Março, Abril e Maio 2018

Page 1

Março , Ab ri l e Ma i o de 2 018 | Ano X - N° 76 |Dist ri b u i ç ã o Gratu i ta

Edição de aniversário 10 anos de luta Em busca de um bem comum Wladimir Flores de Matos

Marcela Viana Teixeira

Meu nome é Marcela Viana e trabalho no Jornal de Chiador há pouco menos de um ano como bolsista de treinamento profissional da UFJF. Inclusive, tive a oportunidade de desenvolver esse novo projeto gráfico... Fazer parte de um jornal comunitário, para mim, é compartilhar e fazer ser notado o poder que temos quando trabalhamos unidos em busca de um bem comum. Os chiadorenses sem-

Foi difícil no início Como tudo tem que ser Mas nós tínhamos um princípio E não íamos esmorecer. Foi com luta, garra e união Que fizemos acontecer Juntos com a população Ultrapassamos o próprio querer. Em maio de 2008 Lançamos a primeira edição Estamos hoje em 2018 10 anos de consagração. Feito pela comunidade Esse simples grande projeto Comunitário de verdade Pois é feito com carinho e afeto.

Ed. c 12 p om ágin as

pre me impressionaram pelo amor a sua terra e o cuidado com a sua cidade. A união nos momentos difíceis e a alegria nas datas festivas são outras características marcantes nessa família tão bonita que é o povo de Chiador. Família, mais do que sorrisos, é se esforçar sempre para zelar por seus membros e pela sua casa. Para mim, é por isso que o JC continua vivo. Ele se mantém presente para vocês e por causa de

vocês. Ele existe pela comunidade e depende dela para continuar circulando. Viva ao JC e todas as histórias que ele pôde compartilhar. Espero que nunca falte opinião a ser dita e publicada, porque a mudança depende do debate. O conflito de ideias e o encontro de soluções, por sua vez, é fundamental no desencadeamento de atitudes que podem melhorar a qualidade de vida de todos nós.

Fotos: Renato Rosa

Encenação da Paixão de Cristo pág.10

São 10 anos de busca Sempre com seriedade E não há nada que ofusca Aquele que diz a verdade. Sempre com notícias ativas Escritas pelos moradores Temos o selo de Cultura Viva O JC tem os seus valores.

Jogo das Estrelas em Chiador pág. 12

Título de utilidade Pública Dado pela Câmara Municipal Prêmio de Agente Jovem de Cultura Dado pelo Governo Federal. Parabéns ao JC Uma pequena homenagem a esse Jornal tão Grande.

Conteúdo especial nas páginas 3,6,7,8,9 e 11 (32) 98435-2616

jornaldechiador@gmail.com

facebook.com/jornaldechiador


Allana Gonçalves Matos - 10 de junho

O Lucas nasceu! Foto: Arquivo pessoal/ Arlety O.

Allana, aniversariante de junho

Agradecemos ao Divino Deus pela chegada de mais um membro na família Oliveira Silva. O nosso pequeno Lucas, filho de Dany e do Eliezio. Lucas nasceu em 08/03/18. (Arlety O. E Silva)

da Guarda Nacional em em Visconde do Rio BranMar de Espanha. co (MG), de 1906 até se Na Cidade de Mar de aposentar em 1914. Espanha, assumiu a CâEm uma de suas fazendas, mandou construir pequenas salas de aulas e enfermarias, com o objetivo de atender pessoas carentes, recebendo eterna gratidão do povo da região. Era amigo pessoal de D. Pedro II, e recebeu das mãos da Princesa Isabel o título de Barão de Além Paraíba, no dia 8 de agosto de 1888. Barão de Além Paraíba Faleceu em Mar de Escasou-se na Fazenda da Gruta panha, onde está enterramara Municipal por três do, no dia 17 de julho de mandatos, de 1873 a 1876; 1918. [Fábio Matos.] de 1881 a 1883; e de 1887 a 1890. Foi juiz municipal

Foto: Divulgação/ Facebook Escola

Foto: Wladimir Flores de Matos.

Desejamos a você toda a felicidade do mundo, que Deus te dê muita saúde e te ilumine hoje e sempre. A cada dia amamos você mais e mais. Seu pai Wladimir & sua mãe Joquemberg e todos de sua família.

No próximo dia 17 de julho, faz 100 anos que faleceu Joaquim Barbosa de Castro, o Barão de Além Paraíba. O Barão nasceu no dia 03 de abril de 1839, na antiga Fazenda Bonsucesso, então localizada entre as cidades de Chiador e Mar de Espanha. Era neto materno de Antônio Joaquim da Costa, o fundador de Chiador. O Barão casou-se com Joana Eugênia Pereira de Castro, no dia 25 de fevereiro de 1865, na antiga Fazenda da Gruta, localizada em Chiador. Em 1863 formou-se advogado pela Faculdade de São Paulo (SP); em 1873 foi nomeado Coronel-Comandante

Foto:Arquivo pessoal - Fábio Mattos.

Feliz

aniversário

História em Imagens

Calen dário

Foto: Arquivo pessoal/ Arlety O.

Olha que sorriso!

Maria Júlia 1º de abril Neste 1°de Abril comemoramos o 2° aniversário da nossa Maria Julia, que é filha da Márcia e do Diogo. (Arlety O. E Silva) Em junho, Chiador sedia mais uma edição da tradicional festa junina da Escola Santa Teresa

Em família!

EXPEDIENTE

JORNAL DE CHIADOR é um veículo comunitário e sem fins lucrativos editado pela Associação Comunitária Amigos do Jornal de Chiador. CNPJ 10.966.847/0001-89 Jornalista Responsável: Rodrigo Galdino - MTb 15.219/MG | Projeto Gráfico: Marcela Viana | Diagramação: Marcela Viana | Revisão: Marcela Viana e Rodrigo Galdino. Colaboradores: Ailton Magioli, Ana Flávia Alvim, Aline Motta G. Guadelupe, Arlety Oliveira e Silva, Alessandro de Almeida Furtado, Andriele Magioli, Ana Cristina Suzina, Camila Raizer, Carla Izidora, Carlos Henrique I. Ferreira, Daisy Cabral, Emanuel Luiz, Fábio Grades, Fábio Matos, Lívia Souza, Marcela Viana, Marcello Machado, Paulo Henrique, Silvia Niza de Jesus Terra, Thaís Mariquito, Wladimir Flores de Matos, Lili de Paula, Gilmar Bevilaqua, Dalila Melo. APOIO: Projeto de Treinamento Profissional da Faculdade de Comunicação Social Bolsista: Marcela Viana | Orientação: Prof. Bruno Fuser Grupo de Pesquisas “Processos Comunicacionais, Educação e Cultura”/ UFJF TIRAGEM: 1.000 exemplares | PERIODICIDADE: bimestral E-mail: jornaldechiador@gmail.com WhatsApp: 32 9 8435 2616

“Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião da equipe editorial do JC”

2

JC - Ano X - n° 76 Edição finalizada em 02/06/2018, às 16:30 hrs


Esporte

Chiador participa pela primeira vez dos Jogos Escolares de Minas Gerais

Com apoio da prefeitura e da Secretaria de Educação, Chiador teve, pela primeira vez, equipes representando as cores do nosso município numa edição dos Jogos Escolares de Minas Gerais (Jemg), que é considerado o maior e mais importante programa esportivo-social do Estado. Participaram estu-

dantes- atletas do Ensino Médio e Fundamental das escolas de Chiador. Esta foi a primeira vez que nossa cidade participou deste evento esportivo tão importante, que serviu de aprendizagem, tanto para os alunos, quanto para nós do departamento. Para mim os resultados dentro das quadras ficam em se-

gundo plano, perto da importância da participação nos jogos para os jovens do município. Agradeço a todos os jovens que fizeram um lindo papel durante os jogos. Não importa o resultado, o que importa é a participação e a experiência que todos nós adquirimos. E que venha 2019!

