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MERCADO
Novembro 2021
Setor bioenergético vive expectativa de expansão após COP-26 Segmento se esforça para apresentar a viabilidade econômica da cana-de-açúcar como importante alternativa de matriz energética renovável Encerrada no dia 13 de novembro, a 26ª edição da Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP−26, serviu como im− portante vitrine para o setor bioener− gético brasileiro destacar as potencia− lidades do etanol como relevante al− ternativa para reduzir a emissão de CO2 do setor automotivo, ressaltando também sua capacidade de geração de energia limpa e renovável. Muitas são as expectativas do se− tor em relação aos desdobramentos das negociações pós COP−26, uma das poucas certezas, no entanto, é que não será uma tarefa fácil. Ao término da reunião, na assinatura do texto final, aprovado por seus quase 200 países membros, o segmento dos combustí− veis fósseis, mostrou seu peso e força que ainda exerce na economia mun− dial, embora conste no documento, a redução gradativa de subsídios para este tipo de combustível e, também do uso de carvão. Três rascunhos haviam sido divul− gados no decorrer dos últimos dias. O segundo deles suavizou as expectati− vas relacionadas a este tipo de com− bustível: antes, se falava em acelerar "a eliminação do carvão e dos subsídios aos combustíveis fósseis”; depois, o documento passou a prever "a elimi− nação progressiva do uso sem restri− ções" do carvão e dos "subsídios ine− ficientes para os combustíveis fósseis". Por último, na versão final, a Índia pe−
diu de última hora para trocar o ter− mo "eliminação" por "redução" do uso do carvão. A neutralidade zero (ou emissões líquidas zero) é alcançada quando to− das as emissões de gases de efeito es− tufa que são causadas pelo homem al− cançam o equilíbrio com a remoção desses gases da atmosfera, que aconte− ce, por exemplo, restaurando florestas. Isso significa mudar a matriz energé− tica para fontes sustentáveis que não dependem de queima de combustíveis fósseis, em setores como transporte, geração de energia e na indústria. O presidente da Associação Na− cional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes, ressalta a necessidade de ampliação da participação dos bio− combustíveis na matriz energética de transportes, além de um trabalho de
educação com os consumidores so− bre os benefícios dos combustíveis renováveis no combate às mudanças do clima. “O Brasil tem um ativo que é muito importante, precisamos combinar esses ativos, essas qualida− des, essas vantagens, para poder tal− vez avançar de forma diferente dos outros países”, afirmou. “O etanol é apenas uma parte da solução para esse desafio. É a mensa− gem que levamos para Glasgow. Pa− ra atingirmos uma mobilidade ver− dadeiramente sustentável, todas as soluções efetivas para redução de emissões são bem−vindas e estamos aqui para mostrar como podemos contribuir nesse esforço mundial”, destacou o presidente da União da Indústria de Cana−de−Açúcar (UNICA), Evandro Gussi. O etanol pode, por exemplo, ser
complementar à adoção do modelo de transporte elétrico, porque pode ser usado em carros elétricos capazes de produzir a própria energia e ajudar na renovação da frota mundial rumo ao fim do uso de combustíveis fósseis. Um exemplo da receptividade do combustível é a quantidade de países interessados, como Canadá,Vietnã, Lí− bano e Coreia do Sul. A Índia está em fase de negociação adiantada com o governo brasileiro e empresas do setor como a Raízen, estão oferecendo apoio tecnológico aos asiáticos. Na América do Sul, o presidente da Co− lômbia, Iván Duque Márquez, visitou o Brasil em busca de parcerias para desenvolver a produção no seu país. Segundo o Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componen− tes para Veículos Automotores), o Bra− sil tem a sexta maior frota de veículos
Carolina da Costa
Evandro Gussi
Joaquim Leite
Luiz Carlos Moraes