JORNAL DE NEGÓCIOS / Bom Despacho-MG

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1 Bom Despacho (MG), 25 Novembro 2022 Ano XXXIII - Nº 1.645 • Fundado em 12/05/1989Bom Despacho (MG), 25 Novembro 2022 • Grátis 1 EXEMPLAR Verdadeira história da escravidão no Brasil Página 6 Página 7 De Lourdes a Fátima pelo Caminho de Santiago Página 4 FERNANDO CABRAL Inferno de Dante no Quartel da Polícia ALEXANDRE MAGALHÃES Um segundo lugar que vale ouro Página 7 LÚCIO EMÍLIO JR. Mudanças no IPTU: veja o que está em jogo Página 5

Comunicado de Licenciamento Ambiental/LAS

Morada Agroflorestal LTDA torna público que obteve da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, por meio do Processo Administrativo nº 00014/2021, Licença Ambiental Simplificada - LAS Cadastro para a atividade de Extração de Cascalho, localizada no município de Morada Nova de Minas, Minas Gerais, válida pelo prazo de 04 anos.

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Tiros e

morte

no bairro São José, em Bom Despacho Recuperação da área do lixão sinaliza um futuro mais limpo

Depois de muitas décadas de sujeira, poluição visual e ambiental numa das entradas de Bom Despacho, começam a surgir mudanças na área do atual lixão. Desde julho deste ano a FFX Construtora, empresa contratada pela Prefeitura, está trabalhando no local para transformá-lo num aterro controlado e recuperar toda a área.

Atualmente, mais de 50 toneladas de lixo são depositadas diariamente no local.

Menor de 16 anos foi até estúdio de tatuagem para executar desafeto. Este, mesmo atingido no rosto, tomou a arma do agressor e o matou com um tiro na testa. Em seguida tentou fugir mas bateu o carro e foi pego pela PM na Rua do Rosário.

Um jovem de 16 anos morreu baleado com um tiro na testa na tarde da quinta-feira (24/ 11) em BD. A ocorrência foi na rua Cisalpino Marques Gontijo, bairro São José.

De acordo com informações da Polícia Militar, ele foi até um estúdio de tatuagem naquela rua com a intenção de matar um jovem de 17 anos que estava sendo atendido no local. O menor de 16 anos chegou de moto, acompanhado de um amigo na garupa e armado com um revólver calibre 38.

Quando entrou no estúdio, o jovem que ele pretendia matar reagiu e entrou em luta corporal com o menor. Mesmo tendo sido alvejado com um tiro no rosto, o jovem conseguiu tomar o revólver do agressor e saiu atrás dele. Ambos correram para a rua, onde o jovem de 17 anos disparou contra o menor. O tiro atravessou a viseira do capacete e o atingiu na testa, causando morte imediata.

O garupeiro que estava do lado de fora do estúdio, ao ver o amigo ser atingido e cair, abandonou a moto e saiu correndo do local. Uma fonte da PM disse ao Portal iBOM que ele já foi identificado e está sendo procurado.

Acidente na fuga Após matar o menor que tinha ido ao estúdio para executálo, o jovem de 17 anos, ferido no rosto, entrou num Hyundai Creta e fugiu do local. Ao descer a Rua do Rosário, em direção ao centro da cidade, acabou batendo o veículo numa árvore do canteiro central da pista. Segundo a PM, o jovem perdeu o controle do Hyundai ao avistar a viatura da corporação. Ele foi abordado pelos policiais e recebeu voz de prisão. A fonte ouvida pelo Portal iBOM disse também que o jovem estava muito pálido ao ser socorrido, o que indica ter perdido muito sangue por causa do tiro no rosto. Com ele os militares apreenderam o revólver .38 usado no crime. O Hyundai Creta também foi apreendido. A PM descobriu que era veículo roubado e clonado.

A moto usada na tentativa de homicídio, que era furtada, também foi apreendida.

O local onde estava o corpo do menor, na rua Cisalpino Marques Gontijo, foi isolado pela PM até a chegada da Perícia da Polícia Civil, que é responsável pela investigação da ocorrência. (PortaliBOM/ Fotos:Ascom7°BPM/PMMG)

Conselho Tutelar de BD atende 24 horas

O Conselho Tutelar de Bom Despacho tem plantão 24 horas durante os 7 dias da semana. Em caso de haver criança em risco ou sob ameaça, basta denunciar pelo telefone 99106.1781 a qualquer hora do dia ou da noite.

Desde que assumiu, em julho, a empresa está implementando medidas de controle como a construção de rampas inclinadas para impedir desmoronamentos, montagem de sistemas de drenagem do chorume (líquido que escorre da decomposição do lixo orgânico) para evitar a contaminação do solo e o soterramento dos resíduos. Em breve começa também a queima de gases gerados pela decomposição do lixo.

A área do lixão está sendo umedecida e drenada constantemente. A estrada em volta também está sendo mantida limpa. Os funcionários que trabalham no local contam com equipamentos como escavadeira, trator de esteira e contêiner para realizar suas funções.

Além disso, o lixão agora tem vigilância em tempo integral, evitando descarte irregular de lixo e ação de vândalos.

“Com essas ações já estamos mudando a paisagem daquela área que fica numa das entradas da cidade. A cada nova etapa executada ficamos mais perto de acabar com o lixão”, destacou o prefeito Bertolino da Costa. Em entrevista ao Portal iBOM no início deste ano, Bertolino disse ter expectativa que dentro de 3 anos a área do lixão esteja gramada e “seja transformada num mirante”.

