Jornal ID 122 Junho/Julho 2021

Page 1

twitter.com/intdiagnostica

www.facebook.com/JornalID

www.interacaodiagnostica.com.br

JUNHO / JULHO 2021 - ANO 20 - Nº 122

Inovação

O futuro da saúde digital é agora

uito mais do que uma simples afirmação, esta charegadas, e também vem buscando soluções com outras instituições mada é apenas uma constatação. O “Covid 19 não para oferecer uma contribuição efetiva na luta contra o vírus. trouxe apenas índices de mortalidade altíssimos, Trazemos na pág. 5, entrevista com o prof. Giovanni Guido Cerri, à frente de um projeto de Inovação do insegurança e muitas tristezas para HCFMUSP, que sintetiza todo este esforço, Ele fala milhares de famílias. sobre parceria firmada com o Reino Unido e os beneO vírus está provocando e intensificando mudanças, que não se limitam ao atendimento aos pacientes, fícios para a saúde, num futuro próximo. Além disso, e se sobrepõem e se tornam imprescindíveis: a Telemeoutras matérias e comentários buscam contribuir dicina, a Inteligência Artificial, o empreendedorismo, para uma reflexão mais objetiva sobre este momento. as Mídias sociais, e principalmente, o foco na inovação, O ID Interação Diagnóstica, por sua periodicidade, fazem parte dessa nova rotina e, ao lado do “home não tem o sentido da notícia de última hora, não concorre com a mídia social, nem com os jornais diários,mas, office”, fazem parte do arsenal que aponta para uma trabalha com um conteúdo pragmático focado na realinova enfermidade, “a fadiga do zoom”. dade e no dia a dia de profissionais e instituições. Com Todos estão atentos às mudanças e grandes base nisso, propõe reflexões e conteúdo. instituições mobilizam-se, abrem espaço, e buscam Prof. Giovanni Guido Cerri Não faz o marketing pessoal, mas o marketing de amparo e apoio para desenvolver programas focados quem produz algo bom e concreto e de instituições que realmente na saúde digital. O Hospital das Clínicas, como instituição modelo, estão conscientes da gravidade do momento. vem fazendo não só o seu trabalho assistencial, com UTIs sobrecar-

M

Matéria de Capa

A Radiologia pode alertar para sinais de maus tratos em crianças

NOTAS

Inteligência Artificial: uma visão atual Na pág. 3, ao invés do nosso Editorial, trazemos um artigo do dr. Felipe Kitamura, com uma abordagem muito interessante, sobre o tema Inteligência ArDr. Felipe Kitamura tificial, muito próxima do que pensamos. Vale conferir!

A

violência contra a criança no Brasil é manchete nos principais jornais, quase todos os dias. Os números assustam, o problema não se limita ao nosso País. Segundo as Nações Unidas, em seu Relatório Global sobre a Prevenção à Violência contra a Criança, cerca de 1 bilhão delas sofreram algum tipo de agressão, em 2020. Uma live promovida pela Sociedade de Radiologia do Paraná, organizada pela dra. Dolores Bustelo promoveu em conjunto com a Sociedade de Pediatria do Paraná, um debate sobre o como deve ser o papel do Radiologista diante de “indícios de maus tratos em crianças”. Em entrevista ao ID, a dra. Dolores Bustelo, radiologista que atua na área de Radiologia Pediá- Dra. Dolores Bustelo, trica falou sobre o assunto, presidente da SRP esclareceu dúvidas (pág. 5) e colocou o problema na ordem do dia. Vale a pena conferir essa reportagem, e entender que “vale a pena valorizar os sinais”, como reforça a médica. Será a opinião de uma especialista que está no contato direto com essa realidade.

Câncer de mama na mulher idosa

ü A Federação Mundial de Ultrassom em Medicina e Biologia (WFUMB) acaba de empossar sua nova diretoria, para o biênio 2021/2023, presidida pela dra. Maria Cristina Chammas, do InRad-HCFMUSP, colocando o País na rota das decisões na área da ultrassonografia no mundo. ü A Sociedade Paulista de Radiologia, na pág. 2, fala sobre a Jornada Paulista de Radiologia que será realizada em setembro próximo. Diante de tantos imprevistos a expectativa é que o evento seja em formato presencial e on line. ü RSNA premiará pesquisas com Radiografias de Tórax – oportuno como sempre – criou um prêmio de U$ 100 mil para o melhor trabalho que “consiga identificar e localizar anormalidades do Covid 19 em Radiografias do Tórax. Informe-se melhor: pág. 8.

C

om este tema, o trabalho produzido pela dra. Selma di Pace Bauab, abrimos nesta edição o Caderno Application. Produzido na Clínica Mama Imagem, de São José do Rio Preto, enviado com exclusividade para o ID, dá uma dimensão da qualidade do nosso conteúdo. Além disso, os temas “Manifestações Torácicas da Doença de Ederhein, da equipe do Sírio Libanês, “Aplicação de RM de 3T na doença de Menière, da equipe da DASA, “Tratamento minimamente invasivo do Câncer de Mama”, da equipe do Hospital Albert Einstein e “Schwanova Retroperitoneal”, da equipe da UNICAMP, complementam o caderno e dão uma pequena mostra – mesmo em tempos de crise – do que se produz de bom, cientificamente falando, neste País.


2

JUN / JUL 2021 nº 122


Ponto de Vista Por Felipe Kitamura (x) (SP)

Inteligência Artificial: o ótimo às vezes é inimigo do bom Uma parte significativa das pesquisas de inteligência artificial (IA) na radiologia consiste em tentar atingir o estado da arte para um determinado uso clínico. Isso significa tentar criar o algoritmo com a melhor performance entre todos já criados para aquele propósito, até então.

N

ão há nada de errado em faum modelo de IA na prática, uma etapa quem diga que é essencial que os algoritmos que há outras questões a serem resolvidas zer isso. Entretanto, quanto importante é fornecer o resultado de IA ao forneçam uma explicação do porquê tomaram antes de implantar o modelo, como segurança mais empurramos os limites, radiologista em tempo hábil. Para isso, enviar certas decisões para que sejam confiáveis, mas da informação, cybersegurança, sustentação maiores são os esforços para o resultado da ferramenta de AI de volta ao na minha opinião a Explicabilidade não seja do PACS de produção, largura de banda da alcançar um aumento irPACS de maneira automatizada é a essencial. essencial (embora possa ajudar). rede de servidores, validação prévia do algorisório no desempenho do algoritmo. Vamos ritmo e uma aprovação de um comitê de ética Nesse contexto, é necessário um software Caso tenha interesse em entender os motivos dessa afirmação, acesse o artigo “Trusexemplificar. em pesquisa, como qualquer outra pesquisa que execute tal tarefa. O artigo “Magicians tworthiness of Artificial Intelligence Models in Corner 8: How to connect an Artificial IntelliTive a oportunidade de acompanhar o na área da saúde. gence tool to PACS” (https://pubs.rsna.org/ Radiology and the Role of Explainability” (htdesenvolvimento de um modelo de segmenHá uma máxima em Machine Learning tação pulmonar que levou cerca de 60 horas que diz que 80% do trabalho está na curadotps://doi.org/10.1016/j.jacr.2021.02.008) no doi/10.1148/ryai.2021200105), publicado na Radiology: Artificial Intelligence descreve as ria de dados (acesso aos dados, limpeza dos Journal of the American College of Radiologists. para atingir uma performance de ~ 0,92 Dice (o que já é bom). Na tentativa de Outro aspecto de cunho prático é que a enorme maioria da tornar o modelo ainda melhor, literatura sobre IA é estrangeiforam necessárias ~ 200 horas a ra. Sabemos que nem tudo que mais para obter ~ 0,96 Dice, um funciona no exterior funcionará aumento marginal de ~4%. da mesma forma no nosso país. Levando em conta que foi Há muitas diferenças culturais, necessário um esforço e tempo sociais, econômicas, regulatórias, três vezes maior para alcançar entre outras. Por conta disso, não uma melhoria de apenas 4%, a podemos esperar para ver o que pergunta que fica é: quando decidir jogar a toalha? Ou seja, em acontece em outros países para qual momento o grande esforço depois copiarmos. Precisamos extra passa a não compensar o descobrir nós mesmos quais são pequeno ganho extra? A resposta os usos mais benéficos da IA para Figura 1. Máxima de que 80% do trabalho é na limpeza Figura 2. Minha percepção de que colocar um algoritmo em uso é depende da tarefa clínica. Pode o Brasil. Esse tema foi motivo do de dados e 20% é na criação dos algoritmos. bem mais trabalhoso que todo o processo de criação do algoritmo. ser que um Dice de 0,92 já seja podcast da Radiology: Artificial Inetapas técnicas de como fazer isso. Este artigo dados, marcação dos achados de imagem, etc) telligence, onde conversei com radiologistas bom o suficiente para o caso de uso. Se isso fornece o código fonte em linguagem python e apenas 20% do trabalho é gasto na criação da Nigéria e da Índia sobre a perspectiva de for verdade, gastar centenas de horas para que mostra como se conectar ao PACS, buscar dos algoritmos em si (modelagem), conforme uso da IA em países em desenvolvimento. obter uma melhora marginal apenas atrasará e recuperar um estudo específico, fazer a mostra a figura 1. No entanto, a minha exO viés (bias) dos algoritmos é parte central a próxima etapa, que é a validação clínica do periência é que a integração do algoritmo no inferência desse estudo em um modelo de IA nessa discussão. modelo no mundo real (radiologistas usando-o no contexto de um ensaio clínico). fluxo de trabalho do radiologista demanda e, em seguida, enviar os resultados de volta Caso tenha interesse em aprofundar nesse assunto, acesse: https://rsnaradiologyai. Portanto, um bom algoritmo de IA é um mais esforço do que a curadoria e a modelaao PACS. Isso tudo de forma automatizada. gem de dados juntas (figura 2). libsyn.com/episode-9-ai-in-global-radiology. algoritmo que é utilizado. Pode não ser o Essa integração com o PACS pode ser testada livremente em um ambiente de pesquisa. Um aspecto importante que surge quanestado da arte, mas é bom o suficiente e está do começamos a testar algoritmos na prática Mas se você planeja testar um algoritmo no Dr. Felipe Campos Kitamura disponível para teste. é a necessidade de ganhar confiança na IA. Há PACS de produção de sua instituição, saiba Head de Inteligência Artificial da DASA Quando começamos a pensar em testar

JUN / JUL 2021 nº 122

3


O Bimestre Por Luiz Carlos de Almeida (SP)

S

com doutorado em Radiologia Clínica pela UNIFESP, além de MBA em Administração de Empresas pela FIA (Fundação Instituto de Administração), Jota, como é conhecido, conta também com uma vivência executiva em medicina diagnóstica, tendo atuado por 22 anos no Grupo Fleury em diversas posições executivas. O Hospital Alemão Oswaldo Cruz é referência em São Paulo, um dos mais conceituados hospitais, e reúne uma equipe de imaginologistas de ponta, fruto de uma grande parceria com o Grupo Fleury. “Alinhados às melhores práticas de gestão e de governança, com foco na transparência e perenidade da Instituição, iniciamos no ano passado o processo sucessório do diretor-presidente, Paulo Bastian, que se

ão Paulo – JPR 2021: presencial e on line – A Sociedade Paulista de Radiologia e Diagnóstico por Imagem, presidida pelo dr. Mauro Brandão, confirma sua intenção de realizar a 51ª Jornada Paulista de Radiologia em formato presencial, com parte da programação on line, no período de 22 a 25 de setembro de 2021, no Transamerica Expo Center, em São Paulo. A decisão de manter o evento nesta data e nesse formato se baseia em dois aspectos: no entendimento técnico de que a pandemia apresentará números melhores no final de setembro e na sinalização por parte das autoridades de que teremos políticas/e ou condutas favoráveis à realização de eventos presenciais até a data da JPR 2021. Dr. Mauro Brandão, presidente da SPR Enquanto segue com a organização desta Jornada, a SPR continuará monitorando os dados relacionados à Covid 19, se comprometendo desde já a seguir em todo o processo de organização e realização do evento as determinações oficiais para garantir a segurança dos públicos participantes.

4

JUN / JUL 2021 nº 122

S

uma marca forte. Continuaremos com o seu aproxima da idade limite (65 anos) e deixará apoio após essa transição, por meio do asde atuar como executivo de nosso Hospital sessoramento ao Conselho nos próximos meses” diz Deliberativo e ao executivo Weber Porto, presidente do principal”, afirma. Conselho Deliberativo do O presidente do ConHospital Alemão Oswaldo selho complementa, enCruz. fatizando que a chegada Segundo o presidente do dr. José Marcelo será do Conselho Deliberativo fundamental para a contido Hospital Alemão Oswaldo Cruz Weber Porto, o nuidade da expansão do processo de transição já teve Hospital. “Estamos seguros início e será conduzido pelo de que o Jota com a sua atual diretor-presidente ampla experiência como Paulo Bastian. “Por meio da executivo e como médico José Marcelo de Oliveira sua forte liderança, Bastian dará sequência ao processo contribuiu decisivamente para o crescimento de crescimento do Hospital e consolidação do de nossa Instituição e para a construção de nosso planejamento estratégico”. Roberto-Asse

S

ão Paulo – Hospital Alemão Oswaldo Cruz tem novo presidente – Como parte do processo de transição de comando, o radiologista José Marcelo de Oliveira acaba de assumir o cargo de diretor-presidente da instituição no lugar de Paulo Vasconcellos Bastian, que deixa o posto por se aproximar dos 65 anos, idade limite para cargos executivos na organização. José Marcelo de Oliveira atua há 25 anos na área da saúde. O executivo ocupou anteriormente o cargo de diretor geral do AC Camargo Cancer Center, onde atuava desde 2015, aportando seus conhecimentos em uma das principais instituições de oncologia do Brasil. Formado em medicina e

ão Paulo – A Dasa, investe mais 1 bilhão em aquisições – Maior rede de saúde integrada do país anuncia a assinatura de dois acordos para a aquisição de novos ativos, o Grupo Case Benefícios e Seguros, do setor de consultoria, corretagem e gestão de saúde para médias e grandes empresas no Brasil e a integração do Hospital da Bahia, unidade de alta complexidade em Salvador, BA. As duas operações, que somam mais de R$ 1 bilhão, representam mais um passo da Dasa em direção à construção de uma rede de saúde integrada que intensifica o compromisso da companhia de promover acesso e avanço da medicina baseada em valor. Ambas as aquisições estão sujeitas à aprovação dos órgãos reguladores. “O novo modelo de atuação da Dasa, ainda mais fortalecido com as recentes intenções de compra, estimula a participação e parceria de operadoras, médicos e pacientes em torno de um modelo de cuidado que privilegia a prevenção, predição, eficiência e a sustentabilidade do setor”, explica Pedro Bueno, presidente da Dasa. O executivo ressalta ainda a importância de ter capilaridade hospitalar para conseguir trazer para o negócio soluções mais resolutivas e uma rede estrategicamente localizada. Com a aquisição do Hospital da Bahia, a companhia estreia a Pedro Bueno, presidente da Dasa atuação de sua operação de hospitais no Estado da Bahia e fortalece a posição da empresa na região Norte/Nordeste, já que, em março, a empresa anunciou a aquisição do Hospital São Domingos (HSD), sediado em São Luís, Maranhão, que aguarda aprovação dos órgãos competentes. O Grupo Case, com sede no Rio de Janeiro (RJ), chega à Dasa para reforçar a atuação preditiva de saúde de Dasa Empresas por meio da sua experiência com Inteligência Artificial. (Para mais informações acesse www.dasa.com.br.)


Matéria de Capa Por Sandra Regina da Silva e Luiz Carlos de Almeida (SP)

O Radiologista diante de indícios de maus-tratos em crianças Tragédias decorrentes de maus-tratos contra crianças e adolescentes sempre causam indignação. Quem não se sentiu assim ao tomar conhecimento da morte, por exemplo, de Henry Borel, de 4 anos, no dia 8 de março de 2021? O laudo de necropsia apontou hemorragia interna e laceração hepática, causada por ação contundente, além de hematomas, edemas e contusões. O padrasto e a mãe de Henry estão presos, acusados de serem os responsáveis pela fatalidade.

