Agosto | 2017

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ARTES Jornal de

Ano 18 | N° 02 | AGOSTO 2017

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Porto Alegre # 2 | Ano 17 | Agosto - 2017

Detalhe tela « O Minotauro Come o Cubo” do ar sta Pedro Santos, exposta em exposição homônima na Galeria Prata da Casa durante julho de 2017, em Porto Alegre


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ARTES Artes Plásticas | Artes Cênicas | Cinema | Musica | Literatua

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Jornal de Artes é uma publicação da MURUCI Editor Editor | João Clauveci B. Muruci Design Gráfico/Capa/Diagramação | Mauricio Muruci Site|www.murucieditor.com.br CNPJ | 107.715.59-0001/79 - Fone | 51 3276 - 5278 | 51 99874 - 6249

COLABORADORES DESTA EDIÇÃO

» Clauveci Muruci [ Pg 05 | O Realismo Metafórico de Roberta Agostini | Análise ]

» Elizete Dipp [ Pg 08 | Prevenção, Conservação, Restauração | Artigo ] » Floren De Bas [ Pg 11 | Crítica Libertária Feminista | Análise ] » Gabriely Santos [ Pg 04 | Eta-Carina | Conto ] » Graphic Novel [ Pg 10 | A Garota da Erva | Quadrinhosl ] » Lena Kurtz [ Pg 02 | Arte In-Box - Um Certo Bigode «Dez pras Duas» | Coluna ]

» Paula Kalantã [ Pg 06 e 07 | Fotografia Autoral | Ensaio ] » Paulo Leônidas [ Pg 06 e 07 | Necessitamos de Arte, não Crenças | Crí ca ]

ONDE ENCONTRAR

Porto Alegre | Brasil » Banca Monhos de Vento » Avenida Independência, 1211 | B. Moinhos de Vento, Porto Alegre | RS

» Banca da República » Rua da República, 21 B. Cidade Baixa, Porto Alegre | RS

» Santander Cultural » Rua 7 de Setembro, 1028 Centro Histórico, Porto Alegre | RS

Mon videu | Uruguai » Livraria Puro Verso » Rua Yi 1385 ( entre 18 de julio y Colonia )

» Más Puro Verso » Rua Peatonal Sarandí 675 » PV Lounge » Rua Peatonal Sarandí 675 Caxias do Sul | Brasil » Jaque Paule

| Escritório de Arte e

Cria vidade » Rua Inocente de Carli, 963 | B. Cinquentenário, Caxias do Sul | RS

» Go Image »

Rua Vinte de Setembro, 1546 - B. Nossa Sra. de Lourdes, Caxias do Sul | RS

Capa «O Minotauro Come o Cubo” do ar sta Pedro Santos, exposta em exposição homônima na Galeria Prata da Casa durante julho de 2017, em Porto Alegre

ARTES | Agosto # 17 | 2

Lena Kurtz de Parto Alegre /RS | [jornalista e artista visual]