Bombeiros simulam o atendimento de vítimas de soterramento em BD

O Corpo de Bombeiros realizou na manhã de quarta-feira (23/ 11) uma simulação de atendimento de vítimas de soterramento em Bom Despacho. O objetivo dessa simulação operacional é treinar e preparar as equipes da corporação para atender emergências e acidentes, especialmente casos de desmoronamento e soterramento provocados por chuvas intensas. Nessa operação feita em Bom Despacho os Bombeiros simularam o resgate de

duas pessoas soterradas – um adulto e uma criança.

A simulação foi realizada na Avenida Dr. Roberto, ao lado do supermercado Martminas, e envolveu também equipes do SAMU, Polícia Militar, Defesa Civil Municipal, Secretarias Municipais de Obras e de Trânsito.

A tenente Carolina Lúcia Simões Ramos, comandante dos pelotões do Corpo de Bombeiros de Bom Despacho e Nova Serrana, explicou ao Portal

iBOM que “esses treinamentos são importantes porque, com eles, cada parte envolvida passa a entender melhor seu papel no teatro de operações e, com isso, tudo fica mais coordenado, mais rápido e aumenta-se a qualidade do atendimento”.

A comandante disse também que a simulação é uma diretriz do comando do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais e visa “cronometrar o tempo de chegada de cada um dos recursos:

equipe de Bombeiros de primeira resposta, comandante de Pelotão, unidade de resgate e retroescavadeira”. Em nota divulgada à imprensa, a Assessoria de Comunicação do 7° Batalhão da PMMG ressaltou que a simulação “buscou a integração de todos os órgãos e entidades que atuam no cenário de Defesa Civil, nos casos de acidentes e danos causados pelas chuvas”. (PortaliBOM/Fotos: PMMGeBombeiros)

De Lourdes a Fátima pelo Caminho de Santiago

FERNANDO CABRAL

As peregrinações cristãs começaram quando os apóstolos de Cristo saíram a evangelizar os gentios. Vem daí a palavra peregrino, que significa aquele que anda por terras estrangeiras. Depois a tradição se estendeu e se firmou quando os europeus partiram em busca da Terra Santa, percorrendo caminhos antigos da Turquia, Palestina, Judeia.

Quando os peregrinos iam a Roma, recebiam o nome de romeiros.

Os muçulmanos acreditam que as peregrinações a Meca começaram no tempo de Abraão, portanto, seis mil anos antes de Maomé. O certo é que, desde Maomé, todo muçulmano que tem os meios necessários e goza de boa saúde tem obrigação de visitar Meca e tocar a Caaba pelo menos uma vez na vida.

Estas peregrinações eram feitas a pé, algumas vezes a cavalo ou em carros de boi. Hoje costumam ser feitas de avião, ônibus, carro. A forma antiga, a pé, com duração de meses e até anos, praticamente desapareceu. Mas há um destino que ainda se faz a pé e seguindo antigas tradições: é o Caminho de Santiago, na Espanha.

A história do Caminho de Santiago é rica e envolta em mistérios. Ela começou quando Jesus Cristo convidou Tiago e seu irmão João para deixarem suas redes de pescador e se juntarem a ele para pescar almas. Mais tarde João ficou conhecido como São João Evangelista e Tiago ficou conhecido como Santiago.

Depois que Cristo morreu, Tiago foi pregar o evangelho entre romanos e antigos povos da Hispânia (Portugal e Espanha). Mas, avisado de que a morte da Virgem Maria se aproximava, voltou a Jerusalém para visitá-la. Lá chegando, foi capturado por Herodes Agripa e decapitado. Um dos seus discípulos recuperou seu corpo e o levou de volta para a Hispânia. Ele foi enterrado num lugar que os romanos chamavam de Campus Stellae — ou seja, CampodasEstrelas. Os galegos, povo da região que não falava bem o latim, pronunciavam Compostela.

Seis séculos depois da morte de Santiago, os mouros dominaram a Hispânia. Somente

Perde-se na névoa da história o início das peregrinações, mas é certo que se trata de ritual muito antigo. No Velho Testamento encontramos referências às andanças dos judeus desde Abraão até o Êxodo. Jesus Cristo peregrinou pela Palestina e por lugares não sabidos. Buda peregrinou pelos vastos terri- tórios da Índia em busca de iluminação e paz espiritual. Os muçulmanos fazem

manteve a independência um pequeno bando de cristãos que viviam no extremo norte e noroeste da Hispânia. Ao longo de sua luta pela reconquista de suas terras, ganharam um aliado poderoso: nas batalhas sangrentas, Santiago aparecia montado num cavalo branco e combatia ao lado dos exércitos cristãos. Por isto ganhou o apelido de Matamouros. Santiago Matamouros.Com esta ajuda poderosa os cristãos foram vencendo os mouros e empur- rando-os de volta para a África.

Mas, muito antes da vitória final (que levou séculos!) o rei Afonso II, o Casto, fez uma peregrinação de Oviedo até a tumba de Santiago. Queria agradecer a ajuda do Matamouros. Ali nasceu o Caminho de Santiago.

Seguindo o exemplo de Afonso II, católicos de toda a Europa afluíam. Primeiro, futuros portugueses e espanhóis; depois os franceses e outros povos europeus.

