01/12/2016

Page 2

2

°

Diário Popular

OPINIÃO

Quinta-feira, 1° de dezembro de 2016

FRASES “Está sendo aprovada a lei da intimidação contra promotores, juízes e grandes investigações”. Do procurador do Ministério Público Deltan Dallagnol, no Twitter, criticando a aprovação, pela Câmara dos Deputados, do crime de abuso de autoridade para juízes e procuradores.

“Pode-se tentar calar o juiz, mas nunca se conseguiu, nem se conseguirá, calar a Justiça.” Ministra Cármen Lúcia sobre medida aprovada na Câmara.

“Muitos se levantaram de seus assentos e começaram a gritar. Pus as malas entre minhas pernas para formar a posição fetal que se recomenda nos acidentes”. Do comissário de bordo boliviano Erwin Tumiri, um dos seis sobreviventes da queda do avião da Chapecoense.

TEMPO VALE DO AÇO Quinta-feira 1° de dezembro Nublado com pancadas de chuva MÁXIMA: 30º C MÍNIMA: 21° C

CÂMBIO DÓLAR COMERCIAL COMPRA: 3,38 VENDA: 3,38 EURO COMPRA: 3,58 VENDA: 3,58

www.diariopopularmg.com.br DIRETOR RESPONSÁVEL Fernando Benedito Jr. O DIÁRIO POPULAR é uma publicação de A Gazeta Metropolitana Editora e Gráfica LTDA. CNPJ 07.366.171/0001-88 FALE CONOSCO Telefone: 3827-0369. diariopopular.redacao@gmail.com ADMINISTRAÇÃO E REDAÇÃO Avenida JK, 1290, bairro Jardim Panorama, Ipatinga CEP 35.164-245 OFICINA Rua Xingus, 615, Iguaçu, Ipatinga

ARTIGO ARTIGO

ESPAÇO PÚBLICO

Cenibra é campeã pela 12ª vez nos Jogos do Sesi A Cenibra mais uma vez fez bonito na Fase Estadual dos Jogos do Sesi, realizada em Uberlândia, no período de 25 a 27 de novembro. A Empresa contou com a participação do empregado Henrique Neyffer, na modalidade Atletismo, que conquistou medalhas em todas as provas disputadas no total de 2 medalhas de ouro e 3 medalhas de prata. E também com a participação da equipe feminina de vôlei (foto), que sagrou-se Duodecacampeã Estadual, vencendo as empresas Cargil, de Uberlândia, Vallourec, de Belo Horizonte e Vale Fertilizantes, de Uberaba. Os atletas destacaram a superação, dedicação e comprometimento como valores

Elegia aos heróis “Que crime outrora feito, que pecado Nos impôs esta estéril provação Que é indistintamente nosso fado Como o sentimos bem no coração?” Fernando Pessoa (*) Amadeu Roberto Garrido

fundamentais para os resultados obtidos. Para a equipe de vôlei, o técnico Peter Laranjo possui um papel importante para esta conquista, pois a única forma de se manter à frente

de qualquer área é dedicar-se à preparação. Este título vem para confirmar e abrilhantar a dedicação deste grupo e o excelente trabalho que o técnico tem realizado.

