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Campo Magnético é invisível, mas o Efeito Projétil não

Um equipamento de Ressonância Magnética possui um intenso campo magnético. Intenso mesmo!

Acada passo em direção ao equipamento, maior será essa intensidade, crescendo exponencialmente. Um pequeno grampo, um arame na máscara, ou até coisas maiores que possuem ferro são atraídos com força. Quanto mais ferro, maior a força. Quanto mais perto do equipamento, maior a força. Não à toa, chama-se Efeito Projétil quando esse material com ferro ganha enorme velocidade, se choca e machuca quem está em seu caminho. Por isso, não podemos "baixar a guarda".

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O campo magnético fica ligado 24 horas. Os barulhos que escutamos ocorrem durante a aquisição da imagem por causa de outros instrumentos. No final do dia, os computadores são desligados e a luz da sala apagada, mas o campo fica ativo com toda sua intensidade. Qualquer descuido é acidente. Não é novidade, para quem trabalha nesse ambiente, relatos de acidentes em contraturnos e durante a limpeza. O cuidado e atenção ao paciente é tão importante quanto o cuidado com o entorno, com os colaboradores, sendo eles terceirizados ou não. Não importa o vínculo, a escolaridade ou a função, ali, todos que de alguma maneira atuam perto de um equipamento de Ressonância Magnética precisam estar conscientes dos riscos, em especial do Efeito Projétil.

Agora, em janeiro, mais uma tragédia ocorreu. Um acompanhante entrou armado nesse ambiente que atrai tudo que possui ferro. Sua arma se desprendeu e ao se chocar com o equipamento disparou e o atingiu. Mas poderia ser a paciente, sua mãe, uma parede ou um dos colaboradores do serviço médico, que estavam lá para ajudá-la.

Hoje a segurança está em evidência porque alguém se machucou. Segurança em Ressonância Magnética precisa estar sempre em pauta. Quem não tem uma história para contar? Uma pena, pois isso demonstra o quanto estamos vulneráveis e como pode ser difícil perceber situações de risco, principalmente quando não enxergamos a ameaça.

A população não conhece as características e efeitos do campo magnético nesses equipamentos de imagem. Quem vai fazer um exame de Ressonância Magnética preenche vários termos que atestam que foi informada de todas as implicações de estar ali. Os pacientes lêem? É importante que os colaboradores expliquem, exaustivamente. Um cuidando do outro. Em um local com equipamento de Ressonância, são vários os procedimentos para mitigar os riscos, como sinalização, delimitação de risco, troca de roupa, pessoal treinado e acompanhando os passos do paciente, entre outras.

Garantir treinamentos periódicos aos colaboradores minimiza os riscos, permitindo melhores procedimentos. Recentemente observamos esse movimento acontecer através dos órgãos regulatórios. Atualmente a RDC 611/22 e IN 97/21 da ANVISA abordam pontos sobre a segurança.

Instituto de Radiologia do HCFMUSP, um intenso trabalho de conscientização quanto aos riscos em um local com Ressonância Magnética foi implementado. Hoje, todos os colaboradores são instruídos já na admissão. Observamos que 72% dos 1200 colaboradores que responderam transitam em setores com equipamentos de Ressonância Magnética. Em 2015 foi noticiado que um policial teve uma arma “sugada” pelo equipamento durante uma ocorrência. E um bombeiro em ocorrência? Hoje falamos desses elementos metálicos, principalmente com ferro, sendo carregados ou em nossos bolsos. Mas muitos pacientes possuem dispositivos implantados, próteses, entre outras tantas condições que podem até restringir a realização de seu exame.

No entanto, a IN 97/21 trata em seu artigo 9˚ que o serviço deve possuir sistema de detecção de metais. Mas até que ponto tal medida ajudaria no acidente de janeiro? O quanto seria invasivo revistar pacientes e acompanhantes antes da entrada na sala de exames? Detectando uma arma, o que fazer?

Em 2017, após um acidente no

São inúmeras situações, mas para todas o campo magnético estará sempre ativo, intenso e invisível. Quando observarmos algo em movimento devido a essa força de atração, já será tarde demais.