JornalCana 302 (Março/2019)

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10 ENTREVISTA

Março 2019

“É possível que haja uma reversão para açúcar na próxima safra” DIVULGAÇÃO

Nesta segunda parte da entrevista exclusiva ao JornalCana, Evandro Gussi destaca que o preço do açúcar pode ser um pouco melhor no cenário internacional, pela tendência de reversão do quadro de superávit para déficit DELCY MAC CRUZ, DE RIBEIRÃO PRETO (SP)

O açúcar, que vem de anos de superávit de oferta mundial, cedeu o mix para o etanol nas unidades durante a safra 18/19. Em sua opinião, a safra 19/20 tende novamente a ser mais alcooleira? Dado os preços do açúcar no mercado internacional, desde setembro de 2017 as empresas aumentaram a produção de etanol e reduziram a de açúcar. No período de abril de 2018 a janeiro de 2019, a remuneração do etanol hidratado teve um preço relativo 19% superior ao açúcar VHP no mercado externo e o etanol anidro de 26%. O resultado financeiro das empresas variou conforme a flexibilidade de cada unidade de produzir mais ou menos açúcar. São muitos fatores a serem levados em conta para fazer previsões para a nova safra, alguns deles ainda indefinidos. Contudo, a percepção neste momento dos agentes de mercado é de que possamos ter um preço de açúcar um pouco melhor no cenário internacional, pela tendência de reversão do quadro de superávit para déficit. Se essa previsão se consolidar, é possível que haja uma reversão para açúcar na próxima safra. De todo o modo, é cedo para fazer uma projeção assertiva do que vai acontecer no mercado mundial e englobando todos os demais fatores, como taxa de câmbio, preço do petróleo, condições dos canaviais etc. O período da safra mundial de açúcar é de outubro a setembro e o nosso é de abril a novembro, então teremos um cenário mais definido em setembro de 2019, quando começará a nova safra mundial.

“É cedo para fazer uma projeção assertiva do que vai acontecer no mercado mundial e englobando fatores como taxa de câmbio, preço do petróleo e condições dos canaviais”

O açúcar também enfrenta adversários como adoçantes e queda gradativa mundial de consumo. Há como reverter essa situação? Mundialmente, tem sido observado um crescimento de 1,5% ao ano no consumo de açúcar. Ainda que haja uma redução nos países ri-

cos, temos mercados com demanda em expansão, como África e o Leste e Sul da Ásia. Nessas regiões, o açúcar é uma fonte importante de energia e tem seu consumo incrementado por movimentos de urbanização e aumento do consumo de alimentos industria-

lizados. De todo modo, é importante tratar as relações entre açúcar e saúde com honestidade intelectual. O problema da obesidade está ligado a uma série de fatores para além do consumo de açúcar, como estilo de vida e sedentarismo. A UNICA participa de discussões so-

bre a regulamentação do uso de açúcar em produtos industrializados. Apontamos que o estabelecimento de restrições deve ser feito com cautela, pois o caminho mais acertado é oferecer informações nutricionais para que o consumidor possa fazer suas escolhas.


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