A rota usada por Afonso II ainda é percorrida por milhares de peregrinos que querem fazer o Caminho Primitivo — como ficou conhecido. Este caminho foi estendido até os Pirineus, na França, numa rota

sua peregrinação a Meca. Contudo, foi na idade média que os cristãos tornaram as peregrinações um ritual religioso popular. Tudo começou com as viagens à Terra Santa, mas logo Roma se tornou destino também. A peregrinação é uma busca por consolo, união com Deus, salvação, fortalecimento do espírito e busca interior.

conhecida como Caminho Francês. Mais tarde, com a reconquista dos territórios que se tornariam Espanha e Portugal, várias outras rotas foram estabelecidas. Hoje são quase 300. Mas os mais famosos

são o Caminho Primitivo, com 300 quilômetros e o Caminho Francês , com 772 quilômetros. Mas, para muitos, há ainda outro trecho de pouco mais de 100 quilômetros que vai de Compostela

até Finisterra, um vilarejo espanhol beijado pelo Oceano Atlântico.

Lourdes

No século XIX uma francesinha de apenas 14 anos relatou 18 encontros com a Virgem Maria. Posteriormente ela foi canonizada como Santa Bernadete e a Virgem Maria recebeu o cognome de Nossa Senhora de Lourdes. Sua fama de protetora dos enfermos correu o mundo e a gruta de Nossa Senhora de Lourdes tornou-se destino de oito milhões de peregrinos a cada ano.

Fátima

Na cidade portuguesa de Fátima, em 13 de maio de 1917 o pastorzinho Jacinto e as pastorinhas Lúcia e Jacinta presenciaram o aparecimento da Virgem Maria no local conhecido como Cova da Iria. Desde então, Fátima é destino da peregrinação de católicos do mundo inteiro. A cada ano cerca de 6 milhões de pessoas visitam o local da aparição.

Minha peregrinação

Em 1969 – eu tinha17 anos –pude visitar Fátima e Lourdes. Dos dois lugares eu trouxe para minhas avós e para minha mãe lembranças que elas guardaram com muito carinho até o final de suas vidas: imagens de Nossa Senhora, terços, medalhas, broches, alguns enfeites. Todos alusivos à Virgem Maria.

Naquela viagem, do Brasil a Portugal e França fui de navio. Dos portos francês e português até Lourdes e Fátima, fui de ônibus.

Pois bem; já são quase 55 anos desde que fiz aquelas visitas na minha juventude. Agora tive vontade de voltar. Daí me surgiu uma estranha inspiração. Lourdes e Fátima estão ligadas pelo Caminho de Santiago. Afinal, o início do Caminho Francês está na cidade de San-Jean-Pied-dePort, que fica a pouco mais de 120 quilômetros de Lourdes.

Do outro lado, o Caminho Português nasce em Lisboa e passa ao lado de Fátima.

A juntada destes dois caminhos, com passagem por Finisterra cobre os três principais e maiores Caminhos de Santiago. São 1.402 quilômetros que passam por monumentos da história europeia, por marcos do refluxo muçulmano e da expansão do cristianismo na Europa. Para muitos é também uma rota de liberação do espírito e de conquista da mente sobre o corpo.

É este o caminho que quero fazer dentro de dois ou três meses. À moda antiga: a pé, levando apenas uma cabaça d’água, alguns víveres, uma muda de roupa e o apoio de um cajado. É um sonho que acalento agora. Para realizá-lo, dentro de uns 15 dias embarcarei para Portugal. Vamos ver como me saio na realização deste sonho.

Levo comigo, também, estas palavras de Guimarães Rosa: o real não está na saída nem nachegada:elesedispõepara a gente é no meio da travessia.

É com esta convicção que espero palmilhar o estranho Caminho de Santiago.

4 DESTAQUE Bom Despacho (MG), 25 Novembro 2022
Fernando Cabral é licenciado em Ciências Biológicas, advogado, auditor federal e ex-prefeito de Bom Despacho

Mudanças no IPTU: o que está em jogo

Projeto que muda cobrança do IPTU reduz alíquotas, isenta famílias carentes e amplia base de arrecadação

Escolhas, conquistas e a moto da Rosângela

Santos, nascida em 30 de setembro de 1986 é filha caçula de Margarida Alexandrina Rosa dos Santos e Pedro Afonso dos Santos, irmã de Rone e Rodrigo e mãe “solo” de Lucas e Victor.

Rosângela transita, lindamente, entre suas escolhas. Sempre foi uma espoleta, morena, cabelos cacheados e dona de uma possibilidade de comunicação única.

Meu ponto de encontro com ela é, geralmente, na Praça da Matriz, onde faz a limpeza diária do entorno, como funcionária concursada da prefeitura, no cargo de serviços gerais, desde 2007.

Criada na religião católica e, hoje, umbandista por opção, narra, de forma emocionante a redescoberta de sua religiosidade, dos tambores, da espiritualidade e dos rituais da nova fé que professa.

Está

que

do município “para efeitos de lançamento e cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU)” em Bom Despacho. O projeto altera a Lei n° 1.950, de 30/ 12/2003.

É através da planta genérica de valores que o Município consegue estabelecer o valor venal dos imóveis para fazer a cobrança do IPTU.

