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60 anos do nosso coração

As homenagens do Jornal O Repórter para a nossa cidade-coração: Piên, que completa seis décadas neste dia 1º

Do Tupi-guarani, coração. Das famílias pioneiras, o piar dos gaviões. Piên tem duas possíveis histórias de origem para o seu nome. A dúvida, porém, não permanece quando o assunto é o perfil dos moradores que nela residem. Pessoas de bem. É assim que conhecemos nossos amigos pienenses, que nos recebem com um sorriso no rosto a cada visita. Nesta segunda-feira (1º de novembro), o município completa seis décadas de emancipação, data que foi o pontapé para a independência de uma história bonita que, há muito, vinha sendo contada.

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Prova disso é o seu Arthur Peschocz, de 71 anos. Sua casa sempre foi Piên, mesmo quando ela ainda pertencia a Rio Negro. Nascido no centro, há 50 anos ele se mudou para o bairro Avencal, onde vive com a sua esposa. Na época, tudo ainda era muito difícil. Luz era na base do lampião e, a água, coletada em poços. Segundo ele, foi mais ou menos na década de 80 que a energia elétrica chegou.

Os moradores não passavam de algumas poucas famílias e a planta da cidade era completamente diferente. "Tá tudo mudado. Ali onde tá aquela pracinha, nós puxávamos água. Onde nós tínhamos estufas, hoje é o ginásio. A prefeitura era uma escola. Estudei lá na prefeitura", lembra o seu Arthur, cuja maior saudade é das extensas criações de gado que pastavam livremente pela cidade, do banco à igreja, da casa de um à casa de outro. "Às vezes nós saíamos mais cedinho da aula um pouco, por causa da boiada que tava vindo. Se não, dava de encontro com as crianças. [...] Meu deus, que tempo bom aquele".

Se a prefeitura, a praça e o ginásio hoje dão vida ao centro movimentado, o parque de eventos também. Frequentado diariamente pelos moradores de Piên e, aos finais de semana, por pessoas que residem em outras cidades da região, o espaço encanta os olhos com os tanques habitados por peixes e patos, e também proporciona lazer e qualidade de vida com os mais de 800 m de extensão da pista de caminhada que contorna os tan- ques e é inteira iluminada. As churrasqueiras e a pista de motos são atração de final de semana. Em datas comemorativas, o pavilhão recebe grandes eventos.

"Se você passar aqui no período da manhã, das seis horas em diante, vai ver muitas pessoas. E pessoas da melhor idade [inclusive]... frequentando, fazendo caminhadas, algumas fazendo corrida. Eu também sou praticante, venho frequentando muito essa área aqui [...] e ela dá uma energia porque tem muito verde em volta", ressalta o instrutor de esporte da Prefeitura, Jonas Kurovski.

Mem Rias

Além do novo, muito da história ainda se mantém, em estrutura e memória, como é o caso do Moinho Boa Vista, antiga propriedade da família Weiss. Importantíssima para o desenvolvimento do município, a empresa está parada há aproximadamente cinco anos. Mas a intenção do proprietário atual é preservar o espaço e abri-lo ao público. O cenário não podia ser melhor: além das máquinas pelas quais era possível transformar trigo em farinha e milho em fubá e quirera, por exemplo, ao lado da empresa ainda existe uma bonita cachoeira, que garantia a produção de energia até pouco tempo.

A fábrica começou em 1947, conforme lembra o seu Dorildes Andrade, que começou a trabalhar por lá em 1971, ficando por mais 45 anos até se aposentar. Moleiro na fábrica, ele diz que fazia de tudo um pouco. "Eu cuidada da máquina, das sementes na máquina. Recebia o trigo e vendia a farinha de trigo. Trocava também, que antigamente era mais a base de troca". A máquina também produzia centeio, canjica, descascava arroz, entre outros. Pessoas de outras cidades como Quitandinha, Bateias e Campo Alegre também forneciam matéria-prima, compravam e trocavam pelo produto final. Tão relevante era o negócio, que o bairro onde seu Dorildes reside, Trigolândia, tem esse nome graças às plantações de trigo de Piên.

Religi O

É impossível falar do povo pienense sem falar em religião. Mais de 90% dos moradores, segundo dados da Prefeitura, são católicos. Embora não se possa definir um povo por suas escolhas religiosas, em Piên, é fácil ver que o amor e temência a Deus se traduzem em solidariedade com os demais.

"Maria tem todo esse significado de acolhida. Ela acolhe com amor, com carinho. E o povo aqui de Piên, independentemente da situação que a pessoa vive, se você chegar até ela, ela vai te acolher com carinho, com amor, respeito, com uma dedicação que marca", afirma o padre Thiago Zella Hoffmann, da Paróquia Nossa Senhora das Graças.

Além da Paróquia, a cidade tem 18 comunidades e um santuário dedicado à padroeira, onde uma arte feita pelo pintor Sérgio Ceron conta um pouco dessa relação da cidade com a fé.

Sob o manto de Nossa Senhora das Graças, o povo de Piên e outros santos pelos quais têm devoção, como Frei Galvão e Madre Paulina. Araucárias, o Galvão que é um dos símbolos do município, a empresa Arauco, o santuário e a paróquia também fazem parte da ilustração. Tudo abaixo de Nossa Senhora, que fica entre o povo e a imagem de Deus. O Santuário começou a ganhar forma em 2007, mas ainda tem detalhes a serem acertados.

PIAZITO

O espírito acolhedor dos pienenses não poderia resultar em outra coisa, senão na família que abriu as portas de sua chácara para os amigos e, aos poucos, transformou tudo em um hotel fazenda para receber ainda mais gente. Fundadora do Piazito Park Hotel, a família Celeski tem raízes em Piên. O patriarca, Carlos, é nascido e criado na cidade.

"Quando nós viemos a abrir o hotel, que era [inicialmente] uma chácara da família, nós batizamos como Recanto do Piazito. Depois nós mudamos para Piazito Park Hotel. Inclusive, agora em janeiro de 2022, nós fazemos 20 anos de hotel. [...] A gente sempre tá aqui. Meu pai com a minha mãe, eu com meu filho, minha irmã com o marido e as duas filhas. Sempre tem alguém para receber o pessoal. Nos finais de semana temos o show do aperitivo e do quiosque que é feito pela família e pelos colaboradores. A gente sempre tá aqui pra receber os amigos, tomar um chimarrão, uma cervejinha com os hóspedes", conta um dos administradores, Patrick Celeski.

Além das piscinas abertas e térmicas, tobogãs, salas de recreação, toda a natureza envolta e tudo mais, um dos pontos altos do Piazito são os animais. Por meio de uma parceria com o Instituto Água e Terra, o local recebe animais silvestres apreendidos pela polícia, seja por maus tratos ou propriedade ilegal. São macacos, lhamas, cabritos, carneiros, veados, galinhas, um completo parque das aves com pavões, papagaios, araras e vários outros bichinhos, com os quais é possível interagir. Um dos espaços mais visitados ainda é a garagem de carros antigos e colecionáveis, com 40 expostos e em perfeito estado. A coleção contempla carros centenários.

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