ARTIGO

O governo Temer sobrevive por inércia O sonho da direita, desde que perdeu o governo, em 2002, era tirar o PT do governo, da forma que fosse. Tentou o impeachment do Lula, com o “mensalão”, mas recuou, não se atreveu, com medo da reação popular. Tentou nas eleições de 2006, 2010 e 2014, mas foi derrotada, porque os brasileiros preferiram o modelo de desenvolvimento econômico com distribuição de renda, do PT, à prioridade do ajuste fiscal dos tucanos. Diante da possibilidade de seguir perdendo, a direita apelou para o atalho do golpe. Com Aécio e os tucanos ou com quem fosse, se buscava a forma de tirar o PT do governo. Que terminou recaindo em Temer e o PMDB. Haveria um risco, pela incompetência do Temer, pelo programa de ajuste fiscal reformulado pelo PMDB, pelo caráter ilegal do impeachment, mas era o que a direita tinha para usar contra o governo da Dilma. E apelou para essa aventura. Seis meses depois, fica claro que houve um assalto ao poder por parte de uma gangue mafiosa, que usa o pretexto do ajuste fiscal para ganhar o grande empresariado, para culpar o PT pelos supostos gastos excessivos em políticas sociais, que teriam gerado a crise econômica. Avançaram no caminho aventureiro de desmonte do Estado, na direção oposta da forma como o Brasil tinha resistido à crise recessiva internacional. Na via de ruptura com a prioridade das políticas sociais, que tinha feito o Brasil se tornar menos desigual, de sair do Mapa da Fome. Desfaz a política de alianças do Brasil no mundo, que permitiu a projeção internacional do país, para transforma-lo numa republiqueta sem nenhuma importância, que merece o desprezo do mundo. Mas nada deu certo. A economia não dá nenhum sinal de recuperação, começa o empurraempurra de anuncio de retomada de um semestre para o seguinte, como mera falta de resposta. O governo vive de crise em crise, revelando sua fragilidade politica e moral diante de qualquer episódio que envolva ministros notoriamente envolvidos com corrupção, antes mesmo de que saia a delação da Odebrecht, que promete comprometer grande parte da base de apoio parlamentar do governo, além de outra leva de seus ministros. Se reitera a pergunta e as especulações sobre até quando sobrevive o governo Temer, que notoriamente deu errado. A direita não tem hoje um comando unificado. Ela tinha uma unidade férrea contra o governo do PT, agora se divide entre fortalecer o governo

(*) Emir Sader

do Temer ou buscar alternativa para substituí-lo. O governo visivelmente perdeu o apoio da mídia, que cada vez mais o critica. Mas a operação de substituição do Temer por outro quadro da direita, já no começo do ano que vem, que pode parecer uma operação razoável, tem riscos. Ela precisa obter um novo grande consenso entre as forças da direita, sem o qual não pode ocorrer. Conseguiram o consenso em torno do apoio ao Eduardo Cunha para levar a cabo o golpe e depois para depô-lo, quando ele já não lhes servia. Será difícil conseguir algo similar. Em primeiro lugar, o PMDB, que continua a ser o partido majoritário no bloco da direita, perderia muito com a mudança, se não for por um quadro dele. Os membros do governo, no qual se protegem das acusações de corrupção, se veriam desprotegidos e provavelmente resistiriam muito a uma mudança desse tipo. Ou então usariam sua forca parlamentar para entregar o Temer, se a situação deste se tornar insuportável – o que pode acontecer com as delações da Odebrecht -, mas impondo alguém do PMDB, que os projeta. Nesse caso, as fragilidades atuais persistiriam, porque grande parte dele está citado ou é diretamente réu na Lava Jato. As delações da Odebrecht produzirão um novo cenário em termos de acusações e fragilidades dos quadros do próprio governo, permitindo reavaliar as possibilidades de uma operação de mudança dentro do golpe. O que acontece hoje é que o governo Temer sobrevive por inércia, por aparelhos, por dificuldades de uma operação de sua substituição. Se vale, ao máximo, da sua maioria esmagadora no Congresso, para avançar seu pacote de projetos, mas não se sabe até quando seguira contando com essa maioria. O mais provável, hoje, é que a inercia empurre o governo pra frente, até quando as condições de governabilidade o permitam, incluindo até quando a blindagem do próprio Temer possibilite. O que faz prenunciar um ano de 2017 em nada menos instável do que anos anteriores, pela fraqueza do governo, pela sua rejeição popular cada vez mais acentuada e pela proximidade da campanha eleitoral de 2018, para a qual o governo está em péssimas condições. (*) Emir Sader, colunista do 247, é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros

