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Agricultura Familiar

SUCESSÃO FAMILIAR NO CAMPO

Capacitação e aprimoramento buscam garantir permanência de jovens no agroturismo, em Santa Rosa de Lima

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Santa Rosa de Lima, município catarinense da Região das Encostas da Serra Geral, há décadas é reconhecido pela sua inovação na agricultura familiar. No final dos anos 90, foi pioneiro na produção de alimentos orgânicos e deu início ao desenvolvimento do agroturismo, tornando-se destino referência nacional. Agora, se prepara para novos desafios e busca inovações na produção agrícola. E, em meio a esse trabalho constante de aprimoramento, a questão da sucessão da propriedade.

Aos 28 anos, o agricultor César May tem buscado, nos últimos anos, se capacitar cada vez mais na administração da propriedade da sua família, localizada na comunidade de Rio do Meio, originalmente adquirida pelos seus pais, Silvério May, 60 anos, e Salete Vandresen May, 58, quando ele tinha sete anos de idade. Atualmente, os três mais a esposa de César, Joziane Boeing, de 22 anos, tocam o lugar.

Instalada em uma área de 21 hectares, a propriedade possui uma produção diversificada em lavoura de fumo, uma pequena criação de suínos e a produção de leite. Esta última atividade é que tem recebido maior investimento por parte de César. “Tenho feito cursos, especialmente através da Epagri, e algumas vezes até mesmo indo estudar em Tubarão, no Cetuba (Centro de Treinamento de Tubarão da Epagri). Tenho aprendido muita coisa que não imaginava ser tão importante para o bom rendimento da produção”, conta o jovem agricultor.

Ele lembra que, aos 18 anos, chegou a morar em Braço do Norte. Trabalhou como instalador de equipamentos de aviários e como operário na indústria metalúrgica. Depois de quatro anos e meio, veio o desejo de voltar para o campo. Para isso, foi importante o apoio dos pais para aprimorar seu conhecimento.

“O César veio até nós e falou que queria estudar para tocar a propriedade. A gente resolveu, então, ajudar. Se era essa a vontade dele, a gente iria fazer a nossa parte”, relembra o pai. “Antes, nós produzíamos fumo, basicamente, para nos manter. E as vacas de leite eram algumas que a gente tinha soltas no pasto. Agora, temos 40 vacas, 17 delas em lactação (produzindo leite)”, comemora.

Entre as técnicas que contribuíram para impulsionar a produção na propriedade da família se destaca o sistema silvopastoril, que consiste na divisão da área de pastagem em setores menores, chamados de piquetes, e sombreamento, que oferece pontos em que o gado pode se abrigar do sol, sob as sombras de árvores, em dias de calor. “Mas um fator que tem contribuído muito para uma boa produção tem sido a nutrição. Hoje, a alimentação é cada vez mais importante para garantir uma boa produção de leite”, ressalta César, relatando que suas 17 vacas em lactação rendem, atualmente, cerca de 8,5 mil litros de leite ao mês.

Parceria para aprimorar a produção

O sucesso de César e sua família é exemplo de uma série de ações desenvolvidas em Santa Rosa de Lima que buscam aprimorar a produção agrícola e garantir a rentabilidade da propriedade rural. Boa parte destas ações são realizadas na forma de parceria, como a que ocorre entre a prefeitura e a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri).

Especialmente no setor de produção de leite, são oferecidos cursos e capacitações como forma de assegurar a sucessão familiar.

“A questão da sucessão na propriedade é algo que tem recebido uma atenção especial através destes cursos que são oferecidos pela Epagri, com apoio da prefeitura”, destaca o agente técnico da Epagri em Santa Rosa de Lima, Lúcio Schmidt. “No setor leiteiro, por exemplo, o município possui cerca de 100 propriedades produtoras e já capacitamos aproximadamente 20 jovens. Outros ainda passarão por novos cursos no ano que vem”, enumera.

Para o prefeito de Santa Rosa de Lima, Salésio Wiemes, parcerias e outras ações que buscam a inovação na agricultura familiar são importantes para garantir o progresso do município. “Mais da metade da nossa população vive no meio rural e tem sua atividade baseada na agricultura familiar, que, por sua vez, tem na produção de leite uma das suas principais fontes de renda. Há muito tempo, Epagri e Santa Rosa de Lima desenvolvem projetos em conjunto, e os resultados nós podemos observar na qualidade e na rentabilidade da nossa produção”, comenta.

Salésio destaca também uma nova parceria, entre prefeitura e Senar-SC. Entre os cursos que deverão ser oferecidos, há um na área de administração financeira, que, inclusive, já despertou interesse do jovem agricultor César May. “Aqui (na propriedade) não entra nem sai um prego sem estar registrado. Quero aprender ainda mais sobre essa área, pois somente assim que é possível saber se, de fato, a propriedade está gerando lucro”, conclui.