O secretário de Administração, Wallace Campos, disse ao Portal iBOM que “há mais de 20 anos não existe atualização cadastral dos imóveis em Bom Despacho; na prática, não existe uma Planta Genérica de Valores, que é uma obrigação legal imposta ao Executivo”.

O projeto da Planta Geral de Valores apresentado pelo Executivo traz uma inovação importante: a isenção de IPTU para famílias de baixo poder aquisitivo. Pelo projeto, deixam de pagar IPTU famílias que tenham apenas um imóvel e renda mensal máxima de 3 salários. O imóvel não pode ter valor venal maior que 70 mil reais. Atualmente, há cerca de 3.700 imóveis nessa faixa em Bom Despacho.

A criação da nova PGV baseou-se em levantamento feito na cidade por uma equipe da UFV (Universidade Federal de Viçosa), contratada pela Prefeitura para fazer o georreferenciamento imobiliário do município. Esse trabalho, concluído em 2021, foi feito com utilização de drones, carros móveis para fotos 360 graus e visitas presenciais. O levantamento identificou e fez a localização geoespacial de cada imóvel existente na cidade.

Esse trabalho mostrou que em Bom Despacho existem atualmente 34 mil imóveis edificados e não edificados.

Cerca de 2 mil desses imóveis não estavam lançados no cadastro imobiliário do município. Mas a grande surpresa mostrada pelo georreferenciamento foi o aumento de 45% da área construída dos imóveis edificados.

“Significa que a pessoa construiu a casa, foi na Prefeitura e fez seu lançamento no cadastro imobiliário. Depois disso ela fez ampliações e melhorias no imóvel, construiu varanda, lavanderia, novos cômodos e benfeitorias. Contudo, essas melhorias, que alteram o valor do imóvel, nunca foram lançadas no cadastro”, explicou Wallace.

Na elaboração da nova Planta Genérica de Valores a cidade foi dividida em áreas homogêneas e a categorização dos imoveis foi revista, segundo Wallace, “buscando cobrar o IPTU de forma justa, levando em conta o padrão construtivo e a localização do imóvel para haver justiça fiscal”.

Atualmente, 76% dos imóveis de Bom Despacho são casas classificadas num mesmo padrão. Independente da sua localização e do seu padrão construtivo, o valor do metro quadrado é definido pelo mesmo critério, “penalizando os mais pobres”, diz Wallace.

No projeto encaminhado à Câmara, o padrão das casas foi classificado em 4 categorias: popular, baixo, normal e alto. Cada um deles estabelece valores diferentes para o metro quadrado. Além disso, na cobrança do IPTU pesam também fatores como proximidade do centro, vias de comércio, escolas, serviços

de saúde e outros serviços urbanos.

As alíquotas atuais, que são de 1% (alíquota única), caem para no máximo 0,45% na nova PGV. “A grande maioria dos imóveis vai pagar menos IPTU”, garante o secretário Wallace. O crescimento da base de tributação através da inclusão de imóveis que não estavam no cadastro e das ampliações de área construída vai compensar as reduções nas alíquotas.

Para o secretário de Administração, “a criação da Planta Geral de Valores vai fomentar os investimentos na cidade porque corrige distorções na tributação atual e traz clareza nos valores praticados por metro quadrado de terreno em Bom Despacho”.

Urgência

Os vereadores correm contra o tempo para apreciar e votar o projeto ainda este ano. Isso porque, se o projeto não for votado ou se vier a ser rejeitado pelo Legislativo, grande parte dos contribuintes pagarão valores maiores de IPTU em 2023. É que, na atualização do cadastro imobiliário feita pelo georreferenciamento, cerca de 45% dos imóveis estão com áreas maiores. Como a alíquota atual de 1% só pode ser alterada pela Câmara, se o projeto não for votado este ano o lançamento do IPTU em 2023 será feito sem a redução das alíquotas. “Mas temos certeza que o Legislativo reconhece a importância do projeto e fará sua parte para garantir o direito dos contribuintes e fazer justiça fiscal em Bom Despacho”, afirmou o prefeito Bertolino.

Falar sobre beleza estética feminina e autoestima parece ser sempre um lugar comum e óbvio. Tudo que pode ser dito a respeito soa como clichê. No entanto, cada vez mais, acho necessária essa abordagem.

Que tenhamos espaço para cuidar desse tema, seja em locais públicos, em assuntos privados, em debates ou simples rodas de conversa, desenvolvendo nosso olhar para o que de fato é belo e importante.

Os padrões de beleza não são estáticos, tampouco tratamse de uma invenção atual. Cada tempo, a seu modo, teve sua exigência e seus padrões de beleza.

Hoje, no entanto, com a facilidade da circulação de imagens e amplificação da exposição nas redes sociais, a exigência do “esteticamente belo” parece ter se intensificado.

A busca pelo corpo sarado, os filtros das redes sociais, os procedimentos cada vez mais modernos, as técnicas de maquiagens, cirurgias, academias... tudo isso pode ser maravilhoso, mas nos tem imposto, de forma progressiva e assustadora, uma ditadura da beleza, limitando nossas escolhas e inibindo nossas belezas e talentos naturais. Passamos a exigir de nós e dos que nos cercam que sejamos todos lindos, maquiados, magros e felizes.

Para muitos e, particularmente para as mulheres, tem sido

difícil manter a sanidade em um mundo tão competitivo em termos estéticos, onde a mídia produz uma avalanche de itens consumíveis e milagrosos de imagens padronizadas.

