainha, na Capela de S Jorge em Windsor, ou a participação dos marinheiros da Royal Navy no funeral, puxando o armão. De salientar que este respeito pelas tradições se manifesta num país que se encontra em quarto lugar na classificação mundial dos países mais inovadores, sendo os três primeiros a Suíça, a Suécia e os Estados Unidos

Isabel II converteu se no modelo exemplar do exercício das funções reais, muito pelas qualidades já mencionadas de discrição e também pela sua experiência, e igualmente pela estrita noção das suas funções constitucionais que a teria levado, no início de setembro deste ano, ao ser lhe proposto delegar no Príncipe Carlos a audiência com a nova líder do Partido Conservador, para lhe confiar a formação do governo, a responder que “ o deveria fazer pessoalmente por ser o seu dever” Dois dias depois falecia Isabel II, a Resoluta ou Persistente, no dizer de Douglas Hurd (que em tempos publicou uma sua biografia) mas que possivelmente ficará na História como Isabel II, a Grande, pelo imenso legado que deixa

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Livro sobre o papel desempenhado pela Rainha nas relações internacionais Entrada da urna na Capela de S Jorge em Windsor

CONHECI O PRINCIPEZINHO LOIRO

Abstract

The little prince attended the second year, class A, at Liceu Alexandre Herculano, in Vila Nova de Gaia. He had a blond hair, which set him apart from the rest, almost all of them dark hair and ebony hair

One day our little prince disappeared... It was known that he had gone to "Caldinhas".

Key words: Little Prince; Blond hair; D Duarte.

Résumé

Le petit prince a fréquenté la deuxième année, classe A, au Liceu Alexandre Herculano, à Vila Nova de Gaia.

Il avait des cheveux riches et voyants de la couleur du vieil or, ce qui le distinguait des autres, presque tous des cheveux noirs et des cheveux d'ébène.

Un jour notre petit prince a disparu... On savait qu'il était allé à "Caldinhas"

Mots Clés: Petit Prince; cheveux blonds; D. Duarte.

Andava eu pelos meus dez anos (seriam onze?) quando conheci o Senhor D Duarte Pio de Bragança

Frequentava, o principezinho, o segundo ano, turma A, do Liceu Alexandre Herculano, no Porto, fora lhe dado o número: quatro Era menino robusto, de tez clara, recatado e retraído; rechonchudinho e coradinho Um guapo rapaz!

Possuía farta e vistosa cabeleira cor de ouro velho, que o destacava dos restantes, quase todos moreninhos e cabelos cor de ébano Sentava se o nosso principezinho na primeira fila, rente à janela, que abria para o recreio.

Certa ocasião, o príncipe, recebeu da tia, moradora em país de grandes compositores e altas montanhas, cobertas de alvas neves no inverno e de lindas flores silvestres, na primavera, relógio de pulso, cobiçado por muitos.

Estava o mestre a dissertar, quando paira no ar estranho e irritante sussurro.

O que seria!?

Estupefacto, interrompe a elucidação, e logo dezenas de curiosos olhinhos espantados, volveram se para o nosso príncipe.

Ergueu se o principezinho, e declarou, concisamente:

O relógio era despertador

Inexplicavelmente, sem desejar,

COMO
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começou a soar Estava esclarecido o insólito

Como os principezinhos das histórias de encantar, possuía, também, objectos mirabolantes, e hábitos estranhos. Estranhíssimos!!!

Não queiram lá saber o que aconteceu em fria manhã de inverno: o menino príncipe, enfia a mão na algibeira e retira papel sedoso, e assoa se.

O quê!? Interrogam se varados os petizes. Ele limpa o nariz a papéis!?...

Dona Delfina esposa do jurista Lopes Cardoso, resolveu realizar íntima festinha.

Entre os convidados, contava se o nosso principezinho Comeram e beberam leite chocolatado. Depois solicitaram autorização para se retirarem

O grupinho do príncipe era constituído, pelo Daniel, filho mais novo de Lopes Cardoso (meu informador das peripécias aqui referidas,) João Campos, António Baia e Emanuel Caldeira

Figueiredo.

