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Papiloma invertido

Introdu O

O papiloma invertido (PI) é um tumor epitelial nasossinusal benigno, classificado como um tipo de papiloma Schneideriano. Apresenta relativa agressividade e altas taxas de recorrência, precoce ou tardia, além de risco de sofrer transformação maligna para carcinoma epidermóide, que pode ocorrer em 9% dos casos.

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Sua incidência é de aproximadamente 0,2 a 1,5 casos por 100.000 habitantes, frequentemente atingindo adultos com idade média de 55 anos. Apresenta certa preferência por indivíduos do sexo masculino, tendo uma proporção que varia entre dois a cinco homens para cada mulher.

A etiologia do PI é desconhecida, mas historicamente é comum encontrarmos na literatura a descrição de sua associação com o papiloma vírus humano (HPV), relação ainda inconclusiva.

O radiologista apresenta papel importante nos casos de PI ao avaliar a morfologia, extensão e localização da lesão, parâmetros que são fundamentais para o planejamento pré-operatório adequado, assim como na avaliação de recidiva e também de eventual transformação maligna.

Epidemiologia E Cl Nica

O tumor pode ocorrer em todos os grupos etários, porém há maior prevalência entre a quarta e a sexta décadas de vida. Apesar de historicamente haver a suspeita da relação do PI com o HPV, essa associação, bem com outros fatores de risco, não é bem estabelecida.

O PI costuma ter origem na parede lateral da cavidade nasal ou nos seios paranasais, mais frequentemente no antro maxilar. Clinicamente o paciente pode apresentar congestão nasal, rinorreia, cefaléia, sinusite recorrente, anosmia ou hiposmia, dentre outros sintomas. No entanto, cerca de 4 a 23% dos casos de PI podem ser assintomáticos, sendo descobertos como um achado de imagem.

Diagn Stico

O diagnóstico definitivo é feito através de biópsia com auxílio dos dados clínicos, laboratoriais e de imagem. A patologia também é importante para relatar a associação ou não com carcinoma e definir o plano terapêutico mais adequado.

Apresenta O Por Imagem

O objetivo do estudo por imagem do PI é, além de guiar o diagnóstico, avaliar a extensão e localização da lesão, fatores pré-operatórios importantes. Na tomografia computadorizada (TC) observam-se sinais inespecíficos, marcados por lesão unilateral com atenuação de partes moles. A presença de microcalcificações no interior da lesão é vista em cerca de 20% dos casos. A lesão pode provocar remodelamento ósseo. A presença de hiperostose focal é considerada por muitos autores como preditor do local da implantação da lesão. Há correlação entre sinais de destruição óssea com a associação do PI e carcinoma epidermóide, no entanto a confirmação deste achado é feita por biópsia.

A ressonância magnética (RM) costuma mostrar uma aparência característica do PI, porém não específica, descrita como presença de áreas estriadas com hiper e hipossinal com padrão chamado de cerebriforme, por ser comparado à morfologia dos giros corticais do cérebro, nas imagens ponderadas em T2 e em T1 pós-contraste. Na sequência ponderada em T1, é comum observarmos uma lesão isointensa com relação ao músculo. Em T2, o tumor costuma ser hiperintenso quando comparado com a musculatura. À administração de contraste, observamos um realce heterogêneo, alternando áreas com maior e com menor realce com padrão cerebriforme. A presença de área com necrose pode indicar transformação maligna. As sequências de difusão e de permeabilidade são úteis na identificação de áreas suspeitas de transformação maligna. O carcinoma epidermóide devido a sua hipercelularidade apresenta maior restrição à difusão do que o papiloma invertido, com valores de coeficiente de difusão aparente inferiores a 1.47×10 -3 mm2 /s, segundo alguns estudos.

Conclus O

O papiloma invertido é uma neoplasia benigna com potencial de transformação para carcinoma de células escamosas. O radiologista tem como tarefa guiar o diagnóstico e descrever as características lesionais, como a extensão e localização da doença, sendo a RM um importante método para a melhor caracterização lesão e consequentemente para um planejamento terapêutico adequado.

Refer Ncias

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Autores

(SP)