Passamos a travar, além de todas as outras lutas diárias, que não são poucas, uma batalha cruel contra nós mesmas, contra a ação do tempo, contra nossas pequenas imperfeiçoes e peculiaridades.

Passamos a duvidar da nossa beleza, do nosso brilho, das nossas capacidades, caso eles não estejam vinculados aos padrões pré-determinados.

O grupo Omana

Aqui em Bom Despacho temos um grupo muito especial de mulheres que se chama Omana. Nos encontramos poucas vezes, mas a ideia é amiudar o intervalo entre as reuniões, conversar e trazer à tona o feminino e suas essências.

Trocamos informações sobre livros, experiências, alegrias, batalhas, limitações.

A pretensão é, cada uma com sua contribuição, criarmos juntas uma rede de apoio e fazermos um movimento reverso a esse que vem nos sendo imposto historicamente.

A partir desse grupo eu entendi por bem eleger mulheres que admiro, contar suas histórias, suas lutas e expor suas belezas.

Rosângela Santos

Rosângela Cristina dos

Conta que explicou à sua mãe, inicialmente chocada, que a forma de professar sua fé não passava por uma alteração dos seus valores, do seu caráter e de sua afetividade. Que ela era a mesma Rosângela, fiel, amorosa, dedicada e temente a Deus. Apenas encaixava-se melhor naquela outra forma de fazer contato com o divino.

Criou com toda sinceridade, garra e sabedoria os seus dois filhos, hoje quase adultos. Dentro de suas possibilidades, mostrou-lhes o mundo, as lutas necessárias e as essências da vida. Mesmo com o pouco que ganhava e sem a ajuda dos pais biológicos dos meninos, achou tempo e dinheiro para proporcionar-lhes viagens em excursões locais, idas a pizzarias e sorveterias e até uma visita ao mar.

Há pouco mais de um ano, depois de muitas frustrações e sofrimentos na vida afetiva, encontrou seu novo companheiro de vida, Kauan, um menino trans, 13 anos mais novo, que só faz acrescer aos seus projetos de vida. Todos os dias, Kauan ajuda Rosângela a compreender o quanto ela é linda e o quanto é gostoso sentir-se amada.

Há pouco tempo Rosângela comprou uma moto. Essa moto possibilita uma infinidade de coisas, inclusive levar ao médico, à hidroginástica e a simples passeios a sua mãe, que mesmo com 70 anos de idade percorre toda a cidade na garupa da filha.

Sonhos Rosângela ainda tem muitos: acabar de direcionar os filhos, que aos poucos estão tornando-se independes, adquirir uma casa própria, comprar duas cadeiras de balanço para sentar-se com o Kauan na porta de casa, fazer curso superior de Assistente Social e seguir curtindo a vida junto aos seus.

Simples e verdeiro assim. Sem filtros, sem exigências mirabolantes, sem imposição de perfeição. Apenas buscando conquistas, afetos, crescimento, descobertas e prazeres diários.

5 Bom Despacho (MG), 25 Novembro 2022 DESTAQUE
em tramitação na Câmara Municipal o Projeto de Lei atualiza a Planta Genérica de Valores (PGV)
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Verdadeira história da escravidão no Brasil

Para conhecermos o Brasil é preciso conhecer a história da escravidão no país. Assunto que os brasileiros nunca estudaram e não conhecem. Nossas escolas nunca se preocuparam com esse tema e só superficialmente nos ensinaram sobre ele. Assim, nossos conhecimentos sobre a escravidão e sobre os negros – que são a maioria dos brasileiros - não nos foi revelada pela elite branca, talvez por racismo ou menosprezo por essa raça de cativos.

Depois de muitos anos sentado nos bancos escolares, sem ter aprendido coisa alguma sobre os escravos, estou agora surpreso e assustado de tomar conhecimento desse assunto de maneira aprofundada através de um autor brasileiro que foi a fundo em suas pesquisas. Que desnudou a segregação de uma raça, a qual ajudou a fundar os pilares de um país chamado Brasil e que ainda hoje são segregados e relegados a segundo plano pela nossa sociedade e pelos governos de sua pátria.

Quem é esse autor?

Seu nome é Laurentino Gomes. Paranaense de Maringá e sete vezes ganhador do Prêmio Jabuti de Literatura. Formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná, com pósgraduação em Administração pela Universidade de São Paulo. É titular da cadeira número 18 da Academia Paranaense de Letras.

Suas obras Depois de ter recebido diversos prêmios e vender mais de 2 milhões de exemplares no Brasil, Portugal e Estados Unidos com a série 1808, 1822 e 1889, Laurentino dedica-se a uma nova trilogia de livros de reportagem, desta vez sobre a história da escravidão no Brasil. Resultado de seis anos de pequisa e observações que incluíram viagens por 12 países e três continentes, para produzir 3 volumes de mais de 400 páginas cada um. O

primeiro volume cobre um período de 250 anos do primeiro leilão de cativos africanos registrado em Portugal, na manhã de 14 de agosto de 1444, até a morte de Zumbi dos Palmares, em 24 de novembro de 1695.

Os dois volumes seguintes dedicam-se ao século XVIII e ao movimento abolicionista que resultou na Lei Áurea de 13 de maio de 1888, chegando até o presente legado da escravidão que ainda hoje assombra o presente e o futuro dos Brasileiros.