Assentaram, os garotinhos, dar curto passeio de bicicleta Como os pneus estivessem em baixo, o grupinho, demandaram açodados, à Rua de Camões (Gaia,) em busca da oficina de José Grilo.

Inesperadamente, surdiu, enfurecido cachorro, que embirrou com D Duarte Aflito, atarantado, aturdido, refugia se, encafuando se numa viatura, com tanta infelicidade, que o vidro da janela estalou em pedacinhos.

E agora? Agora o pai do príncipe, com dignidade, reparou o dano Certo dia desapareceu o nosso principezinho Soube se que fora para as "Caldinhas"

O mais afoito investigou o inusitado enigma

Eram lenços de papel! Desconhecidos, em 1956, em Portugal

Mas, em dia aziago, aconteceu inesperada tragédia:

Correram os anos, e tornaram a correr. Era já adolescente de barba cerrada, quando ouvi tocar o telefone: Terrim, terrim, terrim Quem seria!? Era o Sr. Camarate dos Santos, convidando me para conversa informal com D Duarte Na Quinta da Madalena, numa sombria salinha, decorada com belas e antigas gravuras, além do príncipe, estavam três a quatro pessoas.

D Duarte já não era o gracioso rapazinho, que conhecera no meu tempo de liceu. Encontrei o mais afectuoso, mas ligeiramente reservado.

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Passaram se longas décadas O director do jornal, onde era redactor, encarregou me de elaborar, entre outras entrevistas, curtíssima biografia de D. Duarte. Nessa ocasião o meu principezinho encontrava se casado, e era agora o Senhor Duque de Bragança Enviou se lhe o periódico Ele e Dona Isabel, dirigiram me afectuosa missiva e

foto autografado, que conservo religiosamente Assim terminam as minhas singelas reminiscências do principezinho loiro, que em 1956, estudava num liceu portuense, e brincava, ria e chorava, como qualquer criança portuguesa Bons tempos!

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LEGADO DE HENRIQUE BARRILARO RUAS

Abstract

Henrique Barrilaro Ruas was certainly one of the most brilliant monarchist thinkers of his generation. His thinking is inspired by a Catholic personalism that led him to revisit, in conjunction with classical philosophical thought, the central themes of monarchical traditionalism, particularly the integralist tradition. This article is just a brief evocation of his thought and a tribute to his legacy

Key words: Person; King, Freedom, Integralism.

Résumé

Henrique Barrilaro Ruas était certainement l'un des penseurs monarchistes les plus brillants de sa génération. Sa pensée s'inspire d'un personnalisme catholique qui l'amène à revisiter, en lien avec la pensée philosophique classique, les thèmes centraux du traditionalisme monarchique, en particulier la tradition intégriste Cet article n'est qu'une brève évocation de sa pensée et un hommage à son héritage.

Mots Clés: Personne ; Roi; Liberté; Intégralisme

No ano de 2021, passaram cem anos sobre o nascimento de Henrique Barrilaro Ruas As circunstâncias então vividas, com constrangimentos de circulação, encontros e reuniões, não permitiram celebrar devidamente essa data Mas, ainda que algum tempo depois, não deixa de ser devida a homenagem a uma personalidade cuja generosidade não pôde deixar de marcar, pela sua profundidade, bondade e inteligência, o carácter daqueles que receberam a graça da sua amizade, que puderam fruir do seu convívio e camaradagem e que o

tiveram por mestre de doutrina e de vida Como pensador monárquico, no último texto que publicou em vida, num blog de 2003 chamado Lusitana Antiga Liberdade, Henrique Barrilaro Ruas falava então da «dignidade da política» Era certamente o tema central do seu pensamento político. Esta palavra dignidade não era, na sua voz, uma alusão fútil, vã ou protocolar. Não era o que quase sempre é, quando hoje, nos discursos costumeiros, é proclamada com função ornamental, vaga e destituída de substância e conteúdo. Com a invocação da

O
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«dignidade da política», tratava se de aludir a um princípio fundamental que, no seu entender, não poderia deixar de estar na base de toda a política genuína.