Um Certo Bigode «Dez pras Duas» O pintor surrealista Salvador Dalí, que faleceu em 1989, teve recentemente seus restos mortais exumados, para que se realizem testes de DNA que possam determinar se ele é mesmo pai de uma vidente e astróloga de 61 anos que há décadas vem fazendo essa alegação publicamente. Independente do resultado dos testes, que devem sair em setembro, sempre é bom saber: afinal, quem foi Salvador Dalí? Sim, aquele ar sta, conhecido pelo bigode esquisito, que pintou o quadro dos relógios derre dos, de personalidade extremamente excêntrica! E este é um bom momento para relembrá-lo. Por esta razão, inicio minha colaboração com o Jornal de Artes apresentando uma série de três episódios que contam um pouco da vida e da obra desta que foi uma das figuras mais intrigantes da História da Arte: Salvador Dalí. Filho de Salvador Dalí i Cusí, um advogado de classe-média, de temperamento irascível e dominador; e de Felipa Domenech Ferrés, que sempre incen vou os esforços ar s cos do menino, Salvador Felip Jacint Dalí i[ Domènech, nasceu em Figueres, na Catalunha, Espanha, em 11 de maio de 1904, apenas nove meses após seu irmão, que também se chamava Salvador, morrer de gastroenterite, aos três anos de idade. Quando Dalí nha cinco anos, seus pais o levaram para conhecer o túmulo do falecido, onde fizeram a perturbadora afirmação de que ele, o irmão vivo, era a reencarnação do outro, morto. Fato relevante que Dalí passou a vida tentando superar, dedicando-se a se tornar um gênio, sempre em busca de glória e reconhecimento. Por outro lado, os pais também incen varam seu desenvolvimento ar s co desde cedo, e o matricularam em uma escola de arte da cidade, em 1916. Porém, em fevereiro de 1921, Dalí, que adorava a mãe, teve o que considerou o maior golpe da sua vida: Felipa morreu de câncer da mama. Em seguida, seu pai casa-se com a irmã da falecida esposa. O que, diferentemente do que muitos pensaram, não foi problema para o rapaz, que nha pela a um grande amor e muito respeito. Um ano após a morte da mãe, em 1922, parte para a capital espanhola, para estudar arte na Academia de San Fernando, e passa a viver na Residência de Estudantes de Madri. Lá, teve contato com o cineasta Luís Buñuel, com quem viria a criar obras como o curta "Um Cão Andaluz", e com o poeta, diretor de teatro e dramaturgo Federico García Lorca. Nessa época, foi influenciado por movimentos ar s cos como Cubismo, Dadaísmo e também se interessou pela Meta sica. Já então Dalí chamava a atenção nas ruas, com um excêntrico cabelo comprido, um grande laço ao pescoço, calças até ao joelho, meias altas e casacos compridos, dando vazão à que se tornaria uma reconhecida tendência a extravagâncias, des nadas a chamar a atenção e a comprovar a paixão que nha pelo luxo e seu amor oriental por roupas e por tudo o que era dourado, o que ele dizia ter herdado dos seus ancestrais mouros, que ocuparam a Espanha por 800 anos, parentes que ninguém sabe se exis ram ou não. Em 1926, após afirmar que uma junta responsável por avaliá-lo era incompetente, foi expulso da escola. Vai então para Paris, onde conhece outros intelectuais de vanguarda: pintores, escultores, poetas, escritores, que o apresentam ao Surrealismo, o movimento que surgiu na França na década de 1920 e foi significa vamente influenciado pelas teses psicanalí cas de Sigmund Freud, mostrando a importância do Inconsciente na cria vidade do ser humano. E que se caracterizou pela criação de obras que evocam figuras ilógicas e inquietantes. E no qual Salvador Dalí se tornou um dos nomes mais representa vos e populares. E, através do qual, conheceu a mulher e musa de sua vida: Gala. Um relacionamento que durou mais de cinquenta anos e que exerceu influência fundamental na vida e na obra do ar sta catalão. Mas isso é assunto para o segundo episódio da nossa série sobre Salvador Dalí, na próxima edição. Até lá!! Acesse o ar go completo em :

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ARTES | Agosto # 17 | 3

CRENÇAS

Necessitamos de Arte, não Uma visão de um frequentador de galerias e museus.

[Paulo Leônidas é arquiteto, professor universítário, cenógrafo e diretor de Cinema e Televisão,escritor, roteirista de Cinema e Séries de TV e está desenvolvendo um trabalho de tese no PósGraduação UFRGS (PROPAR) intitulada " Arquitetura e urbanidade paulistana na segunda metade do século XX: uma biografia possível através do cinema" ]