Trechos escolhidos Escolhi para publicar aqui alguns trechos que nos revelam a existência miserável, pobre e triste dos africanos. O que chamou muito a minha atenção nas descrições do autor foi o trabalho, as torturas e castigos impostos aos negros por seus donos, que eram senhores absoluto de suas vidas, como se fossem animais que lhe pertencessem.

O trabalho Os brancos não trabalhavam em serviços pesados. Enquanto isso, nas minas e garimpos de ouro e diamante, nas fazendas e lavouras de cana-de-açúcar e café, na construção de palácios, casas cidades, os cativos submetiam-

se a jornadas longas, pesadas e perigosas e foram construindo o Brasil dos brancos. A labuta começava antes do nascer do sol e ia até o anoitecer.

Havia ainda escravos pescadores, garotos de recados, carregadores de cargas e objetos, lavadeiras, cozinheiras, sapateiros, açougueiros, coureiros, tecelões, carpinteiros, seleiros, alfaiates, pedreiros. Costureiras, paneiros, barbeiros e cirurgiões. Alguns ocupavam-se de posições muito simples e desagradáveis, como recolher as fezes e as urinas acumulados nos penicos, durante a noite e depositá-las em rios ou riachos. Com seu trabalho criaram o nosso país e a nossa civilização. Em pagamento receberam castigos, torturas, fome, humilhação.

Morada e alimentação

A senzalas sem ventilação e trancadas à noite ficavam junto à casa grande. A moradia dos trabalhadores consistia em simples cabanas ou barracões com paredes de taipa e coberta de palha. O chão era de terra batida. Alguns desses cubículos tinham apenas uma porta, sem janela. O sono era atormentado por nuvens de mosquitos e insetos. Dormia-

se em redes ou no chão. Em meados do século XVIII, a vida útil de um escravo não ia além de 12 anos. A alimentação era precária. Em geral composta por 2 refeições por dia na forma de angu, feijão, farinha de mandioca, charque e sal.

Navios negreiros

Nos porões dos navios negreiros que vinham da África para o Brasil, os negros –homens, mulheres e crianças – eram acorrentados e amontoados em porões fétidos, sem ventilação, sem higiene e levados para serem vendidos como mercadorias. Cada um dos embarcados tinha de estar com 3 marcas de ferro quente na pele: uma com o nome de seu vendedor, outra com o nome do comprador, outra com o selo de impostos pagos. Ao chegarem ao Brasil, deviam receber um sinal de ferro quente na face anunciando o nome de seu novo proprietário. Às vezes acrescentava-se uma nova marca, a do F, que indicava o caso de ser um negro que já fugira.

Mortos nos navios negreiros Entre 1501 e 1567, os navios embarcaram na África cerca 12,5 milhões de cativos. Desse total, 10,5 milhões chegaram

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vivos à América. O número de mortos na travessia do Atlântico é estimado em 1,8 milhões. Seus corpos eram jogados no mar e devorados por tubarões, os quais seguiam rota desses navios para se alimentarem de carne humana.

Torturas e castigos

Quando os senhores compravam seus escravos, em sua chegada, ele era aconselhado a castigá-los, chicoteando-os, assim que chegassem em sua casa. E deviam fazer isso amiúde para que eles tivessem medo do patrão e não fugissem, trabalhassem direito e não reclamassem.

Por fugirem, desobedecerem, deixarem de fazer suas tarefas, ou por algum serviço mal feito, os donos os deixavam seminus. Davamlhes ou mandava os feitores darem 150 chibatadas, mais ou menos de acordo com suas faltas e segundo a vontade do patrão, isto por um dia ou mais. A pele das vítimas ficava lenhada com sulcos escorrendo sangue por toda parte. Então para não morrerem e acarretarem prejuízo para o patrão, eram “tratados” de seus ferimentos. Usava-se no tratamento água morna com sal, limão e xixi. Em vários arquivos

encontram-se relatos de torturas envolvendo órgãos sexuais de homens, mulheres e crianças.

Nas cidades a sessão de chibatadas era executada em via pública, nos pelourinhos. Tambores e música anunciavam o evento. Narra a história que a praça se enchia de gente que gritava e aplaudia o acontecimento.

Epílogo

Os poucos trechos de livros Escravidão que citei aqui revelam uma pequena parte das desumanidades da escravidão negra no Brasil. Os métodos de trabalho, as torturas, os sofrimentos e maus tratos a que foram submetidos. Revelam também sua importância da formação do povo brasileiro. Ao ler os três volumes da obra de Laurentino Gomes, sentiremos a verdadeira história desse povo, cujos descendentes, mais da metade de nossa gente, ainda levam vida sofrida e discriminada em nossa sociedade.

Meus sinceros agradecimentos a meu filho Tadeu e a meu genro Alexandre Magalhães que me presentearam com os volumes da obra Gratidão que li com sofreguidão como uma das mais importantes de minha jornada de leitor contumaz.

6 DESTAQUE Bom Despacho (MG), 25 Novembro 2022
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Tadeu de Araújo Teixeira é professor, escritor e fundador da ABDL

Um 2° lugar que vale ouro

MAGALHÃES

Esta semana vi uma notícia muito especial no Jornal de Negócios: Bom Despacho foi o segundo município em Minas Gerais que mais investiu na educação infantil. Esse lugar significa que a cidade foi o segundo município em uso proporcional de suas receitas na área de educação para as crianças.