Foto: Renato Rosa

Fábio Grades, Diretor Municipal de Esportes

Estudantes e professores de Chiador participaram dos Jogos Escolares

Foto: Fábio Grades

Campeonato Interno de Chiador 2018 chega ao fim Terminou, no dia 6 de maio, o Campeonato Interno de Chiador. A competição, promovida pelo Departamento de Esportes da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esportes, teve início em fevereiro e reuniu cinco

equipes da cidade: Galácticos, Tião Villela, Titans, Unidos da Parada Braga e Juventude. Os jogos ocorreram nos campos de Chiador e Penha Longa, onde foi disputada a final. A equipe dos Galácticos se sagrou cam-

peã do campeonato, após derrotar a equipe do Tião Villela por 5x4, nos pênaltis, depois de um empate em 2x2, no tempo normal. [Fábio Grades.]

Equipe dos Galácticos, vencedora do Campeonato, nos pênaltis

Jornalismo de verdade Thaís Mariquito

Longa. As entrevistas com os moradores da cidade ouvindo tantas histórias e tendo a honra de escrevê-las pro jornal. O jornalismo comunitário nunca tinha passado pela minha cabeça antes e, de repente, foi com ela que eu mergulhei a fundo e descobri o que é jornalismo de verdade. É contar histórias, é falar tudo que importa à comunidade - independentemente de quantas feridas vão ser tocadas com isso

-, é informar, questionar e propor reflexões. Há 10 anos, o Jornal de Chiador faz isso com maestria. Vida longa ao JC!

Foto: Arquivo/JC

Trabalhar no JC foi uma das experiências mais diferentes e enriquecedoras que eu pude ter! Conhecer outras realidades e pessoas maravilhosas me ensinou tanto que não consigo colocar em palavras! Os almoços na casa da dona Vânia conversando sobre política e liberdade de expressão, os bolos e o café com a dona Arlety batendo papo, falando de religião e conhecendo melhor a história de Chiador e Penha

* Ex-bolsista de treinamento profissional do JC, Thaís Mariquito participou de importantes fases do periódico, inclusive da modernização das redes sociais.

3

Moradores, durante almoço beneficente em prol de recursos para impressão do JC, no barracão da Igreja, em 2009


“Bora” pedalar? Carla Izidora

Esporte

nefícios, como: me alivia de estresse causado por problemas do dia a dia, ajuda a conhecer pessoas novas, e ainda posso desfrutar de belas paisagens num passeio pela zona rural. O município de Chiador tem muitos lugares lindos, com subidas e descidas para um bom treino de mtb. No dia 1º de maio, tive a oportunidade de participar da 69ª Copa ACT MTB Três Carla, pedalando ao ar livre Rios, e isso serviu como ex- Neste evento participaram periência para o meu apren- também os ciclistas Dalila dizado nesta modalidade. Melo, que ficou em 4° lugar na sua categoria, e Lorran Henrique Dias, que ficou em 21° entre muitos competidores. Parabéns ao casal de ciclistas! Galera, “bora” pedalar? Manter o corpo em movimento faz muito bem, tanto para a saúde física quanto mental.

Fotos: Dalila Melo

A palavra mountain bike (mtb) significa bicicleta de montanha. Nesta modalidade de esporte, o objetivo é passar por percursos com diversas irregularidades e obstáculos. O mountain bike é praticado em estradas de terra, trilhas de fazenda, trilhas de montanhas, dentro de parque, etc. Este ano, me tornei adepta desta modalidade de esporte. Sou iniciante desta atividade e me sinto muito feliz pedalando. Andar de bicicleta me traz muitos be-

Benefícios de andar de bicicleta: Previne contra doenças cardiovasculares Reduz a possibilidade de câncer de cólon, de mama e de intestino Reduz o risco de desenvolver diabetes Ajuda na coordenação motora Melhora a saúde mental, reduzindo depressão, ansiedade e estresse Fortalece o tônus muscular Alguns equipamentos de proteção importantes para a prática do mtb: das

Capacete: protege a cabeça contra eventuais que-

Óculos: protege os olhos de respingos de lama, pedrinhas e insetos Luvas: ameniza o suor escorrido, melhorando o desempenho do ciclista Camisa: fabricada em tecido especial, tem como objetivo fazer com que a transpiração seja facilmente absorvida e evaporada, evitando que o ciclista fique encharcado Bermuda: Fabricada em tecido especial, geralmente acolchoada na região perineal, diminui a dor em percursos mais longos.

Carla e Dalila, na 69ª Copa ACT MTB Três Rios

No domingo, 13 de maio, foi realizado o 2º Café da Manhã do Dia das Mães, na praça da Parada Braga. Tivemos uma mesa farta, e o sorteio de brindes para as mães. Gostaria de agradecer a presença de todos, aos mais de vinte colaboradores, patrocinadores, organizadores, que fizeram parte do evento. Através da união da comunidade, conseguimos realizar a segunda edição

desse café da manhã, em homenagem às mães. Distribuímos na praça, local do evento, mais de cinquenta brindes para as mães presentes. Além de mães, participaram pais, crianças, provavelmente mais de cem pessoas.

Paulo Henrique Fotos:Lili de Paula/ Gilmar Bevilaqua

Comu nidade

Café da Manhã do Dia das Mães é realizado na Parada Braga

Café da manhã na Parada Braga reuniu mais de cem pessoas

4


Opinião

“O diploma é apenas um detalhe de uma jornada muito maior: é luta, resistência, revolução” Andriele Magioli

Quando entrei na faculdade, não tinha nenhuma ideia do que me esperava. Falo não só das matérias novas, das dificuldades de aprendizado, do ambiente desconhecido, mas também da mudança pessoal que me traria. Fui não só aluna, mas vivi a faculdade em todo o âmbito que ela poderia me proporcionar, e o resultado foi um aprendizado de vida sem preço. Tive a oportunidade de crescer e me desenvolver como cidadã, entendendo que ao final de tudo, o diploma é apenas um detalhe de uma jornada que é muito maior que apenas se profissionalizar: é luta, é resistência, é revolução. Estou agora no penoso processo da monografia, mas já quero agradecer imensamente à rede de ensino público de Chiador, fundamental e médio, todos

seus funcionários e professores, que tanto contribuíram para essa conquista. Foi graças a um espaço de ensino com pessoas dispostas a fazerem o seu melhor que eu pude ir mais longe. Gratidão!