Henrique Barrilaro Ruas

Barrilaro Ruas era, filosoficamente, um personalista católico. Por isso, em nenhum pensamento mais do que no seu vibra, de modo intenso, a distinção clássica entre dignidade e preço. Todas as coisas sabemo lo bem têm preço No âmbito do económico, são imediatamente mensuráveis e comparáveis entre si, no seu maior ou menor valor O preço permite lhes serem trocadas e substituídas. Mas se as coisas têm preço, a pessoa é única, insubstituível e incomensurável Por isso não tem preço, mas dignidade. É, portanto, a dignidade que distingue um ser pessoal. E a política, partindo da pessoa, é algo digno não em si mesmo, mas ao constituir se como expressão da dignidade da pessoa humana Quer isso dizer que, para Barrilaro Ruas, a política só terá dignidade se encontrar na pessoa humana, ao mesmo tempo, o seu alfa e o seu ómega, o seu princípio e o seu fim, o seu terminus ad quem e o seu terminus a quo.

Dizer que uma política digna encontra o seu princípio na pessoa humana significa dizer que ela não o pode encontrar nela mesma Uma política digna partirá não de si mesma e de puras ideias políticas, ou das ideias que, fechadas sobre si num desenvolvimento imanente e solipsista, configuram «ideologias», mas sempre do homem concreto É este ponto de partida que constituirá o critério da sua dignidade Uma política genuína é uma política do homem, tanto no sentido de que lhe pertence como no sentido de que o tem como objecto Ela visa o homem concreto, nas relações pessoais que o concretizam numa vida e numa história, num tempo e num espaço; não o homem universal das abstracções humanitárias, mas o homem concreto de carne e osso, o homem que nasce e que morre no seio de uma família que é sua, de uma terra que habita, de uma nação que ama Enquanto pessoa, o homem é uma substância que é essencialmente relação; e é enquanto relação desenrolada nos vários planos onde decorre a sua vida, do económico ao religioso, passando pelo político que não pode deixar de ser pensado. É esta consciência profunda da dimensão intrinsecamente relacional do homem que já vivamente ecoa, por exemplo, num livro que remonta a 1957, A Moeda, o Homem e Deus Nele se pode ler: «Para onde quer que se volte, o homem encontra se sempre relacionado: com Deus, de Quem directamente vem o sopro espiritual, alma que aspira ao Eterno; com todos os homens, como filho, como irmão, como pai, ou chave de tudo como esposo; com a natureza, cuja engrenagem o conduz, cujas energias o alimentam Quando, silenciosamente recolhido, se sente

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mais só, é talvez com Deus que religiosamente comunga E o momento do maior abandono a hora da morte é também o momento do maior encontro» (p. 162).

Uma política que tenha a pessoa por princípio é, então, uma política que parte do carácter relacional da pessoa humana Ela pensa a dignidade da política a partir do elo relacional que a une quer, numa direcção ascendente, à religião, que remete o homem para o que o transcende, quer, numa relação descendente, à dimensão económica, social e familiar, própria das relações de proximidade Já Aristóteles, na sua Política, tinha aludido não apenas à diferenciação de planos em que se encontram cidade e família, polis e oikia, mas também, no mesmo passo, a uma linha de continuidade entre um e outro planos, que não permite a existência de rupturas nem hiatos. Por isso, Aristóteles inaugurando uma tradição que se prolongou para além dele falava numa «arte régia», numa technê basilikê, que estava presente não apenas na dimensão política, mas também na vida familiar e mesmo na vida interior de cada um de nós. Segundo Aristóteles, seria esta «arte régia» que estaria presente na família, no modo como o pai aconselharia os filhos e os governaria para seu benefício, mas também na alma humana, no modo como a inteligência procuraria ordenar desejos, apetites e demais ímpetos irracionais Do mesmo modo, seria a «arte régia» que, na política, fundaria uma instituição monárquica que poria o Rei ao serviço de todos, afirmando simbolicamente a unidade de cidadãos que, embora

iguais enquanto cidadãos, seriam diferentes e livres na realidade concreta das suas vidas, qualidades e disposições pessoais

Para Henrique Barrilaro Ruas, a opção pela Monarquia em política, a adesão à Monarquia como politeia ou regimen, segue se da invocação desta «arte régia» e da sua compreensão a partir do princípio personalista que marca o seu pensamento Se o homem fosse um mero indivíduo, uma substância monádica dotada de direitos e unido aos outros apenas por relações contratuais, esta arte não seria precisa.