Isso é um excelente passo para ter uma juventude mais capaz para enfrentar um mundo cada vez mais difícil, com empregos com bons salários ficando cada vez mais raros, robôs tomando lugar de seres humanos nas empresas, etc.

Claro, este alto percentual de investimento na educação refere-se a um período muito curto de tempo e não é garantia que sempre foi assim em Bom Despacho, nem significa que isso será mantido para sempre. Porém, não é pouca coisa ser o segundo município que mais investiu na educação infantil, proporcionalmente à sua receita.

Uma boa base educacional na infância pode garantir melhor entendimento sobre as disciplinas de toda a vida na escola. Uma boa experiência na escola quando muito jovem, pode ser um incentivo para continuar a estudar por muito mais anos, indo muito além da graduação, evoluindo para um MBA – Master Business of Administration, um mestrado e um doutorado.

Todos os estudos disponíveis indicam que quanto melhor e mais longo for o tempo de estudo de uma pessoa, mais chance ela terá de ganhar melhor salário, maior a probabilidade de a pessoa poder escolher com o que quer trabalhar, em que cidade prefere viver, em que país quer passar alguns ou todos os anos de sua vida.

Uma pessoa que tem uma carreira mais rentável por causa dos estudos, pode ajudar sua família a mudar sua situação financeira, viver melhor, ter uma casa mais aconchegante, entre outras muitas melhorias.

Portanto, a notícia é realmente maravilhosa e os habitantes de Bom Despacho devem ficar de olho para que esse percentual de investimento na educação infantil, mas não só, não caia.

Paralelo ao aumento do investimento na educação, criar programas de leitura, como o que já tratei aqui neste espaço há alguns anos, cuja criadora é a professora Juliana Campos, natural de Bom Despacho, seria uma ótima forma de complementar o dinheiro investido diretamente

na educação.

Dinheiro que vai para a educação não é gasto, mas investimento, pois rende novos dinheiros, melhores salários, melhores compras, portanto, mais impostos para a cidade, estados e país, e isso faz ser possível aumentar ainda mais os investimentos na educação, que renderá mais salários etc, ou seja, é um círculo virtuoso que ajudará toda a sociedade.

Ótima notícia, Bom Despacho! Que dure para sempre!

Nunca é justa a morte de uma criança

Também acompanhei o caso das crianças queimadas em Bom Despacho. Uma tragédia. Um filho ou filha enterrar o pai e a mãe é o que esperamos, pois é mais provável que os mais velhos partam antes dos mais novos.

Quando essa ordem é invertida e um pai e uma mãe enterram seus filhos, essa situação é muito mais difícil, muito mais triste. Quando a morte é de uma criança, o sentimento é ainda mais profundo. E quando as mortes são oriundas de uma tragédia, de uma explosão acidental, por imprudência ou não, é muito impactante.

A bela música de Chico Buarque, “Pedaço de mim”, resume bem o que eu sinto sobre perder alguém, especialmente a terceira estrofe, “a saudade é arrumar um quarto, do filho que já morreu”.

Como homenagem às crianças perdidas na tragédia, segue a

letra da música:

“Oh, pedaço de mim / Oh, metade afastada de mim / Leva o teu olhar / Que a saudade é o pior tormento / É pior do que o esquecimento / É pior do que se entrevar / Oh, pedaço de mim / Oh, metade exilada de mim / Leva os teus sinais / Que a saudade dói como um barco / Que aos poucos descreve um arco / E evita atracar no cais / Oh, pedaço de mim / Oh, metade arrancada de mim / Leva o vulto teu / Que a saudade é o revés de um parto / A saudade é arrumar o quarto / Do filho que já morreu / Oh, pedaço de mim / Oh, metade amputada de mim / Leva o que há de ti / Que a saudade dói latejada / É assim como uma fisgada / No membro que já perdi / Oh, pedaço de mim / Oh, metade adorada de mim / Lava os olhos meus / Que a saudade é o pior castigo / E eu não quero levar comigo / A mortalha do amor / Adeus”.

Primeira Copa do Mundo em Bom Despacho

Apesar de frequentar Bom Despacho desde 2017, ou seja, já vinha para cá durante a Copa da Rússia, esta será a primeira vez que passarei boa parte do torneio aqui na cidade.

Estou bem empolgado para conhecer o jeito bomdespachense de comemorar as vitórias de nossa seleção e, espero que não aconteça, de ver a reação da torcida local nas derrotas doloridas.

Acredito que esse momento, a Copa do Mundo, seja uma boa chance de o Brasil voltar a ser um único país, com um povo unido, torcendo pelo

melhor. E espero que essa torcida não pare ao final do torneio e dure por muitos anos.

Força, Brasil!

Cachorros soltos pela cidade

Ontem à noite apareceu aqui na casa da namorada um cãozinho lindo, claramente um filhote. Com pouco mais de um mês de vida, ele seguiu minha namorada por centenas de metros e ficou chorando aqui no quintal, ou terreiro, como preferem os bomdespachenses.

Depois de comer um restinho de frango, ficou por aqui. Ganhou um paninho para passar a noite sob o telhado da varanda ou alpendre, como preferem os bomdespachenses, protegido da forte chuva que caiu já perto da meia-noite. Hoje, ao acordarmos, procuramos o cachorrinho e ele havia sumido. Espero que tenha encontrado um lar para viver sua vida. E que seja longa.