O

lógica, sexual) é um dever de todos: médicos e profissionais comum, a proteção às crianças e adolescentes, comenta caso de Henry é um entre tantos outros. da saúde, professores, familiares, cuidadores das crianças a Dra. Dolores. “Infelizmente, diversos casos de maus-tratos (babás), vizinhos e amigos. Essa percepção pode acontecer às crianças e adolescentes acontecem diariaEvento debate o tema mente em todo o mundo, inclusive em países em diversos locais, como hospitais, escolas, parquinhos, extremamente desenvolvidos”, destaca a residências e por aí vai. Foi com esse intuito, inclusive, que a Sociedade ParaDra. Dolores Bustelo, presidente da Sociedade de Radiologia Isso, entretanto, não é um discurso e Diagnóstico por Imagem do Paraná (SRP) e radiologista no à toa, sequer um modismo. Consta inclusive na Constituição Federal, em seu Centro de Diagnóstico por Imagem (Cetac), de Curitiba (PR). artigo 277: “É dever da família, da soSegundo o Relatório do Status Global sobre Prevenção da ciedade e do Estado assegurar à criança, Violência contra Crianças 2020, das Nações Unidas, cerca de ao adolescente e ao jovem, com absoluta 1 bilhão de crianças sofre de violência física, sexual ou psicológica regularmente todos os anos em nível global (https:// prioridade, o direito à vida, à saúde, à news.un.org/pt/story/2020/06/1717372). alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, Nessa seara, o radiologista tem um papel fundamental, já ao respeito, à liberdade e à convivência que alguns sinais de trauma não acidental podem ser visualizados nos exames de imagem (RX, Tomografia Computadorifamiliar e comunitária, além de colocá-los zada, Ressonância Magnética e Ultrassonografia). a salvo de toda forma de negligência, “Existem sinais radiológicos altamente sugestivos de discriminação, exploração, violência, etiologia de trauma não acidental, os quais devem ser de cocrueldade e opressão”. nhecimento de todos os radiologistas”, avisa a Dra. Dolores. Cuidado multidisciplinar Os principais achados em uma imagem devem ser difundidos aos demais profissionais da medicina e da área da saúde A abordagem da vítima de mausenvolvidos. -tratos infantil é multidisciplinar. “To“O primeiro sinal de alerta é decorrente da correlação dos nós, independente da profissão ou Dra. Dolores Bustelo destaca o papel de iniciativas como esta, que colocam em discussão entre a história clínica com o achado de imagem: a lesão do convívio com as crianças, temos o temas de grande alcance social na rotina do especialista. radiológica é desproporcionalmente mais grave do que o dever de estar alerta para os sinais que trauma relatado”, diz ela. Ou seja, há grande disparidade entre naense de Pediatria (SPP) – cuja presidente é a Dra. Kerstin podem ser sutis”, afirma a presidente da SRP. a intensidade do trauma descrito e a gravidade das lesões. Taniguchi Abagge –, realizou em maio de 2021 o evento Como o espectro de proteção é amplo, algumas linhas A especialista em radiologia considera científico on line “Battered Child – Sinais radiológicos de devem ser trilhadas. Entre elas estão a dique os profissionais envolvidos no diagnósfusão de conhecimento. “Cada um de nós, alerta da violência contra a criança e o adolescente”, com tico devem ampliar sua visão, atentando-se na sua área de atuação, deve colaborar, inapoio da SRP, do Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) e “Independente a cada detalhe da imagem, que pode indicar cluindo aulas sobre maus-tratos às crianças e do DEDICA. O vídeo do evento está disponível no YouTube um sutil sinal a ser valorizado. “Devemos adolescentes nos programas das faculdades (https://www.youtube.com/watch?v=4dWsAGGysgA). se é da área avaliar todos os sinais de uma imagem e não de Medicina, Psicologia e Enfermagem; nas Além da própria Dra. Dolores Bustelo, participaram médica ou da apenas focar na indicação clínica.” residências médicas de todas as especialidadesse evento a Dra. Tatiana Fazecas, presidente da Sociedad Ela dá um exemplo: Um RX de tórax por des, especialmente de Radiologia, Pediatria Latinoamericana de Radiología Pediátrica (SLARP); e o Dr. saúde, diante suspeita de pneumonia pode mostrar fratura e Ortopedia; nos congressos médicos e das Rodrigo Regacini, professor adjunto e chefe da disciplina de da suspeita de escalonada de arcos costais, que é um indício áreas da saúde, nos currículos de professores Pediatria, no Departamento de Diagnóstico por Imagem da muito sugestivo de maus-tratos (desde que e educadores”, avalia a Dra. Dolores. Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A moderação violência infantil, esta criança não tenha sofrido acidente de Independente se é da área médica ou ficou a cargo da Dra. Tsukiyo Kamoi, pesquisadora e médica deve-se comunicar trânsito grave ou reanimação). da saúde, diante da suspeita de violência alergista e imunologista. Por outro lado, pontua a Dra. Dolores, infantil, deve-se comunicar à Justiça, já que, Além de “valorizar os sinais”, reforça a presidente da à Justiça.” não se pode deixar de lado diagnósticos diconforme a especialista, existem ali diversos SRP, “a criança precisa ser ouvida! É preciso acreditar no ferenciais, já que muitas patologias podem profissionais capacitados e dedicados ao relato de uma criança e não apenas subestimá-lo. Inúmeros propiciar lesões que simulam maus-tratos. tema. Vale lembrar aqui do Disque 100, núsão os casos nos quais as crianças informam os maus-tratos Portanto, sua dica é: “Conhecimento adequado e estar sempre mero válido para todo o território nacional, para denunciar recebidos ou apresentam sinais evidentes de traumas não alerta!” qualquer violação aos Direitos Humanos, inclusive contra acidentais e simplesmente são ignoradas pelos adultos que crianças e adolescentes. deveriam protegê-las”. Um dever de todos Além disso, é preciso um esforço para fortalecer uma A Dra. Dolores Bustelo (CRM-PR: 10.670 e RQE: 78 e Ela defende que detectar quando uma criança ou adorede de apoio ao público infantil, estreitando vínculos 12.693) conclui com um chamamento: “Vamos transformar lescente é vítima de qualquer tipo de violência (física, psicoentre pessoas e entidades que tenham, como objetivo indignação em ações de proteção às crianças e adolescentes!”

JUN / JUL 2021 nº 122

5


Inovação Por Luiz Carlos de Almeida e Valeria de Souza (SP)

HCFMUSP e Reino Unido fecham parceria para programa de saúde digital O objetivo dessa parceria tem como foco a melhoria da experiência dos pacientes e projetos de inovação que poderão ser incorporadas ao sistema público de todo o Brasil.

C

om duração de dois anos, o Hospital das Clínicas de São Paulo (HCFMUSP) e o governo britânico estabeleceram uma parceria para desenvolvimento do Plano de Saúde Digital, e que, num futuro próximo, possa ser implantado em toda a rede do Sistema Único de Saúde no País. A celebração desse acordo, que em colaboração com o Better Health Programme (BHP) – programa de cooperação em saúde do Reino Unido com o Brasil, é uma ação concreta da Comissão de Inovação do HCFMUSP. O objetivo é desenvolver soluções de saúde digital que aumentem a eficiência e qualidade no atendimento e acompanhamento dos pacientes da instituição e, num futuro próximo, ser implantado em toda a rede do Sistema Único de Saúde (SUS) no país. A parceria entre os dois países, se apoiará em torno de três pilares: melhorar o atendimento na atenção primária; levar a implementação das ferramentas digitais desenProf. Giovanni Guido Cerri volvidas a todos os níveis de atendimento na rede de saúde e capacitar profissionais do sistema público de saúde e se adaptar às realidades regionais do país, especialmente na atenção primária. Para o professor Giovanni Guido Cerri, presidente do Conselho Diretor do Instituto de Radiologia (InRad) e presidente da Comissão de Inovação do HCFMUSP:

6

JUN / JUL 2021 nº 122

foi criado para aumentar a expectativa de vida, me“a realização do Plano de Saúde Digital resultará em lhorar a produtividade e gerar crescimento econômico. avanços significativos na melhoria do atendimento O Brasil é um país de alta prioridade neste programa, prestado à sociedade brasileira, com a criação de modelos de soluções digitais replicáveis para melhorar a que opera em sete outros países: México, África do experiência do paciente e ter mais eficiência em toda Sul, Malásia, Mianmar, Filipinas, Vietnã e Tailândia. a jornada de atendimento”. As ações destinadas ao Brasil garantirão a sustentabilidade e a eficiência do Sistema Único de Saúde A busca pela assistência que ofereça mais saúde Brasileiro, o SUS, particularmente para: a) fortalecer de qualidade para os pacientes da instituição ganhou a atenção primária; b) melhorar a força com as iniciativas que surgiram gestão de dados e informações e c) no início da pandemia da COVID 19. traduzir pesquisa em inovação. O Como legado, tais iniciativas projetam “A realização do SUS foi modelado a partir do NHS, o um futuro promissor na jornada do Plano de Saúde sistema de saúde britânico, comparpaciente com o uso de tecnologia, Digital resultará em tilhando o valor fundamental que faz proporcionando inúmeros benefícios e avanços significativos dos dois sistemas parceiros naturais: expansão para toda a rede do Sistema na melhoria do a defesa da cobertura universal da Único de Saúde (SUS). Ao todo são 20 atendimento prestado saúde (UHC). iniciativas que compõem o programa à sociedade brasileira, Os resultados do programa propara implantação por todo Complexo duzirão melhor segurança e qualiHCFMUSP até o ano de 2022, tais com a criação de dade de atendimento aos pacientes, como, Teleconsulta de Seguimento, modelos de soluções o que reduzirá o risco de doenças, Formação em Saúde Digital, Visita digitais replicáveis lesões e mortalidade prematura; e Remota de Pacientes, entre outros. para melhorar a fechará a lacuna entre resultados de experiência do paciente Integrando todos pesquisa e tecnologias de saúde sendo e ter mais eficiência os institutos incorporadas no SUS. em toda a jornada de Ainda, de acordo com Giovanni O projeto integra todos os ins” atendimento Cerri, “esse é o grande desafio: oferetitutos que formam o Complexo cer a nossa população uma assistência HCFMUSP e será conduzido por de qualidade, uma saúde eficiente, um comitê gestor formado pelos com acesso mais fácil, e com a associação da tecnologia professores Giovanni Cerri, Carlos Carvalho (chefe nesse processo poderá reduzir essas desigualdades, da pneumologia do Instituto do Coração), Eurípedes pois ainda temos muito que avançar nessa questão. Por Miguel (chefe titular do Departamento de Psiquiatria) isso aceitamos esse desafio, que tenho certeza, será um e Fabio Jatene (vice-presidente do Conselho Diretor do sucesso dentro do HC, para os seus pacientes, e que Instituto do Coração). poderá ser usado a nível nacional”, finaliza o professor. O Programa Better Health, do Governo Britânico,


JUN / JUL 2021 nº 122

7


Premiação

RSNA 2021: desafio de detecção da Covid 19 por meio da AI O Congresso Anual está programado para acontecer entre 28 de novembro e 02 de dezembro, em Chicago. As inscrições para o evento serão abertas em 21 de julho.

N

esta edição, o evento lançará o Desafio de detecção da Covid 19 por meio de Inteligência Artificial (IA), e a premiação será em dólar, no Valor de US 100.000, oferecida aos trabalhos inscritos, do 1º ao 10º colocado, que conseguirem identificar alterações de COVID 19, em radiografias de tórax. Os vencedores serão anunciados em meados de setembro e reconhecidos na reunião SIIM C-MIMI (19 a 21 de setembro) e na RSNA 2021 (28 de novembro a 02 de dezembro). Segundo informação publicada no RSNA News e enviada ao ID Interação Diagnóstica, esse Desafio foi organizado pelo RSNA- Radiology, e já é uma tradição, em colaboração com outras organizações radiológicas de todo mundo, com o objetivo de intensificar os estudos de Inteligência Artificial na área da Radiologia. Como IA promete fornecer ferramentas que aumentarão a eficiência e a precisão dos diagnósticos radiológicos, o objetivo é incentivar a criação de novas ferramentas tecnológicas para a radiologia, mostrar os benefícios que ela pode trazer ao Diagnóstico por Imagem e melhorar o atendimento do paciente. Em suas considerações, o comunicado explica que diagnosticar COVID 19 pode levar dias, mas os resultados das radiografias de tórax podem ser obtidos em minutos. Para ajudar os profissionais médicos de todo o mundo a diagnosticar e tratar COVID 19 mais rapidamente, este ano, os participantes dessa competição são desafiados a construir um modelo que possa detectar e localizar a pneumonia COVID 19 e classificar

as radiografias com base em sua aparência (típica, atípica ou indeterminada) para ajudar os radiologistas a fornecer um diagnóstico rápido e confiável. Acreditam os organizadores que, “se forem premiados ajudarão os radiologistas a diagnosticar milhões de pacientes com COVID 19 com mais segurança e rapidez. Isso também permitirá que os médicos vejam a extensão da doença e os ajudem a tomar decisões sobre o tratamento. Dependendo da gravidade, os pacientes afetados podem precisar de hospitalização, admissão em uma unidade de terapia intensiva ou terapias de suporte, como ventilação mecânica. Como resultado de um diagnóstico melhor, mais pacientes vão receber rapidamente o melhor atendimento para sua condição, o que poderia atenuar os efeitos mais graves do vírus.

COVID 19 Cinco vezes mais mortal do que a gripe, COVID 19 causa morbidade e mortalidade significativas. Como outras pneumonias, a infecção pulmonar com COVID 19 resulta em inflamação e líquido nos pulmões, e é muito semelhante a outras pneumo-

nias virais e bacterianas em radiografias de tórax, o que torna difícil o diagnóstico. Um modelo de visão computacional para detectar e localizar COVID 19 ajudaria os médicos a fornecer um diagnóstico rápido e confiável. Como resultado, os pacientes poderiam receber o tratamento correto antes que os efeitos mais graves do vírus se manifestassem. Atualmente, COVID 19 pode ser diagnosticado por meio da reação em cadeia da polimerase para detectar material genético do vírus ou radiografia de tórax. No entanto, pode levar algumas horas e às vezes dias antes que os resultados do teste molecular voltem. Em contraste, as radiografias de tórax podem ser obtidas em minutos. Embora existam diretrizes para ajudar os radiologistas a diferenciar COVID 19 de outros tipos de infecção, suas avaliações variam. Além disso, os não radiologistas podem ser apoiados com uma localização melhor da doença, como com uma caixa delimitadora visual. Mais informações sobre o desafio no site: https://www. rsna.org/education/ai-resources-and-training/ai-image-challenge

WFUMB empossa nova diretoria: Cristina Chammas é a presidente

A

World Federation of Ultrasound in Medicine and Biology acaba de empossar sua nova diretoria, que terá a dra. Maria Cristina Chammas, diretora do Serviço de uLtrassonografia do Instituto de Radiologia-HCFMUSP, como presidente, para um mandato que irá de 2021 a 2023. Com a posse da dra. Cristina, Chammas mais uma vez o Brasil assume posição de liderança nesta entidade internacional, que já teve o prof. Giovanni Guido Cerri como seu presidente. Como é de praxe, a nova presidente deu posse ao Conselho Executivo da instituição, sendo que o presidente eleito, Jacques Abramowics, é da AIUM e os demais membros representam

8

JUN / JUL 2021 nº 122

entidades focadas na ultrassonografia, de países que compõem a WFUMB. Para nós da América Latina, um registro especial pela eleição como primeiro vicepresidente, do dr. Leandro Fernandez, representando a FLAUS, e estreitamente ligado ao Brasil, já que sua formação se deu em Minas Gerais. Na oportunidade foi empossado, o Conselho Administrativo da WFUMB, também constituído de representes de entidades de países que compõem o universo da instituição, e, mais um brasileiro, o dr. Antonio Carlos Matteoni de Athayde, ex-presidente do Colégio Brasileiro de Radiologia, e representante da Federation Latino-Americana de Ultrasonografia (FLAUS), é um dos membros.

Graças a esse trabalho que se iniciou com a liderança de nomes de grande expressão na especialidade, como Domingos Correia da Rocha, de Alagoas, e Giovanni Guido Cerri, de São Paulo, o Brasil conquistou lugar de expressão na ultrassonografia mundial e, hoje, pode ser considerado uma referência para todo mundo.

A eleição de dra. Maria Cristina Chammas é consequência de todo este trabalho e por sua atuação num dos mais importantes serviços do País, o Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas, onde desenvolve um intenso trabalho nas áreas de ensino e pesquisa, trazendo novas conquistas pioneiras para a especialidade, nas áreas de contraste e elastografia.


JUNHO / JULHO 2021 - ANO 20 - Nº 122

Câncer de mama na mulher idosa

O

conceito de mulher idosa tem mudado nos últimos anos. Hoje, a mulher acima dos 60 anos tem vida social e intelectual mais ativa, em relação a gerações anteriores. Além disso, o envelhecimento não é igual para todas as pessoas. A “idade biológica” pode diferir da idade cronológica. Um estudo (Sister Study) publicado em 2019 , de uma coorte de 2764 mulheres com antecedente familiar de câncer de mama, onde 1566 mulheres desenvolveram câncer de mama em 6 anos, mostrou que as mulheres com idade cronológica menor que a idade da alteração do DNA (DNAm idade) tinham “aceleração da idade”, podendo ter maior risco de morbidade / mortalidade.