A política não precisaria de ser uma «arte» Bastar lhe ia ser uma técnica instrumental ao serviço do indivíduo, da conservação da sua vida ou da potenciação da sua vontade Nesta representação individualista das instituições humanas, estas seriam apenas instrumentos ao serviço da afirmação do indivíduo No entanto, o homem não é mónada, mas pessoa. E a Monarquia, enquanto instituição profundamente humana, consiste no regime que, de forma mais perfeita, é capaz de acolher este carácter pessoal e relacional do ser humano Assim, Para Barrilaro Ruas, a Monarquia não é o resultado de um contrato negociado e celebrado entre indivíduos É antes o testemunho e a apresentação simbólica de uma unidade política que não existe concretamente, mas que desponta no concerto da história onde se relacionam pessoas, gerações e experiências muito diferentes O Rei não constitui a unidade política do Povo, mas dá lhe a expressão sem a qual tal unidade não se pode manifestar Por isso, Povo e Rei pertencem se reciprocamente, e o Rei está ao serviço do Povo de que é parte

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Está o na medida em que a instituição que incorpora, na sua pessoa, é a instância na qual unidade política do Povo encontra expressão Empiricamente considerado, o Povo o conjunto das pessoas concretas que o formam não é senão «multidão», agremiação dispersa de indivíduos diferentes, com vontades, «visões do mundo» e interesses diversos. Essa pluralidade não pode ser desfeita, pois com ela desapareceria o próprio Povo na sua riqueza e vida concreta Não podendo desaparecer, a pluralidade do Povo tem de ser representada como unidade É como representante da unidade política de um Povo livre e plural que o Rei emerge Só com o concurso do Rei pode um Povo constituir se como uma unidade sem deixar de ser uma pluralidade concreta; uma unidade onde se reúnem, livres nas suas diferenças, diferentes pessoas e diferentes gerações. Neste sentido, poder se á dizer que, se o Rei é livre, ele é, no seio do Povo cuja unidade representa, mercê da instituição que incorpora, a pessoa que menos livre é Por isso, escreve Barrilaro Ruas em A Liberdade e o Rei: «El Rei é um cativo: prisioneiro de Deus e da História» (p 133)

A «arte régia» é, pois, para Henrique Barrilaro Ruas, uma arte de servir Trata se, poder se ia dizer, em atenção à etimologia do termo, de uma arte «simbólica» (syn, prefixo grego que indica reunião, une se ao verbo «trazer», ballein; symballein quer dizer «reunir», «fazer convergir», contrapondo se a dia ballein, termo de onde vem «diabólico» e que se refere àquilo que faz «divergir», àquilo que cinde, rasga e atravessa o que fica separado). O Rei serve o Povo unindo o simbolicamente Mas essa união não quer dizer homogeneidade A união simbólica do Povo, possibilitada pelo Rei e pela Monarquia, na sua «arte régia», não está só muito longe da homogeneização que condiciona e limita a liberdade dos homens e a riqueza da sua pluralidade Mais que isso, ela está nos seus antípodas Talvez seja a Monarquia, devido à sua relação íntima com o Povo e as suas tradições, a instituição que melhor se poderá contrapor aos experimentos sociais dos activismos contemporâneos, os quais não podem deixar de procurar homogeneizar a sociedade pela mão de manipulações culturais, aparelhos mediáticos e condicionamentos mentais. Neste sentido, a Monarquia é, nesta perspectiva, uma condição importante para que a unidade política seja construída, de forma segura, com base na liberdade e pluralidade sociais Por isso, para Henrique Barrilaro Ruas, um pensamento político genuinamente monárquico não poderia deixar de adoptar, como princípio, a proclamação fundadora da Nação Portuguesa: «Nós somos livres e o nosso Rei é livre»