Andriele e sua mãe, Sônia

Fotos: Arq. pessoal/ Andriele

“Estou agora no penoso processo da monografia, mas já quero agradecer imensamente à rede de ensino público de Chiador, fundamental e médio, todos seus funcionários e professores, que tanto contribuíram para essa conquista.”

Os estudantes da UFRRJ, durante juramento, na colação de grau

Discurso de oradora de turma (editado) Primeiramente Fora Temer, porque eu não reconheço governo golpista. Em segundo lugar, cumprimento a todos vocês, que vieram comemorar conosco esse momento. Já adianto que esse é um discurso que eu não quero fazer, mas que eu tenho que fazer. É um discurso que, se não o fizesse, não poderia ter o sentimento de dever cumprido como oradora da turma. Quis fazer desse discurso a resposta que todos nós ouvimos durante toda a graduação: por que você decidiu cursar Economia? Uma coisa que sempre me incomodou muito foi a pobreza. Desde pequena, não entendia por que minha mãe, graduada, professora da rede pública de ensino básico, trabalhava tanto para a gente ter tão pouco, enquanto outros ostentavam suas riquezas, com o mesmo ou menor nível de esforço. Seria o tão famoso conceito de meritocracia? Já que, tudo mais constante, todos têm as mesmas oportunidades na vida, seu sucesso só depende do seu esforço. E aqui então acaba a fábula. Porque no mundo real, a pobreza, a segregação e as barreiras sociais transformam totalmente o destino de uma pessoa. Porque a pobreza não é meramente um fator econômico, mas sim um fator social que impede que todos tenham as mesmas oportunidades. Que implica no não acesso, na falta de oportunidades, em ficar à margem da sociedade que prega uma meritocracia fantasiosa. É certo que esforço e dedicação são essenciais para o sucesso. Mas, para quem não

5

vem de um berço de ouro, o caminho é muito, muito mais cheio de desafios. Para conseguir chegar na graduação, tem-se de enfrentar preconceitos, passar por um ensino fundamental e médio negligenciado pelos órgãos públicos, e enfim lutar por uma vaga na tão sonhada universidade pública. E depois de tudo isso, mesmo aqui, nesse lugar construído por nós e para nós, ter a sensação de não pertencimento. Ouvir que “o Enem só serve para encher as salas de aula com gente incapaz”, ou que “cotas só servem para equilibrar as incapacidades”. Sim, o sistema tem suas falhas, sabemos. Mas nós chegamos. Conseguimos. E não há ninguém que possa pôr em dúvida o quanto cada um de nós merece uma cadeira numa universidade pública. Aqui é o meu, o seu, o nosso lugar. Aprendendo, ensinando, produzindo ciência, discutindo, criando, ocupando, lutando, resistindo. GRATIDÃO Sou e serei profundamente grata ao curso de Economia pela capacidade que ele nos deu de ver além. De enxergar o que ninguém vê por trás dos fatos. A academia nos fez ser quem hoje somos. Nos desconstruiu e reconstruiu críticos, politizados, cidadãos conscientes e ativistas. Com isso também surgiu a capacidade de discutir nos almoços de domingo, nos churrascos de família, de contrariar o tio que defende a volta da Ditadura, o primo machista, e de tentar ensinar para os amigos com todo carinho do mundo que Economia não

é sobre como economizar dinheiro. Sem problemas, essa é a parte mais divertida. E tudo isso acompanhado de noites em claro, dos infindáveis textos grifados e resumidos [...]. Todo choro, cansaço e desânimo logo eram compensados pelo fim do período, as férias, as festas, as calouradas, as risadas e pelos grandiosos laços que fizemos. Aprendemos a admirar nossos mestres, que se tornaram amigos. Ganhamos amigos, que se tornaram companheiros. E, ao fim de tudo isso, um sentimento transborda a gente: gratidão! Porém, o inimigo agora é outro, companheiros. Temos a responsabilidade de defender a igualdade social, econômica e de gênero; de lutar pelo acesso aos serviços públicos, e de qualidade; de garantir que esse espaço aqui continue abrindo suas portas para todos e todas, de forma indiscriminada; de ser contra toda e qualquer reforma do governo que vise oprimir ainda mais os trabalhadores; de certificar que não chegue à presidência nenhum candidato que apoie machismo, intervenção militar e corrupção. E aos que acham que toda essa luta é utópica, deixo o brilhante pensamento de Fernando Birri, citado por Eduardo Galeano: “A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Então, para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe nunca de caminhar.” [A.M.]


Memórias do JC

Tempo de dupla comemoração Ana Cristina Suzina

Foto: ArquivoJC

Foto: Reprodução/IssuuJC

Silvia Niza de Jesus Terra

Na primeira edição da versão comunitária do JC, em maio de 2008, Niza entrevistou a saudosa Fiota

Lembrou-me do entusiasmo meio tímido com que tudo começou. Era algo bem discreto, até mesmo artesanal. Rodrigo nos desafiou a, primeiramente, recolher algumas opiniões sobre a aceitação da população de um jornal. Topamos! “Contramos” Wladimir como câmera e saímos atrás de personalidades chiadoreses para colher depoimentos. Lembro-me de ir ao mercado e conversar com o Moisés, antes mesmo de ser político. Se eu não me engano, disse que um jornal serveria para cobrar aqueles que na época, eram políticos. Também, recordo do depoimento do Marquinhos da Nelza, que sem pestanejar disse que a cidade estava uma M.* e que um jornal serveria par denunciar esse descaso. Conversamos com Conceição, que salientou a importância de um jornal como um veículo cultural. Enfim, de chinelos, andanças e improvisos, no boca a boca, o jornal nasceu. Após, organizamos, na Escola Municipal Santa Tereza, um encontro entre outras personalidades chiadorenses, onde a pauta principal era: do que a nossa

cidade precisa? Anotamos tudo, recolhemos o máximo de informações possíveis, e logo depois, saiu a primeira edição. Um orgulho! Lembro-me, particularmente, do primeiro “perfil” que tive a honra de fazer com a Fiota. Recebi sua ilustre presença em minha casa. Com suas pulseiras, colares e peruca, mostrava o quanto também se sentia lisonjeada por estar contando sua história para o recém JC. Enfim, Chiador é minha cidade do coração! Desde aquele início, há 10 anos, muita coisa mudou. O JC persiste e resiste, mostrando que com o apoio da população, assim como foi no começo, projetos bacanas como este, podem se consolidar! Parabéns JC, por seus 10 anos! *Niza Terra morou em Chiador entre 2004 e 2009, e participou ativamente da criação do JC-Comunitário. É filha de Oromar Terra, jornalista que editou outro JC, no município, nos anos 1990. Atualmente, Niza reside no Rio e está concluindo o Mestrado em Educação.