Um dos chavões da história da arte é que jamais devemos tentar escrever a história do passado recente. A razão dada é que provavelmente seremos tendenciosos. Evidentemente é preciso ter cautela ao se lidar com desenvolvimentos que são contemporâneos a nós, mas é ingênuo imaginar que um consenso aceitável surgirá espontaneamente. Se o historiador recua, o propagandista entra em cena e ataca furiosamente, em geral com uma versão polêmica do que é mais “evidente”. É melhor não nos basearmos nos “ismos”, uma vez que estes não fazem dis nção entre as criações duradouras e os primos mais fracos que simplesmente vestem a roupa da moda. Não esqueçamos que ver precede as palavras. Na sociedade em que vivemos, a maneira como vemos as coisas é afetada acentuadamente pelo que sabemos ou pelo que acreditamos. Na era da reprodução pictórica, o significado das pinturas, por exemplo, não está mais a elas vinculado. As obras de arte hoje em dia são frequentemente envoltas de palavras. É di cil definir exatamente como as palavras modificaram a imagem, mas é indubitável que elas o fizeram. Agora, é a imagem que ilustra a frase. A arte sempre é contemporânea do ponto de vista filosófico pois a relação entre espectador e a obra é sempre no tempo presente. A arte dita ”Contemporânea”, se esvaziou ideologicamente de talento e originalidade, se transformando em uma crença. A arte “Contemporânea” é de alguma forma herdeira das ideias oriundas dos cânones do “Ready Made” de Marcel Duchamp, mas o enunciado implícito deste ar sta que dizia que a maneira como vemos as coisas é afetada pelo que sabemos ou pelo que acreditamos, foi banalizado e degradado. Vivemos hoje sem dúvida um novo ciclo do ”neocolonialismo eurocentrista” esté co caracterizado dominantemente por uma arte que se caracteriza por uma produção evidentemente maneirista. A arte “Contemporânea” é defini vamente um es lo, que como todo es lo impõem regras e preceitos. Conforme este es lo tudo o que o ar sta elege e designa converte-se em arte. A arte fica reduzida a uma crença fantasiosa e a sua presença a um significado. Essa forma de pensamento permite que qualquer pessoa seja considerada um ar sta e que qualquer objeto possa ser uma obra de arte. Qualquer objeto se transforma em arte através de um fenômeno de linguagem, centrado na conceituação da obra, no significado, na intenção do ar sta, no discurso curatorial, no contexto e em úl ma análise, num exercício retórico. Um es lo que precisa de um intermediário que explique a “obra de arte” e que elimina a ideia de gênio ar s co para que assim todos possam ser ar stas. Para exemplificar esta constatação deste ”neocolonialismo eurocentrista” e da retórica atual da arte, lembramos recentemente a exposição “A Fonte de Duchamp” realizada em Porto Alegre este ano, num espaço nobre e com enorme divulgação, comemorando os 100 anos da famosa Fonte de Marcel

Por

Paulo Leônidas. de Porto Alegre/RS

Duchamp (1887-1968), que se cons tuía nada mais do que um simples mictório de porcelana, transformado em obra de arte ao ser girado de posição, assinada obviamente pelo autor da inicia va, e apresentada para uma exposição. Desde lá esta “obra” então tornou-se uma espécie de Santo Graal do es lo “Contemporâneo” com sua retórica do desprezo “endêmico” pela beleza e pelo talento. E por coincidência, como o Santo Graal, a Fonte jamais foi vista pelo público, pois nunca foi exibida e desapareceu logo depois de sua criação. O que temos hoje é uma única foto do original e muitas réplicas! O mais interessante é que neste mesmo ano de 1917 no Brasil acontecia um dos fatos mais marcantes para a arte brasileira e não tem merecido comentários, crí cas e muito menos uma exposição num salão nobre de um grande museu. Mais uma vez o “neocolonialismo euro-centrista” professado pelos crentes da intelectualidade dominante brasileira con nua fazendo ví mas, no caso a ar sta Anita Malfa . É consensual, entre os historiadores, que o marco inicial do movimento moderno no Brasil aconteceu em São Paulo, em dezembro de 1917: a exposição de pinturas de Anita Malfa (1896-1964). A jovem ar sta não pretendia com suas telas de caráter fauve, inaugurar nenhum movimento, mas a reação nega va, sobretudo a do escritor Monteiro Lobato (1882-1948), provocada pelas suas pinturas sem nenhuma relação com o academicismo e o naturalismo vigentes, chamou a atenção de jovens intelectuais que se solidarizaram com a pintora. Ar culava-se neste momento o primeiro grupo modernista brasileiro. Mas o esquecimento de um fato tão importante na historia da arte brasileira não é por acaso. Vivemos no Brasil uma arte “Contemporânea” que é infelizmente construída por vários atores que legi mam um sistema carente de talento e proposta, que ni damente rechaça a historia de um povo. Neste es lo de arte não há muito o que falar das obras em si mas há muito para se falar de suas “teorias”, pois as obras são apenas “objetos carregados de slogans”, e que preferem se concentrar na retórica e estritamente no possível “impacto” que produzem estas obras. Neste sistema retórico, qualquer coisa é “arte”. Como diz o filósofo Michel Onfray em seu livro “A Força de Exis r“: “As galerias de arte contemporânea exibem com complacência as taras de nossa época”. A arte “contemporânea”, de maneira geral, manifesta e reforça um aspecto doen o de nossa época e como tal significa um retrocesso na inteligência humana. O desprezo endêmico que tem pela beleza, a perseguição que realiza contra o talento, o menosprezo pelas técnicas e pelo trabalho manual, pelo passado, está reduzindo a arte a uma deficiência inimaginável de nossa civilização.

