JornalCana 338 (Junho 2022)

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MERCADO

Junho 2022

EtANOl VERSUS HíBRiDOS

É preciso exportar a tecnologia do etanol Afirmação é do engenheiro Wanderlei Marinho, para quem o biocombustível pode ser empregado mundialmente também como redutor de CO2

O etanol tem papel fundamental diante a transição energética e como redutor de emissões de CO2. Mas é preciso aproveitar estas estratégias e exportar a tecnologia brasileira do biocombustível. Diante disso, o engenheiro eletri− cista Wanderlei Marinho, membro da Sociedade de Engenheiros Automo− tivos (SAE Brasil), alerta: conseguire− mos exportar esta tecnologia? “É preciso ter suprimento para além da capacidade brasileira”, relata ele nesta entrevista ao JornalCana, on− de avalia, também, os próximos passos da eletrificação e o espaço dela para os motores híbridos. Jor nalCana − Qual é o papel dos biocombustíveis diant e da per spec− t iva de mú ltip las rota s te cnológ icas da in dústr ia a uto mobil ísti ca e, por outro lado, da necessidade de redu− z i r a s e mi s s õ e s d e CO 2 j á q u e o s t r a n s p o r t e s c o n c e n t r a m 25 % d a s emissões g lobais? O papel é fundamental. Temos uma qualificação, uma capacitação e produção de etanol que têm corres− pondido às expectativas. A questão é: conseguimos expor− tar essa tecnologia? É preciso ter su− primento do biocombustível para além da capacidade brasileira. Temos um trabalho a fazer neste sentido se a gente quiser mostrar para o mundo que a transição lá fora está muito forte por razões óbvias e prin− cipalmente na Europa, por razões ób− vias, devido à utilização e consumo de combustíveis fósseis e das consequen− tes emissões de CO2 devido aos mo− tores a combustão. Aqui a situação será muito ajusta− da às nossas capacidades. Ou seja: um bom tempo teremos as necessidades atendidas. Será que as montadoras manterão os motores a combustão cá no Brasil diante da evolução do que acontece lá fora [de avanço da eletri− ficação]?

Explique mais, por f avor. É preciso considerar o veículo como um todo, não apenas do chassi para baixo, onde se encontra a parte da propulsão, mas também do chassi para cima, onde se encontram os sis− temas de controle e automação dos veículos. Lembro que nos veículos híbridos a parte de propulsão eletri− ficada é proporcionalmente compa− rável à utilizada em um carro pura− mente elétrico. Quando somamos as potências do motor a combustão e do motor elé− trico é formado o que denominamos de um veículo híbrido ou de propul− são híbrida. Considerando este contexto, a tecnologia de propulsão do veículo puro elétrico a bateria (VEB ou BEV – Battery Electric Vehicle) é fácil de ser alcançada porque já é dominada, e no híbrido esta arquitetura formada pelo motor elétrico, inversor e con− versores eletrônicos e baterias de Íons de Lítio já está sendo utilizada. Vejo que no Brasil o etanol tem papel importante ainda por algum tempo, para os veículos com motores a combustão flex, ou mais recente− mente nos veículos híbridos flex. Mas, temos que olhar para fora do país e ter ciência de que a evolução está sendo pensada, desenvolvida e concebida para o veículo como um todo e que essas tecnologias desen− volvidas no exterior, devem contri− buir para o que formos produzir no Brasil, até que a eletrificação se esta− beleça também por aqui. Digo isso porque o mundo está investindo mais nos sistemas de pro− pulsão com a configuração de pro− pulsão puro elétrico, sabidamente mais eficiente e menos poluente do que os veículos com propulsão a combustão ou mesmo híbridos, co− mo comentamos. Em recente apresentação online, o sr infor ma, a partir de dados da Anfavea, que os motores flex e a diesel serão maior ia no Brasil em 2035. Isso reforça a importância dos biocombustíveis?

Sim, os dados da Anfavea apresen− tam esse cenário. Um cenário plausí− vel diante do estágio atual da utiliza− ção do etanol combustível no Brasil e da capacidade tecnológica do País em acompanhar esse movimento mundial pela eletrificação automotiva. Durante esse período de transição, os biocombustíveis terão papel im− portante até alcançarmos um grau adequado de eletrificação também sustentável. É possível inferir então, que vamos conviver harmonicamente com estas tecnologias de propulsão, flex, híbrida e pura elétrica. Podemos considerar que vamos percorrer esse caminho com a calma necessária para manter o mercado consumidor abastecido e as montado− ras se preparando gradualmente e atuando adequadamente, entregando produtos/veículos adequados a essa transição e seus contextos. Há também que se considerar no caminho da eletrificação a impor− tante participação dos veículos pe− sados e também dos veículos e má− quinas utilizados no setor agrícola, uma fonte importante de recursos para o Brasil. Lembro também que a eletrifica− ção automotiva necessita da infraes− trutura de recarga dos veículos híbri− dos Plug−In e puro elétricos em pro−

porções que sustentem percorrermos este caminho. Neste caso voltamos nossa atenção também para as energias limpas e re− nováveis, oriundas, por exemplo, dos painéis de geração de energia solar, dos geradores eólicos, combinadas com nossa geração hidroelétrica, têm um papel importante na geração e no su− primento de energia para este futuro próximo da eletrificação automotiva. Notamos aqui que temos que atuar no que denominamos de ecossistema da mobilidade elétrica para obtermos re− sultados esperados. Em sua apresentação no webinar Híbr ido e Etanol − O Motor do Fu− turo, em 06 de abr il, o sr. destaca que gostar ia de ver no Brasil o que ocor− re na Europa, em que há um mapa com os investimentos feitos em mo− tores elétr icos e híbr idos. Como esta− mos? O que apresentei no seminário sobre o motor do futuro foi um estu− do da empresa Deloitte que mostra o roadmap dos investimentos previstos até 2030 das montadoras em veículos híbridos e, principalmente, nos veícu− los puramente elétricos. No Brasil, estamos observando atentamente esse caminho adotado pelas montadoras. Pensando ainda


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