No quiosque da praça, em 2009, moradores se reuniram para discutir assuntos da próxima edição do JC

O Jornal de Chiador completa 10 anos e eu concluo meu doutorado: eis os dois motivos de comemoração que celebro neste texto. Na minha pesquisa, eu estudei mídias populares, comunitárias e alternativas no Brasil, discutindo aspectos da democracia brasileira a partir dessas iniciativas. Foram 29 mídias pesquisadas em seis diferentes estados, e cada uma delas me ensinou muito. Meu primeiro encontro com o Jornal de Chiador aconteceu no fim de 2013. Eu estava começando o doutorado e fazendo os levantamentos iniciais da pesquisa. Ouvi o professor Bruno Fuser relatando a experiência. Tivemos uma conversa muito interessante. Apesar de muito curiosa pelo jornal, eu não consegui incluir uma viagem a Chiador, mas continuei acompanhando informações pela internet e fiz uma entrevista com Rodrigo em 2016,

6

também virtualmente. Vou comentar aqui dois aprendizados que tive com o Jornal de Chiador, que me ajudaram nas reflexões que faço em minha tese, a respeito do contexto geral das mídias populares no Brasil. O primeiro é a permanência do uso de plataformas analógicas e, em contraponto, o uso crescente de plataformas digitais. Jornal impresso

impresso continua tendo muita importância. É uma decisão estratégica mantê-lo. O jornal impresso circula de maneira mais fluída até entre quem não sabe ler, porque, na maioria das vezes, chega mediado, quer dizer, vem pelas mãos de um familiar, de um amigo, de um companheiro de trabalho profissional ou de engajamento comunitário ou associativo. Uma das comunicadoras que entrevistei, também de Minas Gerais, me disse que o “jornal impresso chega cheio de vida nas mãos das pessoas”. E, nessa fluidez que passa de mão em mão, o jornal

Muita gente acredita que esse tipo de mídia está morrendo. E, em 2013, eu ouvi Bruno explicando, de maneira muito segura, a pertinência de continuar distribuindo notícias no papel. Eu queria saber porquê. O Jornal de Chiador e algumas outras mídias populares que estudei me mostraram, claramente, que não se trata necessariamente de falta de opção, como muitos poderiam crer. Até em lugares com muito acesso à internet e em organizações Moradores da Parada Braga folheiam exem muito estruturadas, o jornal impresso, durante reunião de pauta em 20


Foto: ArquivoJC/ Renato Rosa

seja por limites estruturais me contou da intenção de ou por aspectos culturais. ampliar as formas de participação: “quem não pode Internet estar presente de fato na reunião, pode estar presente Essa é, realmente, a pela internet e opinar ou subola da vez. No começo da gerir uma história”. pesquisa, eu achava que as A combinação entre fordesigualdades econômicas mas presenciais e virtuais limitariam muito seu uso. de engajamento da comuLimitam, há que se reco- nidade na produção das mínhecer. Mas só uma das 29 dias populares me parece mídias que eu estudei não um aspecto crucial atualestava online de nenhuma mente. Eu vi uma comuniforma. Até comunidades dade em que o jornal comuribeirinhas na Amazônia, nitário foi, de certa forma, onde não tem nem energia substituído por páginas no elétrica, tem seus blogs e Facebook dos moradores. páginas em redes sociais. A Como eles falaram, é mais forma de usar é o que varia prático, mais rápido. Mas muito. eles mesmos reconheceram O Jornal de Chiador foi que a construção coletiva um destaque, na minha pes- perde espaço. O espírito da quisa, por ser a única mí- comunicação popular e codia que eu estudei que usa munitária está justamente plataformas virtuais para nesse espaço de discussão estimular a participação da sobre que história é rele-

meu doutorado. Por ele, posso agradecer ao Bruno e ao Rodrigo por todas as informações compartilhadas, e a toda a comunidade envolvida que constrói essa mídia e me deu tantos elementos para reflexão. Eu não fui pessoalmente a Chiador durante a minha pesquisa, mas me sinto indo um pouquinho com este texto. E espero que um dia

ainda possa ir pessoalmente também. Parabéns pelos 10 anos! Vida longa ao Jornal de Chiador!

Nesses dez anos, foram mais de 200 colaboradores, 76 edições, 608 mil páginas impressas. O colaborador Alesandro de Almeida Furtado fez uma charge em homenagem ao nosso aniversário, ilustrando esses

números. Alesandro colabora com o Jornal desde 2008, e já nos enviou muitas artes desenhadas à caneta, em papel. A que segue abaixo foi feita no computador.

*Ana Cristina Suzina, comunicadora brasileira e doutoranda em Ciências Políticas e Sociais na Université catholique de Louvain, na Bélgica.

JC em números

Foto: Reprodução/JC

impresso acaba durando um tempo maior. O jornal impresso ainda carrega o valor de documento. Ele registra a história, ele reconhece as pessoas da comunidade, ele marca a agenda, ele celebra o que faz parte da vida cotidiana de seu público. Por isso, também, ele se enche de poder e, em muitos casos, é tomado com ressalvas por autoridades locais. Muitas vezes, uma mídia comunitária é a única mídia em uma cidade ou região. Sendo assim, mesmo que não faça mais do que cumprir seu objetivo de retratar a vida da comunidade, acaba sendo aquela única voz que identifica problemas. No Rio Grande do Norte, um comunicador me contou da pressão que sofreu com seus colegas para parar de dar notícias repercutindo as queixas da população. Ele me falou de seu desejo de contar com mais apoio da comunidade para poder fazer coberturas mais relevantes sobre a situação local. Essas e outras coisas mostram que jornal impresso não significa pobreza de recursos ou de capacidades. Ele revela, na verdade, uma sensibilidade à realidade das comunidades. Neste sentido, como outras mídias analógicas, ainda guarda uma capacidade maior de reduzir desigualdades de informação, porque chega onde a eletricidade ou a internet ainda não mplares do JC chegaram, 013

Reunião de pauta realizada através do Youtube, em 2016, com a presença de Bruno, Vânia, Rodrigo e Mariana

comunidade na decisão do conteúdo. Na maioria dos casos que eu vi, a internet ajuda muito os comunicadores e melhora muito a qualidade da produção e a capacidade de difusão. As reuniões de pauta do Jornal de Chiador transmitidas online chamaram muito a minha atenção. Depois de vê-las anunciadas na internet, entrevistei o Rodrigo, que

vante para um grupo de pessoas, que história merece ser contada e como. É bonito ver como o Jornal de Chiador incorpora esse espírito no uso de plataformas digitais. Finalmente, fico feliz com a oportunidade de escrever este texto justo no momento de conclusão do

