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SOBRE A SALVAGUARDA SOBRE O FUTURO

J O O A F O N S O M A C H A D O

Abstract

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The Monarchy is maintained and lived around the Royal Family with respect for the Portuguese Nation The immaturity and greed of a few attack the Monarchy precisely by creating sects, confusing people with alleged laternative dynasties The monarchical response can only consist in the cohesion of all before the King

Key words: Monarchy; royal family; future

R Sum

La monarchie est maintenue et vécue autour de la famille royale dans le respect de la nation portugaise L'immaturité et la cupidité de quelques-uns attaquent la monarchie précisément en créant des sectes confondant les gens avec de prétendues dynasties alternées La réponse monarchique ne peut consister que dans la cohésion de tous devant le Roi

Mots clés: Monarchie; famille royale; l’avenir

Há já uns anos, não lembro quantos, parti para Vila Viçosa com um amigo: era o baptizado da Senhora Infanta de Portugal, Dona Maria Francisca O dito meu amigo, por inerência do alto cargo que ocupava nas estruturas organizativas do Ideal Monárquico, seguia como convidado, com lugar reservado nas cerimónias religiosas e no lanche posterior Eu não Viajava eu com um boné de ardina e um molho de umas centenas de exemplares do boletim da Real Associação do Porto – o Monarquia do Norte – então sob a minha coordenação

E porquê Vila Viçosa e os boletins percorrendo tantos quilómetros?

Ocorrera-me a ideia de dedicar aquele número, quase por inteiro, ao baptizado da Senhora Infanta

Pelo modo que se me assemelhou mais mediático: reunindo depoimentos de alentejanos das mais diversas proveniências locais e sociais acerca do acontecimento – Que pensa do Baptizado Real em Vila Viçosa?; O Alentejo com ele sairá valorizado?; O que representa para si a Família Real Portuguesa?

Fiz uns telefonemas, enviei uns faxes, os meus compadres” deram uma mãozinha Oscilámos entre o grande proprietário e o rural ou a manicure de uma vilória qualquer Não houve testemunho algum que destoasse O baptizado era aguardado com grande expectativa, a curiosidade e o entusiasmo generalizados e as gentes que se deslocaram a Vila Viçosa ficaram-me com todos os M’N em menos de um fósforo

Tendo-A visto ao longe, bebé de meses, nessa altura, a verdade é que só tive a honra e o gosto de conhecer a Senhora Infanta muito recentemente, numa manhã ribatejana de guerra aos faisões E assaz me enterneci com a sua simpatia, com a sua naturalidade, agora já adulta, já noiva, e eu – pensei cá comigo – um velho sempre fiel à Casa Real, conquanto remetido à minha terra, à minha Casa, descrente e afastado das lides políticas e dos eventos sempre comemorativos organizados pelos monárquicos.

A minha idade valeu-me já um lote avantajado de desilusões e o previlégio de poder afirmar que por completo ignoro, e até desrespeito, o normativo da República, salvo na trágica altura do IRS e de outros tormentos fiscais. Para evitar males piores...

Por outro lado, essa dia no Ribatejo em que a Senhora Infanta (e outros membros da Família Real) estiveram presentes foi uma demonstração mais próxima de que a Monarquia é, nunca deixou de ser, efectivamente. O Reino não tem o domínio do território nacional e não é cunhada moeda, mas também a República abdicou parcialmente da soberania e abriu as portas à circulação do euro. Ainda mantemos a língua vernácula e ninguém está obrigado a acatar a onda de anglicismos que nos chega à porta Temos um Rei e ao nosso Rei não falta a sucessão nem bons conselheiros Talvez – somente – o interesse da Nação demandasse a existência do chamado “governo-sombra” uma voz activa na Comunicação Social a cada pontapé com que a República atinge a nossa História a nossa Cultura o nosso bem-estar O Reino os ministros do Reino precisam fazer sentir o seu peso sobre os costumeiros dislates da dita tropa

O mais é como sempre foi no correr dos tempos entre o baile na Corte e a minhota malga de verde tinto com que os que menos podem saúdam El-Rei Aqui na minha Provincia de onde não saio

Mas há infelizmente males a atalhar Deixem alguns só-palavrosos de erguerem novas asssociações (defensoras por regra de nomes estirpes e prosápias) que adormecem o sono da Branca de Neve logo após a imprescindível escritura notarial e o indispensável almoço que se lhe segue Deixem a pompa e o palavrório e mantenham viva a chama não institucionalizada da convicção da boa vontade e da imaginação conforme as aptidões de cada um

A que me refiro em concreto? Por exemplo – e perante uma indiferente despreocupação geral – às famigeradas redes sociais, a um revanchismo que nelas grassa e se traduz na multiplicidade das dinastias “virtuais” – tantas quanto a perversidade dos seus mentores e a ignorância ou as ambições dos tolos Não vale a pena fechar os olhos ao problema: as redes sociais criam seitas de todos os géneros, e do monárquico também Seitas fadistas sem voz, seitas salazarentas hasteando a bandeira do Legitimismo e labreguices quejandas

Camilo Castelo Branco, por toda a sua obra, refere muito a fidelidade dos morgados minhotos, beirões e transmontanos Decerto com ironia Mas reconhecendo-lhes sempre a prontidão com que acorriam a defender o seu Rei Essa é a monarquia possível e por enquanto desejável, por todas as terras do Reino Sem vírus nas redes sociais nem ambições tontas, com gente simples e desinteressada, mas dedicada E quanto possível instruída, não vá as gerações futuras comerem e digerirem mal a História, vomitando o futuro