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A contraposição entre a unidade simbólica do Povo, possibilitada pelo Rei, e uma unidade conquistada à custa de processos de homogeneização social e manipulação mental permite, se bem entendida, compreender também a razão pela qual a concepção do homem como um ser social e relacional, invocada por Barrilaro Ruas, está muito distante de uma redução do homem a um ser colectivo, tal como fora proposta pelo marxismo ou por uma sociologia de cariz positivista Enquanto herdeiro dos grandes escritores e intelectuais integralistas de há cem anos, geração correligionária da Action Française e do seu positivismo, Barrilaro Ruas esforçou se por mostrar que a doutrina do Integralismo Lusitano apesar do contexto que a viu nascer se baseava num nacionalismo personalista, e não num positivismo que compreenderia a liberdade como uma abstracção, reduzindo a vida humana a mero facto social e fazendo decorrer a

personalidade humana da sua inserção numa estrutura colectiva Interpretando nesta linha o sentido último do movimento integralista que emergiu no dealbar da República Portuguesa, Barrilaro Ruas pôde escrever o seguinte, num ensaio intitulado O Integralismo como Doutrina Política: «O mérito maior dos fundadores do I L foi exactamente terem compreendido qual era a primeira origem da tempestade política que desabara sobre toda a sociedade portuguesa O que estava em jogo era a concepção do Homem, quer do homem singular, quer do homem colectivo E, então, a doutrina integralista tornou se inseparável da doutrina geral da sociedade e da pessoa humana» (A Liberdade e o Rei, p 191) É talvez esta interpretação personalista do integralismo, e do seu significado no contexto do movimento monárquico em Portugal, que constitui o mais fundamental legado do seu pensamento

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A primeira geração de Integralistas: António Sardinha, Alberto de Monsaraz e Luís de Almeida Braga

EM VERTIGEM: O HOMEM, A PESSOA E O CONSUMIDOR

MÓNICA RODRIGUES

Abstract

The change in the social contract underway, and in the absence of peoples (at least the people citizens of the so called Western democracy), based on the replacement of “man as person” by “homo con sumere”, compromises the sustainability of the Person Human and its survival

Key words: Person; Social contract; Homo con sumere.

Résumé

La mutation du contrat social en cours, et en l'absence de peuples (du moins les peuples citoyens de la démocratie dite occidentale), fondée sur le remplacement de “l'homme personne” par “homo con sumere”, compromet la pérennité de la Personne Humaine et sa survie

Mots Clés: Personne; Contrat social; Homo con sumere.

Mais do que nunca importa repensar o papel que a tradição ocupa na sociedade, como uma espécie de esteio essencial e agregador de um sentir partilhado e renovado. Pois através da tradição os povos afirmam a sua riqueza à escala planetária, mas não globalista, já que a História foi sempre rica ao mostrar os limites que todas as fórmulas políticas de ambição global acabaram por revelar, muitas das vezes em rota de colisão com o sentir dos povos, e, mais recentemente, e em nossa opinião, em rota de colisão com a sobrevivência da espécie humana Vejamos como em apenas três atos

Ato I A tradição ocupa um lugar axial em toda a ação humana, sempre que se assume a importância de conservar certas tradições, sempre que se assume a importância de as transmitir às gerações posteriores, nunca excluindo, porém, o princípio de melhoria Assim sendo, a tradição é a tal espécie de fio condutor que contribui para a estabilidade de um regime, de uma sociedade, de uma cultura É um fio condutor a que não é alheio, nem um certo pessimismo antropológico, nem uma certa descrença sobre o virtuosismo de todo e qualquer projeto de sociedade com vocação global, nem

O MUNDO
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uma certa dúvida sobre as virtudes de elites globais, já que fica sempre indefinida a lealdade das mesmas Neste sentido, a tendência atual globalizante e globalizadora pode ser, pelo contrário, o meio certo para o florescimento de tendências políticas e económicas que visem a eliminação das tradições dos diversos povos da Terra, ou a imposição de outras tradições, podendo essa tendência acarretar, não só a limitação dos povos a disporem de si próprios internacionalmente consagrado desde Bonaparte , como também, in extremis, a própria traição aos povos da Terra e às suas respetivas tradições