7

Depoimentos

- Quero parabenizar toda equipe, e ressaltar a importância do JC, que vem mantendo vivas nossas histórias e memórias! (Emanuel Luiz, vereador, autor do projeto que concedeu o título de utilidade pública ao JC) - Gostaria de parabenizar o jornal comunitário de Chiador pelo excelente trabalho desenvolvido, levando as diversas

informações aos leitores de nosso município. Parabenizar em nome do Rodrigo Galdino, todos os colaboradores que se empenham para trazer a notícia em primeira mão. E gostaria de reforçar que o poder público municipal está de portas abertas para apoiar e incentivar esse importante meio de comunicação. (Maurício Barbosa Monteiro, prefeito de Chiador)


Aline Motta Gabry Guadelupe

Primeiramente, ser gentilmente convidada para participar dessa septuagésima sexta edição, foi mais do que um privilégio. Considerei uma lembrança amável, e por que não dizer, uma oportunidade gratificante. Confesso que fazer uma retrospectiva desses dez anos de JC implicaria em “cavar” da minha memória muitas informações, notícias e acontecimentos que já não me são tão nítidos na lembrança. Porém, o mais importante desse tempo é ressaltar o que ele significa: os dez anos que marcaram a história inédita de fazer circular na pequena Chia-

dor um informativo gratuito e comunitário, voltado para sua gente, suas raízes, seu povo. E, por algumas vezes, eu pude contribuir para que este jornal trouxesse à baila a realidade do nosso município. E assim percebi o sentido da palavra... superação. Chiador vem se superando... Superando as invasões dos tempos modernos, superando as dificuldades de se manter pacata ante à violência hodierna. Chiador está “resistindo” a deixar de ser uma cidade onde dormimos com janelas abertas, deixamos nossas crianças

A primeira “cara” do Jornal de Chiador

Marcello Machado

Era abril de 2008. Um sonho brilhava feito estrela nos olhos de um colega que se fez amigo nas salas da faculdade de Jornalismo da UFJF. Foi quando ele, Rodrigo Galdino, me trouxe um desafio em forma de convite: desenvolver o projeto gráfico daquele belo sonho chamado “Jornal de Chiador”, que logo seria materializado, com tinta, papel, participação coletiva e, sobretudo, muito amor. Afinal, um veículo comunitário, feito pela e para a comunidade, só pode ser exitoso quando consegue unir propósitos, ecoar vozes, entrelaçar mãos e corações tanto quanto se deseja entrelaçar a realidade com a esperança.

A criação artística do primeiro projeto gráfico do Jornal de Chiador partiu da ideia de se utilizar a imagem das mãos, indicando movimento, dinamicidade e trabalho em equipe. Presente em cada editoria ou seção, o símbolo conferia identidade ao longo das páginas e demonstrava a soma de esforços que tornava possível realizar aquela iniciativa tão importante como ousada. Buscando um visual equilibrado entre o moderno e o tradicional, o projeto gráfico sugerido na ocasião buscou aliar elementos comumente encontrados em jornais e outros capazes de distingui-lo dos demais. Para isso, a arte elaborada

e a diagramação sugerida tiveram o objetivo de tornar o Jornal de Chiador um informativo agradável de ser lido e visto. Buscou-se inovar no formato visual das páginas por meio de molduras em distintos tons. Essa opção foi empregada para reforçar a peculiaridade do informativo e a coesão gráfica do jornal, direcionando o olhar do leitor para o conteúdo apresentado. Outro elemento utilizado foi o retângulo de pontas arredondadas, a exemplo do espaço dos anunciantes, proporcionando um acabamento gráfico mais leve e diferenciado. Como a impressão seria feita em preto e branco, buscou-se variar as cores dentro da escala de cinza, oferecendo um visual mais dinâmico e atrativo. Quanto ao formato das letras, foram escolhidas duas fontes para

8

Foto: Marcos D. Lemos/ Arquivo JC

Reclamar? De quê?

na rua à noite, vamos ao baile sem medo de sermos assaltados na madrugada, ou vitimados por uma “bala perdida”. E o JC acompanha essa “resistência”, deixando registradas histórias, pessoas, reclamações, homenagens. Assim o tempo passou.... E tal qual uma criança em formação, o JC foi tomando seu lugar, deixando visíveis suas características de ser um meio de comunicação democrático e imparcial. E os chiadorenses entenderam isso. Os nascidos aqui que atualmente moram fora da cidade volta e meia retribuem ao município participando ora com matérias ora com presença, valorizando eventos locais. Reclamar?? De quê??

Chiador, vista do Morro do Cruzeiro. Para Aline, a cidade vem “superando as invasões dos tempos modernos”

De ter um jornal gratuito que noticia coisas boas porque não tem tragédias pra contar?? Reclamar de morar em uma cidade onde pessoas (como eu por exemplo) escolheram viver para fugir da violência e desordem??? Reclamar do marasmo que significa qualidade de vida???

Não. Não. Entre críticas, construtivas ou não, fico com a vantajosa possibilidade de escolher melhorar e incentivar a cada dia que tudo continue assim. Exatamente assim. *Aline Motta Gabry Guadelupe nasceu em Petrópolis e mora em Chiador há 23 anos

o Jornal de Chiador, para facilitar a leitura de textos mais longos e, ao mesmo tempo, proporcionar um aspecto jovial, alegre e aberto, somando modernidade, contraste e delicadeza. Por fim, sugeriu-se o número aproximado de caracteres (letras e espaços) disponíveis para cada editoria, harmonizando layout e conteúdo. Dez anos depois, parabenizo a equipe do jornal e a comunidade de Chiador pela perseverança e pelo trabalho admirável e inspirador. Agradeço a oportunidade de ter feito parte do nascimento de um projeto tão único e relevante, que acredita na comunicação comunitária como um direito humano e de cidadania. Mais do que resgatar o sentido da comunicação desenvolvida no contexto dos movimentos sociais, o Jornal de Chiador busca

valorizar os cidadãos como protagonistas. E, para além do direito à informação, a mídia comunitária reforça o direito à comunicação, isto é, o acesso dos cidadãos aos meios de comunicação como produtores e difusores de mensagens, e não somente como receptores. Organizar-se em rede, de forma mais horizontal, democrática e igualitária, contribui, assim, para a formação de olhar crítico, a mobilização de instrumentos de mudança e a chamada alfabetização midiática. Desejo sucesso ao projeto, além de felicidades e bênçãos de Deus a todos os envolvidos. Que nossos olhos continuem abrigando estrelas. (*) Marcello Machado é jornalista e mora atualmente em Belo Horizonte. Estudou na UFJF, onde acompanhou - e contribuiu com - o nasci-

mento do JC.