Epidemiologia

A expectativa de vida no Brasil, segundo dados do IBGE e do InCA, é de 79,9 anos ao nascer e, chegando com boa saúde aos 80 anos, de mais 10,4 anos. Isto em regiões mais desenvolvidas, como os estados do Sul e do Sudeste. Outras regiões têm expectativa de vida menor, em torno dos 70 anos. O aumento da idade da população é um assunto de preocupação para a saúde e para os órgãos governamentais, pois em relação ao câncer de mama, as mulheres na pós-menopausa irão requerer recursos de saúde adicionais para promover: detecção precoce, ótimo tratamento, seguimento a longo prazo e cuidados de suporte. Estima-se que o aumento da população mundial com mais de 65 anos, que em 2001 compreendia 14,5% da população total, passe para 21,3% em 2030. No Brasil, com uma população de 4,8 milhões de idosos em 2020, estima-se que atinja 7,5 milhões em 2030. Os dados da literatura mundial mostram que a incidência do câncer de mama aumenta até os 75 anos, tendo depois uma pequena queda e que, em contrapartida, a mortalidade pela doença aumenta a partir desta mesma idade. A pergunta é: será que a incidência do câncer de mama cai porque as mulheres deixam de se examinar, ou de fazer exames (já que o rastreamento mamográfico teve estudos que só o recomendavam até os 74 anos)? E será que a mortalidade aumenta porque o câncer de mama é diagnosticado mais tardiamente; ou ainda, estas mulheres são subtratadas? Outro dado da literatura é que as mulheres idosas apresentam tumores maiores (entre 2 e 5cm a partir dos 75 anos, ou seja, quanto maior a idade, maior o tamanho do tumor. Será que a falta de exames periódicos leva a este quadro ? As mulheres idosas têm mais frequentemente, tumores de melhor prognóstico, com receptores hormonais positivos, sendo menos frequentes os triplo-negativos e os com HER2+. Figs.1; 2,3 e 4 a e b. Cerca de 15 a 18% das mulheres idosas desenvolvem câncer de mama do subtipo molecular triplo negativo, mas alguns estudos sugerem que a mulher idosa pode ter um melhor desfecho em relação à mulher mais jovem, com o mesmo subtipo molecular.

Fig. 3. 86 anos. Nódulo palpável na mama esquerda Última mamografia em 2010. Mamografia atual : Jan./20 Carcinoma Invasivo SOE grau II / RE e RP – HER-2+

Fig. 4A. 75 anos. Nódulo palpável na mama esquerda. Carcinoma Invasivo SOE , grau III; TRIPLO NEGATIVO – Ki-67 = 80%. Última mamografia há 10 messes.

Fig.1. 89 anos. Nódulo no QSL da mama esquerda com diagnóstico histológico de Carcinoma invasivo SOE, grau I RE e RP+ e HER2- (IMH favorecendo o subtipo molecular Luminal A), há 5 anos. Atualmente calcificações pleomórficas em distribuição linear / segmentar, detectadas em exame de rotina, no QIM da mama direita, com diagnóstico histológico de Carcinoma Invasivo SOE grau II, RE e RP+ e HER2- (IMH favorecendo o subtipo molecular Luminal A). Fig. 4B. Mesma paciente – 10 meses antes. Trata-se de um câncer de intervalo (verdadeiro, ou com mínimos sinais) (seta).

Mecanismos Celulares

Fig. 2. 77 anos - Mãe com CA de mama aos 92 anos . Não faz mamografia de rotina. Veio à clínica devido a nódulo palpável há 2 meses na mama direita. Biópsia percutânea com diagnóstico histológico de Carcinoma Invasivo SOE grau I – RE E RP+ e HER2- (IMH favorecendo o subtipo molecular Luminal B).

É difícil entender o paradoxo: as mulheres idosas têm mais frequentemente tumores com receptores hormonais positivos e têm menor nível de estrógenos circulantes, especialmente do estradiol. Este é um mecanismo pouco compreendido, podendo ser explicado porque as mulheres idosas com ovários são geralmente hiperandrogênicas (gonadotrofinas elevadas pela baixa do estradiol, que estimulam o estroma ovariano a secretar andrógenos), promovendo um ambiente androgênico que aumenta a fome e o acúmulo de gordura. Neste ambiente, a aromatase no tecido adiposo e na gordura do tecido mamário, transforma os andrógenos em estrógenos. O mesmo mecanismo ocorre em relação à obesidade endógena, podendo haver ainda, estímulo hormonal exógeno. Isto leva à síntese intramamária de estradiol, induzindo a proliferação de células mamárias epiteliais, com consequente aumento da sensibilidade das células epiteliais aos estrógenos (aumento dos receptores de estrógeno). Outro mecanismo paradoxal, é que a densidade mamária (que se sabe atualmente, ser fator de risco para câncer de mama), geralmente é menor na mulher idosa (podendo, entretanto, haver mamas densas e muito densas também nesta faixa etária). Mas segundo o Modelo de Pike (1983), o que determina a densidade mamária é o dano genético cumulativo (mais do que a idade cronológica). CONTINUA


Câncer de mama na mulher idosa CONCLUSÃO X

Além disso, as alterações nas células epiteliais mamárias demonstram atrofia do tecido ducto-lobular fazendo com que os lóbulos mamários, em sua involução, sejam semelhantes aos lóbulos da menina na pré-puberdade. A diferença é que na mulher idosa, o tecido atrófico ducto-lobular contém células epiteliais que passaram por modificações, como repetidas exposições a carcinógenos e a alterações do sistema de reparação do DNA, causando aumento do potencial de transformação. Ademais, a interação do microambiente (formado por fibroblastos e adipócitos) modula a capacidade de desenvolvimento tumoral. Assim, as células senescentes formam um ambiente inflamatório, promotor de tumor, propiciando maior chance de câncer no tecido mamário e maior freqüência de metástases nos linfonodos axilares. Outro fator, é que na senescência, existe diminuição da resposta imune, promovendo a proliferação de células tumorais, levando a aumento da probabilidade de câncer.

Mecanismos sociais relacionados

Os programas de rastreamento populacional foram realizados até a idade de 74 anos. Embora a partir de 2010 tenha havido aumento dos exames de rastreamento na idosa, este ainda é inferior ao das outras faixas etárias. O monitoramento clínico da mulher idosa é claramente insuficiente e dogmas como “quanto mais idosa, mais lenta a progressão do câncer”, ou “câncer de mama na idosa não mata”, contribuem para agravar o problema. A mortalidade pelo câncer de mama aumenta com a idade e, diferentemente de dogmas populares, a maior causa de mortalidade na mulher idosa com câncer de mama é o próprio câncer, e não as comorbidades. Algumas comorbidades podem contraindicar certas terapias, como quimioterapia, radioterapia e cirurgia. Em algumas situações, a hormonioterapia pode ser o único tratamento. Além disso, pode ocorrer a não aderência ao tratamento, quando a mulher não tem condições de seguir o tratamento, ou quando não existe um responsável por cuidar da paciente. Uma metanálise da Cochrane (Fennessy et al.-2018) demonstrou que omitir cirurgia para pacientes idosas com câncer de mama e boas condições cirúrgicas, leva a aumento na taxa de progressão da doença, de intervenção terapêutica e de mortalidade. O tratamento com hormonioterapia com Tamoxifen é inferior à cirurgia (com ou sem hormonioterapia). Fig.5 a e b.

Alguns fatos observados em relação à mulher idosa: o pico da incidência do câncer de mama nesta população vai de 70 a 79 anos (sendo 1 em cada 5 cânceres) e, nos Estados Unidos, cerca de 37% das mortes por câncer de mama ocorrem após os 75 anos de idade. Na mulher idosa a mamografia tem maior sensibilidade, especificidade, taxa de detecção de câncer e VPP. O risco de radiação é muito baixo e diminui com a idade, sendo que o risco de câncer de mama fatal, induzido por rastreamento mamográfico aos 80 anos é de menos de 1 / 1 000 000. Trabalho de Destounis et al., em um levantamento de 763 256 mamografias de rastreamento, realizadas entre 2007 e 2017 demonstrou que 10% das pacientes tinham mais de 75 anos, com média de idade de 80,4 anos. Foram detectados 643 cânceres em 614 pacientes, sendo a taxa de detecção de 8,4/1000, taxa esta superior à observada na população geral e representando 16% de todos os cânceres detectados. Nestas, 82% das malignidades eram câncer invasivo, dos quais 63% eram grau II ou III (demonstrando que o câncer na idosa pode ser de maior grau, como na mulher mais jovem) e 93% foram passíveis de serem tratados cirurgicamente. Outros trabalhos mostraram também que mulheres idosas que fazem mamografia periodicamente têm maior chance de diagnóstico em estadios menores, em relação às que fazem esporadicamente, ou não fazem. A mamografia digital demonstrou aumento da especificidade, da taxa de detecção do câncer e do VPP e menor taxa de reconvocação. Ainda faltam estudos sobre a tomossíntese, mas presume-se que também deverá mostrar melhores resultados. O benefício do rastreamento na mulher idosa é igual ao da mulher jovem; permite maior chance de detectar tumor em estágio inicial; oferece opções terapêuticas menos agressivas; maior sobrevida e menor risco de morrer pela doença. Com o aumento da expectativa de vida, o benefício do rastreamento deve aumentar. Deve-se considerar individualmente cada mulher e sua saúde de um modo geral. A decisão de quando parar o rastreamento não deveria ser baseada somente na idade.

Alegações dos detratores do rastreamento mamográfico na mulher idosa

1) pode trazer mais malefício (como o overdiagnosis) do que benefício; 2) o exame clínico deve ser avaliado como uma alternativa e 3) o efeito da mamografia na mortalidade é incerto. O overdiagnosis é inerente ao rastreamento, pode ocorrer em 1 a 10% dos casos e sabe-se que o benefício supera seu risco até a idade de 90 anos, sendo portanto, uma alegação desnecessária, frente ao benefício.

Conclusão

A decisão de continuar o rastreamento mamográfico após os 75 anos não deve se basear apenas na idade. Deve-se levar em conta a saúde geral da mulher, sua expectativa de vida e os mecanismos sociais de suporte a esta mulher.

TABELA: RECOMENDAÇÕES SOBRE O RASTREAMENTO MAMOGRÁFICO NA MULHER IDOSA

Fig.5A. 82 anos. Paciente hígida, submetida a hormonioterapia neoadjuvante, por recusa da família em submetê-la a cirurgia. A resposta ao tratamento no início foi favorável.

Bibliografia:

Fig. 5B. No decorrer do tratamento houve progressão da doença, com o aparecimento de mais dois linfonodos comprometidos na axila homolateral.

Métodos de Imagem na Mulher Idosa

A mamografia é o método mais comum, sendo considerada o padrão-ouro; a ultrassonografia é útil, auxiliar à mamografia, especialmente na mama densa e para guiar procedimentos intervencionistas; a ressonância magnética apresenta seu maior benefício nesta população, na paciente com câncer oculto na mama.

A idade é fator suficiente para parar o rastreamento mamográfico?

Os programas de rastreamento mamográfico foram até os 74 anos e mostraram redução de 20% da mortalidade. Após esta idade, temos apenas estudos observacionais e modelos matemáticos.

2

JUN / JUL 2021 nº 122

1)

Jacob K Kresovich, Zongli Xu, Katie M O’Brien, Clarice R Weinberg, Dale P Sandler, Jack A Taylor Author Notes. Methylation-Based Biological Age and Breast Cancer Risk.JNCI: Journal of the National Cancer Institute, Volume 111, Issue 10, October 2019, Pages 1051–1058

2)

Lodim, Scheer L, Reix N.& al.Breast cancer in elderly women and altered clinico-pathological characteristics: a systematic review. Breast Cancer Res Treat, 2017

3)

Checka CM, Chun JE, Schnabel FR et al.Original Research. The relationship of mammographic Density and Age : Implications for Breast cancer Screening. AJR 2012; 198:W292–W295

4)

Lee CS, Loy L. Joe BN et al. Screening for Bresat Cancer in Women Age 75 years and older.

5)

AJR 2018; 210:256–263. DestounisS. ,Arieno A &Santacroce BS. Screening Mammography: There is value in screening women > = 75 years old.JournalofBreastImaging, 2019, Vol. 1, Issue 3, 182–185

6)

Sinclair N, Littenberg B, Geller B, Muss H. Accuracy of Screening Mammography in older women . AJR 2011; 197: 1268-1273

7)

Henderson LM, O’Meara ES et al. Performance os Digital Screening Mammography Among Older Women in the United States. Cancer 2015; 121(9):1379-1386

8)

Jatoi IJ & Miller AB. Breast cancer Screening in Elderly women. Primum non nocere. JAMA Surgery Published online October 14, 2015

9)

Sardanelli F, FallenbergEM,Clauser P. Mammography: an update of the EUSOBI recommendations on information for women.

Autora Selma di Pace Bauab Médica Radiologista – diretora da Clínica MamaImagem – São José do Rio Preto


Manifestações torácicas da Doença de Erdheim - Chester Introdução

A doença de Erdheim Chester (DEC), descrita por Jakob Erdheim e William Chester em 1930, é uma condição rara, não hereditária, que faz parte das histiocitoses proliferativas de células não Langerhans. É mais frequente em adultos na quinta e sextas décadas de vida, com predomínio no sexo masculino. Sua apresentação clínica e radiológica varia desde uma doença localizada e indolente até uma afecção grave, com acometimento de múltiplos órgãos (1). Os principais sintomas são febre, perda de peso e sudorese noturna. A apresentação mais comum é o acometimento ósseo, manifestando-se na maioria dos casos como esclerose bilateral simétrica da metáfise e diáfise de ossos longos. Dentre os achados extraósseo, o envolvimento cardiotorácico é importante causa de morbi-mortalidade, tendo sido descritos o acometimento cardíaco / pericárdico, mediastinal, pulmonar e pleural (1).

perivascular difuso, usualmente circunferencial, conhecido como “aorta revestida”; à RM, tem baixo sinal em T1 e nas sequencias b-SSFP e realce tardio pós-gadolínio; ao PET-CT, apresenta captação moderada de FDG (Figura 3) (5).

Pleura

O acometimento pleural na DEC é descrito em cerca de 15% dos casos (5). O espessamento pleural pode ser focal ou difuso (Figura 6) e pode ser acompanhado de derrame pleural, comumente loculado e recorrente. O exame de PET-CT pode demonstrar captação variável de FDG (Figura 7).(6)

Coração e Pericárdio

O acometimento cardíaco pela DEC ocorre em até 40% dos casos (1), sendo decorrente da infiltração por histiócitos nos vasos coronarianos, no pericárdio e no miocárdio, e pelo envolvimento perivascular das artérias coronárias (2). O pericárdio pode ser afetado em até 24% dos casos, comumente resultando no espessamento difuso ou derrame pericárdico, que raramente culmina em tamponamento (Figura 1). O depósito no miocárdio ocorre em até cerca de 30% dos pacientes.

FIGURA 3: Imagens axiais de PET-CT demonstrando hipermetabolismo glicolítico no espessamento pleural à direita (setas) e perivascular ao redor da Aorta Ascendente (pontas de seta).

Mais raramente, a infiltração perivascular pode ocorrer em outras estruturas vasculares do mediastino, como em ramos arteriais supra-aórticos e nas artérias pulmonares. Lesões infiltrativas acometendo a gordura mediastinal e linfadenopatias são achados menos prevalentes, mas que também compõe seu espectro de lesões (5).

FIGURA 6: Tomografia de tórax com contraste, evidenciando acentuado espessamento bilateral.

Pulmão

FIGURA 1 - Ressonância magnética cardíaca, na sequência cine-SSFP, no plano das quatro câmaras, evidenciando moderado derrame pericárdico e pequeno derrame pleural bilateral.

Na Ressonância Magnética (RM) de coração, a infiltração cardíaca é demonstrada por meio de tecido infiltrando classicamente a parede posterior do átrio direito, sendo comum sua extensão para o sulco atrioventricular direito e para o septo interatrial, que tipicamente encontra-se espessado por material não adiposo (Figura 2). O tecido costuma ser caracterizado por hipossinal nas sequências de cine-SSFP e sinal hiperintenso na ponderação T2 TRIPLE, além de sinal intenso na sequência de realce tardio (3). A infiltração perivascular é também descrita, especialmente da coronária direita, podendo eventualmente resultar em isquemia miocárdica (3).

FIGURA 2: Ressonância magnética cardíaca demonstrando na sequência cine-SSFP (A) no plano quatro câmaras presença de tecido infiltrativo com hiposinal na parede posterior do átrio direito e no sulco atrioventricular direito (setas). Em (B), sequência de realce tardio no plano quatro câmaras, nota-se hipersinal do mesmo tecido.

