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MERCADO
Maio 2017
ABERTA TEMPORADA DE CAÇA A USINAS ALESSANDRO REIS
Boa fase do mercado de açúcar e insegurança na política do etanol influenciam gigantes a mirarem em usinas com perfil estratégico ALESSANDRO R EIS, DE R IBEIRÃO PRETO (SP)
O mercado sucroenergético dá sinais de que o momento é favorável para aquisições. Os gigantes do setor, que não comentavam sobre essa possibilidade na safra 2016/17, parecem ter despertado para o que pode ser a abertura de uma nova temporada de caça a usinas. Prova disto é que durante o Cosan RI, encontro com os líderes da companhia, realizado em março deste ano na capital paulista, o presidente da Raízen Energia, Luis Henrique Guimarães, disse que o grupo está sensível ao cenário, mas ponderou que qualquer aquisição precisa ser estratégica. As multinacionais são as mais indicadas às aquisições. Afinal, o capital estrangeiro responde atualmente por 30% da produção de cana brasileira. Além disso, os estrangeiros estão presentes direta ou indiretamente em metade dos dez maiores grupos em operação no País, de acordo com dados do InfoCana. São também os maiores grupos os únicos em condições de comprar novas unidades. Basicamente por três razões: possuem amplo capital de investimento e dominam a complexa curva de aprendizado sucroenergética. Não obstante, comercializam seus subprodutos através de grandes tradings, como, por exemplo, a Copersucar. Especialistas ouvidos pelo JornalCana asseguram que há no mínimo três critérios
Luiz Guimarães, presidente da Raízen: empresa está sensível ao cenário, mas qualquer aquisição precisa ser estratégica
que tornam um ativo estratégico para ser adquirido por um grande grupo. São eles: ampla capacidade instalada, localização próxima às chamadas unidades-polo e condições de operarem sem um excessivo Capex — investimento operacional. Embora o setor tenha a responsabilidade de suprir a demanda de
etanol do País, unidades que só produzam o biocombustível — como é o caso das destilarias autônomas — devem ficar de fora do interesse dos conglormerados. A razão é a insegurança da política praticada pelo governo em relação ao etanol, mesmo com o barulho feito até agora pelo RenovaBio — iniciativa em
desenvolvimento no Ministério de Minas e Energia (MME) cujo objetivo é garantir a expansão da produção de biocombustíveis no país. Desta forma é certo dizer que unidades fabricantes de açúcar com capacidade média de processar de 2 a 3 milhões de toneladas de cana-de-açúcar são os principais alvos dos interessados.