A voz de Chiador Foto: Arquivo JC/ Renato Rosa

Daisy Cabral

Primeiro encontro do JC, em sua nova fase, em 2013, na comunidade de Parada Braga

Olá, chiadorenses! Gostaria de compartilhar com vocês um pouco da minha experiência ao colaborar para que algumas edições do nosso querido JC ganhasse vida. Quando o pro-

jeto do Jornal de Chiador chegou até mim, eu pouco sabia sobre comunicação comunitária e nada sabia sobre Chiador, uma aspirante a jornalista engatinhando nessa estrada de

Algumas palavras ao JC Ana Flávia Fernandes Alvim Lembro que em meados de 2008 eu estava na casa da minha tia Mônica, em Chiador, quando o Rodrigo (que eu conhecia por ter sido meu professor de informática em um projeto da prefeitura no ano de 2003) chegou com uma carta na mão, convidando minha tia para uma reunião. Ele explicou a ela a proposta de criar um jornal na cidade. Eu fiquei muito animada com a ideia, mas o convite naquele momento não era direcionado a mim. Essa questão de chamar as pessoas para juntas construírem algo, foi algo que me chamou atenção. Um tempo depois, comecei a participar do Jornal de Chiador. Era figurinha carimbada nas reuniões de pauta. Me animava poder ver retratadas nas páginas da publicação histórias de

pessoas conhecidas, como as que apareciam nos Perfis e também em poder ver de perto notícias do meu quotidiano. Também auxiliava na entrega dos jornais, era muito divertido sairmos pela cidade, de casa em casa. Tenho boas recordações dessa época, onde pude conhecer mais de perto pessoas boníssimas como as irmãs Carla e Rogéria e também o Gustavo. A questão financeira sempre foi um desafio para o Jornal, mas não nos deixávamos abater, lembro-me das rifas que eram feitas e de ter participado uma vez da venda de salgados para pagar os custos da impressão do Jornal. Foi desse período, meados de 2009, 2010, que comecei a me encantar pelo Jornalismo. Cresci dizendo

difundir informação. Foi o idealizador desse jornal, Rodrigo Galdino, e meu professor e orientador, Bruno Fuser, que me deram o privilégio de conhecer essa terra acolhedora e o JC, mesmo cheia de incertezas mergulhei nesse projeto de corpo e alma. Coordenei reuniões de pauta e conheci muitas pessoas de mente e alma iluminadas, conversávamos sobre todos os assuntos relacionados ao município, qualquer detalhe era de suma importância, porque a função do Jornal de Chiador é e sempre foi ser um canal para a voz do povo chiadorense, uma fonte de informação sobre assuntos relevantes para a comunidade local. Tive minha grande

parcela de participação na elaboração gráfica do jornal, passei muitas horas pensando na melhor forma de organizar as palavras, as imagens e todos os detalhes visuais do JC; alguns encontros na biblioteca do município mostraram essa “mágica” da diagramação a alguns chiadorenses. O Jornal de Chiador faz aniversário esse mês! 10 anos de contribuição assídua à cidadania. Informação é poder! Informação é direito! Fazer com que vocês sejam ouvidos e possam ouvir a voz da comunidade: essa é a tarefa do JC. A participação de vocês é o que move esse veículo. Parabéns a toda equipe envolvida para que esse projeto continue firme e forte

e sempre se aprimorando. Parabéns a todos os envolvidos direta e indiretamente na construção dessas páginas. Um abraço especial à Arlety, Daiton, Vânia, João e a todos que tornaram meu trabalho prazeroso e enriquecedor. PS: O JC foi assunto central do meu trabalho de conclusão de curso na UFJF, quem tiver interesse pode encontrar um exemplar na biblioteca de Chiador. O título do trabalho é Jornal de Chiador: participação, informação e cidadania. Podem conferir também no link http://www. ufjf.br/facom/ensino/graduacao/projetos-experimentais-2/2014-2/

que seria advogada, porém nessa fase, com 16 pra 17 anos, começava a me questionar sobre a profissão e não me via exercendo-a. Nesse período, também por conta das reuniões de pauta e das atividades do jornal, acabei ficando amiga do Rodrigo Galdino e lhe confidenciei sobre a vontade de cursar jornalismo e os desafios que me viriam pela frente devido a essa escolha (sair de casa, morar em outra cidade e etc). Descobri no Rodrigo um amigo, um mentor. Algo que me chamou atenção foi a metodologia de trabalho executada no jornal, algo que prima pela participação e que as pessoas se envolvam nos processos, tanto ao propor ideias, pautas, conteúdos. Também fiquei encantada pelo fato

de a pessoa não precisar ter algum conhecimento técnico para comunicar aquilo que deseja. À medida que fui participando, comecei a entender que o Jornal é nosso, algo construído coletivamente e que quanto mais pessoas se envolverem no processo de produção teremos um conteúdo mais diverso e representativo, algo nosso e que mostra a cara da nossa Chiador. As pessoas precisam entender isso: o jornal não é do Rodrigo, não é da família dele, ele é nosso! Minha gratidão ao Jornal de Chiador e a todas as pessoas que já passaram e hoje participam dele é imensa, pois se ele não existisse talvez eu não teria descoberto minha inclinação ao mundo das notícias. Hoje, 10 anos depois, já não sou mais aquela menina de 15 anos estudante do Ensino

Médio. Agora, a Ana Flávia de 25 anos, quase jornalista, sonha e acredita cada vez mais no Jornal de Chiador e nas ideias por ele defendidas, levanto também as bandeiras da comunicação comunitária, da cidadania ativa, do respeito às diferenças e da luta por uma sociedade mais igualitária. Gratidão por ter descoberto amizades e pessoas que se empenham e acreditam no poder da comunicação para que o exercício da cidadania seja feito de maneira plena, livre e emancipada. Parabéns Jornal de Chiador pelo sério trabalho que é feito. Uma comunicação autêntica, não aquela do “boca-a-boca” e do “disse-me-disse”, mas a comunicação que se baseia em fatos, apurações, na busca pela verdade. Avante, que venham os próximos 10, 20... 100 anos!

9


Paixão de Cristo em Chiador: trabalho coletivo produz resultado emocionante

Especial

Da redação, com Camila e Emanuel

Dias de dedicação Camila Raizer Sobre a encenação da Paixão de Cristo, eu sempre assisti, sempre foi emocionante e a cada ano mais lindo! Esse ano, tive o prazer de participar e com isso a minha emoção foi muito maior. Foram dias de dedicação, nervosismo, estresse... Pude ver como a mágica acontece. Descobri o quanto é difícil e cansativo para todos os que se dedicam a fazer o teatro. Principalmente para o Emanuel, que traz sobre si todo o peso e responsabilidade de criar o texto, dirigir, ver figurino, imaginar e colocar em prática, mesmo com tanta ajuda que teve. A encenação da Paixão

de Cristo me emocionou não só por mostrar o quanto aquela dor e sofrimento foram por amor a mim. Durante os ensaios, entre um grito

oportunidade, pelo carinho e por todos que contribuíram para que o teatro acontecesse. Foi um lindo trabalho! Parabéns a todos. Ano que

cas foram apresentadas pela Dida, a Cidinha, o Beline e o Nelsinho. O figurino feito pela Alaide também ficou lindo. Foto: Renato Rosa

No dia 30 de março, Sexta-feira Santa, Chiador sediou mais uma encenação da Paixão de Cristo, na praça central. O trabalho coletivo, que reuniu mais de 50 moradores da cidade, culminou com um resultado surpreendente e emocionante. Acompanhe abaixo os relatos de Emanuel Luiz, diretor da peça, e Camila Raizer, que representou a mãe de Dimas, numa cena contemporânea.

