Foto: Chico Ribeiro
Reféns libertados sem pagamento
Foto: Francisco Batista Maia/Sérgio Dantas
Nas proximidades da fazenda Lagoa do Rocha, já no Ceará, um portador apareceu com o resgate de Manoel Freire. Ainda no Vale do Jaguaribe, no dia 18 de junho, o vaqueiro Manoel Alves levou o resgate do coronel Joaquim Moreira. Somente no dia 25 de junho, depois de enfrentar novos confrontos, sede e fome, e por decisão dos cangaceiros, é que Antônio Gurgel e Maria José Lopes foram libertados, mesmo sem pagamento do resgate. Lampião pediu que dona Maria tivesse cuidado na volta e a Gurgel entregou duas moedas de ouro. “É para sua netinha”, disse para a surpresa do coronel. Os dois se despediram e foram guiados por Sabino, Mormaço e outros três.
Maria José Lopes após ser libertada. Aqui ao lado do irmão Antônio Batista Maia e os homens da milícia formada por ele para libertar a refém
Mais à frente, Sabino mandou que os dois esperassem no leito de um riacho. Ficaram ali meia hora achando que os homens não voltariam, mas dali a pouco, retornaram com alguns mantimentos. Sabino entregou a eles metade de um queijo coalho e 100 mil réis ao coronel e outros 60 à dona Maria. Apontou o caminho que ia dar numa cabana e partiu sem despedida. No lugar, foram mal recebidos. Tentaram outra casa, mas o medo de que fossem cangaceiros afugentava as pessoas. Dormiram ao relento. Perto das nove horas do dia 26, toparam com os sertanejos Agápito Ferreira Maia, da fazenda Boqueirão, e Manoel Herculano da Cunha, do sítio Letrado. Os homens os levaram até a fazenda Lagoa do Córrego, de Alexandrino Diógenes, onde foram bem recebidos. Alexandrino emprestou dois cavalos para levá-los até a fazenda Letrado. Ao saber que Tylon, seu irmão, estava pelas redondezas, o coronel Antônio Gurgel lhe mandou um bilhete. No mesmo dia se encontraram e seguiram para Mossoró. Dona Maria José Lopes ficou na casa de Herculano Cunha, no Letrado. Recebeu telegrama do irmão pedindo para esperá-lo ali mesmo. Quando chegou, Antônio Batista Maia trazia consigo um pequeno grupo volante. Há dias, marchava em busca da irmã. Queria resgatá-la à força. Tinha se unido ao coronel Manoel Gonçalves, de Lastro/PB, mas estavam sempre há dois dias de atraso em relação a Lampião.
BRAVA GENTE
Foto histórica do bando de Lampião em Limoeiro do Norte/CE – ainda com os reféns – é uma das principais referências para pesquisadores do cangaço porque ajuda a identificar grande parte do grupo
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