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ARTES | Agosto # 17 | 4

Eta-Carinae Conto inédito de Gabriely Santos, autora de «Mistura Misteriosa de Men ras Mesmas» publicado pela Muruci Editor

Eta é engenheira mecatrônica. Se ela foi chamada para uma missão em busca de vida extraterrestre, ela deve seguir para o próximo parágrafo. Se não, segue na página, (*) onde ela se preparou durante meses para uma outra missão, onde inves gavam a existência de um buraco negro em algum lugar do espaço. Eta foi chamada, as pressas, para subs tuir um dos engenheiros mecatrônicos da nave Nemo XXL em missão pra Europa, uma das luas de Júpiter onde, acreditava-se, poderiam encontrar seus primeiros irmãos galác cos, alienígenas. Vida. Vida fora da Terra. Pelo menos em uma forma mais parecida com a de um ser complexo e não as bactérias de Marte. Talvez grande parte da vida no Cosmos se desse em outra frequência que os 7,23 da Terra. Mas os testes em outras frequências foram desastrosos até ali, 2135, com a radiação tendo erradicado metade da população cinquenta anos antes. Alguns não acreditaram que era coincidência isso ter acontecido quando o sistema ia entrar em colapso por falta de energia. Porque só energia sustentável nha sobrado. E sem um Estado, tudo o que as pessoas precisavam era obedecer a mãe terra. Nem precisariam deixar de adorar um deus pai, só não precisavam mais pagar um tributo ao deus dinheiro. Foi quando a explosão nuclear causada pela úl ma guerra entre os homens permi u que as coisas voltassem ao normal, fazendo com

Telas, Quadros e Molduras

que alguns deles con nuassem queimando petróleo e carvão por mais alguns anos, o que nha atrasado a evolução humana, de novo. Mas, ainda que, lentamente, as coisas pareciam estar se deslocando para um ponto de virada. E, como o povo não parecia mais interessado em guerras e as pessoas estavam mais interessadas que os avanços culturais acompanhasse os avanços cien ficos e ciberné cos, a Nasa fazia essas missões. Haviam, claro, as teorias da conspiração de que a Nasa não gastaria todos aqueles milhões, simplesmente, para descobrir novos seres vivos e eles estavam buscando fontes alterna vas de água para a Terra, que, por mais caro fosse, pra cava a dessalinização dos oceanos também há muito tempo. De qualquer forma, Eta, Charles e Miguel, os tripulantes da missão, nunca nham pensado nisso. Charles era astronauta há dez anos e Miguel, o mais experiente trabalhava em missões daquela há, pelo menos, vinte.