O pulmão é sítio de acometimento frequente na DEC e é descrito em até dois terços dos casos. Os pacientes geralmente evoluem assintomáticos, mas apresentar graus variados de dispneia e tosse. O parênquima afetado pode apresentar padrão intersticial, alveolar ou misto. A diferenciação radiológica com outras doenças intersticiais pulmonares difusas pode ser desafiadora, sendo muitas vezes necessária a pesquisa de outros sítios classicamente acometidos e, em alguns casos, o estudo histopatológico para confirmação diagnóstica (6). Na TC, o achado mais frequente é o espessamento liso dos septos interlobulares (Figura 4), com distribuição mais comumente periférica e predomínio nos lobos inferiores (7). Outros achados de imagem incluem nódulos pulmonares, que geralmente apresentam distribuição centrolobular, subpleural e/ou perifissural (8) e opacidades em vidro fosco, que podem ter distribuição preferencialmente subpleural e/ou peribroncovascular (5) (Figura 5) . O exame de PET-CT pode demonstrar captação variada de FDG no parênquima pulmonar, com SUV máximo em torno de 4,0 (9).

Conclusão

A DEC requer uma abordagem clínica abrangente e multissistêmica, e os métodos de imagem exercem um papel imprescindível no diagnóstico e seguimento clínico desses pacientes. O envolvimento cardiotorácico está diretamente relacionado ao pior prognóstico, sendo importante seu reconhecimento pelo radiologista. A Tomografia Computadorizada, Ressonância Magnética e o PET-CT são métodos complementares que contribuem na detecção e acompanhamento destes achados.

Referências Bibliográficas:

FIGURA 4: Tomografia Computadorizada de tórax evidenciando espessamento liso e difuso dos septos interlobulares, de predomínio periférico, e das cissuras bilateralmente.

Já nos estudos de PET/CT com FDG, o envolvimento cardíaco e pericárdico da DEC pode se expressar por uma captação anômala e heterogênea de FDG, concentrada nos átrios ou no septo interatrial - demonstrando valor máximo na escala SUV. Para reduzir a captação cardíaca fisiológica e aumentar a especificidade do exame, uma dieta lipídica e pobre em carboidratos pode ser empregada (4).

1.

Das AJP, Xie L, Riedl CC, Hayes SA, Ginsberg MS, Darragh F. Type of manuscript : Pictorial Review CO. 2019;

2.

Haroche J, Amoura Z, Dion E, Wechsler B, Costedoat-Chalumeau N, Cacoub P, et al. Cardiovascular Involvement, an Overlooked Feature of Erdheim-Chester Disease. Medicine (Baltimore) [Internet]. 2004 Nov;83(6):371–92.

3.

Ghotra AS, Thompson K, Lopez Mattei J, Bawa D, Hernandez R, Banchs J, et al. Cardiovascular manifestations of Erdheim–Chester disease. Echocardiography [Internet]. 2019 Feb 20;36(2):229–36.

4.

Williams G, Kolodny GM. Suppression of Myocardial 18 F-FDG Uptake by Preparing Patients with a High-Fat, Low-Carbohydrate Diet. Am J Roentgenol [Internet]. 2008 Feb;190(2):W151–6.

5.

Mirmomen SM, Sirajuddin A, Nikpanah M, Symons R, Paschall AK, Papageorgiou I, et al. Thoracic involvement in Erdheim-Chester disease: computed tomography imaging findings and their association with the BRAFV600E mutation. Eur Radiol [Internet]. 2018 Nov 7;28(11):4635–42.

6.

Haroutunian S, O’Brien K, Estrada-Veras J, Yao J, Boyd L, Mathur K, et al. Clinical and Histopathologic Features of Interstitial Lung Disease in Erdheim–Chester Disease. J Clin Med [Internet]. 2018 Aug 28;7(9):243.

7.

Wittenberg KH, Swensen SJ, Myers JL. Pulmonary Involvement with Erdheim-Chester Disease. Am J Roentgenol [Internet]. 2000 May;174(5):1327–31.

8.

Arnaud L, Pierre I, Beigelman-Aubry C, Capron F, Brun A-L, Rigolet A, et al. Pulmonary involvement in Erdheim-Chester disease: A single-center study of thirty-four patients and a review of the literature. Arthritis Rheum [Internet]. 2010 Nov;62(11):3504–12.

9.

Young JR, Johnson GB, Murphy RC, Go RS, Broski SM. 18 F-FDG PET/CT in Erdheim–Chester Disease: Imaging Findings and Potential BRAF Mutation Biomarker. J Nucl Med [Internet]. 2018 May;59(5):774–9.nior - CREMESP:

Autores

Mediastino

A infiltração perivascular da aorta é a manifestação mais comum da DEC no mediastino, sendo decorrente da infiltração periaórtica por histiócitos, principalmente na camada adventícia. Pode ocorrer de forma difusa ou segmentar, neste caso sendo mais comum no arco aórtico (3). À Tomografia Computadorizada (TC), apresenta-se como um espessamento

FIGURA 7: Paciente feminina, 50 anos. PET/CT, plano axial, demonstra espessamento pleural bilateral com áreas de hipermetabolismo glicolítico à direita.

FIGURA 5: Tomografia Computadorizada de tórax evidenciando opacidades centrolobulares e peribroncovasculares bilaterais, associadas a espessamento liso de alguns septos interlobulares. Pequeno derrame pleural bilateral.

André Melo e Silva de Figueiredo Jéssica Lemos Leite Gomes Ubenício Silveira Dias Júnior Roberto Vitor Almeida Torres Hye Ju Lee Médicos radiologistas – Serviço de Radiologia e Diagnóstico por Imagem – Hospital Sírio Libanês

JUN / JUL 2021 nº 122

3


Aplicação da Ressonância Magnética de 3 Tesla na Doença de Ménière Introdução

A doença de Ménière foi inicialmente identificada por Prosper Ménière em 1861 e o termo Doença de Ménière foi estabelecido em 1872 1. A entidade é caracterizada clinicamente por vertigem, perda auditiva em baixas frequências, tinnitus1 e plenitude aural. Os critérios utilizados atualmente foram definidos pela sociedade de Bárány em 2015, e incluem as possibilidades de doença de Ménière definida e de doença provável, que diferem entre si pela duração dos episódios de vertigem e da perda auditiva documentada 2.

Figura 1: Estruturas de aspecto habitual do vestíbulo, destacandose o sáculo (seta sólida) e o utrículo (seta tracejada) (a). Dilatação do espaço endolinfatico envolvendo mais do que 50% do vestíbulo, caracterizando o grau I de Barath (b). Dilatação do espaço endolinfático com obliteração quase completa do espaço perilinfático, caracterizando hidropsia vestibular grau II de Barath (c).

Etiologia

A etiologia da Doença de Ménière ainda não é completamente definida, ao contrário de seu mecanismo patológico, que está bem estabelecido e é habitualmente relacionado à hidropsiaendolinfática 3, aspecto que foi observado por Hallpike em 1938 em estudos histopatológicos dos ossos temporais 8.

Papel dos métodos de imagem na investigação da hidropsia

O padrão-ouro para a detecção da hidropsiaendolinfática é a análise de autópsias de ossos temporais, que detecta apenas casos já bem estabelecidos de hidropsia. Com o avanço no desenvolvimento dos métodos de imagem, a ressonância magnética (RM), notadamente com campo de 3 TESLA, consegue demonstrar sinais de hidropsiacoclear e vestibular que apresentam boa correlação com achados histopatológicos 1. Sabe-se que o meio de contraste paramagnético à base de gadolínio se acumula no espaço perilinfático (barreira sangue-labirinto permeável) e não atinge o compartimento endolinfático 6. Este princípio torna possível a diferenciação destes dois compartimentos através da ressonância magnética, o que foi demonstrado por Nakagima et al em 2007 depois de vinte e quatro horas após a injeção do meio de contraste por via intratimpânica 4. Atualmente, a investigação da hidropsiaendolinfática é feita através da injeção do meio de contraste à base de gadolínio por via intravenosa, sendo possível avaliar o acúmulo do meio de contraste paramagnético no espaço perilinfático a partir de quatro horas após a sua administração. Sequências específicas de ressonância magnética permitem a avaliação dos sinais de hidropsia, sendo a sequência FLAIR 3D pós contraste uma das mais utilizadas 1, inclusive em nossa instituição. A sequência depende da recuperação de inversão (IR) nas sequências de pulso e permite a anulação seletiva do espaço endolinfático, selecionando um tempo de inversão de modo que no equilíbrio não haja magnetização transversa da endolinfa.

Classificação da Hidropsia Endolinfática

A hidropsia endolinfática apresenta possível padrão evolutivo de acometimento, tendo início no ápice da cóclea, seguindo para o sáculo, utrículo, ampola e por fim para os canais semicirculares 3. Diferentes sistemas de classificação têm sido utilizados para graduar o grau de hidropsia na RM, destacando-se a graduação de Barath 5, que caracteriza tanto a hidropsia coclear (graus I e II), quanto a vestibular (graus I e II). A graduação de Bernaerts 6, por sua vez, gradua a hidropsiacoclear em dois graus (I e II) e a vestibular em três graus (I, II e III), demonstrados nas figuras 1, 2, 3 e 4.

Figura 2: (a) Vestíbulo normal, onde o sáculo (seta sólida) e o utrículo (seta tracejada) estão separados e ocupam menos da metade da superfície do vestíbulo. (b) Hidropsia vestibular grau I de Bernaerts: o sáculo, normalmente menor, adquire tamanho igual ou superior que o utrículo, mas ambos ainda não são confluentes. (c) Hidropsia vestibular grau II deBernaerts: há confluência do sáculo e do utrículo, porém ainda com halo de realce no espaço perilinfático. (d) Hidropsia vestibular grau III: o halo de realce perilinfático não é mais visto, com obliteração total do vestíbulo.

Figura 3: (a) Hidropsia coclear grau I de Bernaerts e de Barath: as escalas médias (triângulos pretos) tornam-se visíveiscomo focos de hipossinal em direção às escalas vestibulares. (b) Hidropsia coclear grau 2 de Bernaets e de Barath: a escala vestibular está totalmente obliterada pela distenção endolinfática (“ sinal da árvore de natal”).

Figura 3: Sequência 3D FLAIR após 4 horas da injeção do meio de contraste demonstrando em (a) o aspecto habitual do sáculo (seta sólida) e do utrículo (seta tracejada), e em (b) o aspecto habitual da cóclea, sem proeminência do espaço endolinfático nas escalas médias.

Figura 4: Sequência 3D FLAIR após 4 horas da injeção do meio de contraste demonstrando em (a) o sáculo (seta sólida) e o utrículo (seta tracejada) de dimensões aumentadas e ligeiramenteconfluentes, caracterizando grau I de Barath e 2de Bernaerts. (b) Proeminência dos espaços endolinfáticos da cóclea, caracterizada por focos de hipossinal ocupando quase toda a extensão das escalas vestibulares, caracterizando o grau II de Barath e de Bernaerts. CONTINUA

O ID publica artigos de revisão, de atualização e relatos de casos. Envie para o endereço: www.interacaodiagnóstica.com.br

4

JUN / JUL 2021 nº 122


Aplicação da Ressonância Magnética de 3 Tesla na Doença de Ménière CONCLUSÃO X

Conclusão

A hidropsia endolinfática não é exclusiva da doença de Ménière, podendo ser encontrada em outras patologias, inclusive em pacientes assintomáticos 1,7,em quadros monossintomáticos (vertigem, tinnitus ou perda auditiva), bem como na migrânea vestibular 1. A ressonância magnética apresenta boa correlação com os achados histopatológicos1 e, apesar de não ser incluída entre os critérios diagnósticos, pode ser útil tanto para excluir outras causas como para suportar o diagnóstico de doença de Ménière, através da demonstração e graduação dos achados de hidropsia vestibular e coclear. Pode também trazer informações da orelha assintomática diante da possibilidade de doença bilateral. É importante destacar que até 30% dos pacientes com a doença de Ménière não apresentam sinais de hidropsia na RM 6. Esta discrepância clínico-radiológica reflete a necessidade de mais biomarcadores de imagem para atividade da doença de Ménière além dos achados de hidropsia 6. Os protocolos de investigação da Doença de Ménière são habitualmente realizados em aparelhos de 3 TESLA, porém pesquisas recentes e promissoras demonstram a possibilidade de realização também em parelhos de 1,5T. Esses estudos estão em fase de submissão a periódicos científicos.

Autores Carlos Alberto Ferreira Coelho Neto Soraia Ale Souza Maíra de Oliveira Sarpi Raphael Reali Marcio Ricardo Taveira Garcia Médicos radiologistas – Diagnósticos da América S.A. – DASA, São Paulo, SP

Referências Bibliográficas 1 van Steekelenburg JM, van Weijnen A, de Pont LMH, Vijlbrief OD, Bommeljé CC, Koopman JP, Verbist BM, Blom HM, Hammer S. Value of Endolymphatic Hydrops and Perilymph Signal Intensity in Suspected Ménière Disease. AJNR Am J Neuroradiol. 2020 Mar;41(3):529-534. doi: 10.3174/ajnr.A6410. Epub 2020 Feb 6. PMID: 32029469; PMCID: PMC7077918 2 Lopez-Escamez JA, Carey J, Chung WH, Goebel JA, Magnusson M, Mandalà M, Newman-Toker DE, Strupp M, Suzuki M, Trabalzini F, Bisdorff A. Criteriosdiagnósticos de enfermedad de Menière. Documento de consenso de la Bárány Society, la Japan Society for Equilibrium Research, la European Academy of Otology and Neurotology (EAONO), la American Academy of Otolaryngology-Head and Neck Surgery (AAO-HNS) y la Korean Balance Society [Diagnostic criteria for Menière's disease. Consensus document of the Bárány Society, the Japan Society for Equilibrium Research, the European Academy of Otology and Neurotology (EAONO), the American Academy of Otolaryngology-Head and Neck Surgery (AAO-HNS) and the Korean Balance Society]. Acta Otorrinolaringol Esp. 2016 Jan-Feb;67(1):1-7. Spanish. doi: 10.1016/j. otorri.2015.05.005. Epub 2015 Aug 12. PMID: 26277738. 3 Pender, D. (2014). Endolymphatic hydrops and Ménière's disease: A lesion meta-analysis. The Journal of Laryngology & Otology, 128(10), 859-865. doi:10.1017/S0022215114001972 4 Nakashima T, Naganawa S, Sugiura M, Teranishi M, Sone M, Hayashi H, Nakata S, Katayama N, Ishida IM. Visualization of endolymphatic hydrops in patients with Meniere's disease. Laryngoscope. 2007 Mar;117(3):415-20. doi: 10.1097/ MLG.0b013e31802c300c. PMID: 17279053. 5 Barath K. Detection and grading of endolymphatic hydrops in Meniere disease using MR imaging. AJNR Am J Neuroradiol 2014; 35:1387–92 6 Bernaerts A, Vanspauwen R, Blaivie C, van Dinther J, Zarowski A, Wuyts FL, Vanden Bossche S, Offeciers E, Casselman JW, De Foer B. The value of four stage vestibular hydrops grading and asymmetric perilymphatic enhancement in the diagnosis of Menière's disease on MRI. Neuroradiology. 2019 Apr;61(4):421-429. doi: 10.1007/s00234-019-02155-7. Epub 2019 Feb 5. PMID: 30719545; PMCID: PMC6431299 7 - Conte G, Lo Russo FM, Calloni SF, Sina C, Barozzi S, Di Berardino F, Scola E, Palumbo G, Zanetti D, Triulzi FM. MR imaging of endolymphatic hydrops in Ménière's disease: not all that glitters is gold. Acta Otorhinolaryngol Ital. 2018 Aug;38(4):369376. doi: 10.14639/0392-100X-1986. PMID: 30197428; PMCID: PMC6146579. 8 - Hallpike CS, Cairns H. Observations on the Pathology of Ménière's Syndrome: (Section of Otology). Proc R Soc Med. 1938 Sep;31(11):1317-36. PMID: 19991672; PMCID: PMC2076781. 9 - Ménière P. Report on lesions of the inner ear causing symptoms of apolectiform cerebral congestion [in French]. GazzetteMedicale de Paris 1861;16:597–601

Normas para publicação no Caderno Application do Jornal Interação Diagnóstica O Jornal Interação Diagnóstica é uma publicação bimestral destinada a médicos e demais profissionais que atuam na área do diagnóstico por imagem e especialistas correlacionados nas áreas de ortopedia, urologia, mastologia, ginecologia e obstetrícia, angiologia e cirurgia vascular, dentre outras. O propósito do Jornal é selecionar e disseminar conteúdos de qualidade científica na área de diagnóstico por imagem.

Instruções para os autores Tipos de artigos Serão selecionados para publicação somente artigos de revisão e atualização, ensaios pictóricos, artigos de opinião, relatos de experiência, novidades técnicas e cartas ao editor. O editorial é de responsabilidade do editor do Jornal, podendo ser escrito por terceiros a convite do editor. Artigos originais, relatos de casos, notas prévias de trabalhos e resumos de teses deverão ser encaminhados para as revistas nacionais de Radiologia. O editor e o conselho editorial do Jornal Interação Diagnóstica terão o direito de não publicar os artigos que não estejam de acordo com o propósito da seção.