Ato II Ora, a sociedade dita ocidental tem uma tradição que é herdeira de um vasto e rico património de quatro outras, a judaico cristã e a greco romana Herdeira deste legado, fomos forjando ao longo do processo histórico uma conceção singular de Homem o conceito de Homem enquanto «pessoa», algo único no xadrez global das sociedades humanas Enquanto «pessoa», assume se na tradição ocidental o valor absoluto e inalienável de cada pessoa humana, independente das suas qualidades, e que este se desenvolve em relação interpessoal e de solidariedade, e é o pilar de toda a sociedade democrática livre Pelo que não nossa perspetiva uma visão liberal hedónica de um homem autónomo, mas egocêntrico, nem outra que assente em qualquer projeto coletivista

E a «pessoa» constrói se num processo de autodeterminação, atualizado de forma perpétua, processo este que não só é informado pelas novas circunstâncias históricas como também está livre de qualquer tutela superior É, pela sua natureza, um processo individual, único e irrepetível, e livre!

Por isso, e numa certa perspetiva conservadora liberal, defendida por homens como Toqueville, Bertrand de Jouvenel, Raymond Aron ou Anthony Sutton, o espaço tradicional do municipalismo, da descentralização ou até do associativismo como contrapeso ao poder do Estado e às dificuldades decorrentes no processo da democratização (este último nem sempre associado a uma transição gradual, como na sociedade britânica) talvez possa ser, no caso português

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como em muitos outros povos, o espaço privilegiado para a autodeterminação pessoal, porque a natureza da sua escala é micro, e porque, talvez por isso mesmo, pode proporcionar também um maior grau de liberdade de expressão Neste micro espaço, a tradição pode desempenhar uma função intemporal na construção de uma sociedade livre e melhor articulada com a natureza humana

Ato III. Mas, do homem «pessoa» ao homem «con sumere» foi um instante Foi uma vertigem histórica! U elite global pós moderna a portões à nova «oportunidade» tecno totalitário, associado a u conceção do Homem um confinado à sua única e dimensão de consumidor, p infra(humana) , revoluçã necessária para salvar a Terra importa se tal revolução está desligada da salvação hum implicações desta revolução co são várias, e a escalas di Identifiquemos apenas três, para já

sua faceta de consumidor, o homem está a mais, eu diria até que sobra no nosso planeta. Mas esta não é a nossa tese Longe estamos de nos apropriarmos de qualquer ideia, por mais brilhante que possa ser. Pois que fique provado que esta tese é defendida por um certo historiador, Youval Hariri, inúmeras vezes e tão brilhantemente defendida em Davos Ah! Mas nunca ouviu falar de Davos?

Pois, mas isso já é outra história. A internet ajuda, é só pesquisar.

Primeiro, e à escala antropológica, o reverso deste «homo con sumere» é o «homo obsoletus», vencido e substituído pela nova máquina, muito mais rápida, mais eficiente, mais eficaz, e com maior capacidade de processamento Então, ultrapassado pela inteligência artificial, reduzido à

Segundo, e agora à escala do contrato social, quais as implicações desta redução conceptual, do «homem enquanto pessoa» ao «homem enquanto con sumere»? Bem, já ouviu falar do carbono? Imagine então que, num futuro muito próximo, já no próximo ano até Imagine que possamos sofrer, em virtude das circunstâncias atuais em que vivemos, a renovação do contrato social? Imagine que faça parte desse novo contrato social o princípio da sustentabilidade do planeta e seja proposto pelas elites, e à escala global, uma Carta de Carbono. Imagine, por fim, que todo o