Tenho encontrado muitos cães comendo lixo pela cidade. Semana passada, estávamos na Estrada do Pica-Pau e vimos um grande cão preto parado na estrada. Quando passamos por ele, ele correu atrás do carro por uns cem metros. Questionei-me se anda atacando corredores ou ciclistas na estrada. Perigosa essa situação.

Há umas duas semanas, um vizinho do bairro Esplanada achou uma caixa com dez filhotes dentro e está tentando achar um lar para cada um deles.

Acho que valeria a pena fazer um plano sério para castrar todos os cães da cidade. Se possível, os gatos também. Nunca vi tantos cães abandonados aqui na cidade. Parece que esse problema está saindo do controle e, além de ser triste ver tantos animais abandonados, podem transmitir doenças e atacar crianças e idosos.

Esse investimento traria ótimos resultados. Diminuiriam os cães comendo lixo, os atropelamentos de animais pela cidade, cairiam as chances de doenças perigosas, como a leishmaniose, raiva etc, diminuiriam os ataques de cães a corredores e ciclistas, enfim, castrar os cães de rua só traria benefícios.

Inferno de Dante na biblioteca do Quartel de Polícia

Em evento realizado dia 1° de novembro, no colégio Millenium, foi lançada mais uma obra que enriquece a memória histórica de nossa cidade e ajuda a consolidar a nossa cultura. Trata-se do livro O Homem e o Poeta, de Paulo Teixeira Campos. O autor escrevia crônicas sobre a vida cotidiana de Bom Despacho, em periódico do mesmo nome, naqueles anos de desenvolvimentismo, final da década de 1950.

A crônica é um dos gêneros mais populares no jornalismo ao redor do mundo. Sua forma simples e direta permite abordar assuntos do cotidiano, sem a rigidez de dados matemáticos ou científicos, mas nem por isso menos exata. Em uma dessas crônicas intitulada “Livros, não”, Paulo Campos lamenta que em Bom Despacho não existia ainda uma biblioteca pública. Segundo o cronista, em Bom Despacho havia três bibliotecas de acesso restrito: a do Clube Social, a do Ginásio e a do Quartel. Lembra os esforços baldados do “jovem” Jacinto Guerra para criar uma biblioteca para a cidade. Os políticos de então não tinham sensibilidade para a questão. Denunciava o que ele julgava um abuso: “Osestabelecimentos de ensino, atendendo a interesses particulares, aos caprichos dos professores, cadaanoadotaumautor,eo paidefamíliasevêobrigadoa despendervultosaquantiade dinheiroparaeducarosfilhos, poisolivrousadoesteanonão serviráparaoirmãomenor,no ano vindouro.” Mal sabia ele que essa prática ainda continuaria por muitas décadas, com um agravante: livros didáticos são cadernos de exercício e são descartados no final de cada ano. Um dinheiro desperdiçado que poderia ser usado na

manutenção de uma biblioteca pública.

Militares e seus familiares, sócios do Clube Social e os poucos alunos do Ginásio podiam se dar ao luxo de ler obras célebres e os mais famosos clássicos da humanidade. Meu avô, Tenente Júlio do Espírito Santo, sempre levava para os filhos exemplares da rica biblioteca do Quartel. Meu pai lembra que, na sua infância, travou contato com a Divina Comédia, de Dante Alighieri, ricamente ilustrada, que descrevia a jornada do poeta, guiado por Virgílio, pelos caminhos do Céu, pelos horrores do Inferno e do Purgatório. Não dormiu à noite, impressionado com as cenas dantescas das profundezas do Inferno, mas nunca se esqueceu da obra e de seu autor, Dante. Teve contato com outras obras e autores da literatura universal, que ainda não podia entender, mas que ficaram na sua memória para o resto da vida, como Alexandre Herculano, Camões, Machado de Assis, aIlíadae a Odisseia.

Em crítica mordaz, diz Paulo Campos: “EnquantonaInglaterra, setenta por cento da populaçãolêumlivropormês, cadabrasileirotalveznãoleia umapalavra.”Naquela época como hoje, a questão da leitura já era posta em discussão.

Bom Despacho hoje tem uma biblioteca pública, mas em compensação não tem nenhuma livraria, aqueles locais aprazíveis onde se pode adquirir os últimos produtos do mercado editorial brasileiro. Mas, convenhamos, é preciso considerar: qual o futuro do livro, diante das mais variadas e eficientes mídias, como TV, Internet, celular, que aos poucos vão engolindo toda a cultura universal? Mas nem tudo está perdido. Temos pelo menos uma editora, a Literatura em Cena, que produziu o livro do Paulo Campos, demonstrando que acredita, sim, que o livro impresso não sairá de cena tão cedo.

7 Bom Despacho (MG), 25 Novembro 2022 DESTAQUE
Alexandre Sanches Magalhães é empresário, consultor e professor de marketing, mestre e doutor pela USP e apaixonado por SP e BD ALEXANDRE ALEXANDRE
LÚCIO LÚCIO LÚCIO LÚCIO LÚCIO EMÍLIO JR. EMÍLIO EMÍLIO JR. EMÍLIO EMÍLIO Lúcio Emilio do Espírito Santo Júnior é filósofo, professor e escritor. ACOMPANHE O JORNAL NO INSTAGRAM @jornaldenegocios
8 DESTAQUE Bom Despacho (MG), 25 Novembro 2022
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