Formatação Os artigos devem ser redigidos em língua portuguesa, ortografia oficial e digitados preferencialmente no processador de texto Microsoft Word e a fonte (letra) Times New Roman, espaço duplo, tamanho 12 e o texto não ultrapassar 5.000 caracteres, que equivalem a 3,5 laudas de 1.400 caracteres. As ilustrações (fotografias, imagens de exames, figuras, desenhos e gráficos) devem ser de boa qualidade fotográfica, com resolução de 300 DPI e enviadas no formato JPG ou PDF e numeradas na ordem de aparecimento no texto. Cada ilustração deve vir acompanhada de sua respectiva legenda. Imagens de exames não devem permitir a identificação do paciente. Serão aceitas no máximo 12 (doze) ilustrações por artigo, incluindo tabelas e desenhos. Se o trabalho exceder a esse número, favor consultar.

Forma de envio Os artigos deverão ser enviados preferencialmente por via eletrônica, através do e-mail: id@interacaodiagnostica.com.br, constando os nomes dos autores, e o e-mail do autor do autor principal, registro profissional (CRM), título do artigo, data de atualização do artigo e referências bibliográficas. Somente devem ser citadas as referências bibliográficas essenciais. Por necessidade de edição, as referências podem ser retiradas do texto na paginação, constando que poderão ser solicitadas ao jornal, se necessário. Outra opção é encaminhar em CD ou disquete pelo correio: ID Editorial Ltda AC/Luiz Carlos Almeida Artigo Av. Brigadeiro Luiz Antonio, 2050, cj.108-A São Paulo – SP CEP: 01318-002 Duvidas podem ser sanadas por tel. (11) 3285-1444 ou diretamente com o editor: (11) 999 010195.

Informações adicionais Os conceitos e opiniões emitidos nos artigos são de responsabilidade exclusivas dos autores, não significando necessariamente a opinião do Jornal Interação Diagnóstica.

JUN / JUL 2021 nº 122

5


Tratamento minimamente invasivo do Câncer de Mama – Crioablação Introdução

O tratamento minimamente invasivo do câncer de mama une o que existe de mais moderno em medicina para minimizar o trauma e a agressividade dos procedimentos cirúrgicos oncológicos. O objetivo é realizar o tratamento com o menor dano possível à paciente, com uma segurança oncológica absoluta, preservando a cosmese da mama e permitindo à paciente um rápido retorno às suas atividades habituais. Nas últimas décadas, o tratamento do câncer de mama passou por processo de mudanças, visando terapias cada vez menos invasivas e agressivas à paciente, mas atendendo as necessidades oncológicas. Dentre os tratamentos minimamente invasivos do câncer de mama podemos destacar as biópsias percutâneas ampliadas, as terapias ablativas e as cirurgias propriamente ditas, com abordagem minimamente invasiva.

Crioablação

A ablação do tumor guiada por imagem é uma terapia não cirúrgica, minimamente invasiva, disponível para terapia local de alguns carcinomas como alternativa ao tratamento cirúrgico. A crioablação é uma técnica na qual a aplicação de sucessivos ciclos de congelamento e descongelamento do tecido neoplásico a partir de agulhas (crioprobes) inseridos no interior do tumor resulta na destruição e na morte celular. Há na literatura indicação de crioablação para tratamento de tumores mamários benignos como fibroadenomas, tumores hepáticos metastáticos, carcinoma de próstata e renal. Nos últimos anos, um número crescente de estudos relatou a viabilidade e os resultados a curto prazo da crioablação para tratamento do câncer de mama inicial. Dois ensaios clínicos estão em andamento (Frost Trial e Ice3 Trial) avaliando o benefício da crioablação no tratamento do câncer de mama inicial.

indireto ocorre devido à lesão vascular; o processo de congelação causa vasoconstrição, isquemia, anóxia e morte celular.

Revisão da literatura

Em virtude da experiência da crioablação no tratamento de tumores mamários benignos como fibroadenomas, tumores hepáticos metastáticos, carcinoma de próstata e de rim, a aplicação da terapia como possibilidade de tratamento não cirúrgico do carcinoma de mama tem sido considerada. Há na literatura séries de pequenos estudos, não randomizados, com crioablação seguidos de ressecção cirúrgica com taxa variável de sucesso. Sabel et al reportaram taxa de sucesso de 78% em 27 pacientes estudados, com sucesso de 100% em tumores menores de 1 cm; no entanto, a técnica foi limitada para as pacientes com tumores maiores de 1,5 cm e com componente intraductal extenso na biópsia. Niu et al trataram 27 pacientes com carcinoma invasivo entre 0,8 a 2,5 cm com crioablação seguidos de cirurgia, com ausência de carcinoma invasivo após ablação em 85,2%. Manenti et al restringiram a ablação para tumores entre 0,4 e 1,2 cm, excluíram carcinoma ductal in situ e lobulares, com resultado de ablação completa em 14 de 15 pacientes (93% de sucesso). Ademais, o tamanho da “esfera de gelo” em torno da sonda de - 40° C foi de 1,6 x 4,1 cm, conforme avaliado por ultrassonografia no final do segundo ciclo, com objetivo de alcançar o maior tamanho possível e atingir toda a lesão.

Técnica de crioablação

A crioablação consiste na aplicação de sucessivos ciclos de congelamento e descongelamento dos tecidos neoplásicos a partir de agulhas (crioprobes) inseridos no interior dos tumores sob orientação radiológica com métodos de imagem, atingindo temperaturas mínimas de até -40°C a -160°C, promovendo a destruição tecidual a partir da ruptura de membranas celulares. O mecanismo de congelamento deve-se à propriedade termodinâmica dos gases argônio ou nitrogênio de sofrerem acentuada perda de calor durante sua expansão em uma câmara fechada (efeito Joule-Thompson). O descongelamento é obtido a partir da substituição do argônio pelo gás hélio, cujas propriedades termodinâmicas de expansão têm efeito oposto, aquecendo o sistema. A técnica de crioablação forma no momento da aplicação uma “esfera de gelo” no tecido, facilmente identificada pelos métodos de imagens convencionais, resultado da necrose tecidual. No entanto, há registros de morte celular não homogênea na periferia da “esfera de gelo” decorrente de diferenças na exposição celular para as temperaturas de congelamento do processo de crioablação, reforçando a necessidade de um ciclo de congelamento-descongelamento duplo, com cada ciclo com duração de poucos minutos. É recomendado que a “esfera de gelo” englobe o tumor com margem de segurança de no mínimo 5 mm. Figura 1.

Figura 1. Fases do processo de crioablação. A. Introdução do probe (seta azul) no interior da lesão (círculo pontilhado). B. Início do processo de congelamento, com formação da esfera de gelo (seta laranja). C. Alcance das maiores dimensões da esfera de gelo. D. Ciclo de descongelamento da esfera de gelo.

As células tumorais são destruídas por duas vias: direta e indireta. Os mecanismos de lesões diretas são decorrentes da lesão celular com ruptura de membranas causadas pelo resfriamento da célula e/ou da formação de gelo extracelular, que resulta em ambiente hipertônico, causando desidratação celular e quando ocorre o descongelamento, a água flui de volta para o meio intracelular, aumenta o volume e provoca a lise celular. O mecanismo

6

JUN / JUL 2021 nº 122

Figura 2. A. Introdução do probe de Crioablação no interior da lesão. B. Formação de gelo (setas vermelhas) ao redor do cabo que conduz o gás até o probe para a ablação, evidenciando a baixa temperatura.

O American College of Surgeons Oncology Group (ACOSOG) Z1072 foi estudo de fase II, não randomizado, que avaliou a viabilidade da crioablação no tratamento do câncer de mama inicial. O objetivo primário foi identificar a taxa de ablação completa do tumor, definida como ausência de carcinoma invasivo ou in situ na patologia e o objetivo secundário foi avaliar o valor preditivo negativo da ressonância magnética (RM) para determinar a doença residual. Foram incluídos no estudo tumores invasivos com até 2 cm, componente intraductal menor 25% e tumor com realce ao contraste na RM. Os resultados evidenciaram sucesso na ablação de 75,9% (66/87 cânceres), com intervalo de confiança (IC) 90% 67,1-83,2. Quando foi excluída doença multifocal fora da zona alvo da crioablação, a taxa de sucesso foi de 92% (80/87 cânceres). Além disso, a crioablação foi eficaz em 100% dos tumores menores de 1 cm. O valor preditivo negativo da RM foi de 81,2% (IC 90% 71,4-88,8) e houve tendência entre realce na RM e sucesso na ablação, com 100% (p=0,31) de sucesso na ablação e ausência de realce na RM após crioablação em tumores menores de 1 cm e 77,4% (p=0,076) em tumores maiores de 1 cm. O estudo concluiu que modificações na técnica e na seleção dos pacientes podem melhorar o sucesso da crioablação no tratamento do carcinoma de mama inicial e novos estudos devem ser realizados para aprimorar a terapia. Há alguns trabalhos que analisaram a crioablação isolada, isto é, não seguida de cirurgia para o tratamento do carcinoma de mama. Foi publicado em 2009 estudo no qual 11 pacientes, que recusaram realizar cirurgia, foram tratadas com múltiplos crioprobes de 2,4 mm. O tratamento foi realizado com média tumoral de 1,7 cm (0,5 a 5,8 cm), com utilização em média de 3 sondas de ablação, com produção do diâmetro da “esfera de gelo” de 5,1 cm (2,2 – 10,0 cm). Em 18 meses de seguimento, não foi relatada recidiva local. Em 2015, outro estudo registrou o tratamento somente com crioablação em 23 pacientes, com idade média de 85 anos e tamanho médio de tumor de 1,4 cm, com resultado de 5 recorrências locais em seguimento médio de 14,6 meses. Outro resultado promissor foi apresentado 22nd Annual Meeting of the American Society of Breast Surgeons. O ensaio clínico ICE3 é um estudo de crioablação para tratamento de controlado de câncer de mama em estágio inicial sem excisão subsequente do tumor. Dados do ICE3 Trial, com seguimento de 36 meses apresentou probabilidade livre de recorrência local de 99,22%. No entanto, a data estimada de conclusão deste estudo é somente em dezembro de 2024. Alguns estudos demostraram a eficácia da crioablação no tratamento local do câncer de mama; entretanto há resultados conflitantes na literatura, o que dificulta analisar a real taxa de sucesso da terapia ablativa. Principalmente devido à falta de padronização da técnica utilizada, equipamentos e frequências diferentes, ausência de descrição do procedimento e critérios discordantes na seleção de pacientes. CONTINUA


Tratamento minimamente invasivo do Câncer de Mama – Crioablação CONCLUSÃO X

Enfim, não há dados publicados de ensaios clínicos randomizados e controlados que permitam a não realização de cirurgia para o tratamento local do câncer de mama inicial. A crioablação é um tratamento promissor à cirurgia e oferece os benefícios de um procedimento minimamente invasivo com riscos mínimos. Mais estudos são necessários para confirmar a crioablação como uma alternativa viável à excisão cirúrgica nos pacientes apropriadamente selecionados. Um estudo em andamento no Hospital Israelita Albert Einstein, em conjunto com a Escola Paulista de Medicina da UNIFESP, realiza a crioablação de lesões menores que 2,5 cm, em pacientes com diagnóstico de carcinoma de mama de qualquer subtipo histológico, sem metástases à distância e com axilas clinicamente negativas, e que tenham o tratamento cirúrgico como primeira opção. Posteriormente é realizada a cirurgia conservadora com a ressecção do linfonodo sentinela para avaliar a taxa de resposta patológica completa.

Referências 1. Instituto Nacional de Câncer (Brasil). Disponível em: http://www.inca.gov.br/ estimativa/2016. 2.

Allemani C, Weir HK, Carreira H, Harewood R, Spika D, et al. Global surveillance of cancer survival 1995-2009: analysis of individual data for 25,676,887 patients from 279 populationbased registries in 67 countries (CONCORD-2). Lancet. 2015 Mar 14;385(9972):977-1010

3.

Ghafoor A, Jemal A, Ward E, Cokkinides V, Smith R, at al. Trends in breast cancer by race and ethnicity. CA Cancer J Clin. 2003 Nov-Dec;53(6):342-55.

4. Instituto Nacional de Câncer (Brasil). Atlas da Mortalidade. Disponível em: http:// mortalidade.inca.gov.br/MortalidadeWeb/Mortalidade/. 5. Fisher B, Anderson S, Bryant J, Margolese RG, Deutsch M, et al. Twenty-year followup of a randomized trial comparing total mastectomy, lumpectomy, and lumpectomy plus irradiation for the treatment of invasive breast cancer. N Engl J Med. 2002 Oct 17;347(16):1233-41. 6.

Sharma R, Wagner JL, Hwang RF. Ablative therapies of the breast. Surg Oncol Clin N Am. 2011 Apr;20(2):317-39, viii.

7. Ahmed M, Solbiati L, Brace CL, Breen DJ, Callstrom MR, Charboneau JW, et al. Imageguided tumor ablation: standardization of terminology and reporting criteria--a 10-year update. Radiology. 2014 Oct;273(1):241-60. 8.

Niu L, Zhou L, Xu K. Cryosurgery of breast cancer. Gland Surg. 2012 Aug;1(2):111-8.

9.

Niu L, Wu B, Xu K. Cryosurgery for breast fibroadenomas. Gland Surg. 2012 Aug;1(2):12831.

10. Lencioni R, de Baere T, Martin RC, Nutting CW, Narayanan G. Image-Guided Ablation of Malignant Liver Tumors: Recommendations for Clinical Validation of Novel Thermal and Non-Thermal Technologies - A Western Perspective. Liver Cancer. 2015 Dec;4(4):208-14. 11. Yılmaz S, Özdogan M, Cevener M, Ozluk A, Kargi A, Kendiroglu F, et al. Use of cryoablation beyond the prostate. Insights Imaging. 2016 Apr;7(2):223-32. 12. Nielsen TK, Lagerveld BW, Keeley F, Lughezzani G, Sriprasad S, Barber NJ, et al. Oncological outcomes and complication rates after laparoscopic-assisted cryoablation: a European Registry for Renal Cryoablation (EuRECA) multi-institutional study. BJU Int. 2016 Aug 4. 13. Sabel MS, Kaufman CS, Whitworth P, Chang H, Stocks LH, Simmons R, et al. Cryoablation of early-stage breast cancer: work-in-progress report of a multi-institutional trial. Ann Surg Oncol. 2004 May;11(5):542-9. 14. Manenti G, Perretta T, Gaspari E, Pistolese CA, Scarano L, Cossu E, et al. Percutaneous local ablation of unifocal subclinical breast cancer: clinical experience and preliminary results of cryotherapy. Eur Radiol. 2011 Nov;21(11):2344-53.

Figura 3. Imagens da RM pré-crioablação evidenciam o nódulo irregular espiculado (pontilhado) com intenso realce após a administração do meio de contraste. A. Corte Axial - Subtração da segunda fase póscontraste. B. Corte Sagital – fase tardia. Imagens da RM pós-crioablação demonstram apenas realce periférico (setas) na topografia da esfera de gelo formada durante o procedimento, sem sinais de realce da lesão previamente caracterizada ao método. C. Corte Axial - Subtração da segunda fase pós contraste. D. Corte Sagital – fase tardia.

Os resultados preliminares são promissores, com alta taxa de sucesso da crioablação. Na Figura 2 é mostrada a técnica de crioablação e na Figura 3 são exibidas as imagens da RM antes e após a crioablação.

Conclusão

Nossos resultados preliminares mostram alta taxa de resposta patológica completa com o uso de crioablação no câncer de mama inicial (T até 2,5 cm N0 M0).

Autores Vanessa Monteiro Sanvido¹ Silvio Eduardo Bromberg ² Antonio Rahal Junior ³ Bruna Mayumi Takaki Tachibana 4 Afonso Celso Pinto Nazário 5 ¹ Mestre e Doutora pela Disciplina de Mastologia do Departamento de Ginecologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM- UNIFESP). Mastologista do Hcor. ² Mastologista Titular do Centro de Oncologia do Hospital Israelita Albert Einstein, Coordenador da Pós-Graduação em Oncologia Mamária do Hospital Israelita Albert Einstein. ³ Radiologista do Centro de Radiologia Intervencionista do Hospital Israelita Albert Einstein. 4 Radiologista do Grupo de Mama do Departamento de Radiologia do Hospital Israelita Albert Einstein. 5 Professor Livre-Docente da Disciplina de Mastologia e Coordenador do Programa de Pós-Graduação do Departamento de Ginecologia da EPM-UNIFESP. Mastologista do Hcor.