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Homo Obsoletus

consumo humano fica indexado a uma sofisticada paleta de consumo, e tudo, tudo o que o caro leitor ou cara leitora possa consumir seja indexado a essa carta? Não é maravilhoso? Arrisco mesmo a perguntar se não seria tão apropriado para a proteção de Gaia, perdão, do planeta Terra? Não será pois, uma oportunidade para mudar, e mudar para melhor? Terceiro, decorrente das mudanças anteriores e agora à escala da sua sobrevivência, uma nova tradição alimentar está em vias de ser imposta globalmente um novo Codex Alimentarius Sabia? Convém compreender que a alimentação que ingerimos permite a alimentação das células e, por assim dizer, possa haver assimilação Porque caso contrário, não havendo absorção alimentar, a desnutrição é a consequência inevitável. Se ainda não comprou uma impressora 3D para imprimir os alimentos que prefere, ou se ainda não experimentou uma alimentação à base de insetos, eis a oportunidade para experimentar uma nova versão do ser humano um ser, tal como outros seres vivos, insetívoro. Porque, dirão alguns slogans, também é bom ser moderno e também é bom quebrar certas tradições (ser omnívoro, por exemplo), que caíram em desuso

Por que razão nos pode interessar, a conservadores, liberais, tradicionalistas, monárquicos ou republicanos, estes assuntos? Porque este espaço global, com elites globais a gerirem as políticas dos Estados, com interesses globais que podem não coincidir com a tradição dos interesses dos Estados, pode significar a redução, quiçá até a eliminação, do potencial de atualização do «homem enquanto pessoa» livre, tal como o conhecemos até hoje, e a sua substituição pelo «homo con sumere», de natureza diferente. Então, preso à sua nova natureza de consumidor, tornado obsoleto pela IA, pode ser substituído ou até eliminado Mas talvez o futuro seja promissor, e resta nos o otimismo conveniente Não deixe de investigar. Há que conservar o que é bom, reformar o que é menos bom, porque, sabe somos livres e convém garantirmos a sobrevivência da nossa espécie para nos afirmarmos na tradição da «pessoa humana» !

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CONCURSOS ESCOLARES A IMPORTÂNCIA DO RECONTRO DE VALDEVEZ PARA A FORMAÇÃO DE PORTUGAL

No âmbito da política de gradual desconfinamento adotada pelo Governo, e no caminho da retoma das actividades económicas, sociais e culturais, designadamente o regresso ao ensino presencial com a abertura do ano lectivo 2022/2023 entre os dias 14 e 17 de Setembro, a Real Associação de Viana do Castelo e o Grupo de Estudos do Património Arcuense (GEPA), anunciam a abertura dos concursos escolares, suspensos no ano lectivo anterior, devido à Covid 19 Assim, no seguimento do sucesso alcançado com os Concursos Escolares anteriores, que decorreram nos anos lectivos 2015/2016 e 2017 2018, a Real Associação de Viana do Castelo, procurando contribuir para a defesa da identidade nacional e para o reforço da fidelidade à matriz histórica de Portugal, através da consciencialização do património cultural português e da identidade nacional, o Centro de Estudos Adriano Xavier Cordeiro, criado pela Real Associação de Viana do Castelo propõe se realizar, em colaboração com o Grupo de Estudos do Património Arcuense (GEPA), no ano lectivo 2022/2023 três Concursos, abrangendo os alunos do ensino básico (1 º , 2 º e 3 º Ciclos escolaridade), ensino secundário e profissional do “Distrito de Viana do Castelo”

Os concursos abriram oficialmente no dia 1 de Setembro, sob o tema globalizador: “A importância do Recontro de Valdevez para a formação de Portugal”

Os trabalhos deverão ser entregues até ao dia 07 de Novembro de 2022 na Biblioteca da Escola, ao cuidado do professor responsável.