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ARTES | Agosto # 17 | 5

Cloveci Muruci de Porto Alegre/RS [ editor do Jornal de Artes e da Muruci Editor ]

Corpos nus em grandes formatos expõe nudez dolorida em gestos contorcidos. A falta de roupa revela o quê? Falta de felicidade. De liberdade talvez? A dor é latente no olhar de cada figura assexuadas. Eles choram no preto do carvão. Perderam mais que roupas, tenta nos dizer a ar sta. Se despiram da dignidade de seres humanos e/ou estão a caminho do juízo final, esses humanos nus

perceberam que não

irão ao

paraíso? Vislumbrar a dor latente entre seres é tarefa dos ar stas, esses inves gadores

do etéreo entre

brumas suspensas no ar. Tentam talvez

revelar o

escondido, e nos fazer lembrar que uma sombra entre o traço forte do carvão no papel, é suficiente para trazer a

tona toda angús a escondida no subsolo da alma do homem. Cogita ela nos fazer lembrar eternamente que a dor existe entre seres que transitam em centros urbanos, em plena solidão. É preciso lembrar-nos dessas verdades, e o traço do carvão no papel, revela todo o conflito entre a dor e a realidade. Tudo é provável entre as linhas e traços nervosos de Roberta Agos ni. Ela impõe essa realidade a todos nós, parece estar dizendo: Falar de beleza pura por si só não basta. “Me decifra ou te devoro”, como na fala da e gie para Creonte, em Édipo Rei.


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FOTOGRAFIA

AUTORAL Por Paula

Kalantã

Paula Kalantã é jornalista e fotógrafa formada pela Universidade Federal de Bahia

«Minhas fotos guardam um es lo bem peculiar. Gosto muito de registrar situações diversas, formas e cores, uma composição muito bem pensada de registro de um povo. Desvendar caracterís cas do ser humano que normalmente não vemos exibidos na mídia. Meu nome é Paula Kalantã jornalista e fotógrafa formada pela Universidade Federal de Bahia. Indígena, 33 anos. Vi na fotografia a beleza do meu povo registrada e preservando uma história de luta pela existência.»


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ARTES | Agosto # 17 | 7

APOIO |

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ARTES | Agosto # 17 | 8

Prevenção | Conservação | Restauração O trabalho do restaurador não é um ato egoísta ou um pedido de atenção por parte do mercado de arte.É um trabalho minucioso, às vezes de ar sta, às vezes de artesão, muitas vezes de trabalhador braçal. Por

Elizete Dipp de Porto Alegre/RS | [ Restauradora da Arte/Restaura/ Arte | E -mail: restaurearte@gmail.com ]

Revitalizar uma obra esquecida no tempo a todo o seu esplendor de beleza sem interferir no processo cria vo do autor. A mesma vai permanecer única, como só os mestres restauradores são capazes. O temaque venho abordar é um lugar comum entre os amantes de artes e,responder algumas questões per nentes aos cuidados quese devem ter quando se é adquirente de uma obra de arte, um livro raro ou documento de es ma e qual o seu valor pictórico, histórico, a fe v o e v e n a l , é u m a o b r i ga ç ã o d o s p ro fi s s i o n a i s d e restauração.Enfa zando sempre que uma obra de arte é única. Arte é um produto humano, sensorial, que diante dos nossos olhos pode ser classificada de modo genéricoentre os produtos da a vidade humana, até que o reconhecimento que a consciência faz da mesma a torne umaobra de arte. Essa caracterís ca peculiar da obra de arte, não é ques onada na sua essência, e no processo cria vo que a produziu, mas quando começa a fazer parte do mundo, do par cular ser no mundo de cada indivíduo. Como produto da a vidade humana obra de arte perpassa por várias instâncias e deve ser compreendida na sua totalidade e importância, fato este que não raras vezes passa desapercebido aoolhar do expectador. O trabalho do restaurador vai além do simples olhar e é trabalho minucioso que alia técnica e conhecimento de arte. A esté ca corresponde ao fato basilar da ar s cidade pela qual a obra de arte é obra de arte. A instância histórica que lhe compete como produto humano em um tempo e lugar que por si só a auten cam como obra de arte. A mesma ainda demanda de um valor afe vo que é imensurável, de modo que possui caracterís cas únicas (gosto por determinado ar sta ou po de arte)e de um valor venal determinado pelo mercado de artes como patrimônio ou inves mento, mas todas estas questões devem estar presentes na mente do adquirente (fiel depositário) e os cuidados que o mesmo deve ter. Qualquer comportamento em relação da obra de arte, nisso compreende a intervenção de restauro, depende que ocorra o reconhecimento da obra de arte como arte e é o que vai determinar a intervenção estritamente determinada por ela. Há uma ligação indissolúvel entre a restauração e a obra a ser restaurada. Este é um momento crucial na consciência do restaurador que empenha ao seu