15. Simmons RM, Ballman KV, Cox C, Carp N, Sabol J, Hwang RF, et al. A Phase II Trial Exploring the Success of Cryoablation Therapy in the Treatment of Invasive Breast Carcinoma: Results from ACOSOG (Alliance) Z1072. Ann Surg Oncol. 2016 Aug;23(8):2438-45. 16. Sabel MS. Nonsurgical ablation of breast cancer: future options for small breast tumors. Surg Oncol Clin N Am. 2014 Jul;23(3):593-608. 17. Littrup PJ, Jallad B, Chandiwala-Mody P, D'Agostini M, Adam BA, et al. Cryotherapy for breast cancer: a feasibility study without excision. J Vasc Interv Radiol. 2009 Oct;20(10):1329-41. 18. Cazzato RL, de Lara CT, Buy X, Ferron S, Hurtevent G, et al. Single-Centre Experience with Percutaneous Cryoablation of Breast Cancer in 23 Consecutive Non-surgical Patients. Cardiovasc Intervent Radiol. 2015 Oct;38(5):1237-43. 19. Fukuma E, Nakashima H, Tozaki M. Nonsurgical cryoablation for small breast cancer (oral presentation). In: American Society of Breast Surgeons 13th Annual Meeting, Edition. Phoenix, April 27–May 1, 2012. 20. Chandra D, Jahangir A, Cornelis F, Rombauts K, Meheus L, Jorcyk CL, et al. Cryoablation and Meriva have strong therapeutic effect on triple-negative breast cancer. Oncoimmunology. 2015 May 29;5(1):e1049802. 21. Ahmed M, Solbiati L, Brace CL, Breen DJ, Callstrom MR, Charboneau JW, et al. Imageguided tumor ablation: standardization of terminology and reporting criteria – A 10-year update. J Vasc Interv Radiol. 2014 Nov;25(11):1691-705.e4 22. NCCN Clinical Practice Guidelines in Oncology (NCCN Guidelines). Version 2.2016). Disponível em: https://www.nccn.org/. 23. Mauri G, Sconfienza LM, Pescatori LC, Fedeli MP, Alì M, Di Leo G et al. Technical success, technique efficacy and complications of minimally-invasive imaging-guided percutaneous ablation procedures of breast cancer: A systematic review and meta-analysis. Eur Radiol. 2017 Jan 3. 24. Cryoablation Without Excision for Early-Stage Breast Cancer; ICE3 Trial Update on Ipsilateral Breast Tumor Recurrence (oral presentation). In: American Society of Breast Surgeons 22nd Annual Meeting, Edition. Columbia, April 29–May 2, 2021. 25. Coronado GM, Ho ET, Holmes DR. Abstract OT2-01-04: Freezing instead of resection of small breast tumors (FROST): A study of cryoablation in the management of early stage breast cancer. Cancer Res February 15 2018 (78) (4 Supplement) OT2-01-04

JUN / JUL 2021 nº 122

7


Schwanoma Retroperitoneal Introdução

As massas retroperitoneais primárias, que se originam no retroperitônio mas fora dos grandes órgãos retroperitoneais, são incomuns e podem ser primariamente divididas em sólidas ou císticas; e depois subdivididas em neoplásicas e não neoplásicas. As neoplasias sólidas do retroperitônio podem ser divididas em quatro grupos: a) Neoplasias mesodérmicas b) Tumores neurogênicos c) Tumores de células germinativas, cordão sexual e estromais, d) Neoplasias linfoides e hematológicas. O nosso objetivo é apresentar alguns aspectos do Schwanoma retroperitoneal , uma neoplasia classificada no grupo dos tumores neurogênicos. Extraimos das leituras sugeridas e de nossa casuística, aspectos que podem ser úteis para avaliar estes tumores.

Conceito

O Schwanoma ou Neurilemoma é um tumor benigno encapsulado que surge da bainha perineural de Schwann (neurilema). Mais frequentemente ocorre na cabeça, pescoço e membros, seguindo-se no mediastino posterior e retroperitônio. O schawanoma retroperitoneal é Fig. 2: TC com grande massa de schwanoma pré-sacral, expandindo o forame sacral, comprimindo a frequentemente um achado incidental na tomografia computadorizada (TC) e na ressonância bexiga e deslocando o útero. magnética (RM). Como é assintomático em muitos casos, é frequentemente seguido sem ressecção. A cirurgia é algumas vezes indicada quando o tumor exerce pressão nos órgãos adjacentes ou nervos periféricos. Schwanoma responde por 6% das neoplasias retroperitoneais e é mais comum que neurofibroma. Schwanoma é geralmente assintomático, mais comum nas mulheres, particularmente no grupo de 20 a 50 anos de idade. Na anatomia patológica, o schwanoma é encapsulado e se estende ao longo do curso de um nervo. Embora a melhor conduta para tumores da bainha neural retroperitoneais seja a completa ressecção, há controvérsias sobre as margens negativas. Alguns consideram que a excisão completa deve incluir , se necessário, o sacrifício de tecidos e vísceras adjacentes. Se argumenta que a taxa de recorrência local varia de 16 a 54% após enucleação conservadora. E também que malignidade não pode ser excluída Fig. 3: RM sagital e coronal mostra a atenuação heterogênea da massa de schwanoma. Em 3C a imagem axial com no pré-operatório e mesmo no intraoperatório com biópsia de congelação. Outros realce de contraste da lesão e deslocamento anterior da artéria ilíaca esquerda. acreditam que como é uma lesão benigna, uma enucleação simples ou ressecção parcial do tumor seria suficiente, mostrando que não existe aumento do volume do schwanoma durante um período de 6 a 14 anos. No retroperitônio, os schwanomas são geralmente paravertebrais , próximos aos rins ou, pré-sacrais. Ocasionalmente êles podem ocorrer na parede abdominal, bexiga ou revestimento Fig. 4: TC axial com contraste intestinal. É frequentemente difícil determinar qual o nervo portador. endovenoso mostra lesão Alguns aspectos radiológicos podem indicar schwanoma apesar da raridade no retroperimista sólida e cística de tônio: primeiramente o tamanho, podendo ter 10 ou mesmo 20 cm, devido a complacência do schwanoma da parede espaço e o crescimento lento da lesão. A lesão é solitária e oval ou esférica. US pode ser bem externa da bexiga. Na luz da bexiga há lesão vegetante definida, hipoecóica ou de ecogenicidade mista. com realce de um carcinoma TC mostra bem a extensão óssea, mas a análise do tecido é melhor com RM. de células de transição Na TC, massa bem definida com densidade dependente dos rearranjos internos da lesão. que tiveram o diagnóstico Se cística, necrótica, hemorrágica ou calcificada, quanto maior o tumor, mais acentuados os simultâneo. rearranjos. A biópsia guiada por TC pode não contribuir devido a estes rearranjos internos, e sua utilidade permanece controversa. Formas puramente císticas são descritas e, calcificações são possíveis em todos os tipos de tumores neurogênicos. Na RM, a associação de um isossinal em T1 no músculo esquelético adjacente, com um hiperssinal em T2 (ou mesmo isossinal ao músculo), é classicamente descrita, mas permanece inespecífica. A intensidade de sinal em T2 é inversamente proporcional à celularidade do tumor, em oposição às zonas necróticas que reforçam o hiperssinal em T2. O realce do contraste é heterogêneo com áreas císticas sem realce e, realce dos componentes sólidos. Transformação maligna é rara. Os principais diagnósticos diferenciais são para lesões malignas, lesões sarcomatosas do retropreritônio e adenopatia necrótica. E para lesões benignas, linfangioma cístico e GIST.

Fig. 5: US e TC de um schwanoma sólido-cístico de localização lateral à bifurcação da aorta e junto à artéria ilíaca esquerda. Na figura 5A notar que no aspecto mais cranial da imagem sonográfica, há o componente sólido hipoecóico do tumor.

Referências

1. Cury J, Coelho RF, Srougi M Retroperitoneal schwannoma: case series and literature review. Clinics 2007;62(3). 2. Hoarau N, Slim K, Da Ines, D CT and MR imaging of retroperitoneal schwannoma. Diagnostic and Interventional Imaging 2013;94:1133-1139.

Fig. 1: Imagens de TC mostrando a lesão de schwanoma paravertebral deslocando cranialmente o rim direito, com erosão óssea e alargamento do forame intervertebral.

8

JUN / JUL 2021 nº 122

Autores Kairo Alexandre Alves Silveira Residente A4 do Programa de Medicina Interna

Thiago José Penachim Professor Assistente

Daniel Lahan Martins Professor Assistente

3. Kim SH, Choi B I, Han MC, Kim YI. Retroperitoneal Neurilemoma: CT and MR findings. AJR 1992;159:1023-1026.

Dr. Nelson M. G. Caserta

4. Rajiah P, Sinha R, Cuevas C, et al. Imaging of Uncommon Retroperitoneal Masses. RadioGraphics 2011; 31:949-976

Médicos Radiologistas - Departamento de Radiologia da FCM-Unicamp, Campinas - SP

Professor Associado


JUNHO / JULHO 2021 - ANO 20 - Nº 122

Melhores Práticas

Por Fernando Poralla e Evelyn Queiróz (SP)

O CathLab Club – um fórum de inovação A experiência do CathLab Club e a preparação do primeiro Guia prático sobre o Uso de meios de Contraste iodados em Hemodinâmica consolida-se e se transforma num fórum de inovação para o segmento.

O

meio de contraste é uma ferramenta fundamental na Radiologia Intervencionista e na Hemodinâmica e o seu uso eficaz impacta diretamente no sucesso e na segurança dos procedimentos. Ciente dessa fundamental importância e querendo incentivar discussões de alto nível para trazer inovação nesses procedimentos, em 2018, em parceria com um grupo de líderes de opinião na área da Radiologia e da Cardiologia, a Bracco fomentou a constituição do CathLab Club. Nesse Club se pretende pensar, discutir e incrementar a medicina, estimulando debates e identificando boas práticas para tornar ainda mais efetiva a rotina de muitos especialistas em diversas modalidades. As discussões do Grupo, coordenadas e impulsionadas pelo Dr. Fernando Poralla, Diretor da Medical Affairs da Bracco, foram prestigiadas pela participação de renomados profissionais, que colocaram as próprias competências e o próprio tempo à disposição para aprimorar os temas propostos. Entre eles gostaríamos de lembrar e agradecer ao Dr. Décio Salvadori Junior, o Dr. Silvio Gioppato, a Dra. Adonis Manzella, o Dr. Rainer Guilherme Haetinger, a Dra. Vitória Gascòn, a Dra. Tânia Martinez, a Dra. Bruna Garbugio Dutra e o Dr. Fernando Matheus. A Dra. Adonis Manzella declarou a esse propósito: “Para mim foi um prazer participar do CathLab Club juntamente com esses renomados cardiologistas e radiologistas.

Dr. Fernando Poralla – Diretor da Medical Affairs Bracco

Além das novas amizades, pois alguns apesar de conhecer de nome, não conhecia pessoalmente. Tivemos sessões de muito aprendizado com excelentes discussões sobre os tópicos que seriam abordados no guia e compartilhamos experiências. Agradeço

Evelyn Queiróz - Gerente de produto Bracco

à Bracco pela oportunidade de conviver durante esse período com profissionais excepcionais e fazer parte desse projeto, bem como, a todos os colegas do grupo pela carinhosa recepção”. Nos encontros do Club, assim como nas

reuniões e nas pesquisas preparatórias, tinha sido desde o início evidenciada a ausência de um consenso sobre o uso dos meios de contraste iodados, suas características e as melhores práticas em procedimentos de Hemodinâmica. Para suprir essa lacuna, interações do Club e resultado de pesquisas foram coletados e organizados em um guia multidisciplinar, que representasse uma referência para todos os profissionais de saúde que atuam na área do Cath Lab/Hemodinâmica. Esse trabalho, executado ao longo dos últimos dois anos por essa equipe de profissionais de referência em suas áreas de atuação, foi consolidado e deu vida a uma publicação que almeja compartilhar essas competências com a comunidade médica, em benefício da qualidade dos tratamentos e da segurança do paciente. De acordo com a Dra. Bruna Dutra, autora e revisora do guia, “Os capítulos do livro versam sobre temas relevantes dos meios de contraste iodado, abrangendo desde assuntos mais básicos até situações clínicas que podem estar relacionadas ao seu uso e que devem ser facilmente reconhecidas e tratadas. Propriedades físico-químicas do contraste, reações adversas e seus tratamentos, assim como a lesão renal pós-contraste foram alguns dos temas abordados”. O Guia, nas últimas fases de edição, será publicado nos próximos meses em versão física e digital para ser distribuído a todo o público interessado no Brasil, mas também em outros países da América Latina com as mesmas necessidades.

Exame de densitometria óssea ganha espaço e vai além do diagnóstico de doenças

O

exame de densitometria óssea não serve apenas para diagnosticar doenças como a osteoporose. Embora esse seja o uso mais comum, já que é a única maneira confiável para determinar se existe perda de massa óssea, aumento do risco de fratura e detectar problemas nos ossos, a densitometria, com as novas tecnologias que estão sendo colocadas no mercado, é cada vez mais utilizada para avaliar a condição física de atletas e pessoas que praticam ou querem começar a praticar exercícios. Hoje, o exame é considerado, por especialistas, como a maneira mais precisa para avaliar a composição corporal, mais especificamente: a gordura, os músculos, além da massa óssea. E a precisão destes dados é fundamental para o profissional direcionar a rotina dos exercícios e, até mesmo, dietas alimentares para quem busca perder peso. Atenta à essa demanda do mercado, a Imex Medical Group, empresa nacional do segmento de equipamentos e serviços para área de diagnósticos por imagem no setor da saúde, inova e lança dois aparelhos de densitometria óssea com marca própria. Um deles, o Elipse Series, foi

desenvolvido para atender justamente clínicas menores, com pouca rotina de exames, mas que queiram oferecer a oportunidade do exame para seus clientes. Esta versão de entrada é única no mercado brasileiro. Segundo Gabriel Lebarbenchon, gerente de marketing da Imex Medical Group, empresa sediada em Santa Catarina, “em nosso portfólio, buscamos oferecer soluções acessíveis a todos os segmentos, desde clínicas e hospitais de grande porte, até centros de imagens menores, mas que procuram oferecer diagnósticos de qualidade à população. Por isso, oferecemos esta solução da Densitometria Elipse Series, com tecnologia de ponta focada em clínicas que possuem pouca demanda mas que procuram oferecer em sua gama de serviços exames de densitometria óssea com qualidade, visto que este equipamento ainda possui um opcional de exames em 3D”.

O modelo Elipse HD é mais robusto, também com tecnologia de ponta, com softwares avançados e aplicativos integrados na sua configuração padrão, sendo capaz de fornecer relatórios automáticos e personalizados para cada paciente, com maior agilidade, enfatiza o executivo. “Este modelo se destaca também, na busca por informações mais precisas sobre a estrutura óssea, já que é um dos únicos do mercado que realiza exame em 3D para Body Composition (DXA).” “Nosso propósito é oferecer inovação e tecnologia em nossas soluções e no segmento de Densitometria não poderia ser diferente, conseguimos agregar importantes diferenciais com exames avançados em ortopedia, pediatria, entre outros, além de um maior número de detectores (256 elementos) do mercado. Estes são importantes diferenciais que nossa linha de DO oferece ao mercado”, finaliza Lebarbenchon. JUN / JUL 2021 nº 122

9


Tecnologia Por Thiago Galan (x)

OneDigital: o futuro é agora! A inovação está no DNA da GE Healthcare. Após um ano de pandemia e de todos os desafios já vencidos, estamos cada vez mais focados em promover medicina de precisão, liderando as jornadas de Transformação Digital em Saúde, desenvolvendo tecnologias eficazes, com o uso de AI e Business Intelligence.

Q

ueremos assumir o protagonismo no setor da Saúde dando aos hospitais e equipes médicas equipamentos cada vez mais integrados e

eficientes. Outro objetivo importante é acelerar a velocidade dos diagnósticos; nós fazemos isto agregando dados e conectando pessoas, em benefício do paciente. Criando uma rede tecnológica dentro de hospitais e unidades de saúde, melhoramos o fluxo de trabalho de médicos radiologistas, cardiologistas, oncologistas e intensivistas e, assim, facilitamos o acesso aos resultados e a prescrição do diagnóstico. Além disso, ajudamos na melhor gestão e redução de custos, já que aumentamos o rendimento das equipes de trabalho, reduzimos a possibilidade de erros e a repetição desnecessária de exames.

Missão “Como podemos mitigar as complexidades do segmento e torná-lo mais simples, ágil e acessível?”. Essa é a pergunta que move o time de OneDigital diariamente. Aqui, acreditamos na Transformação Digital como ingrediente fundamental desta equação e as mais de 40 soluções inovadoras que fazem parte do nosso portfólio possibilitam a otimização dos resultados clínicos e de produtividade, para cada etapa da jornada do paciente. As soluções de OneDigital ajudam hospitais, clínicas e equipes médicas a priorizarem o fluxo de trabalho, principal-

10

JUN / JUL 2021 nº 122

mente dos exames de imagem como radiologia, ressonância magnética, tomografia computadorizada, densitometria óssea e mamografia. A tecnologia que permite a gestão dos dados clínicos, inclusive com integração ao histórico do paciente pelo prontuário eletrônico (EMR), faz com que as imagens, que já são processadas de forma mais rápida, fiquem dez vezes mais acessíveis para toda a equipe, nas mais diversas áreas do hospital. O diagnóstico sai mais rápido e preciso, porque é fruto de um trabalho conjunto e que não precisa ser paralisado, podendo ser feito em qualquer lugar da unidade de saúde.

