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CONSUMO | GALERIA DO ROCK
from Cultcom #8
Aqui não é só rock, bebê
Inaugurada nos anos 1960 como prédio de comércio têxtil, Galeria do Rock abriga diversos estilos e tribos em um só lugar
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_ POR GILVAN ALVES _ FOTOS ISABELLE PERES
NO CORAÇÃO DE São Paulo, a Galeria do Rock mistura culturas e tribos, diferente do que era no início nos anos 1960, quando era dedicada apenas ao ramo têxtil. Hoje, o local é ponto turístico e de comércio na capital. As lojas de rock e black music começaram a dar um novo ar aos corredores do prédio nos anos 1990, na mesma época em que o edifício passou a conviver com a violência e o tráfico de drogas.
Esse cenário afastou o público e só diminuiu quando Antônio de Souza Neto, o Toninho da Galeria, passou a administrar o complexo de lojas. Foi quando as exigências da Prefeitura e do Corpo de Bombeiros foram atendidas e o prédio foi legalizado. Ao continuar as atividades com mais limpeza, segurança, espaço formal e funcionários preparados, o empreendimento recebeu de volta o público e culturas além do rock, como hip hop, k-pop e reggae.
Com novas tribos convivendo no mesmo espaço, lojas tradicionais tiveram que se reinventar. A Nostalgia, há 31 anos na Galeria, trabalha com sambarock, blues e black music, e precisou “seguir o padrão”. “Agora trabalho com o gênero rock também. Ofereço o que as pessoas procuram quando vêm aqui, porque só com a black o negócio não ia andar”, diz o dono, Alexandre Lino.
Outra cultura que tem levado um público diferente para a Galeria é a do cosplay, que teve seu início nos anos 1970, nos Estados Unidos, e consiste nas pessoas se fantasiarem de personagens que estão em animes, HQs, videogames e mangás. Sem envolver a venda de discos e sim peças para fantasias, as lojas para os cosplayers encontram dificuldades para se manter no local. É o caso da Koala-Pop. “Abrimos para atender o público cosplay mesmo. Decidimos abrir aqui porque vimos que tem bastante movimento e procura também”, comenta a vendedora Carla Caroline. “Dezembro é o mês de maior venda. Os meses de janeiro e fevereiro são fracos, e é quando passamos a vender moletons”, complementa.
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Também sem discos, a loja K.O Animes faz parte do ramo de bonecos colecionáveis e de camisetas de animes. “Tem meses que são melhores, outros piores. Período de férias é muito bom, porque a Galeria é um ponto cultural de São Paulo. Os visitantes trazem os filhos e acabam comprando”, comenta o vendedor Alisson Menezes.
A Galeria do Rock abriga mais de 200 lojas, com um fluxo aproximado de 500 mil pessoas por mês, o que gera mais de mil empregos e renda média bruta de quase R$ 9 milhões por mês.
Pandemia
Segundo reportagem publicada pelo jornal Agora São Paulo, a quarentena devido a pandemia de coronavírus (Covid-19), decretada pelo governo do estado em 24 de março, fez diminuir as vendas da Galeria. Até o fim de abril, 30 lojas fecharam as portas em definitivo e cerca de 400 funcionários foram demitidos. Antes da pandemia, o local recebia 15 mil pessoas por dia. c
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1. Loja Nostalgia, que vende discos de samba-rock, blues, black music e, agora, rock
2. Loja Koala-Pop, que investe em acessórios para cosplay e também moletons temáticos
3. Fachada da Galeria do Rock, no centro da capital paulista