trabalho os limites legais da restauração sem nenhuma interferência na este cidade do ar sta criador, apenas dar reingresso a esta obra ao mundo ao qual pertence. Hoje se tem uma jurisprudência formada entre as escolas de restauro e restauradores que o fato mais importante é a sua conservação, que ao menor sinal de danos(fungos, umidade ou outros) a mesma passerapidamente para o restauro, uma simples limpeza mecânica pode aumentar a beleza e durabilidade da obra. Infelizmente o que se verifica diariamente na oficina é de obras tão danificadas pelo tempo que perde parte do se valor esté co e venal. Criar uma consciência de preservação é o nosso obje vo. Afinal amamos arte. Preservar é palavra chave,que corresponde à conservação preven va, um procedimento técnico, prá co, ou seja, uma ação preven va do controle do meio em que está inserido o bem cultural. Refere-se a todas as intervenções indiretas, através de métodos naturais ou instrumentalizados, com a finalidade de resguardar o bem cultural prevenindo de possíveis male cios e proporcionando-lhe condições adequadas de “saúde”. Corresponde, basicamente, ao controle ambiental e a toda as técnicas preven vas que envolvem manuseio, acondicionamento, transporte e exposição. Um segundo passo é conservação, um conjunto de intervenções diretas, realizadas na própria estrutura sica do bem cultural, com a finalidade de tratamento, impedindo, retardando ou inibindo a ação nefasta ocasionada pela ausência de uma conservação preven va. Refere-se a normalmente, a tratamentos cura vos, mecânicos e/o químicos, tais como: higienização ou desinfestação/imunização de insetos ou microrganismos, seguidos ou não de pequenos reparos (conservação reparadora). E um terceiro passo é restauração que consta de um tratamento bem mais complexo e profundo, cons tuído de intervenções mecânicas e químicos, estruturais e/ou esté cas, com a finalidade de revitalizar um bem cultural, resgatando seus valores históricos e ar s cos. Geralmente pressupõe eliminações de descaracterizações e intervenções inadequadasrespeitando-se, ao máximo, a integridade e caracterís cas históricas, esté cas e formais do bem cultural, tudo isto para possibilitar o restabelecimento de sua “saúde” e de sua dignidade, e aumentar a expecta va de sua “sobrevida”, sem deixar de lembrar a obra restaurada ficará com as marcas das intervenções realizadas.


Agora a Gaudí emoldura suas telas, a preços de fábrica temos vários modelos na loja.

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Graphic Novel Fernando Mossmann Roteiro: Clauveci Muruci Ilustração:

A Garota da Erva

Episódio 1


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ARTES | Agosto # 17 | 12

Cri ca Libertária Feminista quando as mulheres organizadas se destroem por vaidade polí ca Por

Floren De Bas de Porto Selgre/RS | [ Anarca feminista, filha da puta, bruxa, militante, professora, mãe do Bruno, Ana, Emilly, Vitor e vó do Gabriel ]

Inicio dizendo que“quando me tornei feminista, tornei-me mulher”. Complementei a frase memorável de Simone Beauvoir “Não nasci mulher, tornei-me mulher”. Entristeço-me ao perceber outras mulheres dentro de organizações, comunistas e libertárias, oprimirem outras mulheres por não as organizações de pensamento tradicional e machista. Do que adianta vomitar teorias de revolução se não se pra cam feminismo e sororidade? Feminismo pode ter vários significados, um deles é quanto à consciência de gênero, isto é, quando as mulheres se dão conta que as existem relações desiguais per nentes aos homens, no tempo e no espaço. Que se expressam pela desigualdade e exercício do poder, em detrimento à autonomia e liberdade. Essas mesmas desigualdades perseguem as civilizações humanas, fazendo delas uma caracterís ca quase indissociável entre homens e mulheres. Para melhor entender, sororidade é a aliança feminista entre mulheres. A palavra sororidade não existe na língua portuguesa, entretanto, uma palavra muito semelhante, fraternidade, pode ser encontrada em qualquer dicionário e descrita como: 1. Solidariedade de irmãos. 2 Harmonia entre os homens. Ambas as palavras vêm do la m, sendo soror irmã e frater irmão. Mas, na nossa linguagem usual, ficamos apenas com a versão masculina do termo, frater, afinal de contas, a sociedade patriarcal nos ensina que relações harmoniosas somente são possíveis de se concre zarem entre homens. Sororidade é uma dimensão é ca, polí ca e prá ca do feminismo contemporâneo. É uma experiência subje va entre mulheres na busca por relações posi vas e saudáveis,