Tecnologia de ponta Um bom exemplo dessa tecnologia é a solução Edison Datalogue Connect (EDC). Disponibilizada gratuitamente no ano passado em parceria com o Hospital das Clínicas, o EDC é uma plataforma de colaboração em que a comunidade médica pode compartilhar exames de imagens, como raios-x e tomografias, para serem analisados por outros profissionais de diferentes cidades e estados. Desde o início, o objetivo era auxiliar a tomada de decisão sobre o melhor tratamento a ser indicado contra a doença causada pelo novo coronavírus, com base em um diagnóstico mais preciso Durante a primeira crise da pandemia, no ano passado, a ferramenta foi fundamental para agilizar atendimentos e diagnósticos.

Outro lançamento da divisão de OneDigital que colabora para essa integração, é a nova versão da plataforma GE LiveRoom. Na página https://geliveroom.com/, os profissionais da área podem acessar conteúdos educacionais, assistir a webinars e workshops com médicos renomados (ao vivo ou sob demanda), conhecer novas soluções digitais e equipamentos e ainda interagir com profissionais da GE Healthcare e colegas do mercado. O acesso é livre e gratuito. Recentemente, a plataforma abrigou a segunda edição da Semana da Radiologia. Nosso próximo passo é inaugurar o primeiro o Centro de Comando da GE Healthcare aqui no Brasil. Mas o que seria esse Centro de Comando? Os Centros de Comando da GE, unem tecnologias de Data Analytics e AI, Thiago Galan para análise de dados em tempo real, com a capacidade de prever, detectar e mitigar riscos na operação dos hospitais. O resultado? É como adicionar 35 novos leitos à sua operação diária e torná-los imediatamente disponíveis, sem ter de construir novos espaços para isto. É permitir que os pacientes que chegam ao pronto-socorro, re-

cebam um leito 30% mais rápido. É reduzir em até 12h o tempo de espera de pacientes e em até 50% o tempo de internação, por exemplo. O nosso diferencial é esse! Prover aos médicos e enfermeiros, o panorama ao vivo, em tempo real, do estado de saúde dos pacientes, com fácil acesso a exames e laudos, e ainda fazer o monitoramento de toda a parte administrativa do hospital, como número de leitos disponíveis, entrada e saída de pacientes, agenda do centro cirúrgico e de exames e situação dos equipamentos. Hoje, essa é a única solução do mercado capaz de agir de maneira preditiva, trazendo grandes ganhos para as instituições. Como disse no início do texto, o objetivo da OneDigital e das soluções criadas pela nova área é facilitar a vida dos profissionais e, lógico, trazer um atendimento melhor e mais assertivo ao paciente. Estamos ainda no começo do caminho, que é longo. Mas, já damos passos acertados e vemos a perspectiva de um futuro promissor. (x) Líder da One Digital da GE Healthcare para a América Latina


Conjuntura Por Irineu Monteiro (x)

Carestream: superando os desafios impostos pela COVID-19 Já estamos em junho de 2021 e temos a impressão, pelo menos aqui no Brasil, que o ano de 2020 teima em não acabar.

D

esde o início de 2020 o mundo está sendo taram e ainda estão expostos a muita ansiedade e frustrações, desafiado a superar o sofrimento, a dor e as tendo que se adaptar a novos processos, lidar com o constante sequelas deixadas por um cenário desolador risco de contaminação e com a incômoda realidade que esta decorrente da pandemia do Coronavírus. pandemia impõe no atendimento aos pacientes. Felizmente As pessoas, as famílias, os negócios, a soestes profissionais da saúde estão demonstrando uma enorme ciedade em geral, estão enfrentando uma realidade diferente responsabilidade, com muita resiliência e coragem. da qual estavam acostumadas a encarar até o final de 2019. Neste cenário, a tecnologia e a inovação são aliadas Estamos sendo obrigados a encontrar novas formas de fundamentais para que possamos superar as dificuldades trabalho, soluções criativas, diferentes e os desafios apresentados pela maneiras de fazer negócios e flexibilipandemia. zações que pareciam impossíveis até Dentro desta nova realidade, a pouco tempo atrás. Carestream está comprometida em Esta é a nova realidade a qual trazer ao mercado soluções aos nostodos nós estamos expostos e para a sos clientes, disponibilizando um Carestream não tem sido diferente. portifólio de produtos com recursos Desde o ano passado, as funções avançados que superem suas expecadministrativas e de suporte, passatativas a um custo competitivo. ram a operar de forma remota no moEm meados de 2021 a Caresdelo Home Office. As atividades que tream lançou o Detector Focus requerem presença física dos nossos 35C e 43C, que fornecem alternaticolaboradores, caso de Manufatura e va acessível e econômica para que Logística, se adaptaram aos procedinossos clientes possam realizar mentos sanitários recomendados peupgrade das suas operações de las autoridades e especialistas da área. exames de radiologia baseadas em Os times de Engenheiros de filme de Raios-X ou de Radiologia Campo e Gerentes de Contas, continuComputadorizada, para um modelo am a atender nossos clientes, visitande operação de diagnóstico por Irineu Monteiro, “um legado triste, mas também do clínicas, hospitais e laboratórios, imagem totalmente digital. oportunidades para um futuro melhor”. porém seguindo protocolos rígidos de Recentemente lançamos a nova higiene e proteção pessoal para evitar contaminação. sala de Raios-X DRX Compass, repleto de recursos que Da mesma forma, nossos clientes têm sido duramente facilitam e agilizam os procedimentos de exames radioimpactados pela pandemia, o volume de exames de imagem lógicos, produzindo qualidade de imagens excepcionais, por diagnóstico caiu drasticamente e os serviços de exames com redução de dose de raios-X aos pacientes, a um custo eletivos praticamente foram interrompidos, causando impacmuito competitivo e produzindo um excelente retorno de tos financeiros significativos aos seus negócios. investimento. Especialmente os profissionais da área de saúde, enfrenPara atender a demanda de exames para pacientes em

centro de terapia intensiva ou com limitação de movimentação, a Carestream expandiu a produção e aprimorou a sua solução de Raios-X Móvel, DRX Revolution, que produz imagens de radiografia digital de alta qualidade em tempo real para auxiliar no diagnóstico do paciente quando e onde for necessário. Estas soluções estão suportadas por recursos de software desenvolvidos pela Carestream, habilitados por inteligência artificial e algoritmos avançados que tornam os departamentos de radiologia mais produtivos e eficientes. E por falar em Inteligência Artificial, este recurso tem causado uma revolução em muitos aspectos das nossas vidas e não é diferente no setor de saúde e das imagens médicas de diagnóstico. A Inteligência Artificial tem ajudado os radiologistas a acelerar a triagem de pacientes, otimizar fluxos de trabalho, reduzir desperdícios e especialmente aprimorar o processo de diagnóstico. Na radiologia é necessário migrarmos da obtenção de imagens médicas para diagnóstico de doenças para obtenção de imagens com a finalidade de prevenção. O setor de saúde tem buscado há anos, focar mais na prevenção do que no tratamento de pacientes com enfermidades, entretanto este cenário foi duramente impactado com a chegada do Coronavírus. Estamos otimistas que em breve as instituições de saúde voltarão a expandir o foco na realização de exames para prevenção das doenças e estarão trabalhando com os pacientes para ajudá-los a manter uma vida saudável. A pandemia está cobrando um elevado preço de toda sociedade e especialmente do setor de saúde, mas ela está também acelerando a adoção de novas tecnologias e processos; e estamos confiantes que ela vai passar e deixará um legado triste, mas também oportunidades para um futuro melhor. (x) Diretor e CEO da Carestream Health do Brasil.

JUN / JUL 2021 nº 122

11


Mercado Por Luiz Carlos de Almeida e cols.

Canon lançará o podcast “Por dentro da imagem”

Em tempos de pandemia, raios-X portátil volta à cena Descoberto por acidente em 1895, pelo cientista alemão Wilhelm Conrad W. Röentgen, que entendendo a importância que a sua descoberta teria para a humanidade, recusou-se a registrar patente do equipamento de raios-X.

D

Eduardo Davigo, diretor de Marketing da Canon

P

ara discutir tendências, informações atualizadas e curiosidades do universo médico, com ênfase na área do diagnóstico, a Canon Medical Systems do Brasil colocará no ar, neste mês de junho o podcast “Por dentro

da Imagem”. “Neste podcast pretendemos mostrar avanços da especialidade, temas de saúde em geral e, principalmente, as principais tendências e, até curiosidades, nesse universo dos sistemas médicos de diagnóstico por imagem”, informa Eduardo Davigo, diretor de Marketing da Canon Medical Systems do Brasil, e grande incentivador da iniciativa. Para dar suporte ao projeto, que não se restringirá aos aspectos técnicos ou tecnológicos, mas, pretende valorizar o “aspecto humano de quem faz acontecer na medicina diagnóstica”, a Canon formalizou parceria com o InsiderCast. O “Por Dentro da Imagem” – explica Fabio Oliveira, do InsiderCast – pretende entrevistar nomes de referência dentro da especialidade, destaques em suas áreas de atuação, num formato leve e agradável, sem abrir mão da qualidade da informação. “O objetivo, enfatiza, é trazer um conteúdo leve, dinâmico, com muita informação e acessível ao grande público”. Com muitas novidades, assuntos de interesse, mas, com um grande diferencial, o podcast “ Por dentro da Imagem”terá sua distribuição em multiplataforma. Além de áudio, o podcast será distribuído em vídeo e nas redes sociais. O Por Dentro da Imagem estará disponível no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts, no YouTube e nas redes sociais da Canon Medical. O e-mail de contato é: contato@pordentrodaimagem.com “A Canon Medical apresenta o Por Dentro da Imagem por acreditar na valorização dos profissionais que são destaque no setor de medicina diagnóstica. O mercado de sistema médicos por diagnóstico por imagem tem evoluído constantemente, e ao apoiar iniciativas como o Por Dentro da Imagem, a Canon Medical contribui também para a disseminação de informação de qualidade, trazendo as melhores práticas do setor, para o debate de novas tecnologias médicas com o intuito de fomentar o crescimento deste mercado”, destaca Davigo. “É um projeto atual, inserido nessa nova realidade digital, que inova no formato de comunicação multiplataforma e que traz muita tecnologia na sua produção e distribuição, conceitos que são alinhados aos objetivos da Canon Medical, em todo o mundo”, conclui o executivo.

12

JUN / JUL 2021 nº 122

esde então, os exames de imagem evoluque o SARS-COV-2 é um vírus que se aloja e se multiplica íram, permitiram que o médico visse o principalmente nos alvéolos pulmonares e a doença é paciente por dentro e, com o desenvolviclassificada como doença respiratória aguda. O acompamento de equipamentos que emitiam doses nhamento com raios-X é essencial para o diagnóstico de cada vez menores de radiação para os doenças complementares e para a confirmação da recuperação plena da capacidade pulmonar dos pacientes”, diagnósticos, passou a ser encontrado em todos os setores lembra Daniel Miranda. de emergências e terapia intensiva de hospitais no mundo. Em um ambiente hospitalar com alta probabilidade De fraturas ósseas, a diagnósticos precisos na identificação de enfermidades como pneumonia por meio do de contaminação cruzada, equipamentos de raios-X móveis e versáteis fazem com que o trânsito de pacientes, raios-X do tórax, chegando até a mamografia que também nestes contextos, ocorra somente em último caso, uma utiliza princípios do raios-X no exame das mamas. vez que os aparelhos radiológicos vão até os pacientes ou No contexto atual, o raio-X atinge o seu ápice de já estejam posicionados em alas exclusivas de Covid 19, importância ao ser umas das mais eficientes formas de por exemplo. diagnosticar as condições reais dos pulmões de pacientes A VMI, conclui Daniel, é uma empresa focada na da Covid 19. Em entrevista exclusiva ao ID Interação nossa realidade, com produtos adequados ao segmento Diagnóstica, Daniel Miranda, promotor de vendas especializadas da VMI – Médica, fala sobre o papel dos exames e, os raios-X móveis – AQUILA 320 se inserem nessa de imagem e os benefícios realidade. A demanda por e contribuições dos equipaequipamentos cada vez mentos de raios-X móveis, mais versáteis para exames da linha Aquila 320 D, no de diagnóstico por imagem combate a pandemia. fez a VMI Médica desenvolver a linha de raios-X “Os exames de imagem têm papel estratégico móveis ÁQUILA. Mais no diagnóstico e monitoraleves, maleáveis e versámento da Covid 19, e são teis, são alimentados por essenciais, principalmente tomadas simples de 3 pinos em casos mais graves, para (tecnologia própria), com acometimento do trato resalta potência e excepcional piratório inferior e suspeita qualidade imagem para de pneumonia. Em casos serem utilizados em salas com sintomas leves da docom baixa tensão. ença, a realização de exaSão os equipamentos mes de imagem considera mais modernos para a execução de exames radiológios fatores de risco para a cos, em qualquer ambienprogressão da doença e a te hospitalar, em tempo evolução do quadro respiratório dos pacientes. A mínimo utilizando-se de realização de exames de baixa radiação, garantindo imagens quando o paciente a segurança e conforto dos não tiver acesso às análises pacientes e operadores. laboratoriais, mas tiver alta O equipamento é leve probabilidade de diagnóse fácil de transportar e de tico da Covid 19, pois os posicionar entre os leitos. O exames de imagem indicam tempo de visualização das Equipamento portátil é ágil e eficiente na luta contra o Covid 19 alterações, ainda que sensíimagens na versão digital veis, em seu sistema respiratório, é muito indicada. E por é super-rápido, similar ao obter uma fotografia em um fim, as radiografias do tórax podem ser utilizadas em casos telefone celular e, além disso, as imagens são obtidas em de pacientes acamados ou sem condições de realização de alta resolução superiores a 6 megapixels. O equipamento tomografia computadorizada. Neste cenário de não mobié de muito fácil desinfecção entre a troca de pacientes e lidade do paciente, o equipamento radiológico precisa ter muito tecnológico na distribuição eletrônica das imagens um diferencial: Versatilidade”, enfatiza Daniel Miranda. digitais para análise detalhada por especialistas clínicos. Dentro desse contexto, o equipamento de raios-X móFinalizando, Daniel Miranda, esclarece que “essa vel durante o período de pandemia, se tornou – explica o performance é possível devido ao sistema de banco executivo – uma opção importante e necessária. Devido a capacitivo que permite o funcionamento em qualquer sua mobilidade, pode ser levado até o paciente acamado tomada simples de 3 pinos. Para higienização, os materiais em leito hospitalar, seja de emergência, de internação ou de que usamos são de simples desinfecção com álcool 70%. UTI. “Em casos mais severos esse tipo de solução é ideal para Outro destaque é a tecnologia Wireless para captação e acompanhamento das evoluções ou involuções da situação transmissão de imagens médicas em alta resolução em pulmonar do paciente acometido por Covid 19. Vale ressaltar alta velocidade.

Quer divulgar a venda de algum produto, consulte-nos sobre anúncios econômicos. Informe-se: comercial@interacaodiagnostica.com.br


Entrevista Por Luiz Carlos de Almeida e Fanny Zigband (SP)

Radiologista à frente do Hospital da Criança de Rio Preto Criado para atender a uma região com 102 municípios, com mais de 2 milhões de habitantes, o Hospital da Criança e Maternidade de São José do Rio Preto, tem um novo diretor administrativo empossado em abril, para a gestão 2021/2025. É o dr. Antonio Soares de Souza, radiologista, com o foco em radiologia pediátrica, ex-presidente da Sociedade Paulista de Radiologia, com intensa atuação associativa.

