JornalCana 323 (Fevereiro 2021)

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AGRÍCOLA

Fevereiro 2021

ADUBAÇÃO BIOLÓGICA E NOVOS PATAMARES DE PRODUTIVIDADE Diversidade de microrganismos é essencial no desenvolvimento dos canaviais

A busca por um manejo cada vez mais sustentável nas lavouras de cana− de−açúcar tem resultado em alta pro− dutividade, mais eficiência e rentabili− dade para o produtor rural e diretor− presidente da Canacampo, Daine Frangiosi.Ao adotar práticas inovado− ras e tecnologias que contribuem para a nutrição, a reestruturação do solo e a supressão de doenças, Frangiosi tem conseguido melhorar o desempenho dos seus canaviais e explorar mais o potencial produtivo da cana, garantin− do, ainda, maior longevidade do cana− vial e, consequentemente, a redução do custo de produção. “Sempre fui fanático por pesquisa e procuro as inovações para garantir o desenvolvimento dos canaviais. É im− portante buscar o equilíbrio da planta. Saber como o aumento da biodiversi− dade de microrganismos no solo in− fluencia nesse fator torna−se essencial”, analisa o produtor, nascido em Jabo− randi −SP, que foi para o Triângulo Mineiro em 1979 e, com o pai, desbra− vou o cerrado, plantando arroz e soja, antes de se tornar um especialista em cana−de−açúcar. De acordo com Frangiosi, uma planta bem equilibrada induz a própria resistência, conseguindo suportar mais patógenos do que uma planta comum. “A biodiversidade microbiana no con− ceito de manejo sustentável. É isso que estamos buscando na agricultura mo− derna”, afirma. Partindo desse conceito, Frangiosi passou a fazer uso de adubo biológico no manejo do solo, para promover a reestruturação e melhorar os ambien− tes restritivos de seus 4.4 mil hectares, localizados em Campo Florido−MG. Para isso, escolheu o Microgeo®, um componente utilizado na produção do adubo biológico por meio de um Pro− cesso de Compostagem Líquida Con− tínua (CLC®), obtido a partir da ins− talação de uma Biofábrica CLC® na propriedade do agricultor. Essa tecno− logia visa a reestabelecer o microbio− ma, resultando na bioestruturação físi− ca do solo, na eficiência nutricional e na saúde ecológica do solo e da planta. Esta será a sexta safra em que a tec− nologia Microgeo® será usada como

ferramenta essencial no manejo das la− vouras. A primeira Biofábrica CLC®, uma caixa de fibra de 15 mil litros, “uma relíquia que está lá até hoje”, deu início a uma parceria de sucesso e, ho− je, o produtor possui uma capacidade de 600 mil litros, suficientes para abas− tecer toda a sua área. Embora tenha iniciado o experi− mento em campos de cana, foi na soja que Frangiosi identificou os primei− ros resultados positivos.“Fizemos ex− perimento com 18 variedades de soja diferentes, com aplicações intercalá− veis, ou seja, uma faixa sim, outra não, e começamos a ver coloração diferen− te nas variedades, o que chamou a atenção”, contou. Após a colheita, os resultados foram mais visíveis, com variedades alcançando, em média, 8 sacos a mais por hectare, com algumas dando dois sacos e outras 18 sacos a mais por hectare. No caso da cana−de−açúcar, o agricultor identificou maior biomassa de folha e melhor qualidade, chegando em torno de 4 toneladas de açúcar a mais por hectare. Com os resultados se intensificando, Frangiosi passou a au− mentar o uso da tecnologia e, atual− mente, esta é usada em 100% no plan− tio e na soqueira, na área de expansão, área de pastagem e em outras culturas mantidas para a rotação. “Foi essencial entender o posicio− namento do produto para o sucesso do manejo, já que a cana fica entre 12 e 18 meses no campo, o que não justifica usar a tecnologia em uma fase só. Eu uso a tecnologia em todas as fases da cultura, aplicando na parte de solo e aérea da planta também. Em toda apli−

cação que faço no canavial vai o Mi− crogeo® junto (sic)”, explicou, co− mentando que, com o manejo susten− tável, ele conseguiu, na safra 2020/21, 112 de TCH, 144 de ATR e 16 TAH. Sua produção tem como destino a Usina Coruripe, Unidade Campo Flo− rido. Além disso, a solução também possibilita à planta ficar mais toleran− te ao estresse hídrico, fator impor− tante, principalmente, na safra atual, quando os canaviais enfrentaram a pior seca dos últimos 20 anos, soma− da à geada de 2019, que refletiu nos campos naquela temporada. Mesmo assim, os associados da Canacampo tiveram uma safra histórica, contabi− lizando a produção de 4.450 milhões de toneladas de cana. Frangiosi frisa, ainda, que as tec− nologias contribuem para manter o teto produtivo do canavial e fazem parte de um conjunto de ações para garantir o sucesso das lavouras. Assim, o produtor adota, também, um plan− tel varietal amplo, trabalhando com 107 variedades, tendo algumas teto produtivo de 300 toneladas. O pro− dutor explica que a variável clima ti− ra 100 toneladas do teto produtivo. “No caso de variedades com teto produtivo de 300 toneladas, perde 100 e passa a ter 200 toneladas de teto produtivo devido ao clima. Para ga− rantir que a variedade mantenha o teto máximo, é preciso dar atenção à todas as etapas fenológicas da cultura, com os manejos apropriados em cada fase. Umas das tecnologias que vem contribuindo para garantir o teto máximo é o Microgeo®”, explicou.


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