na construção de alianças existencial e polí ca com outras mulheres, para contribuir com a eliminação social de todas as formas de opressão e ao apoio mútuo para alcançar o empoderamento vital de cada mulher. A sororidade é a consciência crí ca sobre a misoginia e é o esforço tanto pessoal quanto cole vo de destruir a mentalidade e a cultura misógina, enquanto transforma as relações de solidariedade entre as mulheres. E é com este intuito que acredito que as mulheres superarão suas diferenças e dimensões, por meio do se reconhecer no processo histórico. Se houver a consciência de luta pela igualdade feminina,issoé a união indispensável de aliança entre as mulheres, baseado na empa a e companheirismo, em busca de alcançar obje vos em comum. Quando se deparam com outras mulheres que pensam diferente, o pensamento dominante m a c h i sta a p a re c e e m d e b ate s e d i s c u s s õ e s e m organizações. A disputacriada pelo sistema patriarcal emerge.Cabe trazer à baila o assunto. Isso é reflexão, sem violentar umas às outras, pela falta de ponderação acerca da extensão do patriarcado. Responsabilizo-me pelo que estou escrevendo, pois tenho observado o nosso comportamento em debates em todas as organizações. Arrolovários nomes daquelas que ques onavam o modo de vida de cada época, mas nunca se diferenciando de quem vesse abordagem diferente. São elas Emma Goldmann, Lousie Michel, Simone de Beauvoir, Lucy Parsons, Voltarine de Cleyre, Juana Roço Buela, Maria Lacerda de Moura etc.


“Um Padre José Ascânio Vilaverde Moura Castelhano de ba na passou por Alegrete” com vários lançamentos pelo estado DE BATINA PASSOU POR ALEGRETE no segundo semestre 2ª Edição de 2017

UM PADRE

CASTELHANO

Como parte dos festejos da Semana da Pátria, o livro de crônicas do escritor alegrentense José Ascânio Vilaverde Moura, vai ter lançamento oficial em Quaraí, no dia 02 de setembro às 9h30min, no auditório do Centro Cultural Dionélio Machado. A obra de José Ascânio Vilaverde Moura, teve edição esgotada nos 14 primeiros dias de lançamento, na 37ª Feira do Livro de Alegrete e Porto Alegre. “Ascânio nos presenteia com este livro, em que resgata histórias do co diano vivido, em grande parte, na sua juventude, delimitando um território de vivência conhecida como Coxilha – Cidade Alta do Alegrete.” escreve José Ernesto Alves Grisa, em texto de prefácio do livro em primeira edição. Além de Quaraí, “Um Padre Castelhano de ba na passou por Alegrete” terá lançamentos em Manuel Viana, durante a 2ª Feira do Livro de Manuel Viana [31 de agosto] e em Porto Alegre [9 de setembro], na Casa do Alegrete, no Parque da Harmonia, durante a Semana Farroupilha e na programação oficial da 63ª Feira do Livro de Porto Alegre [de 1º a 19 de Novembro], em sessão de autógrafos junto com nomes de destaques da literatura nacional e internacional.

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TOUR 2017

LANÇAMENTOS

31

AGOSTO

Manoel Viana 2ª Feira do Livro de Manuel Viana

02 SETEMBRO

Quaraí

09 SETEMBRO

Porto Alegre

1º a 19 NOVEMBRO

Centro Cultural de Quaraí Semana da Pátria

Parque da Harmonia na Casa de Alegrete

Porto Alegre 63ª Feira do Livro de Porto Alegre


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