Encenação da Paixão de Cristo teve a colaboração de mais de 50 moradores

e outro do Emanuel, enquanto dirigia uma cena, a cada minuto mais nosso grupo se aproximava. Eu me atrevo a dizer que nos tornamos uma família. Ali pude ter contato com pessoas que sempre conheci, mas nunca tinha tido o prazer de reparar em sua essência. Foram trocas de experiências, foram lições, foi muita emoção, era um apoiando o outro. Era justamente um dos mandamentos de Cristo sendo colocado em prática: amai-vos uns aos outros como eu vos amei. Por esses momentos e pelo privilégio de estar ali, eu só tenho a agradecer. Pela

vem tem mais!

Momento de Integração Emanuel Luiz Esse ano, a intenção foi mostrar a visão de Maria sobre os últimos acontecimentos de Jesus antes da ressurreição, abordamos também o tema da Campanha da Fraternidade: corrupção e homicídio; e, claro, o perdão de Deus. A abertura foi com a formação da vida, com sete crianças, Maria Fernanda, gestante de 9 meses, e o Igor (bailarino), com coreografia de Julio Cassini. As músi-

É um momento de muita integração, e fico muito feliz em estar à frente desse projeto com o apoio do Padre Alex e da prefeitura, do prefeito, que comprou a ideia, e de seus funcionários que também contribuíram para

montagem de toda estrutura. A Amália, a Lena, a Daiane, o Murilo, a Camila, o Guilherme Andrade, o Caio, o Richard, o Tavinho, a Alaide, a Teresinha, a Jussara, o Gustavo Raiser, a Rachel, o Juliano, a Eliete, Tainá, Ian, Max, Iago, Riam, Bia, Luiza, Caique, Bruna, Marcelli, Jussara, Pedro Iandirson, Didi, Julio, Ana Luiza, Maria Eduarda, Estefani, Janine, Iure, a equipe de som e luz, Guiomar, Luiza, Jéssica e Cássio foram muito dedicados, e em dez dias fizeram uma bela reflexão encenada sobre a mensagem que é a Páscoa, e a renovação e renascimento... de ideias, de sentimentos e de luta, pela justiça e pela paz. A Daiane, Pimenteira, Camila, Murilo e o Cássio super se destacaram com atuações ímpares. E a Teresinha emocionou , representando Nossa Senhora da Vitória.

Teatro encenou visão de Maria sobre Jesus

ESPAÇO DOS ANUNCIANTES AGR Mat. de construção Tel: 3285-1328 / 984211435 Rua Dona Santinha, 170 Entrega a Domicílio

Padaria São Geraldo

QUIOSQUE DA PRAÇA Tel: (32) 98419-4528 (32) 98431-1022

“O pão nosso de cada dia”

Com atendimento de Felipe e Paulinho

Obrigado pela preferência

10

Tel: (32) 3285-1252


Relacionamento abusivo: é possível identificar? Lívia Souza, psicóloga

Ouve-se, ultimamente, diversos relatos de relações em que as pessoas que deveriam teoricamente fazer bem se tornam verdadeiros algozes. Eles se aproximam ofertando a promessa de salvar a princesa das garras do dragão feroz e do aprisionamento que, segundo ele, ela supostamente se encontrava, na torre mais alta do castelo mais alto. Sorrateiramente, ele começa a cobrar pelo “favor”

que se percebe frágil e inseguro, entretanto, como ele não suporta carregar esse rótulo, busca se relacionar com mulheres que possa usar para manter seu personagem e esconder suas fraquezas. Dessa maneira, vestem máscaras de homens corretos, seguros e viris, capazes de proteger e cuidar da sua parceira. Transvestem preconceitos, violência psíquica ou física, controle e machismo em cuidado.

que fez a ela. Como ele é sagaz e trabalha com as entrelinhas, dificilmente a ainda “princesa em apuros” percebe que está tendo sua vida roubada. Abusadores não são diretos e nem sempre são agressivos. Abusadores se utilizam muitas vezes da própria vitalidade da vítima para construir sua teia. Em alguns casos, os relacionamentos abusivos envolvem um indivíduo

Necessidade de poder Eles identificam algumas fraquezas da parceira e usam disso para muitas vezes fazê-la se sentir incapaz, inútil, com menos valia, culpadas por tudo o que acontece na relação. Assim, ele mantém sua necessidade de poder sobre alguém sem que ela se dê conta do sofrimento que vive, muito menos da farsa que ele é. No entanto, apesar de parecer óbvio, esses atos são minuciosos e quando passam do limite, a ponto de serem desmascarados ou a abusada perceber que existe algo errado, rapidamente o abusador

Quisessem repetir a velha, corrupta e decadente mídia, Rodrigo Galdino e equipe que, há uma década fazem o JC, estariam riquinhos, ainda que sejamos um pobre município brasileiro. Para isto, claro, bastaria a eles venderem seus editoriais e reportagens ao

poder público-privado, tão em voga neste triste país. Ao contrário, no entanto, eles pagam o preço da opção pelo comunitário-coletivo, que vê em Chiador, mesmo sem grana, potencial de uma experiência que só tem rendido belos frutos à pequena população (nem 3 mil pessoas na

“Abusadores não são diretos e nem sempre são agressivos”

consegue contornar a situação a seu favor. Como identificar É possível identificar um relacionamento abusivo de algumas formas (veja quadro ao lado). Acredite, se você respondeu sim pra algumas dessas perguntas, é possível que você precise rever seus conceitos de relação saudável. Autoconhecimento é a melhor maneira de se prevenir desse tipo de relação, pois uma mulher que sabe o que procura, sabe que não precisa necessariamente de um homem do lado pra ser feliz e consegue ser feliz sozinha, quando decidir se envolver com alguém não permitirá que qualquer pessoa entre na sua vida. Dessa maneira, é possível selecionar com muito mais qualidade os parceiros para que não haja escolha equivocada e, se por acaso ainda assim escolher alguém que seja errado, rapidamente será capaz de identificar e finalizar a relação antes de viver a destruição de um relacionamento tóxico.

