Revista Nova Fonte edição junho

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política política POLÍTICA Noé Cardoso é jornalista e diretor da Rádio 88.7 FM Jornalista MTB 3978/RS

Giovani Cherini (PDT)

Luiz Carlos Busato (PTB)

Onyx Lorenzoni (PSDB)

Renato Molling (PP)

Ronaldo Zulke (PT)

Vicente Selistre (PSB)

A crise dos partidos   Já começou a campanha eleitoral e podemos visualizar dois focos: a economia que vai mal e a incapacidade do governo de enfrentar as crises de governabilidade, geradas pelas mobilizações e protestos, e pela violência que penetra o cotidiano. São temas importantes, mas ainda insuficientes para atender as demandas da sociedade e superar o autismo com que o Congresso trata as manifestações, que acontecem desde o ano passado.   A crise dos partidos políticos está no centro do debate nacional, porque parece estar esgotado o ciclo político da transição democrática, iniciada ao fim dos anos 70. A assertiva de que a simples existência do Parlamento chancela o caráter democrático do regime político é verdadeira, mas nossa história não confirma isso, basta ver que o clientelismo e os mandatos de negócios continuam dando o tom dissonante da democracia real. Os partidos políticos ainda pretendem ter o monopólio da representação, apesar de seu escandaloso artificialismo. Existiriam, de fato, 33 correntes de opinião e, consequentemente, de projetos de sociedade, manifestando a visão de distintos grupos e classes no Brasil? É claro que não. A verdade dessa degeneração partidária é que as siglas não correspondem às suas práticas: republicanos, social-democratas, petistas, progressistas, trabalhistas, são exemplos dessa dissonância. Até mesmo os partidos nominalmente mais ideologicamente identificados não escapam desse balaio de incongruências.   Hoje, as bancadas que contam no Congresso Nacional são as do agronegócio, das empreiteiras, da mineração, dos bancos, dos sindicatos, da bola, da saúde, etc. Elas se aglutinam como partidos políticos de fato, hegemonizam comissões e não obedecem ao comando dos partidos formais.   O sistema político brasileiro está longe de ser democrático, visto que a população somente participa da administração do seu Estado por meio de eleições periódicas, influenciadas pelos diversos setores do poder econômico, que financiam as campanhas de candidatos que serão seus “representantes”, tanto no Poder Legislativo, quanto no Poder Executivo. Após as eleições, os eleitores pouco ou nada podem participar do processo de elaboração de leis ou de formulação e execução das políticas públicas. Isto é, a cidadania tem seu exercício confinado a cada quatro anos. Nada além disso. O sistema político, que nos últimos 30 anos vem sustentando a democracia brasileira, precisa de uma reforma profunda, que reduza a influência do poder econômico na constituição dos executivos e dos legislativos, possibilitando que as maiorias sociais se tornem maiorias políticas, com previsão de plebiscito, referendo e, muito salutar, dispositivo que permita a revogação de mandatos parlamentares, quando dissonantes com suas próprias promessas de campanha. 28

Revista Nova Fonte - Junho/2014


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