O

Hospital da Criança nasceu do sonho de profissionais de saúde que atuam em São José do Rio Preto e região, com intensa atuação do dr. Antonio Soares de Souza, e ao se aproximar do seu 8º aniversário, ”é uma realidade e se fortalece cada vez mais como uma instituição de saúde de alto nível de excelência, dedicado prioritariamente aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), focada inteiramente em crianças e gestantes”. Inaugurado em 11 de outubro de 2013, o HCM integra um dos maiores complexos hospitalares do país, a Fundação Faculdade Regional de Medicina de São José do Rio Preto (FUNFARME) e é considerado também um dos principais hospitais-escola do país. Atualmente, a instituição presta atendimento a mais de 2 milhões de habitantes dos 102 municípios que compõem a Divisão Regional da Saúde de São José do Rio Preto. São cerca de 60 mil atendimentos de urgência e emergência ao ano, mais de 3 mil cirurgias pediátricas, 20 mil internações, 5 mil partos e mais de 60 mil exames por imagem, além de cerca de 450 cirurgias cardíacas. Além de cardiologia e cirurgia cardíaca pediátrica, a instituição é especializada em neurocirurgia pediátrica, neonatologia e medicina fetal. Para viabilizar esse volume de atendimento, o HCM conta com 216 leitos, sendo 68 de UTI e, de acordo com os planos de expansão do Dr. Soares, deve chegar ainda este ano a 297 leitos no total, com um aumento de 37 novos leitos de UTI. O Dr. Antonio Soares acredita que o comprometimento da equipe e a infraestrutura hospitalar são os pilares do reconhecimento

conquistado pela instituição em medicina pediátrica, ginecológica e obstétrica. Interação Diagnóstica – Como o senhor se sente ao assumir a direção de um hospital tão importante? Dr. Antonio Soares – É um orgulho e uma honra muito grande colaborar com o HCM como diretor. A criação do hospital é o resultado do trabalho de muitos médicos e professores da Funfarme/Famerp, bem como da comunidade. Todos foram fundamentais para que esse sonho se concretizasse. Interação Diagnóstica – Como grande incentivador da criação desse hospital em Rio Preto, como avalia o momento atual da instituição? Dr. Antonio Soares – Fiz minha formação em radiologia pediátrica nos Estados Unidos, no Boston Children’s Hospital e Cincinnati Children’s Hospital Medical Center. Quando retornei, senti que nosso país necessitava de um número maior de hospitais pediátricos que pudessem cuidar de forma apropriada de nossas crianças, especialmente no interior do estado de São Paulo. Juntamente com outros colegas e membros da sociedade local criamos uma organização social, a Pró-criança, com a finalidade de construir o Hospital da Criança em Rio Preto. Foram muitos anos de trabalho, com grande envolvimento da comunidade até que o sonho se concretizasse e se materializasse no Hospital da Criança e Maternidade, inaugurado em 2013. Interação Diagnóstica – Quais são, na sua opinião, os diferenciais do HCM que o levam a desempenhar esse papel? Dr. Antonio Soares – Nesses quase oito anos de existência, o HCM fez muito

pela comunidade de nossa cidade e região, atendendo também pacientes do noroeste paulista, e de todo o estado de São Paulo e outras partes do país. Temos uma equipe muito comprometida com o trabalho em todas as áreas e uma excelente infraestrutura que nos possibilita prestar serviços avançados terciários e quaternários para a nossa população. Além disso, priorizamos o atendimento humanizado. O acolhimento ao paciente é feito mediante classificação de risco. Temos um grupo multiprofissional de acolhimento e orientação aos pais e responsáveis pelas crianças internadas nas UTIs Neonatal, Cardiológica e Pediátrica. Contamos também comgrupos de voluntários e de entretenimento, contadores de histórias e com uma brinquedoteca. Interação Diagnóstica – O que destaca em termos de atenção humanizada e acolhimento às mulheres que dão à luz e aos familiares de crianças internadas? Dr. Antonio Soares – Utilizamos o método canguru, uma técnica de atenção ao recém-nascido de baixo peso e/ou prematuro que se baseia no contato contínuo, pele a pele, entre a mãe e o bebê, para criar vínculo e ajudar o desenvolvimento da criança. Também temos horário de visita ampliado nas UTIs e escuta qualificada por meio do Serviço de Ouvidoria e Fale Conosco (Site) para usuários, colaboradores e gestores. As parturientes têm o direito de contar com um acompanhante da sua escolha durante o trabalho de parto e pós-parto e, além disso, possuímos também um posto de coleta de leite humano. Interação Diagnóstica – Quais são os seus planos para a instituição nos próximos anos?

Dr. Antonio Soares de Souza. “A construção do Hospital da Criança e os benefícios para uma região com mais de 2 milhoes de habitantes”.

Dr. Antonio Soares – A instituição tem muito a crescer e possui uma missão muito importante não apenas no contexto da prestação de serviço à comunidade como também nas áreas de ensino e pesquisa. Espero nesses quatro anos poder implantar projetos significativos que propiciem o crescimento seguro da nossa instituição, para que possamos avançar ainda mais no atendimento eficiente às nossas crianças e gestantes. Temos que oferecer o melhor tratamento possível à população, especialmente em um momento tão delicado como o que atravessamos. Instituições como a nossa tem papel fundamental não somente no acolhimento e tratamento dos pacientes, como também na área de pesquisa e em propiciar o preparo de profissionais da saúde que irão atuar em outros pontos do Brasil.

Aberto a parcerias

Ensino e Pesquisa em novo formato no DASA

O

om uma nova abordagem, mais focada desse desafio, em entrevista ao ID Interação Diagnóstica. Interação Diagnóstica – Há quanto tempo existe na pesquisa e no treinamento médico, o o IEPD? E em que fase está o novo formato? Instituto de Ensino e Pesquisa DASA, Dra. Flávia Lopes – O IEPD surgiu em 2015 como prepara-se para essa nova fase, intensificando a produção e uma iniciativa mais voltada a educação e divulgação do conhecimento médicotreinamento médico em ultrassonografia. científico, e, aberto a parcerias. Agora, em 2021, está sendo reestruturado, “Em 2020, com a pandemia, enortotalmente, com uma abordagem voltada mes desafios abalaram a sociedade para a pesquisa, deixando a parte de educação com o DasaEduca que é parceiro do mundial, o mercado da saúde e o nosso ecossistema. Com esses desafios, Instituto. Este novo modelo está em fase surgiram a vontade e a perseverança final de conclusão, e por estar dando os de um time harmônico formado por primeiros passos colocamos como “preparando”, até a sua conclusão. gestores, empreendedores e pesquisadores de uma empresa sólida, a nossa Interação Diagnóstica – Todas as DASA. Convidada pelos Dr. Gustavo unidades participarão desse novo Campana e Dr. Marcio R. Taveira modelo? Garcia, responsáveis pela área, para Dra. Flávia Lopes – A Dasa é a mantenedora do IEPD, mas são empresas embarcar neste projeto e assumir a diferentes. É uma empresa apartada, sem coordenação executiva junto com um fins lucrativos. Temos uma parceria com time excepcional de especialistas, que Dra. Flavia Paiva Lopes, coordenadora ela, mas podemos fazer parcerias com já estavam atuando isoladamente nas quaisquer instituições públicas ou privadas (até mesmo empresas do ecossistema”, a dra. Flávia Paiva Lopes, concorrentes). coordenadora executiva do Instituto de Ensino e Interação Diagnóstica – Existe algum plano em Pesquisa DASA (IEPD), destaca os principais pontos

perspectiva e qual é o objetivo maior desse Instituto? Dra. Flávia Lopes – O principal objetivo é ser um instituto privado de produção e divulgação do conhecimento científico em saúde, através da pesquisa básica e aplicada, comprometido com o bem-estar e em melhorar a jornada do indivíduo em todos os seguimentos da saúde, contribuindo para o desenvolvimento sustentável. Interação Diagnóstica – As ações do IEPD serão abertas a outros interessados? Dra. Flávia Lopes – Por se tratar de uma empresa apartada da DASA todas as parcerias estão abertas. Não temos recursos próprios no formato dos órgãos de fomento, como a FAPESP ou o CNPQ, por exemplo. Trabalhamos em busca de parcerias para conseguirmos concretizar a realização do estudo, buscando patrocínio externo na forma de recursos provenientes de grants, editais abertos, agências de fomento, ou através de apoio/consultoria científica. Caso o projeto esteja alinhado com a estratégia das unidades de negócio da DASA (nossa mantenedora e principal parceira), poderemos aproximar as conversas com a instituição e direcioná-las para uma tentativa de patrocínio . No futuro, com o crescimento do IIEPD novas perspectivas de fomento poderão surgir. JUN / JUL 2021 nº 122

13


Ambiente de aprendizado Por Angela Miguel (SP)

Pupilla uma plataforma integrada de conhecimento em saúde Apostando na expertise de suas referências médicas e parceiros para criar ambiente de aprendizado digital exclusivo, o Grupo Fleury criou a plataforma digital Pupilla, especialmente para estudantes, residentes e especialistas do mercado.

D

e médico para médico. Esse é o diferencial da Pupilla, plataforma digital de educação médica continuada. Lançada em 2020, o portal nasceu com o objetivo de compartilhar conteúdos de excelência e exclusivos para estudantes, residentes e especialistas das diversas áreas da Medicina. Ao acessar, a plataforma disponibiliza materiais variados para serem consumidos no horário e forma mais adequada a cada profissional. Atualmente, o portal conta com colunas originais escritas por experts de suas áreas médicas, séries originais em formato podcast, aulas sobre grandes temas de interesse, artigos e estudos recomendados por pares e análises criteriosas de publicações selecionadas. Embora o Grupo Fleury tenha liderado a criação da plataforma, a Pupilla tem a missão de ampliar o conhecimento da comunidade médica por meio de conteúdos de diversas instituições, fator que auxilia na troca de

experiências e pluralidade de assuntos. especialidades. O médico pode optar por uma Quando comparada com outras plataformas informação mais geral ou aprofundar seu de ensino, a Pupilla se destaca por ser gerenconhecimento conforme suas necessidades e ciada por profissionais referência em suas no seu próprio ritmo”, afirma Dra. Claudia da especialidades médicas. Costa Leite, neurorradiologista do Grupo Fleury, Nessa primeira fase da coordenadora do Ensistartup, os materiais são no e Pesquisa do InRaddestinados para três áreas: HCFMUSP e coordenadocardiologia, gerenciada ra de Pesquisa do Diagpelo Dr. Ibraim Masciarelli nóstico por Imagem do Francisco Pinto; clínica Hospital Sírio Libanês. médica, liderada pelo Dr. Entre as novidades, Carlos Eduardo Pompillio; a Pupilla iniciou recentee radiologia, comandada mente o estudo de casos pela Dra. Claudia da Costa clínicos com imagens, Leite. possibilitando que es“A Pupilla promove materiais médicos em pecialistas treinem seu formatos variados, seja conhecimento. Entre os na forma ou no conteú- Profa. Claudia da Costa Leite, parceiros estão Phillips, neurorradiologista do. É possível encontrar Saúde iD, Bricnet (Brazilian Research in Intensive Care Network) e revisões de literatura robustas sobre temas revista MIT Sloan Management Review Brainovadores e resumos curtos e diretos sobre sil. A escolha dos casos, artigos e conteúdos o que há de mais relevante e atual entre as

B3B agora também é Hologic

C

om um portfólio que agrega empresas de quase todas as áreas do diagnóstico por imagem e diagnóstico in vitro, a B3B acaba de incorporar mais um grande nome a sua rede de distribuição: a Hologic. Referência em produtos para a saúde da mulher, entre eles o mamógrafo com tomossíntese, a Hologic tem uma história de muito sucesso no Brasil, instalada em centros de referência no diagnóstico do câncer de mama. A B3B que pertence ao Grupo Blue Health, um dos maiores grupos de saúde no País, será o distribuidor exclusivo para os estados de: São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e região Norte Pedro Canova Neto do País. A área da imagem, da Hologic já ostenta parceiros como a Samsung e sua linha de ultrassonografia, entre outras grandes marcas. Para conduzir essa unidade de negócio a Companhia contratou seu novo gerente de vendas, Pedro Canova Neto, profissional com mais de 25 anos de mercado, tendo trabalhado na própria Pyramid, então representante da Hologic no Brasil. Pedro Canova Neto vem somar sua experiência a essa bem sucedida empresa, jovem, mas robusta, que vem para se tornar a líder nesse segmento, com produtos de muita qualidade e prestação de serviços de excelência.

EXPEDIENTE

é feita não só pelos experts, mas também por uma rede de parceiros. Em radiologia, por exemplo, a Dra. Claudia conta que os assuntos mais debatidos da área no âmbito nacional e internacional podem ser encontrados na plataforma: “temos criado um repositório de informações sobre radiologia de grande qualidade para todos os profissionais, além de abordarmos iniciativas fortes de inovação, não só na área de radiologia”. Quanto aos próximos passos, a Pupilla deve ampliar o escopo de especialidades, apostar em novos tipos de conteúdo e novas formas de consumi-los, e elevar o número de contribuições por parte dos médicos. “Além de ser um local onde encontramos materiais excelentes sobre as áreas, a Pupilla tem sido um espaço para que a comunidade se fortaleça e aumente o conhecimento de ponta. Esperamos que mais e mais médicos se conectem, possibilitando o fomento do que há de mais atualizado em medicina”, finaliza a médica.

Tecnologia Siemens na Rede Meridional Com mais de 20 anos de história no Espírito Santo, o que começou com um hospital e hoje já abrange sete unidades - seis delas distribuídas na Grande Vitória e uma na região Norte do estado, a Rede Meridional comemora a chegada de tecnologia por imagem da Siemens. A partir do ano passado, com o agravamento da crise da pandemia Covid 19, foram investidos aproximadamente R$ 40 milhões.

E

ntre os equipamentos adquiridos desenvolvidos com tecnologia da Siemens Healthineers estão as tomografias computadorizadas (CT) de 64 e 128 cortes, com menor dose de radiação, uma RM mais silenciosa e exames automatizados em até 10 minutos. Tanto os tomógrafos como as ressonâncias, explica o médico Leonardo Amaral, coordenador do Serviço de Diagnóstico por Imagem da Rede Meridional, estão equipados com softwares de última geração com ferramentas da área de Digital Health, como: o syngo Virtual Cockipit (sVC), que possibilita com que um operador controle, remotamente, as máquinas de ressonância e tomografia mantendo a melhor padronização dos exames, processos e protocolos e também aumente a segurança para os pacientes. Nas ferramentas com Inteligência Artificial (IA) estão o AI-Rad Companion, que realiza o pré-laudo dos exames de CT do tórax, e o My Exam Companion, capaz de padronizar ou personalizar da melhor forma os procedimentos de tomografia.

Fazendo história no Espírito Santo “A Rede Meridional tem um grande papel na evolução da saúde capixaba há mais de 20 anos, porém, queremos

Dr. Leonardo Amaral, diretor.

fazer muito mais. Essas aquisições e expansões que, frequentemente, temos feito ao longo dos anos nos ajudarão nesse objetivo, o de atender ainda mais pessoas em um ambiente com qualidade hospitalar,” enfatiza o médico Leonardo Amaral, Coordenador do Serviço de Diagnóstico por Imagem da Rede Meridional, que já tem unidades em Cariacica, Vila Velha, Vitória, região da Serra e São Mateus.

Interação Diagnóstica é uma pu­bli­ca­ção de circulação nacional des­ti­na­da a médicos e demais profissio­nais que atu­am na área do diag­nóstico por imagem, espe­cialistas corre­lacionados, nas áreas de or­to­pe­dia, uro­logia, mastologia, gineco-obstetrícia.

Fundado em Abril de 2001 Conselho Editorial Sidney de Souza Almeida (In Memorian), Alice Brandão, André Scatigno Neto, Augusto Antunes, Bruno Aragão Rocha, Carlos A. Buchpiguel, Carlos Eduardo Rochite, Dolores Bustelo, Felipe Kitamura, Hilton Augusto Koch, Lara Alexandre Brandão, Marcio Taveira Garcia, Maria Cristina Chammas, Nelson Fortes Ferreira, Nelson M. G. Caserta, Regis França Bezerra, Rubens Schwartz, Omar Gemha Taha, Selma de Pace Bauab e Wilson Mathias Jr. Consultores informais para assuntos médicos. Sem responsabilidade editorial, trabalhista ou comercial.

Jornalista responsável Luiz Carlos de Almeida - Mtb 9313 Redação Lizandra M. Almeida, Claudia Casanova, Valeria Souza, Angela Miguel, Lais Serrão, Fanny Zygband e Sandra Regina da Silva Tradução: Fernando Effori de Mello Arte: Marca D’Água Fotos: André Santos e Evelyn Pereira

Imagens da capa: Getty Images Administração: Ivonete Braga Impressão: Formato Editorial Periodicidade: Bimestral Tiragem: 12 mil exemplares impressos e 35 mil via e-mail Edição: ID Editorial Ltda. Av. Brigadeiro Luiz Antonio, 2050 - cj.108A São Paulo - 01318-002 - tel.: (15) 99135-7602

Registrado no INPI - Instituto Nacional da Pro­prie­dade Industrial. O Jornal ID - Interação Diagnóstica - não se responsabiliza pelo conteúdo das men­sagens publicitárias e os ar­tigos assinados são de inteira respon­sa­bi­lidade de seus respectivos autores. E-mail: id@interacaodiagnostica.com.br - www.interacaodiagnostica.com.br

14

JUN / JUL 2021 nº 122


JUN / JUL 2021 nº 122

15


16

JUN / JUL 2021 nº 122


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.