O preço do comunitário-coletivo

É possível identificar um relacionamento abusivo de algumas formas:

1- Você consegue ser você mesma dentro da relação sem ser chamada atenção pelo seu parceiro? 2- Você tem liberdade de decisão? Usa o que quer, bebe o que quer, vai onde quer, fala com quem quer? 3- Quando você tem uma conquista pessoal, fica feliz, compartilha com seu parceiro e aí de alguma maneira se sente culpada por que ele fica triste ou incomodado com o seu progresso? 4- Ele faz você se sentir estúpida, burra, sem graça, feia, te menospreza, te compara com demais mulheres de forma pejorativa? Tudo isso frisando o quanto ele é bom de ainda assim estar com você? 5- Ele te ameaça, faz chantagem emocional, te culpa por tudo de ruim que acontece na relação? Principalmente quando você reclama de algo que ele fez? Ele consegue te deixar se sentindo mal por ele ter feito algo errado? 6- Ele te obriga ou te restringe nas relações sexuais? Ele tem direito de buscar prazer e você não, porque é mulher? 7- Ele te trai e ainda acha que é justificável porque “não deixa faltar nada em casa”? E ainda te repreende caso você reclame ou reivindique? 8- Ele te agride fisicamente, te ameaça, te persegue? 9- Ele controla você e acha inadmissível que você queira satisfações sobre ele? 10- Ele fez sua vida deixar de ser sua e depois que você começou a se relacionar com ele todos dizem que você mudou e não está mais tão feliz?

do contemporâneo que eleEm 2013, Ailton Magioli noticiou, no jornal Estado geu o deus dinheiro acima de Minas, a retomada do JC. de tudo. Periódico se mantém, desde Ailton Magioli Adiante Rodrigo Galdi2008, com circulação gratuita sede) do município. no e equipe. ChiaPor mais que haja téc- dor vai precisar nicas e regras para se fazer cada vez mais de jornalismo (lead, sublead vocês. etc. e tal) dá um prazer imenso ler o JC feito pela *Ailton Magioli própria comunidade. Há é jornalista, natunele mais sinceridade e ral de Chiador. verdade, ausentes do mun-

11

Foto: Reprodução/Estado de Minas/22.03.18

Empo dere-se!


EDITORIAL Eis aqui a nossa primeira edição impressa com doze páginas. Trata-se de uma edição comemorativa, pelos dez anos de criação do nosso JC-Comunitário. Muitos anos se passaram, e a renovação, nesse período, foi constante. Da época em que a maioria dos textos nos

chegava de maneira manuscrita, até mesmo em “papel de pão”, até esta atualidade, onde e-mail, Facebook e WhatsApp são canais de uso frequente da comunidade, muita coisa aconteceu. Vivemos a primeira crise de participação, que levou à interrupção das tiragens, por três meses,

em 2009... Depois, outra crise, também de participação e liderança, entre maio de 2011 e fevereiro de 2013, suspendeu temporariamente nossos trabalhos. Mas foi com o apoio e a solidariedade de muitas pessoas, amigos e amigas, que conseguimos resistir. E persistir. Perseverar. O

conteúdo especial, nessas nossas páginas, é resultado da reflexão de alguns dos muito colaboradores e leitores, sobre esse processo. Num mundo virtual e tecnológico, no qual os laços comunitários às vezes se afrouxam, temos que agradecer, sempre, sempre, sempre, aos

chiadorenses, que lêem e escrevem esse jornal, comunitário, há dez anos. Vida longa à liberdade de expressão, à participação popular, à cidadania ativa. Feliz aniversário pro nosso JC.

Edição do Jogo das Estrelas reuniu mais de 600 espectadores, em Chiador

No dia 21 de abril, foi realizado no Clube Santa Cruz, em Chiador, o Jogo das Estrelas. O JC conversou com Russo e Felipe, dois dos organizadores do evento. JC: Inicialmente, quem foram os organizadores do evento? E qual foi o objetivo do mesmo? Russo: Filipe [Carneiro],Titim [Alcir Fonseca ], Russo [Anderson Luiz]. O objetivo: um dia de esporte e lazer no município com estrelas do futebol que tiveram uma carreira vitoriosa, inclusive campeão de Copa do Mundo, como o Edilson.

Foto: Renato Rosa

Entre vista

Em dez anos de história, JC se renova, sempre

Há expectativa de voltar a ocorrer alguma atividade nesse sentido? Na verdade temos essa vontade, já tem gente perguntando quando será o

próximo, mas não sabemos quando ainda… [Da Redação, com entrevistas pela internet.]

ENTREVISTA COM FELIPE

Evento contou com a presença de estrelas do futebol, como Edilson

tivos ou não? Esse evento custou 10 mil reais, saímos pedindo patrocínio ao comércio local, Três Rios [TR] e Maresp [Mar de Espanha]. Fizemos dois bingos e um baile para arrecadar quase Além do Edilson, você 5 mil. destaca outros nomes que Não tinha fins lucratiestiveram presentes? vos, tivemos um prejuízo Mauro Galvão, Donizede quase 1900 reais, pois te Pantera Negra, Odvan e não teve a quantidade de Athirson. Detalhe, não tepessoas esperadas para ria acontecido se não fosse assistir, no dia o tempo eso apoio dos mais de 30 coteve nublado e choveu em laboradores. TR. Legal. Esses colaboraEntendi! A entrada era dores eram de Chiador? gratuita? Todos voluntários? Aliás, Não, 10 reais. Mas tio evento tinha fins lucra-

vemos muitas despesas indiretas, como almoço, DJ, almoço, gasolina, jogadores, funcionários... Quantas pessoas participaram do evento, apesar da chuva? Como vocês, organizadores, avaliam a iniciativa? Foi positiva? Umas 600 a 650. Positiva, todos que lá estiveram foram muito bem recebidos, principalmente pelos jogadores que tiraram fotos e conversaram com todos que os procuravam. Quem foi saiu satisfeito.

12

JC: Pra você, qual foi o muito importante na orgaprincipal benefício trazido nização desse evento. pelo evento, pra nossa ciTemos projetos pra ter dade? mais vezes, mais precisamos de apoio. Mais uma Felipe: A cidade fica vez eu digo: não quero luainda mais conhecida, traz cro. Mais por gostar tanto públicos de diversas áre- de futebol eu arriscaria ouas e movimenta a cidade. tras vezes pra trazer outras Mais é muito difícil conse- estrelas do nosso futebol. guir trazer movimento com É muito bom mexer com poucas ajudas. Pra quem o que você gosta. Chiador não sabe, pra trazer esses merece isso. craques e campeões munNo próximo dia 19, iredial e nacional tivemos um mos fazer uma visita a Túcusto de 10 mil reais. Es- lio Maravilha, em Paraíba peramos nos próximos ter do Sul. Quem sabe podeum apoio melhor. Eu não mos trazer ele aqui. Seria viso lucro, mais também mais uma marca pra cidanão quero ficar no preju- de de Chiador. Já pensou, ízo, eu gosto muito é de depois de Pelé e Romário, ver a cidade movimentada ele foi o que atingiu a marigual estava nesse jogo. ca de mil gols. Seria uma Quero muito agradecer honra estar com um craque os patrocinadores e o Puca, desse aqui em Chiador. filho do Fernando, pelo [Da redação.] apoio que ele deu. Ele foi


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.