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INTERNET | PARÓDIAS DE FILMES
from Cultcom #8
Paródia dos clássicos
Henrique Acquaviva agita a web com sátiras ao momento político do país e diz que lançará “Gabinete do Amor”
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_ POR ALEX DINARTE

Brasil em meio à pandemia é comparado ao Titanic, na sátira “Pandemic”
AS PARÓDIAS EM vídeo criadas por um brasileiro estão movimentando as redes sociais. Baseadas em campeões de bilheteria, como “O Rei Leão” (1994), “Titanic” (1997) e “O Diabo Veste Prada” (2006), a edição de imagens elaborada pelo mestre em cinema Henrique Acquaviva, 35 anos, apresentam sátira e reflexão sobre o momento conturbado da política nacional. Com o apoio de dubladores que abraçaram a ideia, as imitações dos clássicos ganharam os títulos de “O Mito Leão”, “Pandemic” e “O Diabo Veste Farda”.
A primeira criação de Acquaviva foi “Pandemic”. As versões dublada e legendada foram vistas cerca de 1,6 milhão de vezes só no Twitter. Segundo o cineasta, a ideia surgiu após assistir a outra sátira em vídeo, o “Já faz 84 anos”, no canal da Ale Morais no YouTube, que usa a fala de uma personagem de Titanic para “trollar” a demora do pagamento do auxílio emergencial pelo Governo.
De acordo com o criador, o fato de ser fã incondicional do filme dirigido pelo canadense James Cameron ajudou muito na inspiração, mas o insight surgiu de modo espontâneo. “Estava pronto para dormir, quando comecei a associar os personagens na cabeça, então levantei e passei a noite editando para não perder a ideia”, conta. “Fiz uma versão de 5 minutos, postei no Facebook e ‘viralizou’ naturalmente. Depois me sugeriram publicar no Twitter e como lá teria que ser mais curto, reduzi e publiquei”, acrescenta Acquaviva.
Dali em diante, a repercussão veio de diferentes personalidades dos cenários político e artístico brasileiros. “Em poucas horas, comecei a ver o vídeo repostado em canais como Sensacionalista, Mídia Ninja, a atriz Fernanda Paes Leme, a apresentadora Astrid Fontenelle, o cineasta Pablo Villaça. Recebi até mensagem do deputado Tulio Gadelha (PDT-PE)”,
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Fotos Reprodução

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1. Ex-ministro Sergio Moro é comparado a Simba, na paródia “O Mito Leão”
2. Personagem de Anne Hathaway faz alusão à Regina Duarte, no vídeo “O Diabo Veste Farda”
relata o criador.
Segundo ele, a participação do time de dubladores foi fundamental para o sucesso da paródia. “As dublagens foram feitas sem sair de casa, cada ator gravou do jeito que deu e funcionou porque são muito bons”, ressalta.
Ainda de acordo com Acquaviva o elenco, que tem entre as dubladoras a atriz Ângela Dip, trabalha de maneira voluntária. “Todos fizeram de graça, não estamos ganhando nada com isso, é pela causa democrática”, explica.
Ainda de acordo com Acquaviva, a repercussão negativa foi menor do que ele esperava. “Os poucos que criticaram foram bem agressivos, mas nada fora do esperado, pois tenho uma paciência enorme de rebater com argumentos e fatos”, comenta. Segundo o cineasta, um dos que poderiam ofendê-lo nas redes era um amigo que votou no presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mas o eleitor se arrependeu e virou inspiração para a segunda criação, “O Mito Leão”.
“Foi uma atitude louvável pois errar todos erramos, o problema é não assumir e insistir no erro”, realça. A paródia da animação “O Rei Leão” coloca o chefe do executivo como Scar, vilão do desenho da Disney, e relaciona o momento político do Brasil com cenários de um passado recente.
Já o terceiro vídeo do cineasta, o “O Diabo Veste Farda”, faz um compilado dos últimos desmandos do Governo Federal, aproveita trechos da famigerada reunião ministerial divulgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e satiriza a passagem da atriz Regina Duarte pela secretaria de Cultura.
Com o número de seguidores triplicado nas redes, o cineasta acredita que a missão está sendo bem executada. “Estou montando o ‘Gabinete do Amor’ em oposição ao Gabinete do Ódio que se dedica a espalhar difamação e prejudicar opositores”, complementa. c