Um arquétipo ampliado: o do herói, morto na batalha. Foram muitos na velha história; nos combates sangrentos, nas guerras insólitas, nos intermináveis e incompreensíveis desentendimentos entre os humanos. Estes vão ao extremo da morte. Os lobos não. O vencido na luta pela fêmea exibe a jugular para o último golpe, que não é desferido. O vencedor se sacode e vai. A espécie é preservada. Os lobos não têm livre arbítrio e afastam a morte. Nossos guerreiros do imortal chapecoense também não o tiveram, porém não evitaram o último sofrimento. Num avião, nossa vontade é pulverizada. É administrada por outrem, como se fora um truste. Confiamos nele e na tecnologia do mostrengo que voa. A crise da vontade humana atinge seu ápice num voo. Mais do que num cárcere, onde sobram fiapos. Os soldados da guerra hedonista contemporânea iriam conquistar a copa sul- americana. Provam-no a presença de Mário Sérgio Pontes de Paiva. Um valente cerebral, para muitos incontinenti. Um vidente do esporte mágico de que foi um exemplar. Quando técnico do Corinthians, mais três jogos o consagrariam campeão do Brasil. Disse-nos que não temia dois jogos imediatos, contra Flamengo e Fluminense. Temia o terceiro, frente ao Vitória da Bahia. Não deu outra. A conquista do Corinthians frustrou-se no Farol da Barra. Talvez tenha pressentido o “mysterium tremendum”. Certamente pressentiu a vitória final dos jovens que acompanhava, seus amigos da eternidade. Há os que creem e os que descreem do destino. Um script insculpido em chapa de ferro antes de nosso nascimento. As crianças são dispersivas, portanto suas inclinações antecedem seus primeiros passos e seu aprendizado. O consolo é que não se pode reclamar de Deus. Como reclamar de algo predeterminado? Para esses, sua morte, dias, hora, tempo, circunstância, sejam mais aceitáveis. Aos outros, tal não passa de elucubração mística, irreal. Um desvario. Tudo e todas as coisas somente dependem de nós. A morte carrega culpas. O parco conhecimento de nós mesmos impede uma resposta. O fato é que o futebol, composto não somente de estrelas, mas de uma grande maioria de jovens sonhadores, é o esporte mais numinoso. É possível que por atavismo. Santo Agostinho reclamava dos meninos que, ao invés de orar, davam-se à pratica de meter o pé em bolas improvisadas. Esses não conquistariam os céus e a vida eterna, reservada apenas ao absolutamente dedicados ao Senhor, bafejados pela graça divina. O céu era seletivo àquele que, ao assim pensar, procurava, como ele, sublimar dos fundos do inconsciente um passado desgarrado de valores religiosos. A magia do futebol vem da dificuldade do gol. Um jogo de grande diferença de gols torna-se insuportável de ver, a partir de certo momento. As renhidas tentativas, o abalo no travessão e os urros das arquibancadas lembram eventos mitológicos. O balanço das redes, acompanhado das vozes emitidas pelos locutores desde suas profundezas, compõe o fantástico. As renhidas competições, as finais, como a que seria enfrentada pelos chapecoenses, é que fazem vibrar a alegria, a glória, a tristeza e a frustração, tanto dos atletas como dos assistentes. O genial projeto de 11 em posições determinadas permitiu as grandes vibrações do ansioso homem do século XXI. Como tudo, sofreu as deformações impostas pelo Rei Midas, porém não perdeu seu encanto, adorável por todo o orbe. O pequeno, belo e afável, estado de Santa Catarina tem sofrido. Enchentes, desabrigados, cidades encantadoras como Blumenau e Joinville convertidas em mar de lama. A esplendorosa Ilha de Florianópolis não nos apresenta somente os “manezinhos da Ilha.” Há Guga, também. O tradicional Figueirense desceu à série B, mas o jovem Havaí compensou. Já o Chapecoense não deixará nossas memórias. Os sonhos de um time modesto que galgou duras escadas da América Latina - ah, nossa Latino-América, de Mercedes Sossa - rompeu-se ao sobressalto terrível com o atroo das montanhas que agasalham Medellin. Uma cidade chora. O país do futebol está consternado. O mundo não esquecerá, jamais, esse terrível gol contra. (*) Amadeu Roberto Garrido de Paula, é advogado e membro da Academia Latino-Americana de Ciências Humanas.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.