Viagem no Tempo… A IMPORTÂNCIA DO RECONTRO DE VALDEVEZ PARA A FORMAÇÃO DE PORTUGAL” dirigido aos alunos do 1 º e 2 º Ciclo do Ensino Básico que terão de completar a frase “O Recontro de Valdevez foi importante para a Formação de Portugal porque…” Prémios:

1.º Prémio, conta poupança no valor de 300,00€;

2.º Prémio, conta poupança no valor de 200,00€;

3.º Prémio, conta poupança jovem no valor de 100,00€ e Diploma de Participação

Um concurso para ti: A IMPORTÂNCIA DO RECONTRO DE VALDEVEZ PARA A FORMAÇÃO DE PORTUGAL dirigido aos alunos do ensino básico (do 3.º Ciclo do Ensino Básico, Ensino Secundário e Profissional) do distrito de Viana do

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Castelo para apresentação de trabalhos (individuais ou em grupo) sobre o tema Prémios:

1.º Prémio, conta poupança no valor de 500,00€;

2.º Prémio, conta poupança no valor de 300,00€;

3.º Prémio, conta poupança jovem no valor de 150,00€ e Diploma de Participação

Prémio Europeu de Excelência: “A IMPORTÂNCIA DO RECONTRO DE VALDEVEZ PARA A FORMAÇÃO DE

PORTUGAL” dirigido aos alunos do ensino básico (do 3 º Ciclo do Ensino Básico, Ensino Secundário e Profissional) do distrito de Viana do Castelo para apresentação de trabalhos (individuais ou em grupo) sobre o tema

Prémio: Deslocação a Bruxelas e ao Parlamento Europeu do(s) aluno(s) vencedor(es). Este Prémio, atribuído pelo Eurodeputado Nuno Melo, inclui a deslocação, alojamento e refeições, extensivos ao(s) professor(es) responsável(eis) pelo acolhimento do concurso no estabelecimento de Ensino até ao número máximo de dois docentes e Diploma de Participação. Anúncio do(s) Vencedor(es): 25 de Novembro de 2022. Entrega de Prémios: 30 de Novembro de 2022 na vila de Arcos de Valdevez em local a indicar oportunamente Para consultar o regulamento e os prémios dos concursos basta clicar em cima da imagem do mesmo

Para mais informações contactar a organização: real associacao viana@gmail com info@gepa pt https://gepa.pt/

Para consultar o regulamento e os prémios dos concursos, basta clicar em cima da imagem do mesmo.

SETEMBRO 2022 PÁGINA 66 | REAL GAZETA DO ALTO MINHO

"Circuito pelas terras de Deu-la-Deu"

5 de Novembro, Sábado, 9h30-16h30

Após 2 anos de interregno, a Real Associação de Viana do Castelo, irá retomar os Roteiros pelo Alto Minho, desta vez em Monção com o:

9h30 Encontro em Monção, na praça de Deu la Deu, junto à estátua com o mesmo nome, do escultor Cutileiro.

Segue se a visita a Monção incluindo:

Museu Alvarinho; Museu Monção & Memórias; Centro histórico

Almoço no restaurante "Lagoa Verde" , junto à zona industrial de Monção.

14h30 Seguida para o Palácio da Brejoeira, com visita guiada ao interior do Palácio, Jardins, Adega Antiga e Capela

O preço por pessoa, que inclui a entrada nos museus, visita ao Palácio da Brejoeira e almoço, é de 30€.

O transporte (para o restaurante e o Palácio da Brejoeira) será assegurado pelos participantes

As inscrições deverão ser feitas para o e mail da Real Associação de Viana do Castelo:real associacao viana@gmail com

ALTO MINHO

A acompanhar a inscrição deve ser indicado o nome, ou nomes dos participantes e um telefone de contacto, junto do respectivo comprovativo de depósito ou transferência bancária efectuada para:

Titular da Conta: Real Associação de Viana do Castelo

Entidade bancária: Caixa de Crédito Agrícola

Agência: Ponte de Lima

IBAN: PT 50 0045 1427 40026139242 47

Número de conta: 1427 40026139242

SWIFT: CCCMPTPL

NIB: 0045 1427 40026139242 47

Para mais esclarecimentos poderão contactar nos através do endereço de email real associacao viana@gmail com , e/ou através do telemóvel n º 966 892 699 (Dr. Pedro Giestal) / 936 782 682 (Dr Filipe Amorim)

As inscrições terminam no dia 31 de Outubro

SETEMBRO 2022 PÁGINA 67 | REAL GAZETA DO
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